O embaixador de Portugal em Bissau envergonha a diplomacia portuguesa. Se não tem nada na cabeça, pelo menos que mantenha a prostituta da boca fechada para minimizar os danos. Então está "determinado em mudar a história vivida no passado" que qualifica de negra? Claro que sim, está-se mesmo a ver o bajulador-mor a aterrar na sala do Presidente do Conselho e dar um estalo a Salazar! Vai-te encher de moscas, ó monte de esterco.
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Obrigação moral
Roma, que excomungou Afonso Henriques por questões de alcova (ofendendo Maria Madalena) e seus descendentes por múltiplas vezes, incluindo a excomunhão de todo o Reino de Portugal, impedindo a celebração de missas pelo clero no país (excepto nas Colegiadas de Santa Maria de Santarém, Guimarães e Coimbra, bem como nas terras do Convento de Tomar, que usufruíam do estatuto de nulius diocesis), tem a obrigação de aplicar a mesma bitola, perante este tipo de desafio à ordem cósmica.
A espada de Ali
Ali desembainhou a dual faca recebida do Profeta.
Les jeux sont faits. Podem começar as autênticas hostilidades.
terça-feira, 17 de junho de 2025
O eixo satânico
Não seria de estranhar que se recorresse ao arsenal contra-terrorista: o herdeiro de Khomeni, Khameni, baseado no precedente pouco convencional de Fatuá do seu predecessor, dispõe de legitimidade para ungir de Indulgência plenária potenciais executores dos escritores deste terrível guião: sempre é menos letal que aquilo que estes preparam. No mínimo, uma maldição poeticamente inspirada.
Pensamento binário
O paranóico-esquizofrénico Bibi (em Portugal também tivemos um como tal tristemente famoso alcunhado), para defender a sua tesão hiroshimática de solução final, argumenta com o efeito redoma. Ou seja, as altas montanhas que rodeiam Teerão, abafariam a explosão nuclear, como almofadas sobre o fogo. Obviamente que este raciocínio (para além de tão irresponsável quanto a dialéctica e condenável como o maniqueísmo) é básico e binário. Tem o domo para a defesa complementando-a com a redoma para abafar o ataque. Simplista demais!
Resiliência persauasiva
Face aos sinais de esgotamento do arsenal defensivo, sob as múltiplas vagas de ataque, Israel resvala para o arsenal ofensivo. Não escapa a ninguém que a escalada configura uma fuga para a frente, à beira do abismo.
Com a devida vénia
À falta de aval formal para a publicação na íntegra, propago pequeno extracto ideologicamente orientado, bem com link directo (à direita ligação ao blog) para os artigos de Sua Eminência o Embaixador Francisco Seixas da Costa, a título de documento histórico quanto ao posicionamento da diplomacia portuguesa e respectivo papel no conflito israelo-árabe, o qual se viria a radicalizar após o assassinato de Rabin. Poderia ter tomado a publicação do comentário como um nihil obstat, mas, como bom integralista lusitano, respeito a integridade e a diferença. Por estas e por outras, a nossa homenagem ao autor.
O êxodo de Paris visto pela diplomacia portuguesa
Transcrevo um excerto do livro de Helena Pinto Janeiro, correspondente às páginas 18 e 19.
O capitão-tenente da Armada, Armando Humberto da Gama Ochôa, chefia a missão diplomática portuguesa em França há mais de uma década quando, a 14 de Julho de 1940, os alemães invadem Paris. Uns dias antes da invasão alemã, acompanhando o governo francês e o restante corpo diplomático dos países não-beligerantes na retirada da capital ameaçada de ocupação, deixara a Legação de Portugal em Paris entregue ao seu funcionário mais categorizado, José de Bívar Brandeiro. Este primeiro secretário encontra-se há poucos meses em Paris, embora não seja propriamente um novato na carreira diplomática, que já vai longa. A sua especialidade são as questões económicas. À acuidade da sua análise da Paris ocupada não será estranha essa visão económica, embora nunca economicista: boa parte do seu retrato da ocupação é um retrato de pessoas. É o que acontece com o relato do êxodo populacional, a que assiste de Paris.
