Meia dúzia de milhar de quilómetros, várias fronteiras, imensas portagens informais. Este o percurso de uma caravana de material humanitário, que partiu de Portugal no dia seguinte ao Natal.
Chegaram a Bissau sãos e salvos, decerto graças à protecção de Nossa Senhora do Castelo, da antiquíssima capela de Coruche - fundada por Afonso Henriques - a qual tem um largo reportório de fotografias tipo passe da altura da Guerra Colonial, que as mães, namoradas, madrinhas de guerra, lá deixavam ou para lá enviavam, esperando assim invocar a protecção da respectiva padroeira; o facto é que, segundo a tradição, fosse por coincidência ou erro estatístico (ou milagre, propriamente dito), não morreu (na Guerra, presuma-se) nenhum dos homens (são centenas e centenas de fotos) à sua guarda.
Com outro tanto para lá, faz uma dúzia x 1000Km. Parabéns aos Desert Chalengers! E ao anfitrião Pepito!
Foi bonita a festa, pá.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Coruche, chi, credo!
Mal vindo
A proposta da CPLP de enviar um representante para Bissau não é benvinda. Embora se possa apreciar, a título privado, a figura do brasileiro nomeado para essa função, que desperta alguma simpatia, talvez devesse ter pensado duas vezes antes de aceitar tão pesado fardo. Por mais boa vontade que Carlos Moura se proponha, deveria ter começado por rever o contexto e expectativas inerentes à sua nomeação.
Com que legitimidade a CPLP «nomeia» um representante para um país cujas autoridades não reconhece? É, no mínimo, um abuso de confiança, para não ter de falar em provocação. O senhor Carlos Moura deverá começar o seu trabalho antes da viagem (que será bastante prolongada, agradeça ao MNE português), tendo muito cuidado com a sua acreditação e pedido de visto, à chegada ao aeroporto de Bissau.
É inaceitável que se imponham como convidados, sem que haja uma revisão séria e consentânea, do posicionamento da organização quanto à suspensão da Guiné-Bissau por motivos políticos. Natural que o país esteja não grato a iniciativas feitas nas suas costas, sem o seu envolvimento, em assuntos que lhe dizem directamente respeito. Resolvam isso, antes das eleições, como sugere o anónimo publicado pelo Doka, dando um passo de esperança; se não, mandem os representantes depois e apenas se forem convidados.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Bissaulhos
Rui Machete, cada vez que abre a boca, piora o seu caso.
Voltou, uma vez mais, a misturar alhos com bugalhos, elucidando-nos acerca da sua má-fé.
No final de uma visita à sede da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em Lisboa, face à pressão dos jornalistas questionando-o sobre quando seriam retomadas as ligações com Bissau, afirmou:
«o Estado português já disse quais eram as condições que entendia necessárias para que a segurança fosse garantida», acrescentando que «existe um Governo de facto na Guiné, que não é reconhecido por Portugal nem por muitos países».
Que não era reconhecido, não é novidade nenhuma, agora que o Governo faça chantagem política utilizando como joguete várias comunidades do espaço lusófono (portugueses em Bissau e guineenses em Lisboa), não se compreende, a não ser no contexto da promoção de um clima de crispação e de tensão, claramente oposto às suas declarações formais.
ver notícia
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Crise alastra ao Norte
O Presidente do Sudão visitou hoje Juba, num sinal de apoio ao presidente do Sul. Os inimigos de ontem refazem alianças para desalojar os «rebeldes» dos campos petrolíferos. Jogada perigosa: foi como mediador, sob os auspícios da UA, e acaba tomando o partido do petróleo...
http://www.africa24monde.com/faits%20divers.php?article=b056eglrstv1267c026ehjoquvwy12
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Para bem a vocês
Parabéns ao Progresso Nacional, pelo primeiro aniversário. Quase um milhão de visualizações em um ano é um feito. Não há dúvida que o panorama informativo guineense beneficiou de um grande aumento da oferta neste ano de 2013, tendo saído claramente reforçado com a vossa juventude e vigor.
