quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tomar a nuvem por Juno

Ou os desejos por realidade.

Segundo a Lusa, na declaração conjunta luso-brasileira sobre a Guiné-Bissau, os dois países congratulam-se pela formação de um novo governo, cujos objectivos seriam «a promoção de eleições e a subordinação dos militares ao poder civil». Se o Presidente da República da Guiné-Bissau, no discurso de tomada de posse do novo governo, se referiu ao objectivo de realização de eleições como ponto substancial (para não dizer quase único), em lado algum anotámos que o segundo «objectivo» alguma vez tivesse sido formulado, fosse por políticos, governantes envolvidos, ou sequer, comunicação social guineense.

Pelo contrário, o governo inclusivo, inclui (passe a redundância) os militares (aliás, mantém) em pastas relevantes. O que está realmente em jogo, é, de certa forma, precisamente o inverso, ou seja, a subordinação do poder político ao poder militar. Como última instituição forte na Guiné (desde antes da independência, aliás), é também a única que pode servir de fiel da balança, prevenindo os abusos de toda a ordem, que os políticos vêm cometendo em prejuízo do país. Como já foi sugerido, eleições não bastam... tudo acabará por voltar à vaca fria; a transição deve abranger um pacto de regime pós-eleições.

É um novo design de país, que promova a almejada estabilidade, baseado numas forças armadas coesas e galvanizadas no seu papel de garante da soberania, empenhada e despudoradamente assumindo a inadiável tarefa da reconstrução nacional. São indispensáveis novas regras do jogo, uma original e impoluta ordem constitucional. As novas eleições só deveriam ser promovidas já nesse quadro. Os trabalhos constituintes deveriam ter em conta todos os vícios apontados ao sistema governativo (e respectiva psicologia), e muito material foi escrito sobre esse assunto ao longo deste último ano.

O primeiro acto eleitoral de transição, deveria ser referendar a nova constituição, resultante de discussão pública (e «inclusiva», já agora) e a supervisionar por um jurista nomeado pelos militares, garantindo a defesa dos seus pontos de vista (para evitar futuros desaguisados). Ir a correr fazer eleições, para voltar a incorrer nos mesmos erros do passado? Seria dar o gesto de 12 de Abril do ano passado por inconsequente; seria trair as esperanças de muitos guineenses, que viram nesse acontecimento uma oportunidade para resolver, não de forma conjuntural, mas essencialmente estrutural, a crise política-social-económica-identitária do país.

Facilmente se reconhece, na «nota de satisfação» emanada das Necessidades, o pragmatismo que faltou a Portugal há um ano atrás, quando deu um tiro no próprio pé, hipotecando a sua boa estrela na Guiné. Quererá isto dizer que abandona a até agora inegociável tese da reposição do status quo ex ante (reconhecendo por essa via, as suas responsabilidades por todo o mal que daí adveio aos guineenses), como parece pensar o Didinho? A ser esse o caso, terá Angola força suficiente para manter a suspensão da Guiné-Bissau na CPLP? Reconhecido o erro, um pedido de desculpas poderia ajudar a regularizar as relações afectadas...

5 comentários:

Anónimo disse...

A única forma de mostrar os Guineenses o caminho para uma sã convivência interna e no concerto das Nações é remetê-los ao abandono e mantê-los no desprezo. Os hospitais não estão a funcionar não é por culpa de Portugal, Angola ou Cabo-Verde, é porque são incompetentes, não têm capacidades para governar o País.
As escolas não funcionam, não é por culpa de Portugal, Angola ou Cabo-Verde, é porque essa escumalha golpista não tem capacidades para governar nem a casa deles, quanto mais o País. Viver de esmolas e não respeitar aqueles que te dão de comer, dá nisso. Há uma coisa que está no ADN do Guineense e que é o seu calvário, essa coisa chama-se INDISCIPLINA, aliada a ESTUPIDEZ, se quiser, MATCHUNDADE.
Num País como Cabo-Verde as forças armadas são constituídas por cidadãos cultos, instruídos, disciplinados, respeitosos, etc., etc., por isso C.V. está onde está. Já imaginou um analfabeto a dirigir umas forças armadas de Portugal por ex.? Um general ou Almirante que nem o crioulo domina, quanto mais a língua oficial do seu País?
O orgulho de certos Guineenses neste golpe de estado reside no facto de nem de perto, nem de longe quererem viver na Guiné, nessa Guiné de pobreza sem salários para um médico ou professor.
Em jeito de resume, vale a pena destacar: O massacre de 7 de Junho perpetrado pelos militares Guineenses contra o seu povo; 1 de Abril em que um primeiro-ministro foi preso e ameaçado de morte publicamente por um Vice-CEMGFA; 12 de Abril, derrube de um governo legítimo seguido de matanças dos felupes, jovens em Bolama, um técnico de telecomunicações, espancamento e tortura do Dr. Silvestre Alves (que desta vez não mereceu destaque no tal Site, como da primeira vez, com direito a fotos e tudo…), espancamento e tortura do Dr. Iancuba Indjai, etc., só para não alongar…
E dizem-me que a Guiné vai bem e recomenda-se; que as forças armadas narcotraficantes são gloriosas, Patriotas e recomendam-se… tenham paciência, deixem o meu povo em Paz e se não for pedir demais, procurem um psiquiatra e tratem-se.
Fui.