Na expectativa da invasão da capital francesa pelos alemães, dá-se a desorganização da administração pública e o pânico generalizado da população, que foge em massa. Para Bívar Brandeiro as responsabilidades cabem aos chefes da administração (que abandonaram os seus postos), aos meios de comunicação social (que propagaram o alarme) e ao governo (que teria agido na desorganização mais completa). "Criou-se assim uma atmosfera de terror que facilitou a propagação de boatos alarmantes. Três milhões de pessoas de Paris e dos arredores precipitaram-se nas estradas, arrastando tudo o que podiam levar e deixando abandonadas as suas casas e as suas terras".
"O pânico foi de tal ordem que em Paris chegaram a ficar prédios de muitos andares com as portas abertas, pois os ocupantes nem sequer julgaram necessário fechá-las. Nos campos próximos, os camponeses abandonaram os rebanhos e os animais domésticos, a maior parte dos quais morreram de fome ou tiveram de ser abatidos pela polícia e pelos soldados alemães".
"(...) Aqui viu-se a fuga, por vezes dramática, duma população que ninguém orientava e à qual ninguém dava assistência. As autoridades não pensavam nisso, os particulares muito menos. As ruas e as praças eram atravessadas continuamente pelos que julgavam encontrar, fugindo, a salvação. E estes, se algumas vezes se faziam transportar em bons automóveis (poucos eram, pois os ricos há muito tempo tinham partido), na maioria eram pessoas pobres e até miseráveis, que caminhavam a pé, transportando os seus magros haveres".
Deste quadro de debandada geral, Bívar Brandeiro exceptua apenas os serviços de telefones, electricidade, gaz, água, limpeza e bombeiros, que continuaram a ser assegurados, para além do clero, que também não abandonou os seus fiéis. E prossegue o seu relato: "Vi muitas famílias humildes em que as mulheres arrastavam os filhos pequenos, que mal podiam andar, enquanto os homens vergavam ao peso de enormes volumes em que guardavam os seus mais preciosos bens". Faz de repórter: "Perguntei a alguns para onde iam. Muitos não sabiam. Tinham-lhes dito que a cidade seria saqueada, os homens obrigados a trabalhar a golpes de chicote e as mulheres entregues à soldadesca. Fugiam sem norte. Muitos foram, mais tarde, apanhados pelo fogo cruzado dos dois exércitos em luta. E ao lado das estradas do sul, as sepulturas abertas ao acaso mostram até que ponto pode conduzir o medo de milhões de pessoas".*
Este retrato do êxodo visto de Paris é completado pelo relato da viagem do ministro de Portugal em França com o corpo diplomático e o governo francês até à sua instalação em Bordéus e, por fim, em Vichy: "Não me é possível descrever o que foi esta viagem de Paris para Bordeaux, as contrariedades, acidentes e os desagradáveis imprevistos que nos sucederam. Durante centenas de quilómetros as estradas achavam-se repletas de refugiados (uns com destino, outros sem ele), que se dirigiam lentamente para o sul entre filas cerradas de carros de todas as qualidades e tamanhos. De tempos a tempos, um carro em 'panne', outro sem gasolina ou avariado pelo exagerado peso da carga, vinha impedir a lenta marcha daquele triste cortejo. A certa altura, os carros impedidos de andar eram tantos que os seus ocupantes formavam nas estradas uma longa coluna de mulheres, velhos e crianças que, tomados de pânico, continuavam a pé a marcha para o que supunham ser a sua salvação, embora sujeitos a cada momento ao bombardeamento, por aviões inimigos, o que sucedeu várias vezes. Calcula-se em cinco milhões o número de pessoas que, de toda a parte norte da França, se dirigiu, entre 10 e 15 de Julho, pelas estradas em direcção ao sul, e em dez milhões o número total de refugiados de todas as classes e nacionalidades que, do norte da França, se refugiou na parte sul e sudeste. Esses números podem a V. Exa. uma ideia do que foi a debandada durante aqueles trágicos dias".**
* AHMNE, José de Bívar Brandeiro, Paris e a Invasão Alemã. Relatório do Primeiro Secretário de Legação, Paris, 18-08-1940, anexo ao ofício n.º 264 da LPF, de 1 de Setembro de 1940.
** AHMNE, Armando Humberto da Gama Ochôa, Ofício n.º 264 da LPF, Relatório do Ministro de Portugal em França, Vichy, 1 de Setembro de 1940.
