terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Demagogia barata

O último comunicado à imprensa emanado do Secretariado do PAIGC é uma verdadeira jóia de demagogia, para além de um chorrilho de erros ortográficos.


Comecemos pela coerência, que é coisa que claramente não abunda, para aquelas bandas. Gaba-se esse partido, ao longo de vários parágrafos, de todas as suas realizações históricas a favor dos Combatentes da Liberdade da Pátria, chegando ao desavergonhado cúmulo de referir o "programa máximo" de Cabral, para além de outros encómios pacóvios como "40% de fundos alocados na mesa redonda de Paris" (dispensam-se comentários quanto ao palpite), "boas intenções traduzidas em programas e projetos concretos". Contudo, apesar de tudo o que dizem ter feito pelos Combatentes, como entender então a "situação de precaridade" em que logo depois, no mesmo documento, dizem que estes vivem, bem como "os reflexos negativos que a não aprovação" da sua proposta irá provocar na "vida e sobrevivência" dos ditos?

Desperdicemos então o nosso tempo, analisando ponto por ponto a referida proposta, "que visa a melhoria substancial da vida" dos Combatentes, apenas com o objectivo de evidenciar a estupidez e expor ao ridículo quem a elaborou, destacando ainda o seu carácter gratuito: não estando no Governo, podem perfeitamente armar-se em Pai Natal, com o dinheiro dos outros.

1) Selo a favor dos combatentes? Trata-se de um imposto de selo, ou é para mandarem cartas às namoradas? Infelizmente, os Correios não funcionam, neste momento...

2) Percentagens nas vendas de combustíveis? Mas as bombas por acaso são do Estado? A velha mentalidade da bandidagem pseudo-soviética (que aliás o actual Ministro das Finanças se esforça por decalcar). Nas compras de acções? Ah, sim, ok! Quais acções? Só se forem as do PAIGC, que não valem nem um peso e por atacado.

3) Consultas e medicamentos "grates"... será um galicismo? Gratés, ou seja, já raspasdos? Ficaríamos gratos que clarificassem...

4) Grande parte dos bandidos e parasitas que o PAIGC incorporou irregularmente ao longo do tempo no extenso rol de beneficiários chega a estar inscrito para 5 e 6 vezes mais que os 250 000 que demagogicamente defendem para enganar o povo...

5) As vítimas de guerra, por definição, morreram. Há ainda as vítimas pós guerra da maldade gratuita do PAIGC, mas essas são para esquecer, não é?

6) Atribuição de grau de invalidez? Em mais de quatro décadas não conseguiram que fosse "requisitado médicos" (sic)? E tem logo de ser mais que um? Isso é que é pensar em grande!

7) "Que seja construído casas (Edifícios)" (sic) ainda bem que explicam, para não se poder confundir com os buracos para enfiar os botões... não conseguir sistematicamente concordar nem o género nem a pessoa do verbo é demais...

8) Assistente para assistência em casa (esqueceram-se de clarificar que a casa é um edifício, trata-se de uma intolerável dualidade de critérios, em relação ao ponto anterior).

9) Criação de uma loja para "abastecer gerneros produtos". Ah. Não podem ir às lojas das restantes pessoas que vendem géneros normais, porque são especiais? Ou os gerneros devem ser-lhes também generosamente oferecidos?

10) Isenção de pagamento no táxi e toca-toca, os quais deverão suportar os custos da invalidez permanente do PAIGC para sempre e por amor à pátria. Poderão depois usar esses vales de amor para encher o depósito nos postos de combustível com autocolante "patriótico"

11) Ponto claramente desactualizado, a construção de rampas para facilidade de movimentação dos deficientes físicos. Os combatentes merecem cadeiras-de-hélice (drones) que permitirão não apenas evitar as rampas, como as inevitáveis crateras que abundam nas ruas de Bissau, tornando-se muito mais práticas.

12) "Retomado as actividades das antigas cooperativas (existentes nos anos anterior) e criação de novas". O melhor mesmo é esquecer as concordâncias... então mas as cooperativas tão generosa e alegremente criadas pelo PAIGC deixaram de existir? Decerto foram encerradas pelos golpistas, invejosos com o seu estrondoso sucesso...

13) e 14) Coitadinhos dos órfãos. Devem ser muitos, devido à grande e conhecida virilidade dos Combatentes, apesar de já um pouco entradotes de idade. Quer com isto simplesmente o PAIGC convencer o povo que o estatuto é hereditário.

15) "Aos viuvas", idem, mas atenção, só até novo casamento.

16) "Aos acendentes" @queles que acenderam a vocação nos ditos, e que os miseráveis colonialistas tratam vulgarmente por ascendentes. Se os combatentes já são velhotes, a longevidade dos pais merece entrar para o Guiness dos recordes...

17) "Que seja reposta e aumentado (sic) a pensão dos combatentes, dirigentes (do PAIGC, presuma-se) e funcionários do Estado". Fugiu-lhes a boca para a verdade: o rol de pseudo-combatentes, muitos com casa do Estado e indicados para receber mais de um milhão por mês, mais não é que uma farsa, relativa a pagamento de favores políticos à máfia do PAIGC, podendo encontrar-se entre eles alguns com pouco mais de 40 anos. 

A verdade é que, devido ao bom trabalho que está a ser feito ao nível da Secretaria de Estado dos Antigos Combatentes, o único cargo govermantal entregue a um Partido sem representação parlamentar, no sentido de limpar a lista e moralizar a indecência parasitária de um estatuto claramente obsoleto, cujo lugar deve ser reservado à história, o PAIGC tenta usar a sua velha cartilha da manipulação e desinformação, com a conivência do usurpador mor da ANP, Cipriano Cassamá. 

O incompetente do Ministro das Finanças, que até inventou um estapafúrdio "imposto sobre a democracia", entre outras barbaridades constantes do OGE, poderia encher o cofre lançando um imposto sobre a estupidez, que faria bastante mais sentido. Só este comunicado resultaria em toda uma base tributária.

Para terminar, note-se que o Secretário que assina, não o faz em concordância com o cabeçalho. Nem assina sequer "Pelos". Assina literalmente "Os Combatentes", apesar de toda a conversa fiada em que critica "algumas franjas políticas por continuarem a olhar para os Combatentes como uma herança e património do PAIGC".

1 comentário:

7ze disse...

http://faladepapagaio.blogspot.com/2021/02/grupo-de-empresario-denominado.html

Eis um exemplo de combatente da liberdade, que tinha 14 anos, à data da cessação das hostilidades. O PAIGC abusou de crianças soldados?