quinta-feira, 26 de março de 2015
Pseudo-Rectificação
Uma vez mais, em pouco tempo, vejo-me obrigado a efectuar uma rectificação. Agradeço ao anónimo responsável pela chamada de atenção. Com todo o respeito pelo irmão Umaro, não julgo legítimo que tome a liberdade de imprensa a ponto de tentar encobrir um erro do Primeiro-Ministro, alterando o bilião da nota que copiou, e que o próprio nem sequer corrigiu no original. É louvável, mas não queira ser mais papista que o Papa. DSP estava simplesmente a sonhar alto: perdido por um, perdido por mil (ou por um trilião, porque não?).
Evangelho de JOMAV + DSP segundo o PN
Talvez os estúdios de Bruxelas do Progresso Nacional devessem ter pedido aos «heróis» para encenarem uma foto actual do entusiasmo do Presidente e do Primeiro-Ministro. Para quê utilizar uma foto desactualizada (já data da campanha eleitoral)? Será desnecessário destacar que (como a realidade se viria a encarregar de demonstrar) esses sorrisos fotogénicos não auguravam nada de bom...
Que dizer se estes não se deixam fotografar juntos? Hipocrisia e cinismo? Que esperar? Coabitação institucional? A mesa redonda foi considerada uma panaceia para todos os males... Mas os vícios continuam.
quarta-feira, 25 de março de 2015
Comunicado Final
A Mesa Redonda revelou-se um grave equívoco, bem representado pelo número simples apresentado: 1 BILIÃO. Indiferentemente de se tratarem de euros ou de dólares, queriam decerto dizer mil milhões. Ou bilhão, em brasileiro. Um bilião corresponde a um milhão de milhões e não a mil milhões.
Mas os equívocos não se ficam por aqui. Nem a brincar, terminar um comunicado que deveria ser de coesão nacional, com uma ofensa às Forças Armadas guineenses. Os dois últimos pontos são uma verdadeira vergonha, dedicados apenas à intenção de ocupação angolana. Afinal esta mesa redonda foi uma farsa, servindo apenas para reafirmar a venda do país, contra uns trocos?
Rapidamente se compreende o teor da referida Resolução 2203...
«Notant les efforts que fait le Gouvernement pour asseoir le contrôle et la tutelle effectifs des autorités civiles sur les forces de défense et de sécurité, faute de quoi le bon fonctionnement des institutions de l’État pourrait être entravé par la collusion entre certains acteurs politiques et les chefs militaires.
(...)
Exige de nouveau des forces de sécurité et de défense qu’elles se soumettent pleinement à la tutelle du pouvoir civil.»
Convidando os «parceiros» a contribuírem para a sua «manutenção». Será que esses custos serão a abater ao «BILIÃO», ou apenas ao envelope angolano?
Este assédio está a tomar contornos de verdadeiro mau gosto. Como é possível que um país que acaba de pedir ajuda alimentar internacional ao PAM (ver última notícia no Folha 8) insista em despender grandes somas de dinheiro para alimentar um corpo expedicionário indesejado pelos guineenses? Com a conivência das duas principais figuras do Estado?
Neste caso, BILIÃO rima com TRAIÇÃO.
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terça-feira, 24 de março de 2015
Rafael Marques ataca Portal
5 milhões de dólares gastos num «Portal» que não faz nada e, para além disso, nem sequer corresponde à designação oficial. O «modelo» angolano parece ter inspirado DSP... A «qualidade» informática é igualmente péssima e inconsequente.
Mais 20 ou 30 Kwanzas por dólar
A banca «angolana» pelos vistos assumiu o banditismo e arbitrariedade impostos pelo regime, queimando a possibilidade de enviar dólares para Angola (são convertidos à força em Kwanzas à taxa oficial). Segundo declarações à VOA da Direcção do Milenium, os lesados podem queixar-se a quem quiserem (ao «responsável», talvez...).
