Num comunicado saído há pouco, com o título «Nigéria furiosa com assassinatos dos seus cidadãos», continuam a afirmar serem três os mortos (o que faz com que pareçam assassinatos em série), tendo os jornalistas optado por escolher os piores sinais de todo o contexto (que está já em vias de acalmia, com toda a gente a por água na fervura, incluindo do lado nigeriano):
''When people come and invade our mission, then it is assumed that they have invaded Nigeria.»
Com este género de acusações oficiais, não se brinca, como sugere o PN.
Assumindo as suspeitas, baseadas nas circunstâncias em que ocorreram os factos (a quem aproveitou a «contra-notícia»? era para «abafar» a presença de Xanana?), parece importante desmascarar o carácter maquiavélico das forças obscuras em questão, apurando até às últimas consequências o modus operandi que conduziu a resultados sociológicos tão funestos. Assim, seria importante analisar o registo audio da Rádio Pindjiguiti desse dia, o qual deveria ser tornado público.
Parece uma boa ocasião para reflectir sobre a responsabilidade jornalística e o seu papel na sociedade...
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Panapress insiste no erro
Ntene foronta di borgonha
O mesmo refere a notícia em inglês divulgada pelo Progresso Nacional, no qual parece que a situação evolui já favoravelmente graças a uma reacção pronta e firme das autoridades e a um pedido de desculpas à Nigéria ; num outro artigo do mesmo blog associam-se os acontecimentos subsequentes, sugerindo tratar-se de retaliação por parte das autoridades militares, numa percepção de que a fúria popular terá sido premeditada e induzida por provocadores.
(Falta de) Visão nocturna
A Visão aceita queixas. Se lhe roubarem o telemóvel, telefone (de uma cabine pública), que a revista faz um artigo, para ver se conseguem recuperar o seu aparelho. Ver (pseudo) notícia (mas literária).
PS Julgo que o patrão lhe tinha agradecido mais uma crónica entrevistando Xanana, naquele contexto... Que falta de faro e de sentido de oportunidade para entrar para a história e vender mais umas revistas. Deveria ser despedido de cronista, pois o papel da Visão é de qualidade boa demais para esta vítima lamechas de assaltos no escuro. Para a próxima, em Bissau, volte para o Hotel antes do por do sol, ou compre uns óculos de Visão nocturna.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Machete massacrado em todos os telejornais
Na SIC foi mesmo a «estrela», há pouco, à hora do almoço, com mais de 10 minutos de tempo de antena.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Notícia canibalizada
Primeiro uma nota de desagrado pela «não notícia» que invadiu os meios de comunicação social portuguesa: desde quando o roubo de um telemóvel é notícia? O grande comandante Xanana visita Bissau e sobre isso nem uma palavra... Parabéns ao Progresso Nacional pela desmistificação.
Parabéns ao Nbissane Nquelim, publicado pelos irmãos intelectuais balantas, pela desmistificação dos boatos anti-nigerianos; seria interessante conhecer a sua proveniência... já agora, os parabéns também à Liga pela pronta reacção. Depois de o sangue ter corrido, é precisa introspecção.
E refiro o exemplo de Ramos-Horta: segundo conta, a violência política em Timor, só acalmou depois do atentado contra si. Ao verem o sangue os seus opositores ficaram confundidos.
É natural que os ânimos se exaltem com facilidade devido ao triste quadro económico e social... E também aos apelos e instigações à violência. É triste e não dignifica o país.
Nada justifica a loucura assassina que assolou hoje Bissau.
Visita de Estado
Foi emocionante constatar a empatia de Xanana, vestindo farda a rigor; exemplificando assim como um militar também pode ser um político interveniente.
A sua capacidade para sentir, para comungar das preocupações dos outros, são exemplares de humildade e humanidade. Grande bofetada para Lisboa.
Um bom exemplo para os cinzentões de cabeça vazia, políticos e jornalistas, que papagueiam condenações no desconhecimento das realidades do país.
O povo da Guiné-Bissau, «tão desencantado pelas elites políticas, traído nos seus sonhos mais simples», agradece a Ramos Horta pela oportunidade.
Espera-se com impaciência a apresentação conjunta dos resultados e conclusões desta visita histórica, sendo momento ideal para grandes decisões.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
Exemplo de tolerância
Viajando com o chefe da sua própria oposição, Xanana enunciou, com emoção e lágrimas nos olhos, um apelo à estabilidade no país, perante o Presidente de Transição e o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, instando os guineenses a seguir o exemplo timorense e «que nunca mais corra sangue».
Viva a estabilidade!
Adjarama, Comandante Xanana!
Obrigado, irmãos intelectuais balantas na diáspora.
