quinta-feira, 13 de junho de 2013

Nem um nem outro


Ponha-lhes uma cruz no sítio certo!

Agradeço ao movimento cívico de jovens «nimPAIGCnimPRS» o envio por email da sua Nota Informativa Nº1, entretanto publicada pelo Progresso Nacional.

A ideia é castigar eleitoralmente esses dois partidos que se julgam indispensáveis, que bi-polarizaram a ANP e se constituíram responsáveis pela cultura de prepotência, hipocrisia, condescendência com a impunidade e incompetência, a qual deu origem à falência do «modelo» político, à perda de legitimidade dos órgãos de soberania e à necessidade de arbitragem das Forças Armadas.

Porque haveriam os guineenses de colocar todos os seus ovos no mesmo cesto? (sobretudo sabendo que está roto)... Um dos problemas apontados por Peter Thompson no seu recente relatório de «reconciliação», é precisamente a mentalidade prevalecente de «o vencedor fica com tudo» (faz gato sapato com todos e tende a perpetuar-se nessa condição).

Uma ANP dispersa teria a vantagem de obrigar a um verdadeiro debate e reflexão, a um governo «inclusivo», mais transparente e acessível à cidadania activa. A não «apropriação» do Estado por partidos «vencedores» (sem verdadeiros projectos ou ideias consistentes) teria um efeito moralizador sobre as perversas intenções e expectativas dos seus militantes.

Os jovens do nPnP, que já tinham dado sinal da sua iniciativa há uns tempos, decidiram-se agora a organizar a promoção da sua ideia junto do eleitorado, tendo definido como alvos prioritários a juventude (mais virada para o futuro), os líderes da sociedade civil (que influenciam o voto) e as mulheres, pois poderão ser sensibilizadas para combater a cultura da «pseudo»-virilidade, apontada como fonte dos males do país.

Se considero que esta visão da matchundadi é compreensível, da parte dos jovens, por ser associada à mentalidade arrogante e totalitária dos políticos, parece-me, no entanto, redutora. Esses são os defeitos que se lhe podem apontar; no entanto, já ouvi o mesmo conceito sendo referido com respeito, num sentido positivo, de entendimento entre os mais velhos. Mas como o meu crioulo é incipiente, admito que possa estar enganado.

Um verdadeiro matchu garandi, incorpora também uma certa componente «feminina». É não apenas destrutivo (às vezes também é necessário) mas também criativo e protector. É um pilar do clã, mantém o respeito pela tradição e pela terra, «amamenta» as crianças com o seu «leite» (tão necessário aos filhos como o materno). Hoje, que o feminismo está na moda, é preciso defender também a masculinidade, no que tem de fecundo.

Atendendo ao pedido de sugestões para iniciativas a realizar no âmbito do movimento, julgo que um primeiro passo para o cumprimento dos seus objectivos, deveria ser realizar um pequeno inquérito ou sondagem informal, junto da opinião pública, para ter uma ideia das intenções de voto actuais (pois pode ser muito diferente já da «representatividade» exclusiva que esses partidos invocam possuir).

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