Como afirma um comentário ao anterior post, também me parece que o blog Ditadura do Consenso tem vindo a perder a sua imparcialidade, assumindo cada vez mais uma orientação de actor na cena «política».
Como todos os guineenses insatisfeitos com a realidade actual, fruto de quatro décadas de regime PAIGC, não estou a dizer que essa vocação «política», que chegou a assumir contornos de intenções de eleição presidencial, seja má. De forma alguma! Mas há que saber distinguir os papéis.
Aly: sabes que respeito o teu trabalho e admiro a tua coragem, e só por isso me atrevo a estes reparos: pareces apostado em seguir o persurso de Paulo Portas, que abandonou o jornalismo pela política. Eu também trabalhei para o Independente (não num lugar tão destacado como o teu) e já manifestei neste blog o que acho sobre isso: nós, portugueses, perdemos um bom jornalista e ganhámos um mau político.
Quem se mete em política «activa» (ainda para mais na actual Guiné-Bissau), acaba invariavelmente com as «mãos sujas». Compreendo que o «media» é um blog e não um jornal ou revista, deixando-te portanto margem de manobra para fazeres dele o que bem entenderes. No entanto, por respeito pelo teu próprio trabalho, julgo que não deverias «jogar» nesse «tabuleiro».
Uma solução talvez pudesse ser manter uma linha de imparcialidade e objectividade jornalística no Ditadura do Consenso, e abrir outro blog desdobrando essa tua vocação, onde poderias dar aso às tuas emoções e fazer actividade «política». Ocorreu-me «Democracia da Divergência», que daria um bom título...
O que já não posso é concordar com esta maneira de utilizar a tua reconhecida e merecida capacidade mediática, com a manifesta intenção de tentar criar um clima de tensão política, fazendo apelo à opinião pública mundial (já não só guineense), para uma intervenção em solo guineense, o que não me parece adequado às circunstâncias actuais. Para quê acirrar mais os ânimos?
Há 43 minutos
3 comentários:
Neste contexto, apenas uma pequena correcção jornalística:
«rebentar com estrondo armas pesadas numa cidade com 400000 habitantes» parece-me uma tradução desadequada dos acontecimentos de há um ano...
compreende-se a intenção de «alarmismo», mas usar um RPG7 como «abre-latas» para maior celeridade na abertura de uma porta blindada, por indisponibilidade momentânea da chave, não me parece que tenha nada a ver com colocar em causa a vida de 400 000 pessoas; porque de resto, os únicos disparos que se ouviram tiveram origem, antes disso, do interior da residência.
Caramba! Eu pensava que podia encontrar na barra à direita uma ligação para o blog do António Aly. Recados aqui?
Caro anónimo
E pode encontrar o seu link, e poderá contar sempre continuar a encontrá-lo, pois como é manifesto, considero meritório o esforço do Aly, no Ditadura do Consenso: uma boa fonte de informação sempre actualizada, mesmo se por vezes é preciso fazer algum desconto a uma certa propensão ao sensacionalismo (como é normal nos jornalistas) ou algum gesto menos imparcial (também compreensível com os momentos tensos que se vivem).
Reparará, já que se revela tão atento, para alguém simplesmente de passagem, que o «recado» (como lhe chama - eu preferiria chamar-lhe «contributo») é dado numa perspectiva construtiva, reconhecendo-me eu a mim próprio como «consumidor» do Ditadura do Consenso e ao Aly o seu importante papel mediático.
Sinta-se sempre à vontade para passar por cá ou comentar, todos são bem vindos.
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