Refiro-me especialmente à importância crescente que assumiram os blogs e redes sociais, no contexto de uma cada vez maior acessibilidade à internet, não só por parte da Diáspora (o que não é propriamente novidade), mas também por parte de uma franja cada vez maior de leitores na Guiné.
Continuem a trabalhar!
Um grande abraço colectivo
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
De barriga inchada
«Não é por ser um governo inclusivo com todas as forças políticas presentes, incluindo os partidos políticos sem representação na Assembleia Nacional Popular, logo, sem legitimidade popular, que lhe confere a legalidade necessária para governar e representar o povo.»
Pergunto-me se este trecho é um elogio à exclusividade, se uma crítica à falta de representatividade...
Vamos lá ver se percebi bem: podem muito bem lá estar todos, mas a maior parte está a mais, porque não representa ninguém, por isso a palavra deve ser devolvida ao povo, numa óptica de exclusão (de todos os que não concordarem com a sua pessoa, presuma-se).
Denota de forma grosseira precisamente o contrário do espírito das recomendações do Representante do Secretário Geral da ONU, Ramos-Horta: «Eu é que sou o dono e o campeão da legalidade, da legitimidade e da representatividade»: trago na barriga um milhão de votos.
Ossos do ofício
O PR Serifo Nhamadjo tem uma crise política entre mãos, titula a RFI (ver Progresso Nacional): esteve hoje reunido com vários «stakeholders» (para utilizar a terminologia internacional), para a tentar resolver.
Obrigado, PN
Se uns falam em erosão do Governo de Transição, outros arriscam mesmo ser um fenómeno de dissolução. O Presidente parece que está «à espera de Godot», retendo as demissões do MNE e MI.
Resta ainda eventualmente, acrescentar à lista de cargos de «disponibilidade pendente» o de PGR. A confirmarem-se as notícias das «dificuldades de coabitação» entre PM e PR, o caso é grave.
Quem não deve andar nada satisfeito com o andar da carruagem é o Comando Militar. Impossível que o PM coloque o cargo à disposição sem que caia todo o Governo. Nesta altura do campeonato...
Será caso para simples remodelação ministerial?
Marcha triunfal
Carlos Gomes Junior, em comunicado publicado há pouco no Ditadura do Consenso, assume que o seu recenseamento não se destina apenas a exercer o direito de voto, como qualquer cidadão na Diáspora, mas constitui um primeiro passo para uma candidatura presidencial.
Depois de imensos erros de concordância com os quais semeia as suas expressões, perdendo constantemente o sujeito das suas próprias afirmações, termina o documento aplaudindo-se a si próprio como virtual vencedor, que se julga, do acto eleitoral a realizar.
De humilde pouco tem: ou é bruxo, ou está muito à frente no tempo (aliás, até data os seus Comunicados de Imprensa do dia seguinte ao da publicação - o documento apresenta-se datado de amanhã, dia 31 de Dezembro - mais um pouco e era datado de um ano antes!).
O moço com o osso no pescoço II
Paulo Gorjão voltou ao tema da Guiné-Bissau para parafrasear o artigo de Francisco Seixas da Costa, adoptando uma ridícula postura de superioridade em relação ao Senhor Embaixador. Reconhecendo explicitamente que Portugal tem perseguido por todos os meios e em todos os fóruns internacionais a Guiné-Bissau («sem o sucesso desejado», como o próprio confessa, aliás). Mais: assume a morte da CPLP, na sequência desta questiúncula sem jeito nenhum.
Estamos portanto reconhecidamente a falar de coisas muito graves, que o politólogo de Passos Coelho tenta varrer para debaixo do tapete, com inabalável displicência.
Quanto à teoria da «conspiração mediática» pró-guineense (esqueceu-se de anotar a coincidência de serem os mesmos da «anti-angolana», coisa que não lhe deve ter passado despercebida), os mecanismos foram os mesmos que os utilizados pelo MNE português e por Machete (para fazer o alarido que se sabe e deu celeuma): o pouco conhecimento dos jornalistas (olho por olho, dente por dente). Enquanto se tratou de bater no ceguinho (a Guiné-Bissau), aplaudiu; agora chore.