Moralistas intolerantes e vendidos
Jorge Heitor reflectiu, com óbvias implicações na actual tomada de posição de Xanana na Guiné-Bissau, uma notícia do semanário Sol (cuja tiragem, principal aposta e fonte de financiamento é Angola), de um pseudo-jornalista lamechas dando pelo nome de Luís Osório: este insignificante insecto, vem agora supostamente «retrair» lágrimas que terá, em tempos, vertido. Mais um hipócrita da conhecida escola; eram quase de esperar estes ataques injustificados e injustos.
Tal como a acusação de «golpista» em nada afectará Justino Delgado, junto dos seus fãs, também esta ignóbil atitude movida por obscuros interesses, em nada afecta para mim (nem para mais ninguém), que também chorei por Xanana e por Timor, a imagem do grande Comandante. Vou aproveitar agora para dizer ao meu filho, que começa a perceber as coisas, que, «se ainda existem heróis, Xanana Gusmão é um deles», tal como Nelson Mandela ou Amílcar Cabral.
PS Na minha família, o ambiente sempre foi emocionalmente muito sensível a Timor (e partizan). Tanto que a minha irmã foi das primeiras voluntárias a partir para Timor, onde ficou mais de um ano a formar e capacitar técnicos locais, tendo participado em diversas iniciativas comunitárias, colaborado com rádios, com ONGs... e vivido a experiência de um país novo.
Coca (ou) Cola ?
Isto tudo, porque, face à paranóia norte-americana, um relatório de um general colombiano, comentando a apreensão às FARC de um míssil Strella, afirmava que este estava completamente inoperacional e não constituía qualquer perigo, quer para o exército colombiano, quer norte-americano. Herbert, numa colaboração com um semanário angolano, insiste numa versão persecutória por parte dos Estados Unidos da América.
A ser verdade a história da escolta, seria indigno para os Estados Unidos, sendo motivo para apoiar a retirada da sede das Nações Unidas de território americano. Bem como de uma chamada ao palácio presidencial do embaixador que, em Dakar (mas ainda não há muito tempo esteve em Bissau por causa dos Direitos Humanos) se atribui o âmbito geográfico «Senegal e Guiné-Bissau», para lhe manifestar a sua indignação.
País que é o maior consumidor de cocaína no mundo, cuja bebida nacional começa com «Coca», não se deve arrogar esses «direitos» de interferência forjados. Obasanjo e a Liga bem procuraram, mas não há drogados desses em Bissau. Abaixo a coca, que é uma droga estrangeira, prefira a droga nacional: masque cola. Info para espiões da DEA: a melhor droga pode comprar-se à saída, no aeroporto, uma noz por apenas 50FCFA.
Aliança transcontinental
Felicitações ao grande Comandante Xanana, pela postura humilde «Não viemos para ensinar nada; apenas para trocar experiências». Trata-se de um convívio, humana e politicamente enriquecedor. O grande Comandante da guerrilha sabe o que são decisões impopulares.
Como quando optou pela não violência, numa decisão pessoal, como Nelson Mandela, entregando-se ao inimigo, para o roer por dentro. O grande Comandante sabe como, às vezes, é preciso dar um passo atrás, para depois poder dar dois, em confiança, para a frente.
Timor-Leste está com um protagonismo internacional invejável, afirmando-se na cena mundial muito para além da sua pequena dimensão, no âmbito da Presidência do G7+, um organismo reunindo 18 países que aspiram a encontrar a fórmula para o desenvolvimento sustentável.
Tal como Timor-Leste fica feliz por poder apoiar o povo irmão da Guiné-Bissau, agora que começa a chegar algum dinheiro do petróleo (a Guiné é mais pequena que Timor), só tem a lucrar, com uma experiência piloto conduzida com sucesso, para servir de modelo.
É que, um investimento criteriosamente alocado, não só ajudaria a Guiné-Bissau, como, seguindo o exemplo Timorense, talvez viesse a permitir, mais cedo do que se julga, contribuir para um Fundo de Desenvolvimento Global, que por sua vez ajudasse outros países.
Porque vêem as Necessidades a aproximação Dili-Bissau de mau olho? Pela voz de Xanana, Timor apenas manifestou algum ressentimento de ter sido economicamente abandonado por Portugal, no processo de reconstrução, resumindo-se o apoio a alguma cultura «chocha».
Não há qualquer consistência nas «arquitecturas» de Lisboa, que parece ter abandonado qualquer política própria e andar a reboque de Angola. Qualquer vaga ideia «lírica» de um Portugal universalista e construtivo, desapareceu, num lamentável desfile de medíocres.