PARA ONDE IRÃO?
Os habitantes de Teerão?
PS Bombardear uma capital com uma arma atómica supostamente para impedir um país de aceder a energia limpa? Os netos de Nagazaki que ficaram por nascer choram em coro... Se o criminoso de guerra ousar avançar com o plano, a escalada constituirá, por si só, uma confissão de derrota. Estão a ficar sem munições? Foi mais rápido do que este blog previu durante a primeira vaga, há quatro dias atrás... Trump é um terrorista, ao instilar o terror na população. O pânico provocará muitos mais mortos que a própria bomba. Está na hora de Putin fazer um telefonema no Iphone vermelho.
Graves síntomas de stress planetário
O stress tende a retroalimentar-se. A sensação de tensão, de "fight or flight" (take it or leave it), de intransigência e de intolerância, estão a crescer de forma geométrica, em conexão com o risco socio-ambiental à escala mundial.
"Se a TV iugoslava é um alvo militar, as TVs e jornais ocidentais também podem ser. Esse tipo de ataque pode colocar em risco jornalistas que estão em Belgrado", disse o correspondente de um jornal europeu que não quer ser identificado, mas que resume a opinião de vários jornalistas estrangeiros que estão em Belgrado.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
sexta-feira, 13 de junho de 2025
Economia de guerra
Ao contrário das análises que cantam a vitória de Israel, de facto, aquilo que estamos a assistir é a uma clara vitória iraniana. De um primeiro teste (que nada tem de retaliação ainda, obviamente) supostamente com cem Shahed, terão passado quatro, segundo a CNN, podendo ver-se apartamentos em chamas em Telavive.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Tabaski de 2008
Partilhei a festa do Tabaski em Jemberém, no ano de 2008. No primeiro dia estava a tomar banho na piscina. A festa acabaria dia 12 de Dezembro, uma sexta-feira. No ano seguinte a festa começaria também à sexta.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Decreto excepcional
Impondo-se minimizar os factores de risco para o bem estar colectivo, seria de bom tom decretar que da próxima sexta (6ta, 6 do 6) a uma semana, dia 13, passa a ser sábado, ficando os funcionários públicos dispensados do serviço, para não dar azar.
sexta-feira, 30 de maio de 2025
A direita no seu pior
A AD representa, tal como o PS, a mediocridade do sistema "democrático". O Chega é um inqualificável epifenómeno de imbecilidade, incompetência e ignorância, desmerecedor de uma direita nacional com referências sérias, sólidas e sustentáveis, como Fernando Pessoa, Rolão Preto ou Oliveira Salazar. Já dizia o democrata integral Fernando José que se o povo quiser ir para o inferno, é para lá mesmo que iremos. Depois será preciso tirá-lo de lá, quando começar a arder. Face à impossibilidade remanescente de bloco central, resta unir as pontas da ferradura, fechando o círculo, dispensando o centro e os indecisos, numa aliança de polos para novas soluções nacionais, sub-regionais e globais. Por uma direita capaz de erguer pontes em vez de muros, fiel à vocação universalista nacional, da qual o Professor Adriano Moreira foi o último digno representante.
domingo, 25 de maio de 2025
Descrédito do Vaticano
O Sérgio lavrou a acta de desautorização, colocando o falso papa no lugar.
A Sede continuará Vacante, animada pela pena do proto-Papa José.
A cada instituição, o seu purgatório. E o falso Papa, para o Inferno.
A contra-partida de Vance, a conversão dos EUA, não vale a alma.
A sucessão do pudim deveria ser equacionada enquanto está por cima >
O homólogo de Molotov daria uma boa saída e solução diplomática >
Salvação da União Europeia, pela adesão da Rússia, Ucrânia e Turquia >
Realinhamento geoestratégico num novo Pacto de Varsóvia anti-NATO.
