Lamentável.
Aparentemente, poderosas forças de destabilização estão em jogo.
A teoria da conspiração em curso, quer fazer crer, recorrendo a artificiosas lembranças da guerra colonial (quando os felupes derrotaram realmente uma coluna do exército português com arcos e flechas), que há uma guerra de foro tribal. Simples constatação étnica de mortes anunciadas no Simão Mendes.
Sim, os felupes são calmos, de uma fidelidade a toda a prova, por isso eram etnicamente preferidos pelos colonos para o convívio intra-muros. Mas a teoria apresentada não tem pernas para andar, porque o capitão que supostamente os comandava era balanta, ou estaria simplesmente disfarçado de inimigo?
Os felupes não pedem guerra a ninguém: mesmo etnicamente preteridos (para não dizer ofendidos), é uma população evoluída (peço desculpa pela «forma» colonial), toda fala crioulo (tão bem como os «guineenses» de gema), e, para além disso, a maior parte chama-se Silva, como o Presidente de Portugal.
Tal como muitos povos africanos, não têm a culpa que as suas fronteiras tenham sido traçadas a régua e compasso, noutro continente. Bem sei que me senti bem em território colonial francês, como quando tomei banho frente a Cassine; mas lamento a contra-partida, Ziguinchor.
7ze chora Ziguinchor? Não. Prefiro de longe o chão Balanta. Verdadeiro, genuíno. Falso, traiçoeiro, também. É sempre difícil conviver com a liberdade do outro. Já Cabral distinguia a horizontalidade balanta da verticalidade fula (esses, como sempre, na retranca, do lado do poder instituído)...
Tagma era respeitado em São Domingos e Varela. À bruta, mas era; além disso, tinha legitimidade. Não queiram pois, quem quer que seja que ordena estas «políticas», atiçar rastilhos, num contexto «pós-colonial», porque o felupe é (isto é, claro, um elogio) homem de uma vida inteira.
Quanto aos diolas (les mêmes): jamais (jamé, em francês) se deixem intoxicar por caciques locais... a guerrilha em casa (mansa, porque violenta chateia) cansa: nunca seria razão para chatear os donos do chão. Feel up! Não se passa nada. Isso é o que pretendem os intoxicadores: vão engolir o anzol?
A paz é mansa. Não queiram guerra com aqueles que apenas com arco e flecha fazem frente a metralhadoras! Melhor que isso, no mundo inteiro, só guerrilheiro balanta na defesa do seu chão. A paz é boa, nada de kansá-la com despropósitos. E eu não mendigo!
Um óptimo professor da minha faculdade (mesmo se eu não era dessas áreas) é o Prof Doutor Costa Dias, que tem um conhecimento aprofundado destas questões: não estará na altura de um jornalista esperto o abordar com meia dúzia de perguntas inteligentes (deixem estar que ele faz o resto)?
Estou céptico: consegui disfarçar bem a minha preocupação? Ninguém lucra realmente com esta intriga, a não ser os mesquinhos que por incúria se acoitam nas Necessidades, mais os seus amantes sub-tropicais, cuja infeliz história talvez tenham tornado insensíveis à vida.
Quem faz a guerra dentro para agradar aos de fora? Como diria o cúmulo (perdão, o Kumba), estamos todos condenados a viver juntos: quem quer salpicos de sangue na roupa e/ou na consciência? Já ouvi dizer a entendidos que são mais ou menos indeléveis.
Vamos acordar um por um?*
*Bela expressão guineense face aos (crónicos) tempos de instabilidade: se o primeiro que acordar, acordar o outro, quer dizer que não houve crise durante a noite; que mais pode um homem pedir, face ao omnipotente, senão um dia de cada vez?
Há 16 minutos
8 comentários:
A violência é o pão nosso de cada na Guiné-Bissau.Não é preciso instigá-la. A Guiné nasceu violenta, vive violenta, e em cada Guineense há violência. VIDE: Discursos do Kumbá Embalo Yalá.
Kony,
Boa terde 7ze.
Eu discordo totalmente..
Devemos analizar com animos leve a questão da violencia na Guiné,para despormos de ponto de vista clára a separação de universo onde reside a vilencia. Eu separo dois universo: O guineese como politico e o quineense como população.
Na primeira é que reside a violencia, a segunda não. Um exemplo claro disso é Brasil, a violencia reside na sociedade vitima de varios problemas social, mas na guiné não. Se pretendo falar que o Cadogo é violente, é bom sermos direto, não incluir a sociedade guineense.
Obrigado pessoal...Um grande abraço para todos os que defende dialogo.
Caro Kony
Obrigado pelo contributo: sim, a ambição do poder, a política no seu sentido mais vil, é que tem induzido a violência na Guiné-Bissau; porque o seu povo, sem distinguir etnias, é pacífico, generoso e acolhedor.