A actual dinâmica não deve ser perdida, talvez o grande Comandante pudesse, via Lisboa, seguir para o Brasil, para tentar convencer o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros do interesse, para o seu país, em aderir a uma nova visão da CPLP, sem preconceitos.
No mesmo sentido, uma visita ecuménica de Dom Ximenes Belo, completaria o quadro deste estreito relacionamento, que se espera possa vir a dar belos frutos e a beneficiar não só os dois povos, como indirectamente os povos oprimidos de Portugal e de Angola.
PS Julgo que o povo guineense, deveria poder manifestar a sua gratidão pelo empenho do grande Comandante Xanana, pelo que talvez fosse de abrir uma excepção ao regime de proibição de manifestações públicas, permitindo a expressão do afecto (e vontade) popular.
Rispito
Apenas para felicitar e comentar o Samba Bari, no Ponto di Mira desta semana.
Não resisto a citá-lo:
«Mesmo quem vive com mais péssimo estado de analfabetismo e falta de cultura geral, sabe que semear a boa semente, com ou sem suor e sacrifício, ainda que seja pela humidade das lágrimas, a certeza é de que um dia verá nascer as plantas. E das plantas que nascer requeiram um tratamento cuidadoso, um acompanhamento continuo, para servir a todos. O importante é o espírito, a vontade, o esforço e a dedicação...»
Em termos de governantes, ficaríamos melhor servidos com o Samba Bari, do que com qualquer elemento indicado por qualquer partido. Estou a falar também do Samuel, do No Djemberém. Pessoas que já deram provas do seu patriotismo e desinteresse. Refiro-me também ao Didinho, ao Filomeno Pina, que têm orientado os guineenses, nestes tempos conturbados, com as suas opiniões e tomadas de posição.
«É sabido que tudo o que não tem cabeça não anda mas é pior quando existem varias cabeças em que cada um puxa para o seu lado. (...) Não falo só deste governo como também o governo e o regime democrático que vier a ser instaurado depois das próximas eleições gerais. Se não reunir um consenso e a boa vontade de todos, nada impede a situação arrastar com continuidades de sacrifício e de sofrimento para todos.»
E por fim, um pouco mais à frente, num genuíno apelo à responsabilidade colectiva das gerações:
«Se não encararmos com seriedade e persistência as possibilidades da vida, para aquilo que podemos transformar em bem-estar, felicidade e realização também não vamos escapar à responsabilidade de sermos cúmplices de toda a má vivência projectada para as futuras gerações.»
Advogado do Diabo
Trata-se de uma figura do Direito canónico da Igreja católica: na instrução de um processo de santidade, julga-se que o «Diabo» também deve ter a sua palavra, a bem da verdade; este deve contrariar o processo no que puder, evidenciando algum defeito ou vício do candidato, ou o não cumprimento de todas as regras de canonização exigidas.
Numa observação perspicaz e simpática (reconhecendo o meu empenho e minúcia), o Marcelo Marques afirmou, em comentário, que «procuro constantemente tudo o que de mais ínfimo possa legitimar» a actual situação. Ao ver a verdade sistematicamente deturpada, cabalas em catadupa, manipulação mental, tentativas ficcionais de exorcizar a realidade...
Ter-me-ia sido muito mais fácil e simples (para toda a gente, até actuais «golpistas») ter aderido à «unanimidade» do discurso «anti-golpista», cujo campo muitos queriam fazer parecer estar reduzido a «meia dúzia de militares analfabetos»; mas não gosto que pensem por mim... tal como me parece ter sido a postura da imensa maioria dos guineenses: esperar.
Engraçado é que, discretos, os guineenses nunca aderiram publicamente, na diáspora (onde o podiam fazer) a quaisquer iniciativas de apoio ao Governo deposto (em massa, como pretendiam e quiseram fazer crer), como aliás foi sendo documentado neste blog. Depois, tiveram de reconhecer a figura de «intelectuais golpistas»...
Depois vieram os artistas «golpistas»... Brevemente, quando o povo se pronunciar, teremos um «povo golpista». Continua o discurso diabolizador do contra-golpe, passado mais de um ano e meio. A caricatura do Kafumbero funciona em pleno: em vez de reconciliação, temos um mero diálogo de surdos. Este não é um contexto favorável para eleições.
Os autodenominados «anti-golpistas» reduziram-se a uma irredutibilidade que prejudica claramente os objectivos primeiros de estabilidade da nação; coagindo os militares a uma fuga para a frente. É o tudo ou nada, com a desestabilização da Guiné como pano de fundo. Resta aos responsáveis militares por toda esta situação tentarem redimir-se.
sábado, 5 de outubro de 2013
Xanana critica CPLP
Timor-Leste está a desempenhar um papel digno de louvor, ao seu mais alto nível, dando o exemplo de uma abordagem pragmática e construtiva em prol da paz.