PS pessoalmente à disposição do Reino da Dinamarca para a defesa da colónia.
terça-feira, 13 de maio de 2025
Josés
Grande respeito por José Battle, ex-presidente do Uruguai, de alcunha "Don Pepe". Hoje morreu um digno sucessor, curiosamente, José Pepe, de nome próprio. Os heróis, como Tomás Sankara, têm propensão a reencarnar, em momentos de desespero do seu povo, tal como Ibrahim. Os guineenses esperam que Cabral se levante do chão, tal como os portugueses esperam por Dom Sebastião. Mujica tinha mais coisas em comum com Salazar do que muitos possam pensar.
sexta-feira, 9 de maio de 2025
SS: "_a ver shi kaio ou shi kago"
Entre Chiclayo e Chicago, numa indigna submissão às masturbações pouco subtis da Inteligência Artificial de Trump, mais propriamente manifestações da Estupidez Natural da humanidade, com o aval do Semchave (falso conclave), traiu-se a directriz da deriva dos continentes e a única esperança de evitar a queda da Igreja. Depois do cagalhão do Sul, agora um cócó do Norte, mas a bosta que os unge é a mesma. Roma, num indigno upgrade ao poder global que idealmente representa, emigra para o Texas, como fez a sua congénere Paris no filme, para se aproximar da sede do poder material. Roma confirma o anátema do anagrama. César papa o papa gangster. Venceu o anti-amor, na traição ao Espírito Santo.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Hipocrisia e água benta
Cada um toma a que quer. Mas há sempre quem seja incapaz de moderação...
quarta-feira, 7 de maio de 2025
O dino dos dinos
Não o tomem por anódino. Recomenda-se o perfil no FaceBook, do Eminentíssimo Professor Galopim de Carvalho, para intermináveis horas de agradável leitura gratuita, para quem gosta de aprender, só porque sim, por vezes em inspirados e deliciosos episódios de transdisciplinaridade, entre história, geologia ou outras ciências, mas, acima de tudo, um pedagogo à escala dos seus animais de estimação. Leia-se o magnífico artigo publicado há umas horas, que começa assim:
«Perguntei, há dias, a um grupo de adolescentes, a frequentarem o secundário, porque é que a lata de Coca Cola, saída do frigorifico para a mesa, começa a ficar cheia de bolhinhas de água, com se mostra na imagem. A maioria ficou calada. Os dois ou três que procuraram responder, mostraram que foram amestrados para responderem às perguntas que lhes são feitas no exame final, mas estão a léguas de toda a beleza que a Física tem para nos mostrar. E quem diz a Física, diz quaisquer outras disciplinas.»
Aqui em Bissau, nada-se em humidade do ar. Os viajantes aéreos mais apressados são confrontados, mal a equipagem acciona o mecanismo de abertura da porta, com o efeito de brusca descompressão (não cai directo, quase um suspiro) para acto contínuo, levarem com o violento impacto do bafo, um autêntico murro de água (julgo que as tripulações veteranas têm gozo nisso). Bom, mas estou a afastar-me do assunto, foi apenas para contextualizar as coordenadas geográficas. Aqui, o efeito que o Eminentíssimo Professor descreve é bem mais rápido e intenso do que em Portugal. Portanto, mais propenso a despertar a curiosidade. Aqui não é preciso colocar em slow motion para ver com os próprios olhos a "lenta" formação de grossas gotas. Até porque, muitas vezes, as latas chegam a "fumegar" água do excesso de refrigeração e quase congelação. As crianças são gente atenta e curiosa (e também gulosa). Aconteceu que, por necessidade de hidratação e decerto num devaneio anti-alcoólico, pedi uma Fanta. A lata laranja atraiu o olhar de dois jovens (10 ou 11 anos, não sei bem) que andavam por ali, muito educadamente, pediram licença para sentar. Disse imediatamente que sim, mas desconfiado que me iriam pedir um sumo (e estava disposto a dizer-lhes imediatamente que não)... não sabia se me tinham lido o pensamento, o facto é que se sentaram só e pareciam estar felizes por partilhar o momento de beber a lata, mesmo sem beber nada. Não me decidia a abrir a lata, que ali estava. Houve um momento de indecisão, mas os remorsos de uma possível suspeição infundada mas também a pensar que já estava "agarrado", pedi mais um copo (para poupar o empregado, que já tinha trazido um). Dando a entender que ia dividir o sumo, coloquei um copo à frente de cada um, enquanto perguntava se alguém queria beber pela lata (no pressuposto errado que ficaria para mim), mas nesse momento, um deles, que continuava concentrado na lata, disse que preferia a lata, mas quando vou para lhe pegar para a abrir, vira-se para o amigo e aponta para as pérolas de água em formação (passado pouco tempo começariam a "chover" pela superfície vertical da lata)... eventualmente iniciado havia pouco tempo, estava a mostrar a maravilha daquela animação ao colega (claramente mais desatento, ou chegado do interior onde o frio ainda não chegou); tinha razão, o mestre, pois o discípulo esbugalhou os olhos e ficou maravilhado. O amigo com toda a espontaneidade, vira-se para mim e pergunta "De onde vem a água"? Claro que é nestes momentos que sabe bem ser pedagogo. Hoje, que recupero a história por associação à do professor, começo mesmo a pensar (conhecendo bem a esperteza congénita dos guineenses) que não foi casual, mas sim premeditado: o "artista" estava mais interessado na explicação do que no seu trinhão de sumo.