Pura extorsão! Efeito pernicioso: o «capital» arranjará outro canal, nunca mais ninguém mandará dinheiro «virtual» para Luanda, o que não deixará de se ressentir imediatamente no câmbio do dólar. A amplitude formal / informal deverá agravar-se para mais do dobro.
Entretanto, parece que há contentores importados com géneros a apodrecer, por causa das confusões das quotas de importação e das makas conexas no Ministério do Comércio. Mais 10 ou 20 Kwanzas a juntar aos anteriores...
Feios, porcos e maus
O Secretariado da UNITA em Cabinda, num comunicado excepcionalmente feroz e contrastante com a moleza do Secreriado Nacional, acusa o Regime de:
ASSASSINOS, LADRÕES E VIOLADORES DA CONSTITUIÇÃO
Citando Rafael Marques, é preciso resgatar o país das mãos que o conspurcam!
Libertem o Mavungo!
Coragem & Determinação
Em primeiro lugar gostaria de lembrar, a propósito, a ilegalidade do próprio julgamento, uma vez que os mesmos acusadores já se tinham sujeitado a outro foro, sendo um elementar princípio da Justiça que ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo crime. Claro que as regras do jogo não interessam para nada: em Angola, o espírito do legislador é descartável por qualquer conveniência bem colocada.
[imagine-se alguém acusado de assassinato e ilibado, voltando a ser acusado de homicídio... o seu calvário nunca mais acabaria, enquanto houvessem sinónimos. Os próprios Mandamentos teriam de passar a mais de 100, pois seria preciso acrescentar ao «Não matarás», «Não praticarás o homícidio», «Não cometas assassinatos», etc; o regime vai ainda mais longe, com novos conceitos de Direito, fundindo duas palavras!]
Prendem-se activistas pacíficos forjando inventonas, coartam-se todos os dias Direitos constitucionais básicos como o de Manifestação (até de simples reivindações estudantis - aliás imediatamente satisfeitas - de tal forma é o medo dos ventos do Burkina)... Tal como afirma Rafael no seu livro, mais do que um simples documentário, o estudo dos Diamantes de Sangue é uma amostra representativa do Regime.
Este julgamento é uma verdadeira farsa, mas a grande vantagem de Rafael Marques é que tem razão e está preparado para cumprir o seu destino, sujeitando-se à consciência do Juiz. A sua dignidade, coragem e determinação poderão levá-lo à prisão. Talvez, para aproveitar o tempo privado de liberdade, possa começar a escrever o próximo título: «Petróleo de sangue», dedicado à «província» de Cabinda.
Mas, se for preso, não será por muito tempo. Rapidamente o responsável político, segundo a Constituição angolana, o irá substituir, precisamente na mesma cela. Rafael Marques poderia trocar de lugar com José Eduardo dos Santos: sentar-se-ia o ditador no banco dos réus e o activista no cadeirão presidencial. Justiça seria reposta e Angola ficaria decerto a ganhar com uma nova partida, em bases saudáveis.
Libertem o Tempo!
segunda-feira, 23 de março de 2015
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sexta-feira, 20 de março de 2015
Paranóia
O governo ocupante e ilegal do Protectorado português de Cabinda manifesta um profundo desprezo pelo povo, vendo em qualquer tentativa de manifestação uma invisível mão estrangeira, chegando ao cúmulo do ridículo quando, mantendo sob prisão um activista cívico, o acusa de sedição e atentado à segurança do estado, apontando o seu comunicado uma mirabolante apreensão de explosivos, ocorrida num incrível recontro com um grupo de invasores estrangeiros, que uns tiros para o ar entretanto convenientemente afugentaram. Seria risível, não fosse tão grave. É o cúmulo da hipocrisia: o regime angolano perdeu completamente o pudor, se é que ainda lhe sobrava alguma réstia de vergonha na cara.
il est
Na minha opinião, é ainda prematuro, na falta de esclarecimentos por parte da Polícia Judiciária relativamente ao teor processual invocado para a detenção do irmão Doka nas suas instalações, pretender acusar o Governo de nepotismo, colocando em causa a autonomia e o rigor institucional, ainda recentemente elogiados pela Ministra da Justiça, por ocasião do acto solene comemorando o trigésimo segundo aniversário da PJ.