Quanto aos modelos de desenvolvimento a adoptar, a Guiné-Bissau está num estado mais difícil do que Timor quando foi elevado a Estado: Timor começava do zero.
A Guiné-Bissau não começa do zero; tem um enorme «passivo», resultado de quatro décadas de independência abusada. A democracia deverá ser reconstituinte.
Ou seja: deverá transcender o actual enquadramento político-partidário; ser elaborado um novo quadro constitucional, depois de um período de transição consistente.
A transição deverá basear-se na estabilidade político-militar, que só poderá ser obtida com a adesão dos militares a um pacto de regime, o qual terá de dar garantias de governabilidade.
Esse desafio de governabilidade só pode consistir num governo de gente empenhada, tecnicamente competente e não envolvida no actual sistema político.
Novo conceito de responsabilidade, associado à transparência de actuação, consubstanciados num mandato «mínimo», a cumprir num prazo estipulado.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Retórica anti-golpista
Os defensores de Cadogo, têm vindo a utilizar o termo «golpista», como sinónimo de «diabólico», resumindo irremissivelmente todos os males e estigmas, com que se pode acusar e condenar definitivamente alguém. Sente-se a força da grande autoridade moral de quem o afirma.
Pouco interessa que se apresentem ou não argumentos, basta que se acuse alguém de «golpista» e parece que se faz um silêncio, e que ficam à espera que toda a gente apedreje os visados... O desespero faz com que nem os maiores artistas guineenses sejam poupados.
Desde já um pedido ao Justino Delgado: uma vez que não consegui encontrar referência ao concerto anunciado pelo Aliu Baldé no Ditadura do Consenso, solicito o envio do cartaz, para ficar a saber se consigo encontrar disponibilidade para ir, e publicar aqui.
Controlo remoto
Ver para crer, como São Tomé: Cadogo na Guiné? Ou Congresso Extraordinário em Lisboa? PAIGC telecomandado do exílio...
PS É muita ingratidão: Cadogo agradece ao destino e a Deus a sua libertação, mas não aos libertadores!
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Liberdade de imprensa
Não faz sentido colocar obstáculos à liberdade de imprensa, quando os jornalistas não fazem mais que o seu trabalho, informar.
Transcrevo a mensagem que recebi de Braima Darame, a quem dou desde já os parabéns pelo profissionalismo:
PS Quanto às declarações propriamente ditas, não vejo nelas nada de propriamente reprovável ou censurável: o General manifestou insatisfação (sentimento decerto partilhado pela imensa maioria dos guineenses) com a fórmula de transição escolhida, assumindo ter-se tratado de um desperdício de tempo; considero mesmo bastante oportunas, a preocupação e a motivação que deram origem a estas declarações...
terça-feira, 1 de outubro de 2013
USA => Off
É o shut down. O apagão. O estouro.
Obama é um flop. Ver o artigo que já aqui tinha escrito há uns meses, o fim de Obama. Quis lançar uma guerra para tapar os olhos aos americanos. Não conseguiu. Agora, que emerge o desastre financeiro em que se encontra a América, tenta fazer da oposição o bode expiatório para os seus falhanços e crenças despesistas (demasiado optimistas). Como pode acusar os republicanos de fazerem chantagem (ver DN), quem não tem feito outra coisa, desde que lançou o «seu» sistema de saúde (a contra-ciclo, em plena crise)?
E isto é apenas a face visível do iceberg.
1 Outubro 2013 => 1€ = $1,35
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Cadáver (adiado) & enjoado
Rui Machete fez-se fotografar com Ban Ki-Moon com os cantos da boca virados para baixo, ao contrário do seu anfitrião. Explicou aquilo «que seu país tem feito para ajudar a resolver o impasse político na nação africana de língua portuguesa», a Guiné-Bissau.
Hipócrita!
domingo, 29 de setembro de 2013
Petição
Concordando com as premissas do Movimento de Salvação Nacional (mas não com as ilacções), submeto uma alternativa (num plágio descarado, que não deixa de ser um elogio), titulada com nomes (isto é um puro modelo, cada um poderá alterá-lo, se assim o entender), ao jeito dos desafios no PN. O email da página da presidência, para poder enviar a sua petição a título pessoal, ao cuidado de Lamine Djatá:
rgbpresidencia
Excelentíssimo Senhor Presidente da República da Guiné-Bissau,
Sua Excelência Serifo Nhamadjo,
Como cidadã(o) guineense, referindo-me à alínea 1) do artigo 62° da Constituição, venho por este meio requerer junto à Magna instância que V. Exa representa, a realização de um referendo oferecendo ao povo da Guiné-Bissau a possibilidade de optar entre um Governo de Salvação Nacional e a realização de eleições (com a inevitável confusão inerente).