Em crioulo, expliquei de todas as formas que me lembrei, até perceber que tinham entendido a "santíssima" trindade Gelo+Água+Vapor de água e entendessem que era a temperatura que determinava a passagem de estado entre elas, entre 0 para o gelo (com algumas temperaturas pelo meio, como a corporal, para comparação) e 100º, iagu firbi quando se lhe incorpora calor. O vapor de água foi claramente o mais difícil, pois gelo e água conhecem muito bem, sabem que o gelo derrete e se torna em água, e que ao contrário, colocando água na arca esta torna-se em gelo passado algum tempo (ainda ensaiei uma explicação sobre o funcionamento dos frigoríficos e que estes não "fazem" frio como estavam a dizer, dito mais cientificamente extraem calor, mas rapidamente deram a entender que me estava a espalhar e a afastar do essencial). Voltando ao vapor, como haveria de definir vapor de água para que percebessem? Fui pelos cenários, perguntei se sabiam o que acontecia, quando se punha água a ferver ao lume e se esquecia. Responderam ao desafio, com multitude de pormenores, um até descreveu a dificuldade que a mãe tinha tido em raspar o carvão para lavar depois. Então para onde foi a água? perguntei. Passou-se um momento, o mais d(esperto) observou que, "se pusermos a tampa para impedir que ela fuja, não dá, porque ela faz cada vez mais força". Um cientista! Um pouco mais, reinventaria a máquina a vapor ou a panela a pressão. Escaldado com o exemplo do frigorífico, desisti de explorar o assunto. A nuvem do cozinhado, a condensação na parte superior da tampa, acabaram por perceber, garantido por um pequeno exame. A curiosidade, a capacidade de se maravilhar, fazem parte desse querer aprender. Por si próprio (são a nata da elite, segundo Fernando Pessoa), ou pelos outros; havendo sempre (essa restrição, mesmo com fraca variabilidade histórica, depende obviamente da organização política) uma maioria que não aprende, nem sozinhos nem ensinados (a que corresponde o povo, nesta tipologia pessoal pessoana anti-democrática). Estas são as verdadeiras elites, mesmo se cada vez mais escassas e arredadas do poder, por ameaçarem a mediocridade reinante. Já Fernando Pessoa, em pleno conhecimento de causa, o dizia. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, e desgraça de quem tem dois: ou fura um, para disfarçar, ou emigra.
O professor induziu a pergunta e não só colheu uma amostra estatisticamente representativa do falhanço da escola, como ainda detectou os subprodutos, todo o fingimento da mediocridade no poder, não só de falta de formação de elites, mas mesmo de deformação de pseudo-elites. O que temos? Pior que a massa de ignorantes (dos quais poucos, neste ambiente, poderão aspirar à humildade socrática que favorece a utilização da pergunta "Porquê"), os macacos ensinados a armar-se em espertos (decerto filhos de peixe), preparados para serem os políticos "muito" democráticos do futuro, conjugam ignorância com arrogância. Onde estão as elites de amanhã? É preciso repensar a escola obsoleta que temos, fazer exames sérios e exigentes, despedir a granel. A escolaridade obrigatória tornou-se um sequestro da juventude pelo estado pseudo-democrata-socializante, que para nada serve, senão como pernicioso obstáculo à mobilidade social e à manutenção de pseudo-elites medíocres e corruptas. Há que devolver às famílias as crianças! Com esta escola mais vale transferir a angústia: que vão aprender sózinhas e depois que se sujeitem a exame.