É que aquilo que pode ter começado por ser um boato, está a tomar proporções alarmantes. É estranho que não tenha ocorrido a ninguém que a detenção em causa possa estar relacionada com a investigação da fuga de informação do Estado, envolvendo correspondência entre o Supremo e o Ministério da Justiça, recentemente publicada no seu blog pessoal.
Em relação ao irmão Doka, julgo que, mesmo que tenha cometido ultimamente alguns excessos, no legítimo exercício da sua liberdade de expressão [como julgar que podia desafiar impunemente as autoridades, ou que podia contribuir para o descrédito de uma instituição como a PJ (talvez seja uma chamada de atenção para o facto de que difamar injustamente pessoas colectivas pode ser mais grave do que injuriar pessoas singulares), sugerindo ser esta um pau mandado do executivo à revelia do seu enquadramento legal], não cometeu qualquer crime que justifique a sua retenção para além das 24h já decorridas. Acabo, aliás, enquanto escrevo, de ler com agrado que a PJ fez o seu trabalho e entregou o caso ao Ministério Público. Pelos vistos, brevemente se fará luz sobre o caso.
Queria pedir ao irmão Doka que encare com serenidade e humildade o destino que escolheu, eventualmente reconhecendo os seus erros. Mas que evite quaisquer comparações com Angola, inteiramente despropositadas. Se, em Angola, Doka fizesse 1% do que fez em Bissau, já teria sido transformado, há muito, em patê pa jacarés. Já agora recomenda-se ao seu alter-ego, DokaN (não sei se é o 2, o 3, ou o 4), que, em solidariedade com o (habeas) corpo, faça uns tempos de silêncio. Caso não aceite a sugestão, por favor, corrija pelo menos o francês: por uma questão de objectividade, até à libertação do Doka, prefira o «il est Charlie» ao je suis.
Ausência notada
A «concertação» triangular que deveria ter lugar em Luanda, sob os auspícios de José Eduardo dos Santos, não contou, como chegou a ser anunciado, com a presença de Domingos Simões Pereira, ficando reduzida ao beija-mão do balofo Secretário de Estado da Cooperação português, que já não foi a tempo de cancelar a viagem de avião. O acto, que se pretendia de solene protagonismo angolano, acabou por degenerar numa palhaçada, proclamando hipocritamente o SEC, em conjunto com o MNE local, ter tratado da «importância dos países da Comunidade Países de Língua Portuguesa (CPLP), na conferência de doadores para a Guiné-Bissau [nas costas dos principais interessados?], a realizar em Bruxelas, no próximo dia 25 de Março». O fim de um namoro?
Fachada
Os engenheiros costumam criticar os arquitectos por estes «começarem» a casa pelo tecto, por colocarem a carroça do «belo» à frente dos bois (a viabilidade económica).
Já DSP, que alimenta uma relação demasiado compulsiva com o espelho, parece adoptar uma estratégia algo diferente: dar início à obra pela fachada.
Foram hoje apresentadas duas páginas oficiais do GOVerno na Internet, sob o domínio nacional GW.
Uma, pomposamente designada de «Portal», apresenta a composição do Governo e o seu Programa. Parece ser sintomático que uma página com menos recheio que um blog, pretenda ufanar-se dessa designação, que Didinho sempre recusou humildemente para o seu site sobre a Guiné-Bissau (aquele que, de longe, mais se assemelhou à definição de «Portal»). Um portal não é uma lista de currículos, «completada» com o anúncio de futura actualização «frequente».
É algo de funcional, que não se resume a meia dúzia de copy/pastes, num design duvidoso, que ninguém se deu ao trabalho de verificar (talvez por se pensar que ninguém cuida de mais nada para além da fachada).
