quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O direito ao bom nome

A Guiné-Bissau, com o seu glorioso passado de luta anti-colonial, tem direito ao seu bom nome, a ser tratada com respeito: se houve vitórias africanas realmente assertivas, essas foram decerto, no campo militar, Amílcar Cabral, no campo humano, Nelson Mandela, e, no campo político, Tomás Sankara.

A importância da Guiné-Bissau não pode ser medida ao «quilómetro quadrado». Basta considerar a materialidade da sua comunidade virtual de opinião, entre redes sociais e de blogues, para constatar que está muito à frente. Uma breve pesquisa a outros países da sub-região, de expressão francesa e inglesa, mostra que as suas comunidades virtuais estão ainda num estado muito incipiente e embrionário, ao nível de comentários alojados nalguns jornais com edição electrónica (ou seja, como já estavam os guineenses há mais de uma década, e hoje o progresso é muito rápido)!

[Isso traduz o efeito de uma geração formada em liberdade e esperança, mas que, infelizmente, não conseguiu reproduzir-se ou consolidar o impulso vital vindo de Cabral, sangrando a Nação os seus melhores quadros em benefício de uma diáspora de ouro, deixando o país à deriva em termos de educação e de futuro, como alertava Miguel de Barros há pouco tempo, em Lisboa. Não se estará perante um ponto de não retorno?]

Tal como os países, como identidade colectiva, têm direito ao bom nome (independentemente de se apontarem eventuais erros), não devendo ser ofendidos por terceiros (ainda para mais quando se dizem irmãos) também para os cidadãos e as cidadãs, como identidade singular, esse direito é inalienável, sendo altamente recomendável que seja respeitado para uma vida social saudável. Está na hora da guineendade sair da calabassa. De respeitar os nossos tempos de convivência, valorizando e consolidando a identidade comum. De semear o amor e não o ódio. Apostar naquilo que une e identifica, como os valores da diversidade e da tolerância. De fazer algo firme e duradouro pela terra.

Nô djunta mon.

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