Anónimo disse...

O que os países da cedeao queriam era isto:

11/6/2013 - EMPRESA DA COSTA DO MARFIM EXPLORA HIDROCARBONETOS NA GBISSAU

A Empresa costa-marfinense Kesnad Oil & Energy assinou, a 7 de Junho, com a Empresa Nacional de Prospecção e Exploração de Petróleo (PETROGUIN-EP), um acordo para o efeito de prospecção e exploração de hidrocarbonetos, no Bloco 3 do Offshore, dos menos profundos da Guiné-Bissau.

Em comunicado de imprensa enviado à PNN, a PETROGUIN-EP sublinhou que, depois de cerca de um ano de negociações, a empresa pública culminou com este processo negocial de contrato de associação, em participação com a Kesnad Oil & Energy.

De acordo com a PETROGUIN-EP, o contrato tem a finalidade de definir os termos de participação entre as duas empresas petrolíferas, nos termos definidos, incluindo a pesquisa de hidrocarbonetos, o desenvolvimento e o transporte de petróleo no e a partir do Bloco 3, com base nas licenças de pesquisa que serão conferidas às partes, pelo Governo da Guiné-Bissau.

Com a duração de cinco anos, as participações percentuais serão de 80%, para a Kesnad, e de 20% para PETROGUIN-EP.

No que diz respeito às despesas de pesquisa, a Guiné-Bissau, ou seja, a PETROGUIN-EP tem 0%, enquanto a Kesnad Oil & Energy detém 100% das despesas, durante o período de pesquisa.

Por último, a empresa guineense informou que, em cada data de descoberta comercial do petróleo, as participações em termos percentuais nos direitos e nos custos, relativamente aos custos incorridos após a data de descoberta na respectiva área comercial de desenvolvimento, os valores figuram nos 20% para PETROGUIN-EP e nos 80% para a Kesnad Oil & Energy.

Trata-se de mais uma etapa no discutido processo de prospecção e exploração de petróleo na Guiné-Bissau.

(c) PNN Portuguese News Network

7ze disse...

Os termos que utiliza para com os «seus» compatriotas são reveladores do desprezo que por eles sente. Não se percebe porque razão, ainda assim, lhes chama «o meu povo».

O «massacre» de 7 de Junho foi encomendado por Nino, e teve o seu desfecho no dia 7 de Maio do ano seguinte, com um acto terrorista de desespero.

O 1 de Abril deveria ter soado a alarme, mas o visado olhou para o lado e continuou em frente, preferindo tratá-lo como a uma brincadeira de mau gosto.

Usar o espaço de comentários de um blog para, a coberto do anonimato, chamar alienado ao seu editor, recomendando-lhe tratamento psiquiátrico, é pouco simpático.

E ainda tem a lata de pedir para deixarem o «seu» povo em paz? O povo não é o seu, pois dele se exclui de entrada (julga pertencer a uma elite estratosférica?).

Da próxima vez que vier «martelar» com os mesmos argumentos de sempre, já gastos, sem qualquer novidade, o comentário será apagado; depois não se queixe.

7ze disse...

Quanto ao petróleo: ainda assim, fazendo fé no documento apresentado, 20% (sem custos de investimento), parece melhor que os 10% conseguidos por Nino, ou os 5% de Cadogo.

Note-se a grande diferença e vantagem de o facto ter sido publicitado e não mantido no segredo dos deuses. Os contratos continuarão desfavoráveis, enquanto houver instabilidade...

Anónimo disse...

Não se zangue que não é seu estilo até porque parece ser uma pessoa com alguma capacidade argumentativa. Mais logo falamos sobre a bandidagem d’alguns países da cedeao que se acham donos e senhores dos pequenos países da sub-região.
Fique calmo.