Só pela existência de uns poucos, que à sua grandiosa escala, mantiveram estoicamente o esboço de formação de elites, tais como o Eminente professor, é que o país ainda não desapareceu. Pena é que as poucas vozes nesse deserto não tenham força suficiente para contrariar o triste estado a que nos conduziu a lógica da defesa da mediania e dos coitadinhos: como reconhece o ladino professor e magnífico pedagogo, chumbaram todos. Que bosta de escola, que se esqueceu que é feita para fazer pensar, para compreender o mundo, para fazer a sociedade beneficiar do contributo dos melhores e não ficar exposta aos piores! Comungo com o meu irmão esta nossa pedagogia da lata orlada de pérolas de água de outras latitudes.
Acrescentando que é uma das razões que me faz sentir livre na Guiné-Bissau e muito menos stressado, que nesse país de velhos precocemente senis (aos 40, já só podem invejar a presença de espírito dos dinos e tentar varrer a sua insustentável leveza para debaixo do tapete da sala, só que esta levanta e contamina toda a casa), numa involução educacional e regressão geracional, forjada desde a escola, contrastando decididamente, especialmente em Portugal, com as conquistas do século XX. Fala um filho de professores primários, que conheceu pessoalmente Paulo Freire na Guiné-Bissau, em criança. Com admiração, como sempre, muito obrigado, Professor, por existir!
domingo, 4 de maio de 2025
nous parions que nos párias À paris n'ont pas appris
De acordo em acordo até ao desacordo final, os líderes partidários, cada vez menos maioritários, tardam em acordar para a vida. Na realidade, de mais de 95%, viram a fasquia rebaixada para menos dos dois terços exigíveis a um discurso ditatorial, devido àquilo que foi considerado como traição do MADEM, pelos respectivos activistas. Num inenarrável desperdício de rúbricas e assinaturas, comprometem-se mutuamente mundos e fundos. Com mesas redondas ou quadradas, em Paris é outro estilo (nada draconiano, plutôt macroniano). É pena que não tenham sobrado fundos (indigência ou má gestão?) para pagar uns trocados a um revisor de português (sabendo que estes são muito mais miseráveis que os franceses, nas suas exigências), para evitar acentuar indevidamente o "a". Há muitos "à" que são "a". Ahahahah! O pior é que não se trata apenas do português, mas da organização das ideias. Seria igualmente preciso pagar a um editor, para organizar o conteúdo e evitar, por exemplo: encavalitar considerandos (ou outros itens igualmente desapropriados) em caracterizações; retomar, como ponto principal (no extremo esquerdo da tabulação) o número 5 de uma sequência indentada (com avanço). Para além dessas questões imputáveis à (este é legítimo, podem sempre tentar aprender) redacção, resta o conteúdo, que se mostra bem pior que as questões de forma, ao não se pronunciar claramente sobre a questão chave de um eventual boicote eleitoral. Nomear comissões parece um simples silogismo para um rotundo falhanço negocial. Quando chegar a hora da verdade, o que contará será a realidade. Nessa altura, este acordo não passará de uma vaga recordação, à imagem de muitos outros, com que a práxis política guineense da traição se encarrega de ilustrar para a posteridade o cardápio da hipocrisia.
sábado, 3 de maio de 2025
Incompreensível, incoerente, insustentável, e com o rei na barriga
De forma disléxica, anacrónica e descontextualizada, em mensagem do 1º de Maio, publicada na página oficial do Partido, o líder do PAIGC anuncia como imperativo nacional "afastar os militares do jogo político e devolver o poder ao povo". Ora, se constatarmos que os militares se encontram auto-excluídos do jogo político (reduzidos à sua condição de "forças republicanas"), a sua mensagem torna-se incompreensível: que consequência desejaria afinal, qual o efeito para essa causa? o que deveriam fazer as forças armadas para o contentar? Será que pecam por omissão? Há uma dúzia de anos, quando as forças armadas também serviram de bode expiatório ao PAIGC para os seus desaires políticos, o discurso era outro. Para além disso, qual a sua legitimidade para ditar "imperativos nacionais"?