Por falar em ofícios...
Afinal, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, que chorou baba e ranho, armado em prima dona ofendida, clamando que não tinha conhecimento dos vistos e que «deveriam» ter informado o «seu» Ministério da Embaixada da Guiné-Bissau em Marrocos, afinal foi informado, com vários dias de antecedência, pelo ofício 422 daquela representação diplomática, datado de 2 de Dezembro.
Mais informa a respectiva Embaixada, que tal documento era desnecessário, face à decisão do Governo de Transição de autorizar a entrada no país a qualquer interessado em viajar para lá (incumbindo as autoridades locais da emissão dos respectivos vistos, na entrada), logo a própria informação também não era obrigatória, tendo-o feito, no entanto, por uma «questão de transparência».
A confirmar-se esta notícia (solicita-se publicidade a uma cópia digital do ofício, que é coisa oficial e pública), as declarações tempestuosas de Delfim da Silva soam agora a falso e a pura hipocrisia.
O embaixador em Rabat.
Ver notícia.
Chover no molhado
O PGR, segundo o blog Saiba novidades publicou de manhã, «voltou à carga», afirmando ter falado «pessoalmente» com o Director da Polícia Judiciária, no sentido de proceder à detenção do Ministro. Mas o senhor Procurador não entende o que lhe dizem? Onde já se viu um Procurador dar «ordens» informais, pouco instruídas e de execução (mais do que) duvidosa e equívoca? O PGR ordena a um subordinado a prisão de um superior hierárquico, Ministro imune e em funções, e espera execução tempestiva?
Se tivesse feito o seu trabalho como deve ser, teria insistido em apurar que género de razões de segurança interna motivaram o Ministro a tão arriscada atitude, bem como fundamentado também, devida e formalmente, a acusação ao empresário envolvido, que a Polícia Judiciária manteve duas semanas à sua disposição. O que não foi manifestamente o caso: as acusações mantiveram-se vagas e improcedentes, nunca tendo sido tipificado qual o crime ou crimes de que os «suspeitos» eram acusados.
Achar que o Ministro não procedeu lá muito bem neste caso, é uma coisa; mas este não pode ser acusado a posteriori de «tráfico de refugiados» ou «criação de atrito político com Portugal», pois tais crimes não estão tipificados na Lei guineense; teria de moldar a acusação em termos de Lei ou conjunto de Leis nacionais grave e grosseiramente violadas, de forma a convencer a Assembleia da República a levantar a imunidade, equiparada a Deputado, de que gozam os membros do Governo. Senão qualquer um pode ser PGR!
Palavras, leva-as o vento. Um Procurador que não cumpre os trâmites oficiais e ainda vem reclamar de um «incumprimento» oficioso? E que, depois de ser formal, pública e oficialmente notificado, insiste na barbaridade cometida, afirmando pretender mover processos disciplinares, sem pés nem cabeça, a funcionários competentes? (ou será que o processo disciplinar também é só de boca?) O melhor que tem a fazer é pegar na caneta, verificar que tem tinta, e escrever uma carta colocando o cargo à disposição.
Obrigado, irmão Saiba
domingo, 29 de dezembro de 2013
Refresh de comentários
Apenas para publicar um comentário, entretanto colocado, ao artigo do Embaixador Seixas da Costa, publicado pelo Didinho.
