quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Clarificação de Fernando Vaz

Fernando Vaz defendeu que a ante-proposta de Amnistia seguiu por caminhos errados, ao centrar-se na figura dos autores do (contra)golpe; o esclarecimento, se tardio, é bastante feliz, pois o que está em causa é a amnistia do próprio golpe, independentemente dos seus autores. Dada a composição do hemiciclo, seria improcedente defender um voto de louvor aos executantes, que aceitaram dar a cara, no desempenho dessa patriótica e inadiável missão, que se impunha.

O PRS prepara já uma revisão, para que nova proposta, reformulada, suba de novo ao hemiciclo. Uma vez que esse voto se destina simplesmente a confirmar anteriores compromissos, o PRS, claramente minoritário e ao sabor dos caprichos, jogos e intrigas dos deputados absentistas, poderia inverter o ónus: uma proposta de simples validação da Lei da Amnistia, que, não sendo chumbada, daria os anteriores compromissos por assumidos. Qual a vantagem? Acabavam-se as férias, haveria quórum, para os deputados da maioria deixarem de se refugiar hipocritamente uns atrás dos outros, à vez. É que assim os absentistas contariam a favor da proposta!

Quanto à Liga e aos blogs que têm defendido que se tratou de uma «grande vitória» do CHUMBO, não se percebe como é que, quem se diz democrata (não sou eu) defende tal sofisma, que de outra coisa não se trata. 40 deputados votaram a favor da amnistia, 25 contra.

Em democracia, 8 ganham a 5! Azar a soma dar 13.

Grito de Revolta

Sobre a questão da nacionalidade guineense, Dautarin da Costa, apresenta-nos uma magnífica reflexão, a de um jovem e cosmopolita guineense, a quem insultaram e ultrajaram no seu mais profundo sentido de pertença e de identidade. A não perder!

Obrigado Progresso Nacional! 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

ANP fora da lei

A ANP, ao não aprovar a Amnistia prevista no Pacto de Transição assinado com o Comando Militar, coloca-se fora da lei. A violação dos acordos assinados nessa própria Assembleia, cria um facto político desnecessário, é manifestamente infeliz e arrisca-se a tornar-se um grave factor de desestabilização da actual situação política, já de si periclitante.

Uma ANP fora do prazo de validade, opta pelo incumprimento dos compromissos assumidos, numa clara atitude de desafio, perante a figura do Comando Militar. Tratando-se de um plano bem estruturado para criar confusão e empurrar o país para a Ditadura Militar, não faria «melhor». Pretendem encostar à parede os militares, de quem receberam o poder?

Os deputados do PAIGC à ANP colocam-se deliberadamente numa situação ilegal e sem saída? Espicaçar o leão com a vara curta nunca foi prova de inteligência. O PAIGC continua a pretender arrestar a nação e criar instabilidade, apenas porque as coisas parecem não lhe correr de feição? Seria útil conhecer a posição dos vários candidatos à liderança sobre o assunto...

Equívoco ou provocação? De momento, não me ocorre outra solução legal e pacífica a não ser os militares aceitarem submeter-se a um julgamento rápido (se a Justiça civil não estiver pelos ajustes, remeta-se para o Tribunal Militar), no qual possam validar as suas razões. Ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo «crime». Depois de este tiro no pé, resta a dissolução!

Gomes Sénior

Felicitações a Paulo Gomes, guineense na diáspora, pela sua corajosa decisão, neste momento difícil, assumindo a dívida que tem para com a Nação, pela sua identidade e formação.

Agradeço ao seu staff o convite para a apresentação da candidatura, que publicaria de imediato se ainda não tivesse já sido (para evitar redundâncias na rede guineense).

Aceite os desejos de felicidades na missão que se impôs, de regresso ao País, para dar o seu contributo, valorizado pelo grande sucesso obtido na sua carreira profissional.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Duelo em alegorias animais

Depois de um magnífico artigo, no qual a alegoria era digestiva (e os maus da fita não eram os necrófagos); Filomeno Pina volta à carga, com mais uma «deliciosa» análise em torno da luta titânica que opõe mar e rio, precisamente na Guiné-Bissau, onde a terra depende sobretudo da maré.

Desde já agradeço ao Filomeno o envio por email do artigo, que teria publicado de imediato se ainda o não tivesse já sido, pelos Intelectuais Balantas. Bravo, Filomeno! Esta sequência de alegorias fez-me lembrar Átila, o huno, que ficou conhecido na Europa medieval por «flagelo de Deus».