Neste preciso momento, assiste-se a uma tentativa de dividir a população, tentando lançar uns contra os outros. Parece que para os ressabiados do poder, «perdido por 100, perdido por 1000», mostrando-se dispostos a lançar a confusão, mesmo que eventualmente a custo de sangue.
Apenas conseguem, com estas atitudes, tornar ainda mais evidente e patético o seu desespero, face à inconsistência e insustentabilidade do seu «governo» fantoche auto-intitulado de «legítimo». Da palhaçada ao terrorismo, pelos vistos foi um pequeno salto..
Caro emplastro 7ze, tenho, na leitura das suas bacoradas algumas questões a lhe colocar, se não se importar é claro. O Sr. diz o seguinte:
“Neste preciso momento, assiste-se a uma tentativa de dividir a população, tentando lançar uns contra os outros. Parece que para os ressabiados do poder, «perdido por 100, perdido por 1000», mostrando-se dispostos a lançar a confusão, mesmo que eventualmente a custo de sangue.”
Da guerra de 98 a esta parte, o Sr. sabe o quê que tem vindo a acontecer no seio das forças armadas daquele país?
Sabe o quê que aconteceu ao Ansumane Mané? Se por um lado justificou-se com a sua deslealdade ao presidente eleito que não teve meias medidas em mandar mata-lo, por outro, não se devia aqui questionar a crueldade dos homens com quem estiveram juntos e se sacrificaram contra as forças estrangeiras até ao derrube do sanguinário Nino Vieira?
O Sr. conhece as declarações públicas do Comodoro Lamine Sanha antes de ser assassinado?
O quê que se passou com o capitão Mamado Sani e os oficiais mandingas das FAG? Você sabe porquê que a maioria dos guineenses está revoltada com a maioria étnica nas forças armadas?
O quê que se passou com Veríssimo Seabra, João de Barros e companhia? Conhece as etnias dessas pessoas? Sabe quantas vezes o general Watna na Lai foi preso? E sabe porquê que nunca teve um arranhão? Bubo Na Ntchuto, sabe do seu historial? Alguma vez alguém se atreveu em lhe causar qualquer dano físico? Samba Djaló e Zamora Induta qual foi a sorte de um e de outro?
Sabe qual foi o estado em que ficaram o Silvestre e o Iancuba? Viu o estado em que ficou o capitão Ntchama? Dos dez mortos anunciados estes dias sabe de que etnias pertenciam?
Sabe quem foi o imergente político que hasteou a bandeira de um grupo étnico na Guiné, não sabe? Se por um lado, Cabral usou a Súmbia ( e nem sempre) como forma de afirmação identitária do Africanismo, já o inseparável barrete vermelho tem um outro significado numa sociedade multi-étnica e multicultural. Conhece a ideologia do capuchinho vermelho? Sabe quem se converteu em islamismo (não deixando o álcool é claro) e porquê? Sabe quantos nomes e apelidos tem esta subespécie humana.
Não se divide a população quando uma minoria derrotada nas urnas manda os seus parentes militares pegarem nas armas e escorraçar a maioria legitimada pela… população?
Não me vou alongar.
Outra citação: “Apenas conseguem, com estas atitudes, tornar ainda mais evidente e patético o seu desespero, face à inconsistência e insustentabilidade do seu «governo» fantoche auto-intitulado de «legítimo».”
O que significa para um emplastro, “legitimidade democrática”?
É fantoche o governo Português? É legítimo um governo saído de um golpe de estado?
Diz o emplastro: “Da palhaçada ao terrorismo, pelos vistos foi um pequeno salto.”
Está a falar daquela peça protagonizada pelo capitão Intchama o Balanta e os seus dez pobres Felupes que assaltaram o batalhão Brassa com mais de mil homens….?????
O golpe de Abril não é mais um acto de terrorismo contra o Estado e o povo….????
Estaremos no mundo de Emplastros?????
A Indecência e promiscuidade ao serviço do Narco-Estado são tão gritantes que há pessoas que chegam ao ponto de perder a dignidade e se transformam em emplastros 7zés.
O Sr. conhece os problemas da Guiné? Quem são, de onde são oriundos, e como foram introduzidos nas forças armadas os mais de 600 homens que formam a guarda pretoriana do António Indja?
Os problemas da Guiné são muito complexos para um Emplastro. Fique bem e deixe-se de… emplastragem.
Peço desculpas. A liberdade de expressão a isso obriga.
Caro anónimo:
Obrigado pelo seu contributo. É uma oportunidade que me oferece para consolidar as minhas posições e as fundamentar. Suscitou-me algumas reflexões, mas como não posso responder imediatamente ponto por ponto, faço apenas um resumo essencial do que parece ser a sua mensagem importante (que, não sendo novidade, é apontada como ponto crítico): a balantização das forças armadas como fonte de todos os males. Assentei e a seu tempo responderei com um artigo. Mas, para já, quero levantar outra lebre que o seu texto me sugeriu (mas que também tem a ver), que é a «questão» da aculturação. Para já, por falta de tempo, apenas uma primeira parte de um artigo a que chamei «Espermatugazoide».