«Sempre que se fala das ex-colónias, os portugueses inflam-se como nos tempos do ultimato inglês. Os comentários que surgem trazem o eco fantasmagórico do: "Para Angola rapidamente e em força!". A análise do embaixador é profundamente lúcida e obviamente não se insere naquele contexto. A questão essencial nas (não) relações entre a Guiné-Bissau e Portugal não é somente este episódio. O Governo de transição que resultou do golpe de estado de 2012 (acto naturalmente condenável, mas que, infelizmente, não é único na história daquele país) tomou em mãos uma situação muito complexa, mas tentou, e em certa medida conseguiu-o, manter os militares tranquilos, e conseguiu igualmente promover um governo de coligação com representação de todos os partidos, PAIGC incluído, pois este partido detém 5 ministérios (desde pelo menos Julho de 2013) e sem apoios financeiros excepto os da CEDEAO e muito significativamente de Timor-Leste, promover pela primeira vez naquele país um recenseamento que vai permitir outra transparência nas eleições marcadas para 16 de Março de 2014, retirando assim uma "justificação" para os sucessivos golpes de estado que contestam os poderes saídos de eleições grosseiramente fraudulentas, mesmo tomando em consideração o critério largo das outras eleições em África. Portugal nunca teve uma estratégia patriótica em relação aos países que outrora foram nossas colónias e nessa matéria também somos originais e diferentes das outras nações europeias que foram potências coloniais. Descolonizámos tarde e reactivamente aos acontecimentos que se impuseram no terreno. Agora com a democracia estabilizada andamos ao sabor da maré, leia-se dos negócios de uns poucos e, para mim, só neste âmbito se pode perceber as posições genuflectidas do nosso Governo em relação a Angola e a contrastante agressividade em relação à Guiné-Bissau. Somos fortes com os fracos e fracos com os fortes. Independentemente da forma, a posição do ministro guineense reflecte exactamente isso.»
Com o nosso agradecimento a Jorge Lemos Peixoto, pela citação;
Eu acrescentaria, em jeito de resposta a alguns dos comentários a esse artigo, que quiseram colocar ao mesmo nível o caso de Portugal (ou melhor, do seu incompetente MNE, que está em todas) com Angola e com a Guiné-Bissau (quando, precisamente, são opostos e antagonistas, passe a redundância), que é a própria soberania que está em causa, com esta atitude tão pouco digna (para não dizer cobarde) dos governantes portugueses.
Quanto ao erro que o Embaixador propaga, de que a «CPLP não se viu nem se ouviu», será simples falta de informação? Portugal e Angola constrangeram a CPLP a fazer e a dizer tudo e mais alguma coisa, moveram montanhas... (aliás, foi devido a esse mau ambiente que a CPLP morreu e deixou de ouvir falar dela, senhor Embaixador da memória curta) Parece antes má fé: tentativa de ignorar as inevitáveis consequências das incompetentes e pouco prudentes atitudes da diplomacia portuguesa; tentativa de arranjar bodes expiatórios para se a história das relações (as mais antigas do Império Português, com cinco séculos e meio: só para se ter uma ideia, os primeiros colonos brancos a chegarem à América, foi dois séculos depois) com a Guiné-Bissau correrem mal.
Atrofio africano
«O principal problema da governança» no continente, segundo Carlos Lopes, «é gerir a diversidade, o respeito pelas minorias e pelas mulheres. É um problema sério que explica muitos dos conflitos em África. A falta de integração das minorias conduz à corrupção, serve regimes patrimoniais de apropriação, pela classe dirigente, dos meios do Estado em benefício próprio.»
Faltaria acrescentar que os países ocidentais, embora apregoem formalmente a democracia, aplaudem e dão palmadinhas nas costas a esses regimes, que, em troca, oferecem uma necessária (mas ilusória) estabilidade, para a prossecução dos seus negócios de carácter predatório, regra geral primários. Pouco antes de morrer, Cabral antecipou e denunciou estas derivas neo-colonialistas.
O discurso de Carlos Lopes, endereçado ao tecido empresarial espanhol, insiste num ponto importante: o principal problema «mental», em relação a um «retorno» dos empresários europeus a África, que oferece imensas oportunidades de negócio consistentes e sustentáveis, tem a ver com a percepção errada destes, fomentada por lugares comuns mediáticos equivocados.