Efectivamente, este afirmava que, onde o seu cavalo pisasse, a erva não voltaria a crescer. Que comia este bruto ao jantar? Um bife que, de manhã, colocava debaixo da sela, para «assar» (mas não muito).

Kamarada K7

Desde 12 de Abril do ano passado que, volta não volta, o kamarada kassete Karlos Lopes Pereira, jornalista do Avante, tem publicado umas notícias inteiramente parciais sobre a situação na Guiné-Bissau, desinformando sem escrúpulos os já parcos leitores do seu boletim.

Desta vez, a pretexto (quinze dias antecipado, para coincidir com a Festa do «Avante», quando tem mais uns tantos tansos a ler as suas bacoradas) da comemoração das quatro décadas da declaração unilateral da independência, de 24 de Setembro de 1973...

Começa logo pelo sub-título: «os patriotas da Guiné-Bissau vão comemorar (...) empenhados em libertar-se da ditadura militar e retomar os caminhos do progresso». Retomar os caminhos do progresso? Qual progresso? Aquele que promoveu o PAIGC?

Continua pela mentira «agentes dos colonialistas portugueses assassinaram Amílcar Cabral»... Essa «notícia» é de 1973, está um pouco desactualizado em relação à verdade histórica. Recomenda-se o longo documentário que passou na RTP sobre o assunto.

Que o PCP puxe a brasa à sua sardinha, já se espera «A longa e heróica resistência antifascista portuguesa e o descontentamento provocado pelas guerras coloniais conduzem ao golpe militar de Abril, seguido pela Revolução dos Cravos». Causa primeira?

Sim, sim. Não fosse a derrota militar na Guiné-Bissau, a «longa» resistência teria continuado por mais outras tantas décadas... Não tiveram qualquer peso no assunto; tentaram depois manipular a revolução, até lhes porem o freio, noutro dia 25, este de Novembro de 1975.

A ultra-ortodoxia do Partido Comunista é mais aguda que a da Igreja Católica: continuar a apoiar acriticamente todos os «PCs», independentemente das suas piores derivas. Já em 1998, nunca deixaram de apoiar Nino, mesmo contra todas as evidências de apoio popular à Junta.

Lançar apelos bélicos aos «patriotas» guineenses? Para lutarem contra «generais narco-traficantes»? Não estarão a simplificar um pouco a situação? Os leitores do Avante não são propriamente conhecidos pelo seu espírito crítico, mas mesmo assim...

Não deixa, no entanto, de afirmar a identidade do Partido Comunista Português, pouco dado a internacionalismos e sempre claramente nacionalista: mostra-se preocupado com a integração da Guiné-Bissau na sub-região, «de forte influência neocolonial francesa».

Termina afirmando que «a Guiné-Bissau independente está em perigo». Nacionalistas como são, lá no Partido, poderiam colocar-se na pele dos guineenses: será que continuariam a achar que decapitar a classe castrense e deixar invadir o seu próprio país é solução que se preze?

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Assédio de Chicote

MNE angolano em Lisboa: tem havido concertação entre «CPLP, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e outros parceiros, para se conseguir um aumento da presença militar, com vista a facilitar a reforma no sector de defesa e segurança». Agradece-se a preocupação, mas os legítimos interessados já trataram do aumento da presença militar, dando início a novos cursos na Academia Militar de Cumeré.


Qualquer outra presença militar, em território nacional, para além das Forças Armadas (seria redundante chamar-lhe nacionais, nem devia ser preciso ter de explicar tudo: que diriam os Estados Unidos, se lhes impusessem uma presença militar estrangeira, por exemplo para debelar o consumo de cocaína, que pelos vistos, são incapazes de controlar no seu próprio território?) é indesejável por ofensiva dos princípios de soberania e independência nacional.

As tentativas, por parte de uma pequena franja de guineenses, claramente minoritários e deslocados da realidade, para requerer, legitimar ou facilitar, essa pretensa «solução», intrusiva e dissolvente, apresenta-se como claramente anti-patriótica. Por que razão deseja Angola, tão insistente e ardentemente (sim, porque se ninguém convidou Pedro Pires, ainda menos do que nenhuns desejaram a ingerência angolana), «facilitar» a reforma das Forças Armadas guineenses? 