Quis dar os parabéns ao meu amigo Florentino Mendes Pereira (que está muito bem conservado, para os seus 51 anos) por ter sido hoje promovido ao cargo de Primeiro-Ministro (é verdade, também não sabia, soube precisamente aqui por este novo, actualizado e autorizado Portal), liguei-lhe para o número de telefone que constava dos Contactos e responderam-me, em inglês (o que estranhei), que não conheciam nenhum Florentino. Julgo que deve haver algum número trocado, ou outra gralha parecida.
De qualquer forma, o país fica claramente a ganhar, pois parece já perfeitamente óbvio que DSP não foi talhado para a missão que dele se esperava, parecendo incapaz de se rodear das pessoas mais indicadas, ou sequer de dialogar e reunir consensos, deixando antever um inevitável lamento do tempo perdido que representou a sua governação.
Talvez tivesse sido mais pragmático fazer como a Ministra da Justiça, que prometeu primeiro uma simples página, evoluindo depois consistentemente para um Portal: é que torna-se mais convincente, mais persuasivo. Um verdadeiro Portal inclui os mecanismos necessários à sua reprodução e actualização. Já agora, recomenda-se que solicitem à senhora Ministra as suas últimas Intervenções oficiais. Não basta estarem previstos os sítios para as coisas, se não existir depois qualquer conteúdo relacionado (quando esses discursos até estão na internet, onde os poderiam ter ido buscar: que preguiça imperdoável; perante evidências deste calibre, torna-se difícil acreditar nas promessas de actualização, levando-nos antes a suspeitar que se trata apenas de mais um projecto sem amanhã).
Outra página, para francês ler, comporta a visão idílica resultante da «epifania» do Primeiro-Ministro, na cândida postura de uma criança que acredita no Pai Natal: fez uma extensa lista de pedidos, na qual todos os seus desejos são «prioritários», partindo do pressuposto de que serão todos concedidos. No entanto, não se sabe se o seu sorriso será suficiente... esperemos que não vire amarelo.
O problema, ao contrário do que insinua o irmão Doka, não está nos consultores tugas, que evidentemente não fazem a mínima ideia de como chegar ao Paraíso prometido por DSP, estando apenas interessados no seu quinhão daquilo que parecem encarar como maná dos Deuses. O que já deu lugar a avisos à navegação por parte do Presidente, criticando aquele que parece ser o espírito prevalecente do endividamente «a todo o custo». O problema parece ser o próprio DSP, que chega a ser patético: para além da sua incipiente e inconsistente abordagem governativa, demonstra ser inconsequente, o que parece deveras preocupante, quanto à racionalidade da utilização dos Fundos a serem colocados à disposição pelos parceiros.
O mais importante, como argumento de credibilização, consistiria na criação de mecanismos de acompanhamento dos financiamentos, garantindo uma eficaz transparência, o que não foi acautelado, apesar das várias recomendações. Ora só muito recentemente o Governo encetou timidamente o cumprimento de uma promessa eleitoral explícita, consubstanciada no seu Programa, prevendo a generalização de «auditorias multidisciplinares às empresas privatizadas por objetivos e aos Fundos autónomos com participação do Estado ou de interesse público: FUNPI, Fundo Rodoviário, Fundo do Turismo, Fundo de Mineração, etc…». Para além de um pequeno passo nesse sentido (lamentavelmente inspirado mais por guerrilhas políticas do que por convicção), da prometida transparência, nada se viu ainda. Muita parra, pouca uva.
É bom que DSP tenha deixado um plano de contingência para a eventualidade de os cenários não corresponderem às expectativas, pois nesse caso estaremos perante a maior urgência de uma verdadeira governação. Como Presidente do Partido, talvez devesse ter optado pelo cargo de Presidente da República. Terá sempre um papel a dizer, mas não deve, para isso, constituir-se como força de bloqueio da situação política, o que só pode prejudicar a imagem e os interesses do país. Teria tudo a ganhar em sair pelo seu próprio pé, de preferência depois de um «sucesso» em Bruxelas, abrindo caminho para uma solução institucional de compromisso, preservando assim a sua influência.