A oportunidade propriamente dita é esta décalage, este lag, entre o potencial de crescimento por explorar, (suportado num influxo de divisas proveniente da exploração de recursos naturais, sobretudo minerais) e o seu liminar desaproveitamento. África tem de (re)começar a ser «vendida», com operações de marketing e de charme, como aos nossos bisavós, com o encanto de «virgem».
Serão os próprios empresários, que se queiram estabelecer, fortes do seu contributo de saber fazer, conhecimento e experiência, que deverão criar o seu próprio estatuto, defendê-lo e valorizá-lo, integrando-se (desta vez, sem a «cobertura» administrativa colonial) no tecido económico local, contribuindo para o seu crescimento consentâneo, retroalimentando e potenciando o todo.
Terão também de estar atentos aos escolhos, excluir, sem excepções e por uma importantíssima questão de princípio, deixarem-se envolver em sistemas de corrupção, ou de «partilha» de benefícios. A sua transparência e seriedade, mantendo-se acima de qualquer suspeita, serão decerto os seus melhores cartões de visita, garantia de investimento e mesmo, seguro de vida.
Obrigado, Carlos Lopes e Progresso Nacional (artigo do El Pais)
sábado, 28 de dezembro de 2013
Cadogo desmente Nando Vaz
Logo depois de o Ministro da Presidência ter produzido afirmações, em Lisboa, ao Jornal Ionline, de que Carlos Gomes Junior não se poderia candidatar por não se ter recenseado (declaração algo prematura, não estando o acto encerrado), eis que Fernando Vaz é contrariado pelo recenseamento do ex-candidato presidencial, no Consulado da cidade da Praia (ver Ditadura do Consenso, link à direita), primeiro passo para aquilo que se pensa poder vir a constituir uma renovada candidatura à Presidência.
Faz assim orelhas moucas aos vários apelos populares, para que deixe a política (activa, pelo menos; poderia aceitar um cargo de conselheiro) e se dedique aos seus negócios. Neste momento, constitui um factor de instabilidade para a Guiné-Bissau (e estou a ser simpático, pois poderia ser considerado uma ameaça externa, ao defender o envio de forças ocupantes para o país). Defender perante as Nações Unidas operações de «reposição de legitimidade perdida» quando esta nem a Paz consegue manter?
Além disso, continua a insistir nas suas atitudes contraditórias: por um lado afirma-se chefe de um governo legítimo, por outro, faz o recenseamento num «sistema» diferente. Será o mesmo país? Aparentemente, coabita facilmente com múltiplas máscaras, o que pouco abona para a seriedade e integridade que devem ser apanágio de um Presidente. Um Presidente deve servir a unidade, não a separação e a divisão dos seus cidadãos. A vaidade do poder (que não soube justificar) estará a subir-lhe à cabeça?
Felicitações à Polícia Judiciária
A Polícia Judiciária deu uma resposta institucional às acusações (públicas) do Ministério Público. Com elevado sentido de Estado e de enquadramento orgânico legal, a PJ solicita (desafia) o PGR a tornar público o respectivo ofício (que se perdeu pelo caminho), pedindo humilde e submissamente que o MP observe «o primado da tramitação documental».
A PJ tem um triste histórico no relacionamento com militares, mas é uma respeitável instituição guineense de elite, muito devendo à acção da sua ex-Directora, Lucinda Barbosa, bem como ao seu substituto João Biagué, que se demitiu (notem a diferença: não colocou o cargo à disposição, demitiu-se, pura e simplesmente) por razões éticas.
Pelos vistos, o novo Director Armando Namontche também não deixa o prestígio da instituição por mãos alheias. O esforço de todas estas pessoas, o seu talento, mérito e capacidade, deveria ser reconhecido, e não ofendido gratuitamente, como o fez o PGR. Talvez o Procurador se deva auto-processar, neste caso, no qual revelou uma certa infantilidade.