Pelo princípio da reciprocidade, talvez se deva marcar uma sessão de «brainstorming» na Academia Militar, para tentar ajudar os angolanos na questão da orgânica das suas Forças Armadas... Talvez se possam mesmo convidar alguns oficiais superiores das FAPLA para virem até Cumeré aprender com os guineenses como fazer REFORMA: talvez devessem começar por tratar da merecida reforma do seu Presidente; este deveria cuidar da sua própria casa, antes de se oferecer para varrer a dos outros, pois não configura propriamente um exemplo de boa governança.

domingo, 1 de setembro de 2013

Obama: só e confuso

Depois do chumbo do parlamento britânico ao envolvimento na Síria, resta-lhe a França (antiga potência colonial), para tentar dar uma aparência de legitimidade à guerra que pretende lançar. Depois da Líbia (ainda periférica, na lógica do «barril de gasolina» do Médio Oriente), a Síria serve agora os interesses económicos da intoxicação mundial pelo controlo dos standards financeiros e pela manutenção de um nível artificialmente alto do dólar, estratégia na qual os Estados Unidos parecem ser incondicionalmente apoiados pelo capital «mundial».

Não se brinca com fósforo perto de bomba de gasolina: os riscos de incêndio são elevados. E os franceses não perdoarão ao seu presidente que se submeta aos caprichos e interesses dos americanos. Russos e chineses opondo-se claramente a qualquer intervenção, e não se mostrando inclinados a ser uma vez mais enganados, como no caso da Líbia, aprovando o que quer que seja em sede das Nações Unidas que possa servir de pretexto a uma agressão, os Estados Unidos terão de arcar sozinhos com a responsabilidade de um ataque.

Intervenção limitada? Apenas uma punição? O discurso está confuso, as opções estratégicas mal enunciadas, e os Estados Unidos cada vez mais isolados representando um papel de ingerência nos assuntos internos de um estado soberano... O caso parece reunir todas as características de um «guet apens», passível de se transformar num beco sem saída, abrasando uma região do mundo de equilíbrio já de si bastante frágil, numa altura também de si complicada, com a ressaca da «Primavera Árabe» no Egipto, momento que recomendaria prudência.

L'indesirable renforcement de la présence militaire

La pression (extérieure à la sous-région), exercée pour le renforcement de la présence militaíre en Guinée-Bissau ne saurait être autre chose que nuisible au procès de pacification en cours. Ayant substitué d'autres forces en présence, qu'ont terminé abruptment son «mandat» comme indésirables, il ne serait pas très avisé que, pour le même ordre de raisons, la même chose se passe avec ECOMIB, dejà forte de six centaines de militaires.

Sous quel pretexte pretendrait la CEDEAO renforcer les moyens en présence? Il n'y a pas de conflit, pas de menace à l'integrité territoriale; la Guinée-Bissau n'est pas le Mali. Toute option voulant utilizer l'ECOMIB à des fins pour lesquels cette force n'est pas preparée, risque d'être pris pour du parti pris dans des affaires de politique interne, embourbant l'organization dans une sucession de mal entendus à même de nuire fortement aux objectifs d'integration régionale.

Reunião de Chefes de Estado Maior da CEDEAO dos dias 12 e 13 de Agosto. A confirmarem-se as informações publicadas no Ditadura do Consenso, acerca de uma suposta reunião do mesmo género efectuada em Dakar nos passados dias 28 e 29, essa reunião nunca existiu de facto (aliás, não há, por enquanto, mais fontes sobre o assunto para além desse blog - e outros que o citam), pois a Guiné-Bissau continua membro de pleno direito dessa organização sub-regional.

Ou seja: a exclusão arbitrária de um país membro, ainda para mais em torno de assuntos do seu próprio interesse, tornaria nulas quaisquer decisões tomadas nesse âmbito. Caso transpirem mais notícias sobre o mesmo assunto, «por confirmar», tornar-se-à urgente para a organização um esclarecimento da situação, desmentindo tal género de boatos, ou, assumir as consequências de actos baseados em informação incorrecta e contrários aos interesses da integração regional.

Nesse cenário, seria correcto, antes de pretender «impor» o aumento de uma presença militar desnecessária, a retirada de todo o contingente, para que este não fique exposto ao sabor das negociações. Cumprida à priori a incumbência de «protecção de VIPs» (se não a tivessem cumprido já, já não estaríamos aqui a discutir o assunto), não se vê muito bem o circo de uma coluna militar blindada (Cadogomóvel?) em campanha eleitoral pela Guiné-Bissau.