A China, que de qualquer forma privilegia as relações bilaterais, já deu o seu recado, cujo sentido não oferece qualquer dúvida. Entretanto, parece que José Eduardo dos Santos roeu a corda, sob pretexto aparentemente fútil. Esperemos que em Bruxelas não seja só fachada, como os cenários dos filmes de cowboys, nos quais a porta do Salloon dá... para a rua.
Dito isto, desejo boa viagem ao elenco governamental, com os votos dos maiores sucessos na mesa redonda.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Auditoria global e permanente
Nem tudo são más notícias. Finalmente, o Ministério das Finanças avança para uma auditoria. Alvíssaras! A melhor receita para uma boa governabilidade, como defendeu a Ministra da Justiça, no seu discurso de abertura do novo ano judicial, é a transparência. Recordem-se as promessas, nunca cumpridas, do Pacto de Transição, de Auditorias às contas da anterior e própria governação.
Como defendeu também há bem pouco tempo Filomeno Pina ou o Fernando Casimiro, não se pode voltar a insistir nos mesmos erros. Aliás, a mensagem principal do «Programa», mais que colagens de planos de contingência, deveria passar ao nível da «linguagem corporal»: garantir aos parceiros uma escrupulosa auditoria permanente, prestando contas públicas das aplicações.
Para além do FUNPI, seria proveitoso passar a auditar regularmente todos os cofres da função pública, extraviados devido a certas «peculariedades» históricas do sistema de financiamento estatal, sem prejuízo imediato da sua autonomia. Pena é que aparentemente, na Guiné-Bissau, apenas se tomam medidas (que deveriam ser estratégicas) por conveniências políticas do momento.
terça-feira, 17 de março de 2015
DSP não fez o TPC
A confirmar-se a notícia avançada pelo Doka, da assinatura de um acordo prevendo o envio a Bissau de dois assessores militares portugueses para a tomada de decisões estratégicas, quanto ao Programa Quadro a levar a Bruxelas, será bastante grave.
Em primeiro lugar, quem melhor que os militares guineenses para ajudarem a decidir do seu futuro? Não haverá na Guiné-Bissau, militares de carreira bem mais capazes de participarem nesse processo?
Em segundo lugar, não será má ideia, prenhe de equívocos e redutora da soberania nacional, entregar a estrangeiros decisões políticas?
Domingos Simões Pereira demonstra, em vésperas da mesa redonda, grande insegurança, denotando uma má condução da preparação do Programa Quadro, efectuada de forma parcelar e sem uma visão de conjunto, que envolvesse as forças vivas da Nação.
É esse o cartão de visita que pretende levar a Bruxelas, de um estado fraco e sem força anímica própria? De uma pedinchiche destinada apenas a alimentar a sua inconsistente vaidade?
Nuvens negras que não pressagiam nada de bom. Barco sem leme não conhece rumo.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Câmbio informal sobe para 18500 kwanzas por 100 dólares
O Banco de Angola, ao mesmo tempo que reduz a disponibilidade de dólares para a banca, aumenta a pressão para a absorção de dívida. O pico de 600 milhões, aparado de um terço a semana passada, voltou a sofrer uma redução de um quarto, a fazer fé no relatório desta semana. Esta evolução retrata bem a evolução do nível de reservas... Um terço com um quarto já fazem mais de metade, sobrando apenas cinco duodécimos... Recorrendo à mesma fórmula utilizada a semana passada, que se revelou acertada, o câmbio informal terá subido para 185 kwanzas por dólar (linearmente e sem considerar, para já, o factor exponencial).
Sugere-se ao Angola 24 Horas que crie uma pequena «app» manual, com a actualização diária do câmbio informal, visualmente consolidada com um gráfico semanal, institucionalizando a rotina de visitar os «pontos de câmbio», logo pela manhã.
Come e cala!