Foi uma postura digna de um Estado de Direito. Ver Nota de Imprensa. Obrigado Ditadura do Consenso
UÁ, UÁ, o rei vai NU
Carlos Gomes Junior em entrevista à revista Monocle, citado em cabeçalho pelo Ditadura do Consenso:
Forças sob a égide da UA e NU? Amplo mandato... situação «já anteriormente denunciada». O «governo legítimo» cai mal porque as NU estão-se a ver «gregas» para aguentar o continente, que ameaça «rebentar pelas costuras».
O bangui-bangui continua, o mal ali à espreita no Mali enquanto arranjam maneira de ver s'o dão por acabado no Sudão: vão estar ocupadíssimos com coisas importantes, para se debruçarem sobre as suas preocupações.
Na África austral também há problemas sérios, que justificariam a atenção da respectiva organização sub-regional, bem como, num âmbito mais alargado, da UA, em especial através do seu Conselho de Paz e Segurança.
Pegar o boi pelos cornos
Sendo eu scalabitano, capital dos forcados, não posso deixar de me insurgir contra o tom pejorativo que o anónimo que se envolveu em polémica com o Filomeno Pina, no blog do irmão Doka, quis atribuir ao termo forcado. Aqui, na minha terra, um forcado improvisado e sem preparação que ousa desafiar (as más línguas dirão que está bêbado - e não andarão longe da verdade - mas isso não é chamado ao caso) o touro na picaria, tem todo o valor.
Uma coisa é a gente fina, que anda lá em cima do cavalo a ferir o animal, simulando reminiscências de caça com requintes de malvadez; outra, de valorizar, é a luta mano a mano, sem armas, com o objectivo de o imobilizar. Enfrentar, olhos nos olhos. Como o faz Filomeno Pina, que não brinca em serviço. Sobretudo ao serviço da Guiné-Bissau. Vamos falar de coisas sérias?
Portugueses na Diáspora
Depois de ter gasto cerca de seis milhões de euros para «tentar repatriar» uma comunidade portuguesa na Guiné-Bissau que nunca se sentiu ameaçada, eis que o mesmo Governo perdulário prejudica de forma preocupante a vida a essa mesma comunidade.
Ver o grito de alerta da Associação representativa dessa comunidade (que em Abril do ano passado se recusou a ser salva pela operação Manatim), a quem cortaram agora o cordão umbilical, por dá cá aquela palha. Uma vez mais, a hipocrisia venceu.
Este governo discrimina as comunidades portuguesas: com a angolana, está disposto, se necessário for, (como já mostrou) a humilhar-se; parecendo desprezar a comunidade guineense, que, pela pequena dimensão, considera um simples joguete diplomático.
Uns são filhos, outros enteados. Este Governo é fraco perante os fortes, mas quer fazer-se forte perante aqueles que julga perceber como fracos. Seis milhões de euros sobravam para oferecer uma viagem TAP de ida e volta a Lisboa a cada português em Bissau.
Podem guardar o troco. Obrigado, PN
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Gorgolejão
O politólogo editor do Blog ítica, acaba de publicar mais uma das suas tiradas inócuas, convencionais e ressabiadas. Gorgolejo é o que se recomenda para a espinha atravessada na garganta. Quem tem uma trave à frente dos olhos, tem tendência a apontar o cisco no olho do vizinho. Tal como o Governo português, também Paulo Gorjão «profetizou» a rápida queda (poucos dias lhe dava) daquele que agora (passados quase dois anos) chama de «governo de facto» (e a «reacção da comunidade internacional» que propala em tons ameaçadores também não é novidade, é mesmo um pouco dejà vu...) Essa é a espinha atravessada na sua garganta. Não espere que lhe dêem palmadinhas nas costas, precisa mas é de um valente gorgolejão.
Pode ser uma resposta um pouco infantil, mas, como foi a moda do dia, não resisto:
«Quem diz é quem é!»
Inexistência de condições de segurança
Não se percebe por que razão o PGR insiste na deslealdade e injustiça da acusação ao Director da Polícia Judiciária, que se justificou, no referido momento, com a inexistência de condições de segurança para levar a cabo tal incumbência. Quem leia esta notícia da Lusa (obrigado, Umaro), poderá ser levado a pensar que o Procurador duvida de tal facto. Pretende que o Tribunal passe um atestado da evidência? Ou é uma lavagem de mãos, como Pilatos e Delfim?