Consciente de que é provavelmente a primeira vez na história do direito internacional que os cidadãos de um estado formulam um tal pedido, permita-me indicar as razões que me levaram a optar pelo presente requerimento, que considero ser o último recurso para salvar o nosso povo e consolidar a soberania reconquistada. Com a derrota do colonialismo português nas matas da Guiné-Bissau, nasce a esperança de uma nova vida para o Povo Guineense: educação, saúde, trabalho para todos, num Estado independente. A dignidade ameaçada com a colonização portuguesa seria assim readquirida.
Mas a esperança de uma vida nova, não passou disso mesmo: uma esperança. Os ideais de Amílcar Cabral e dos combatentes que deram a vida por uma Guiné-Bissau independente foram traídos. Traídos pelo partido único (PAIGC) que governou a Guiné-Bissau depois da independência até às primeiras eleições multipartidárias em 1994. Traídos pela classe politica guineense que tem vindo a servir-se sistematicamente do aparelho de estado para se enriquecer, em vez de servir o Povo Guineense.
A história recente da Guiné-Bissau pode resumir-se assim: eleições seguidas de golpe estado; golpe de estado seguido de eleições. Quarenta anos depois da independência, a Guiné-Bissau, de acordo com o relatório de desenvolvimento humano 2013 das Nações Unidas, encontra-se no 176° lugar do conjunto de 186 países. Todos os indicadores de desenvolvimento analisados são negativos. Na Guiné-Bissau, a esperança de vida à nascença é de menos de 49 anos.
O que se esconde atrás destes dados, são tragédias pessoais, enorme desperdício de capital humano!
Queiram então compreender e aceitar, caros candidatos às eleições Presidenciais
Desta vez NÃO têm a confiança do Povo Guineense.
Desta vez NÃO acreditamos em nenhuma das vossas promessas.
Desta vez NÃO acreditamos em nenhum dos senhores.
Desta vez:
NÃO acreditamos no sr Carlos Gomes Jr. (Cadogo) ,
NÃO acreditamos no sr. Paulo Gomes.
NÃO acreditamos no sr. Helder Vaz.
NÃO acreditamos no sr. Tcherno Djalo.
NÃO acreditamos no sr. Kumba Yala.
NÃO acreditamos em nenhum candidato(a) que ainda não se declarou.
Não temos mais nenhuma esperança nem nenhuma confiança na “classe politica Guineense”.
Nós, Povo Guineense, depois de décadas de traição, mentiras, corrupção, incompetência, abuso de poder, violência, humilhação, a ÚNICA solução em que acreditamos hoje é
a criação de um Governo de Salvação Nacional
nesse sentido, seguindo o exemplo de Paulo Portas em Portugal (cujo cargo de Vice Primeiro-Ministro foi criado «por medida»), quero subscrever a proposta para um Governo de Salvação Nacional, com mandato para três anos, prorrogáveis por igual período, graças ao mesmo instrumento democrático, um referendo.
Advoga-se a criação de cargos de «Vice» completamente independentes, cujo papel será de contrabalançar o «déficit» de legitimidade dos titulares, garantindo uma transição e um término do mandato tranquilo, trabalhando em conjunto na criação de um clima de confiança gerador da necessária estabilidade política e credibilidade internacional.
Vice-Presidente - Kaft Kosta
Vice-CEMFA - Daba Na Walna
Primeiro Ministro de Salvação - Fernando Casimiro
Vice-Primeiro Ministro de Salvação - Filomeno Pina
Podemos então aproveitar esta oportunidade para convidar todos os candidatos que estão verdadeiramente interessados – e acreditamos que todos estão – no bem estar do nosso Povo e no futuro da nossa terra, a enviarem por email uma mensagem a Sua Excelência o Presidente da República.
Os candidatos que querem mesmo servir o nosso povo, poderão sempre fazê-lo. Para tal bastará apenas provar ao Primeiro-Ministro do Governo de Salvação, pessoa imparcial, que têm o mérito moral, intelectual e técnico, para servir o povo Guineense. Uma selecção da(o)s melhores filha(o)s da Guiné será feita com base na competência e no mérito.
Se tem a motivação e as capacidades necessárias, envie o seu CV para o site Didinho.org que escolherá os melhores para servir o Povo Guineense e garantirá também a formação de um governo de Salvação Nacional competente e honesto para a Guiné-Bissau. É evidente que as próximas eleições não devem ser realizadas. Os que sabem quanto é 2+2, sabem também que não existem condições objectivas para realizar eleições na Guiné-Bissau em 2013, nem em 2014…
Se os senhores querem mesmo o bem do nosso Povo e não servir a vossa ambição pessoal e obedecer à «comunidade internacional», participando num processo eleitoral inútil, desperdiçando meios financeiros que poderiam ser utilizados para comprar remédios e pagar salários em atraso, mostrariam uma grande inteligência e amor ao nosso povo subscrevendo esta petição que solicita um referendo a um Governo de Salvação Nacional.
