Não quero deixar de fazer um elogio a João Biaguê, ex-Director da Polícia Judiciária.
Um verdadeiro profissional, cujo profundo e inalienável sentido ético obrigou à demissão. O seu retorno ao cargo é altamente desejável, quem quer que seja que ganhe as várias eleições.
Afinal, infelizmente, o caso dos polícias cabo-verdeanos, acabou por provocar baixas do lado guineense.
É engraçada e esclarecedora, a comparação entre os Estados de Direito, à imagem da célebre alegoria de David e Golias: os Estados Unidos e a Guiné-Bissau.
Uns sentem-se no direito de raptar, julgar (e até matar) cidadãos estrangeiros. Na Guiné-Bissau, um estado pária, como lhe chamam, uma oportunidade justificada de retaliação é desperdiçada quase ingloriamente por pruridos «legais».
A Guiné-Bissau não é nem nunca será um Narco-Estado. Para os Estados Unidos, o direito é sempre relativo, sobretudo quando se trata do Direito dos outros; na Guiné é respeitado, mesmo em circunstâncias que aconselhariam uma ligeira e temporária amnésia...
Há 10 minutos
3 comentários:
Meu caro 7ze, há no seu post uma incongruência que não consigo deixar de relevar.
O meu amigo lamenta a demissão do Director da Policia Judiciária da GB, a quem dirige rasgados elogios, (merecidos na minha opinião) mas quando eu pensava que ia questionar as razões dessa demissão, você, sem nenhuma aparente causa efeito, desata a disparar na direcção dos States como se lá estivesse a causa de todos os males que infelizmente assolam a nossa Guiné-Bissau! Erro de interpretação meu, ou o texto sobre as razões ficou perdido no word?
Caro Marcelo:
Neste caso, o erro foi da tutela. O senhor Director poderia ter sido «sondado» para uma investigação «especial», que se justificava (qual o roteiro dos suspeitos de atentado à segurança do Estado, actividades, etc); não coagido. Não se coloca a autonomia técnica em causa sem prejuízo para o legítimo exercício das funções. O técnico optou, com alto sentido ético, pela independência e pela demissão.
O texto não ficou perdido no word e a incongruência do mutismo é apenas aparente. Todos conhecem as públicas razões invocadas por João Biaguê, seria fastidioso, em tom de notícia, repeti-las; não se trata de uma incoerência relativamente à minha defesa do «aprofundamento» (chame-lhe especulação, se achar mais adequado) do caso, o qual, na minha opinião, não carecia de explicação legal: se, na opinião dos dirigentes cabo-verdeanos, as autoridades guineenses não existiam, sendo ilegítimas (e depois mandam agentes para a boca do lobo), estaria na altura de retirar algum proveito da respectiva fama; quanto mais básico e arbitrário parecesse o caso, mais evidente e eficaz se tornaria a mensagem que se pretendia veicular (como efectivamente acabou por o ser).
O técnico não se mostrando colaborante, de forma alguma deveria ter sido pressionado, mas arranjar canais alternativos para conduzir o caso a bom porto... Talvez tivesse bastado ter remetido logo o caso à Segurança do Estado ou ao Tribunal Militar (e este tivesse promovido um - longo e errático - processo de instrução...)
Quanto à comparação com os Estados Unidos, parece-me justificada. Os Estados Unidos não têm quaisquer «pruridos» legais quando se trata da defesa dos seus interesses perante o exterior, prestando-se a todo o género de «farsas», como a que culminou na prisão de Bubo (por isso se justifica no corpo do artigo); mas não é uma coisa que se peça a um Director da Polícia Judiciária, pois este não pode condescender com a erosão da autoridade ética e moral da instituição.
Oportuno seria também um público elogio àquela que diz ser sua amiga, a Sra. Carmelita Pires pela coragem demonstrada no engajamento político pela causa nacional Guineense. É do seu conhecimento a sua candidatura à liderança do PUSD, um partido político necessário para um reequilíbrio do xadrez político-partidário da GBissau.
Pelo menos não se fica apenas a teclar e debitar asneiras na net, como muitos activistas de teclado que curiosamente lhe têm insultado, sabem fazer. Demonstra coragem e hombridade que os outros não têm e deu a conhecer o seu CV. Espero que os D’s também o façam, para ficarmos todos a conhecer as competências académicas de cada um e daqueles que julgam que também são gente.
Mandar bocas ou Dedinholhar teclado é muito fácil, pior é estar lá no terreno, cutucar a onça e quiçá, pegar o boi pelos cornos.
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