O máximo de desinformação
Jorge Heitor voltou a comentar a situação na Guiné-Bissau, mostrando-se pouco informado sobre a realidade. As autoridades guineenses não vendem bilhetes de avião (pelo menos ainda), muito menos passam vistos para Portugal.
Quanto à presença de Fernando Vaz, cidadão português, em Lisboa, não estou a ver porque o estranha: trata-se de um elo de ligação. Mais improvável, seria o ex-jornalista estar em Bissau, a inteirar-se melhor da situação.
Insinuar uma «conspiração» interna e insuspeitas amizades junto do Governo português revela uma imaginação muito fértil. Disparates de quilates! Obrigado, Ditadura do Consenso
Imprecisão de Fernando Vaz
Fernando Vaz, em entrevista à TSF retomada pela RTP, afirma que Cavaco Silva revelou precipitação e um posicionamento infantil, ao ir a correr participar na «brincadeira» de mau gosto contra o bom nome da Guiné-Bissau. Infantil ainda parece simpático; senil seria mais adequado. E, como sugeriram, imbecil também não ficaria mal. De qualquer forma, ouvido o audio, o governante classificava atitudes de Estado, posicionamentos institucionais, não brindou propriamente com esse epíteto a pessoa do Presidente da República portuguesa.
Opinião MDM
Não acho Filomeno um doente mental, antes pelo contrário, um ser altamente pensante e racional, pese embora podermos discordar de algumas das suas ideias, o que é natural. Até posso entender os elogios atribuídos ao Kumba Yalá, como uma forma de o sensibilizar a abandonar a sua intenção de ser de novo presidente, pois realmente a Guiné precisa de mudança e Kumba faz parte de um passado a esquecer. Foi presidente e não foi um bom presidente. A questão central que me preocupa é toda uma onda de supervalorização das qualidades intelectuais e patrióticas de Kumba Yalá que na realidade não existem. Como intelectual Kumba está ultrapassado. Nunca produziu uma obra digna de reconhecimento e de algum valor intelectual. E como estadista foi um desastre. Não acredito que as memórias sejam tão curtas a este ponto!
Obrigado, Malam Dindim Mané
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Balas de algodão doce
Ao ler a resposta de Filomeno Pina aos cidadãos pró-Kumba, compreendi o tom de irritação em que este o fez, pois nota-se de início apenas simples animosidade e vontade de contrariar, sem deixar qualquer espaço de respiração, no texto, para sequer uma opinião ou uma discussão construtiva.
Por isso me parece bastante injusto o comentário que o Doka acabou de publicar, que é ainda mais depreciativo, para as competências e boa vontade de Filomeno Pina, o qual lançou bastantes mais desafios para reflexão e sempre com todo o amor. Ironizar com trabalho de equipa não fica bem.
Nt'chamada má
A não demissão do Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros arrisca-se a ser mal entendida junto da opinião pública portuguesa e mundial. O Presidente, ao reter a «disponibilização» dos seus lugares, parece querer evitar a todo o custo uma remodelação ministerial, a qual parece impor-se. Mais do que uma simples «remodelação», julgo que é absolutamente necessária uma redefinição do modelo de governação, cuja importância estratégica e relevância para o futuro, não permite que fique dependente do resultado de eventuais eleições.
Cabe às Forças Armadas, um papel de relevo, segundo a Constituição, na interpretação dos anseios colectivos da alma nacional. Viva a aliança da Força com o Povo, num pacto de estabilidade, transparência e responsabilidade de regime, encarnado num projecto claro e consistente, envolvendo a Diáspora e as forças vivas do país. Constatada uma vontade convergente, será lógico convidar-se o Povo a exercer directamente a sua soberania, como recomenda a Constituição, selando assim uma nova esperança com original LEGITIMIDADE.