PS Acrescento que não falei com nenhum dos «propostos», é de minha única responsabilidade esta proposta de Governo de Salvação Nacional.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
40 anos depois, GB de novo na ONU
Sua Excelência o Presidente da República da Guiné-Bissau, fez ontem, perante a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em Nova Iorque, um interessante discurso, que em muito dignificou o país.
Começou por esclarecer as circunstâncias (e as motivações) que lhe conferiram legitimidade para aceitar o cargo que actualmente desempenha, referindo a consciência da irrevogabilidade do facto consumado pelo contra-golpe (não podendo portanto ser considerado «golpista» como querem alguns) e o processo de legitimação da transição com base no órgão legítimo nunca dissolvido, a ANP, à qual se constituiu deputado por vários mandatos, sendo seu Vice-Presidente à data dos factos. Não encarou pois o cargo como um benefício mas como um sacrifício pessoal.
Depois, referiu-se à ignóbil campanha de «terra queimada», do «quanto pior, melhor», promovida entretanto pela «outra parte» (cujo último acto teve por triste e infantil protagonista Rui Machete, apenas para lhe dar previamente razão), no sentido de tentar minar e desacreditar os esforços de reconciliação, promovidos de boa fé.
Em termos estruturais, referiu-se, como principal factor de bloqueio no caminho do desenvolvimento, à «pescadinha de rabo na boca», ao ciclo vicioso da pobreza com a instabilidade, no qual a pobreza gera instabilidade, que por sua vez engendra mais pobreza. Está na altura para colocar um fim a este ciclo!
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
O canto do cisne
Rui Machete, o que de piorzinho produziu o vazio mental daqueles (os homenzinhos de avental) que se auto-intitulam pedreiros mas não passam de uns reles serventes (sem noções de arquitectura e incapazes de alinhar dois tijolos, aliás o Portugal que hoje temos foi a sua «grande obra»), o mais recente Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal (e entretanto caído em desgraça e já demissionário, depois de se ter descoberto que mentiu, com várias notícias hoje nos jornais nacionais, DN, etc mas para informação veja-se este artigo de Eduardo Oliveira Silva no Clube de Jornalistas) teve um desempenho patético e indigno da sua pátria, nas Nações Unidas, como lacaio do imperialismo angolano, num encontro realizado «à margem da Assembleia Geral» em curso.
Depois de Portugal ter desperdiçado o seu lugar no Conselho de Segurança numa feroz e inglória perseguição às novas autoridades de facto da Guiné-Bissau, com origem no contra-golpe de 12 de Abril do ano passado, agora que a ONU reconhece as autoridades consolidadas por ano e meio de de paz (apesar de todas as provocações) e de bom senso (sem assassinatos políticos), com a derrota definitiva da farsa que alimentaram por demasiado tempo, não reconhece a evidência dos factos e faz declarações explosivas aos meios de comunicação (n'A Bola face à quebra de legitimidade entretanto no ar, a redacção sentiu-se na obrigação de uma assinatura colectiva), em nome de uma CPLP que quer fazer crer «unida», contra a Guiné-Bissau. Esperemos pela confirmação das posições dos outros seis países...
Na improvável hipótese de mais alguma diplomacia lusófona se querer juntar a Angola e a Rui Machete, a verdadeira e legítima CPLP ficará reduzida à Guiné-Bissau, eventualmente a Timor-Leste (foi entretanto anunciada a visita do grande Comandante Xanana a Bissau)... Um encontro contrariando o espírito do que acontece na Assembleia Geral (perante o mundo)? Só para tentar evidenciar uma exclusão que os factos desmentem? Mas engana quem? Mentiroso! (não sou eu que lhe chamo, várias pessoas o fizeram antes, hoje) Hipócrita! Mau perdedor (isto já sou eu a acrescentar). Vá curtir a sua reforma de 132 000 euros, mas esconda-se, se é que tem um pingo de vergonha (não tem é nenhuma, os americanos e o Obama é que de certeza não se deixam enganar, com todos os relatórios que receberam da FLAD sobre a «gestão» mama taku deste senhor).