O Brasil saiu à rua em peso. Espontaneamente, voltaram as cores da selecção, manifestando de viva voz o descontentamento popular relativamente ao mega-escândalo de corrupção na Petrobras, conhecido como Petrolão (envolvendo a Presidente Dilma, administradora da companhia por altura dos factos, e conhecidas conexões às makas da Sonangol).
Já em Cabinda, a simples ideia de uma manifestação pacífica se revelou simplesmente aterrorizadora para o regime, chegando ao ponto de se afirmar que «manifestar é como tentar fazer justiça pelas próprias mãos»! Ao que os cabindas responderam que, se tinham decidido manifestar, foi precisamente por a justiça se ter revelado improcedente no passado.
Efectivamente, fugiu a boca para a verdade, à senhora Governadora: talvez seja altura de o povo exercer a sua soberania, perante a ausência de alternativas. Pois se até o mais elementar Direito é arbitrariamente negado, sem sequer um simulacro de fundamentação! Imagine-se o cenário da Presidente Dilma proibindo a manifestação, mandando polícia e tropa...
Que o regime de José Eduardo dos Santos tente manter eternamente essa disciplina de fogo cerrado, contando com a mansidão e incipiência política do povo angolano (talvez ainda assombrado pelo fantasma da guerra civil, explorado pelo regime), parece difícil, face à conjuntura actual. A repressão, tal como a negação cambial, apenas serve para fazer crescer a bolha.
Já no caso de Cabinda é mais grave. Pretender calar todo um povo manifesta um desprezo absoluto pela sua identidade e Direito à simples existência, enquanto tal, desvendando um implícito discurso do utilitarismo do genocídio, ameaçando com uma «limpeza étnica». Ao longo da história, muitas foram as formas bárbaras de o conseguir, como, por exemplo, capando os homens.
José Eduardo dos Santos sonha com um país perfeito (por si presidido, claro), no qual seja o único que disponha do dom da palavra e todos os outros homens sejam mudos. O paraíso! Os habitantes dessa nação ideal parecem ter um caroço NA GOLA. O país do COME, CALA (E ENGOLE).
sábado, 14 de março de 2015
Vergonha
Perante a sua própria insegurança e medo, o tirano mandou um seu cão de fila para tentar amedrontar os cabindas, numa ofensa perfeitamente gratuita. O «internacionalismo» de algibeira de José Eduardo dos Santos vai apodrecer com a sua micro-federação falhada: há muito que se comporta como um ocupante estrangeiro, em terras legalmente ainda sob protecção portuguesa. Não fosse Portugal a vergonha (palavras de Orlando Castro) que se conhece... já teria emitido umas palavras de desagrado (ou, no mínimo, de desconforto), face à repressão (com ordem para matar) do legítimo direito à manifestação do povo cabinda, incluindo a prisão de destacados líderes políticos e activistas cívicos. Auto-determinação já!
ANGOLA = INDONÉSIA
CABINDA = TIMOR
sexta-feira, 13 de março de 2015
Estrangulador mor
Paulo Sanhá sob fogo cerrado. O discurso da Ministra da Justiça não engana, quanto ao principal alvo das críticas de incúria e inércia aplicadas ao sistema judicial. Depois de ter ascendido ao cargo de Presidente do Supremo na sequência de uma eleição duvidosa, eivada de irregularidades e rodeada de intrigas, constitui-se actualmente como o principal factor de bloqueio da Reforma que se pretende imprimir ao sector.
P.S. É que, se a Ministra evidencia, no balanço apresentado pela Polícia Judiciária, a presença de um forte capital institucional, já o mesmo se não pode dizer da actuação do Presidente do Supremo, baseada na defesa do seu poder discricionário, levado ao extremo da arbitrariedade como forma de melhor monetarizar o «negócio» que considera constituir o cargo que ocupa.
Má consciência do PAIGC
Houve um ponto que me chamou a atenção, ao reler (sem grande interesse, diga-se de passagem) a extensa lavagem de roupa suja que implicou a defesa do histórico Manuel Saturnino, por uma das suas filhas.
