sexta-feira, 29 de julho de 2022

Ressabiados no país de João da Fonte


Publicamos uma fábula de Esopo, à qual um francês conseguiu dar uma graça especial... tradução e metro livre.


Uma velha raposa, das mais astutas

grande apreciadora de galinhas

acabou presa numa armadilha.

Com muita sorte conseguiu escapar

mas não ilesa pois lá deixou a cauda.

Perdida a cauda pela boa causa

envergonhada, quis disso fazer moda

e um dia, no conselho das raposas

fez uma rábula contra esse peso inútil

vassoura arrastada pelos atalhos:

_Para que nos serve isso? Corte-se!

Se concordam, cada qual o faça,

parece que é a última moda em Paris.

Levantou-se uma conviva na assistência

sugerindo que se começasse por ela,

essas palavras levantaram confusão

e todas exigiram que voltasse costas.

A desrabada coitada teve de o fazer

para grande e geral gargalhada.


PS Vem isto a propósito das declarações de Macron em Bissau:

"... force est de constater que les choix faits par la junte malienne aujourd'hui et sa complicité de fait avec la milice Wagner sont particulièrement inefficaces pour lutter contre le terrorisme, ça n'est d'ailleurs plus leur objectif et c'est ce qui a présidé à notre choix de quitter le sol malien"

Vamos analisar a liberdade com que Macron utiliza o termo "escolha", por ser palavra repetida nesta construção:

1ª ocorrência 

A Junta, no Mali, fez uma má escolha (apesar de ser no seu próprio país).

2ª ocorrência

A França saiu por escolha própria (apesar de expulsa e querer permanecer).

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