Foi um rico serviço, este encomendado pelo Isnogood (aquele que quer ser Primeiro-Ministro no lugar do Primeiro-Ministro - pessoalmente prefiro o termo de Grão-Vizir), que este palhaço executou acriticamente: delapidar o pouco que restava do capital de credibilidade da CPLP, sem que se perceba o que esperava ganhar com isso. Então a CPLP «quer»? Quem não reconhece não tem «querer»! E já agora, como sabem que não há condições, enviaram espiões? E porque estão tão preocupados? Primeiro, o discurso era de que «Ai, credo, perpetuam-se no poder, preparam-se para adiar as eleições», agora de repente, pedem descontos de tempo... O rei recusa-se a ser despromovido a peão? Esse peão recusa-se a avançar perante as fracas possibilidades de ser (re)promovido? Para que é o tempo? para se dedicarem a mais inventonas?
P.S. Quem deve estar muito triste e envergonhado com todo este comportamento da diplomacia portuguesa para com as antigas colónias, é Adriano Moreira. Espero sinceramente que, aquele a quem se deve a defesa da educação para os povos das «Províncias Ultramarinas», que pretendia com isso propor uma alternativa possível àquela que viria a ser a Guerra Colonial (por isso viria a ser afastado por Salazar), nos deixe o seu contributo e opinião sobre este caso, pois costuma comentar o que se passa na ONU. Não concordo com a tese de que não se deve discutir o passado: se tivesse sido assim e não assado... Se o futuro é um campo de possibilidades em aberto, porque não discutir o passado? Julgo que o Senhor Doutor, que admiro muito, como já em tempos tive ocasião para lhe transmitir pessoalmente, deveria deixar cair alguns tabus (de humildade) que fez pesar sobre a sua carreira. Talvez o facto de que pudesse vir ajudar a uma futura refundação da CPLP o justificasse.
A CPLP vendeu a alma!
Fogo de vista
Os derradeiros peões isolados do governo «legítimo», vão gastando os últimos cartuchos...
Em Paris, na Embaixada ilegalmente ocupada, os squatters queriam continuar indefinidamente a passar vistos para um país imaginário, no qual Cadogo continuaria supostamente a reinar, graças a um software (em francês) fora do prazo de validade.
Em Bilbao, um gato pingado original e adâmico, de uma célula de saudosistas (da «velha senhora» ou «antigo regime»), no país basco, que se auto-proclama pomposamente «comunidade guineense em Espanha», anuncia que
«começou hoje a distribuir um abaixo assinado para exigir o regresso ao país de todos os exilados políticos, destacando, entre eles, o ex-primeiro Ministro Carlos Gomes Junior»
1) Os abaixo assinados não se distribuem. Recolhem-se assinaturas por baixo, numa folha.
2) O «ex»-Primeiro-Ministro (como muito bem se lhe referem, pelo menos numa coisa acertaram) não está impedido de regressar ao país
3) Nem sequer tem estatuto de «exilado político» no país que o acolheu
4) À excepção desse que «destacam» (e que não o é, pois não passa de um simples turista), poderiam dar algum outro exemplo de «exilado político»?
Tanta «petição» e «abaixo assinado» já aborrece. Esta gentalha não representa coisíssima nenhuma! Percebe-se bem demais onde querem chegar. Não estará na altura de desistirem? Se há um ano, ainda podiam dizer que tinham a comunidade internacional ao lado do vosso «campeão», hoje, que o Presidente discursa perante a Assembleia Geral da ONU, passa-se o contrário. Deveriam seguir o exemplo do embaixador guineense lá acreditado, renderem-se às evidências e deixarem de tentar contaminar e prejudicar o processo de reconciliação nacional, com azia de maus perdedores.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Quem te avisa...
Recebi um email de uma pessoa amiga, criticando-me por não ter propriamente «comemorado», com produção própria, mas apenas «comentado» as comemorações do 24 de Setembro. Além disso, o artigo de João Galvão Borges «galvanizou-me», com a sua matriz mental «dialéctica» (no bom sentido). in Quo Vadis, PAIGC
«Creio entretanto que Amílcar Cabral se sentiria bem mais homenageado e bem mais feliz (!) se soubesse implementados os Princípios que lhe eram caros: a honestidade, a competência, a seriedade, a lealdade e a abnegação dos seus compatriotas para que as suas tão queridas terras, Guiné-Bissau e Cabo-Verde, alcancem a verdadeira Liberdade, a verdadeira Paz e finalmente os almejados Progresso e Felicidade dos seus respectivos Povos. E aqui creio que não pairam dúvidas!»
Apraz-me igualmente citar o humilde e construtivo apelo à crítica, com a qual me identifico plenamente e que corresponde ao «protocolo» que tenho defendido quanto aos comentários no meu blog:
«De igual modo aproveito para afirmar que me sentirei, em todas e quaisquer circunstâncias, beneficiado com qualquer opinião contrária ainda que seja firmemente discordante, desde que sustentada por válidos e credíveis argumentos. Porém, sempre vou dizendo que por mais válidos e credíveis que sejam os argumentos, as vozes discordantes terão de saber respeitar a ética e deverão dar provas de transparente decoro.»