Logo voltarei para uma resposta ponto por ponto, a bem da liberdade de expressão.
parem meus estão a brincar com fogo, ninguém é responsável pelo acto de outro( o mancanha não é responsável pelo barrai,fula não é responsável por aquilo que o balde fez)
Finalmente, tenho um bocadinho (para além das minhas obrigações «mentais» com o espermatugazoide) para responder ponto por ponto.
Sabe o quê que aconteceu ao Ansumane Mané?
Sim, sei: com toda a legitimidade, tentou opor-se à nomeação de novas patentes, que vinham desestabilizar o equilíbrio nas forças armadas (para além de beneficiarem sub-repticiamente - também houve promovidos de outras etnias - os balantas). Mas (talvez infelizmente), também ainda me lembro de qual era a tese que defendia na altura: que Ansumane «não era flor que se cheirasse».
O Sr. conhece as declarações públicas do Comodoro Lamine Sanha antes de ser assassinado?
Conheço, sim, senhor, ou não fosse leitor assíduo do site do Didinho. O senhor Comodoro era um herói, um verdadeiro patriota e legalista, pois deixou-se matar a pensar no futuro da Guiné-Bissau. Deixou um verdadeiro exemplo de desprendimento pessoal, o maior que alguma vez possamos fazer. Como, infelizmente, já cá não está para nos desempatar, não vamos falar mais nisso; ouso acrescentar apenas a pena que me fica.
Samba Djaló e Zamora Induta qual foi a sorte de um e de outro?
I Samba! A notícia, dada pelo Aly (diga-se, em abono da verdade, sempre na linha da frente), surpreendeu-me. Pensei que era um intocável (como aqueles que refere). Mas, ou acrescenta alguma coisa às razões do assassinato e seus putatórios mandantes, ou não obterá de mim qualquer comentário útil, não precisando mais, para me justificar, que da minha ignorância. De qualquer forma, aproveito para lembrar a opinião já aqui emitida, neste blog, em mensagem anterior, dando conta da «aparente surpresa» de Daba (o que, se não esclarece coisa nenhuma, não deixa de ser um sinal).
Sabe qual foi o estado em que ficaram o Silvestre e o Iancuba?
Vi as fotos do Aly, acredito, escrevi um post aqui sob o título Fraternidade. Não posso deixar de criticar os responsáveis políticos e militares, que deveriam garantir a segurança de todos os cidadãos, mesmo os mais críticos. A não ser invenção, a hostilização do Aly também me parece má política (e isto visto do «lado de cá»).
Conhece a ideologia do capuchinho vermelho?
Nunca tinha ouvido ninguém chamar-lhe isso por esse nome, mas concordo! Há ali atitude! Só o vermelho... Conheço a «Psicanálise dos contos de fadas» do Bruno Betheleim, que aborda a questão, tenho as minhas ideias psico-eróticas, mas chamar-lhe ideologia realmente é algo de novo e estimulante. Porque, de facto, é isso. Não julguem que é uma história ingénua para crianças... nem acreditem (nunca) naquilo de que vos querem convencer: é claro que a história é outra; foi o Capuchinho que comeu o lobo mau (o que é atestado pelo crescimento enorme da população humana, ao contrário do pobre efectivo do vulgo canis lupus).
O que significa para um emplastro, “legitimidade democrática”?
Não tenho pejo em responder-lhe, em termos exclusivamente individuais: para mim, não representa ABSOLUTAMENTE NADA. Não representa nada em Portugal. Mas também não tenho dúvidas em afirmar que em África (e para mais no seu cúmulo de diversidade, a Guiné-Bissau, a qual - pelo menos por quilómetro quadrado - é decerto o paradigma étnico multi-referencial) ainda representa muito menos. Não misture alhos com bugalhos. A legitimidade não tolera ser associada a esse nome... demo é o diabo.
A indecência e promiscuidade ao serviço do Narco-Estado são tão gritantes que há pessoas que chegam ao ponto de perder a dignidade e se transformam em emplastros 7zés.
Isto já é uma afirmação puramente gratuita (bem sei que merecia ser censurada, como me aconselharam, mas somos a favor da liberdade de expressão). Eu, conhecido por Mosca 7ze, não estou ao serviço de ninguém... por obrigação (muito menos por dinheiro, se é essa a sugestão: espero que as Finanças não me chateiem por estas supostas fontes de rendimento). Estou por «gosto», por «amor à camisola», como já me viu estar. Talvez por isso, esta tenha sido a acusação à qual mais me custou responder.
Mesmo não tendo respondido a todas as questões, espero que compreenda que não se trata de algo pessoal, como pretendeu sugerir. Trata-se apenas do meu espírito crítico em acção.
A minha opinião pessoal continuará, de qualquer forma, a ser desenvolvida (em capítulos) no contexto Espermatugazoide, para o qual chamo a Vossa atenção.
Enviar um comentário