Por que razão Manuel Saturnino faz constar que «Quando mataram Amilcar, até tinha viajado»? Gostaria de fazer um convite à reflexão em torno de uma simples palavra. Qual a necessidade (logo, o significado) do «ATÉ», neste contexto? Por que razão terá Manuel Saturnino viajado precisamente nessa altura? Por que razão pretende lavar as mãos do que se passou em Conacri?
quinta-feira, 12 de março de 2015
NÓS todos
A LUSA dá nós difíceis de desatar.
Que dizer de uma agência noticiosa oficial relativamente à qual pelos vistos ninguém olha com olhos de ver? Não podem pagar a um revisor minimamente decente, nem possuem edição com dois dedos de testa?
Mesmo admitindo que se trata de uma citação, não são obrigados a papaguear acriticamente asneiras do calibre:
«na Nos, onde a Sonae e Isabel dos Santos controlam, em partes iguais, 50,1% do capital»
Claro, claro. Num total de votos de 100,2%! Sabem escrever o 0,1% a mais da metade, mas não sabem o que isso significa? Que é nesse 1 por 1000 que reside a «chalaça»?
Que triste evidência da mais absoluta incompetência.
terça-feira, 10 de março de 2015
Ensaio de sucesso
O Movimento Revolucionário procedeu a um ensaio de sucesso, numa pseudo-flash-mob em Luanda. O teste revelou-se eficaz, na medida em que evidenciou que o regime já não possui legitimidade para uma repressão cega, que poderia rapidamente atiçar o descontentamento popular. Parece que até ofereceram umas bolachinhas. O MR em altas, yô!
Viva Nito Alves!
220 kwanzas por dólar
A Lusa demonstra estar agora atenta aos relatórios do Banco de Angola, publicando instantaneamente o respectivo comunicado. Pena que, há duas semanas atrás, não estivessem tão atentos, por ocasião da publicação de um relatório completamente truncado (e ainda não rectificado, disponível na mesma fonte).
Da comparação do actual com o da semana passada, podem retirar-se algumas conclusões simples: o Banco de Angola não consegue «secar» mais do que o equivalente (à taxa oficial) a 10 milhões de dólares de Kwanzas em troca de dívida interna. Presumindo que a sistemática emissão desproporcionada não encontra tomador (não se percebendo nesse caso a razão da sua continuação), pois caso contrário, caso esses títulos do Tesouro estejam a ser negociados no exterior, mudam de figura, incrementando a dívida «soberana» (do soberano).
Depois de uma descarga de 600 milhões de dólares a semana passada, que conseguiu conter momentaneamente a óbvia depreciação acelerada do kwanza, mantendo o câmbio informal nos 130 Kwanzas, amplitude «normal», devido às restrições adoptadas à liquidez (é que há Kwanzas de primeira - aqueles que os bancos entenderem, em conluio com as autoridades - e Kwanzas de segunda), esta semana foram disponibilizados 400 milhões. Se o salto para a frente, a semana passada, se revelara aparentemente eficaz, já a simples reposição de níveis anteriores se revelou claramente insuficiente. O corte de um terço no aprovisionamento em dólares provocou um salto imediato no câmbio informal para os 160 Kwanzas por dólar.
Ou seja: na hipótese (académica, claro) de que o Banco de Angola deixasse de colocar dólares no mercado, e já que estamos a falar em terços basta uma regra dos três simples, se a um terço corresponde um salto de 30 Kwanzas, três terços equivaleriam a um salto de 90 Kwanzas, a somar ao câmbio informal... Ou seja, a cotação implícita do Kwanza cifra-se actualmente nos 220 por dólar (com tendência para subir, como frisa o artigo, referindo o aumento do «spread» informal de 1000 para 1500 kwanzas na nota de 100 dólares). E ainda a procissão vai no adro, com o petróleo a arrastar o passo. Pelos vistos, o bluff não pegou.