O João Galvão Borges, decidindo-se a fazer um blog e a empenhar-se com a sua análise na actual conjuntura, viria decerto trazer uma nova e original visão, um imenso valor acrescentado em termos de reflexividade, contribuindo assim para aumentar as probabilidades de um desenlace feliz para o projecto de estruturação em curso.
Mas entrando no assunto propriamente dito: o autor deste artigo, no curso da sua brilhante análise das desequilibradas relações entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde, cita, como precedente para a deposição de Luís Cabral, um
«relatório apresentado nessa ocasião pelo então Secretário Geral do PAIGC Aristides Pereira, tomava a forma de uma peremptória e verdadeira condenação a todas as formas de desvios à linha de A. Cabral. E a resolução final alertava os militantes e quadros do Partido contra todos os desvios ideológicos e particularmente contra os que resultavam da passividade e da falta de rigor ideológico tais como a irresponsabilidade, a tolerância aos erros, a negligência no trabalho, o pragmatismo excessivo que não tome em conta os elementos políticos do problema a solucionar, a atitude tecnocrata e a burocracia erigida em forma de governação, a improvisação como método de trabalho, a tendência a se esquivar às orientações e ao controlo do Partido, o favoritismo (amiguismo), o nepotismo, a ostentação e a ambição pessoal.»
Este fragmento lembrou-me algumas das «mise en garde» de Cabral, que, premonitoriamente, já tinha avisado para esses perigos. Fui portanto à procura delas. Embora um pouco atrasado, aqui fica portanto o meu contributo para a reflexão, sobre esta data.
Nas palavras de ordem e directivas do Partido encontrei: «Devemos combater o oportunismo, a tolerância diante dos erros, as desculpas sem fundamento, as amizades e a camaradagem com base em interesses pessoais».
No panfleto «História da Guiné-Bissau e Ilhas de Cabo Verde», maioritariamente escrito e revisto por Cabral, pouco antes de morrer:
«O homem está em condições de produzir em alguns minutos e com pouco esforço o que outrora exigia o trabalho de milhares durante meses (...) Sob a dominação imperialista, o desenvolvimento da produção, conseguido graças ao progresso da ciência e da técnica, tem por objectivo assegurar os mais altos lucros, ao mesmo tempo que se conservam ao mais baixo nível possível os salários, o poder de compra dos trabalhadores. O sistema económico vê-se assim encerrado numa contradição insolúvel. Enquanto milhões morrem de fome, destroem-se em massa produtos alimentares, não porque as massas não tenham necessidade deles, mas porque não têm com que pagá-los. (...)
Nos países onde se adquiriu a independência política, mas em que esta foi confiscada em proveito de minorias exploradoras locais, estas, para consolidarem e manterem os seus privilégios, não demoraram a entender-se com o imperialismo e a manter ou restabelecer a sua dominação: é o que se chama neo-colonialismo. A libertação nacional não poderá significar a transferência de poder dos colonos para uma minoria exploradora nacional, cujo papel não pode ser outro senão o de lacaio do imperialismo.»
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Comemorações do 24 de Setembro
Pareceu-me altamente relevante o artigo de João Galvão Borges publicado (e comentado) pelo Didinho, nesta importante data.
Gostaria de realçar este excerto em particular:
«Quando se preconiza como solução à já citada crise, a intervenção de uma força estrangeira a coberto de uma ou de diferentes siglas como: Nações Unidas (ONU), OUA, CEDEAO, CPLP ou outra, sinto-me na quase obrigação de manifestar a minha firme oposição ao recurso dessa força estrangeira como pretensa solução para a crise existente. Não dispondo de uma "bola de cristal" para prever as consequências dessa preconizada intervenção, penso entretanto que ela seria mais um problema do que propriamente a solução.
Guardam-se registos da firme reacção do Povo Guineense à ocupação estrangeira. Do conhecido "Desastre de Bolol" em 1879 em Djarfungo no norte do país, em que os felupes infligiram o que se considera a mais pesada derrota sofrida pelo ocupante português, passando pela luta armada de libertação nacional e chegando-se à recente e veemente resposta dada aos estrangeiros (desta vez africanos) no igualmente recente conflito de 7 de Junho de 1998. Estes exemplos muito significativos, não podem ser negligenciados no equacionamento do problema e convidam, seguramente, a uma séria reflexão antes da tomada de posição sobre a possível intervenção de uma força estrangeira como solução do problema.»