A Guiné-Bissau não está «refém» da ECOMIB; é a CEDEAO que tem «turistas» em Bissau e portanto deve respeito pelo país. Qualquer tentativa para subverter essa realidade esbarrará na vontade e firmeza das Forças Armadas guineenses, que não se pouparão a esforços para manter os princípios de soberania, independência nacional e integridade do território, desempenhando com o sucesso que se lhe conhece essa função, da qual estão constitucional e primordialmente incumbidas.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Anti-Patriota

O até agora Ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, António Patriota, foi desempossado e substituído por Luiz Figueiredo, até aqui Embaixador do Brasil junto das Nações Unidas.

Patriota não soube interpretar correctamente as directivas e estratégias de um desejável fortalecimento do papel do país a nível internacional, tendo a Guiné-Bissau sido um caso flagrante.

O Brasil pretende assumir-se como uma via de diálogo e compromisso, defendendo que é necessária responsabilidade ao «proteger», não ingerência em assuntos internos dos outros países.

É um passo em frente do Brasil, num momento crítico. Demitido António Patriota, manifestamente incompetente, é reveladora a vontade de afirmação do novo Ministro, na sua estreia.

Efectivamente, o Brasil enfrenta a América, cola à Rússia, defendendo consensos. A primeira declaração de Luiz Figueiredo é por isso especialmente importante, por clara e assertiva.

Também no caso da Guiné-Bissau, o novo Ministro deverá introduzir uma grande mudança de atitude, descolando de Portugal e assumindo o seu papel latitudinal e transatlântico...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

East point (of Bissau)

No CIM (Centro de Instrução Militar) de Cumeré, está a decorrer uma acção de formação militar, que permitirá renovar as fileiras das Forças Armadas.

Sugere-se a criação, no centro de instrução, de um núcleo de minas e armadilhas; outro de utilização de RPG7 aplicada ao combate de infantaria.

Para ministrar a formação, urge a reabilitação de Melcíades Fernandes. Todo o seu saber e experiência podem (e devem) ser aproveitados nas novas FA.

É preciso apostar na qualidade dos recursos humanos nacionais.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Reforma das FA em curso

Segundo Nota de Imprensa emanada do Estado Maior Geral das Forças Armadas, os recrutas recém-circunscritos, numa experiência de serviço militar nova e inclusiva ao nível das Forças Armadas, farão um exercício na estrada Cumeré-Nhacra. A população é simpaticamente convidada a assistir à grande disciplina de que darão mostras as mais recentes aquisições para o serviço da pátria.

Domingos Simões Pereira subscreve a subversão?

Botche Candé, mesmo que não fosse recusado no movimento de apoio a DSP, nunca seria um caso a publicitar pelo Colectivo de Apoio à candidatura no próximo Congresso. É um verdadeiro tiro no pé, neste momento de «contagem de espingardas»; a DSP, convinha a máxima discrição.

Ao alinhar na «nova» dinâmica da velha conspiração, vem dar razão a quem o acusou de ser um «submarino» de Cadogo e da CPLP. Esperará manter algum poder na hipotética redistribuição em favor de Cadogo? É que estão mais cem beneficiários antes, todos com senhas já tiradas...

P.S. Botche Candé foi anunciado, no fim de Junho, como Director de campanha de Cadogo.

Respostas a algumas perguntas de Marcelo Marques

Marcelo, agradeço a oportunidade para rever as minhas posições; preparei-lhe um resumo delas, aliás, largamente documentadas aqui neste blog, durante os meses de Abril e Maio do ano passado. Por favor, não insista em confundir-me com um «democrata»: eu não me esquivo ao debate. mas peço-lhe que continue a respeitar a minha opinião como ela é, tal como eu respeito a sua, por divergentes que sejam.

Quanto às motivações para o 12 de Abril: auto-defesa das Forças Armadas, como último reduto da legitimidade soberana, despoletado por instinto de sobrevivência; impedir o golpe «constitucional» que se preparava (estilo Fujimori) e por isso deve ser chamado de contra-golpe e não golpe; ou seja, a apropriação do país por uma pessoa que já o tratava como sua própria propriedade privada (e nessa qualidade vendeu-lhe a pele sem o chegar a ter «morto»).

Justificava-se? Nem se pergunta. Que teria acontecido, com o caminho que as coisas levavam? Entregar o país a Angola, como em 1998 ao Senegal? Nem pensar. Nem sequer Cadogo beneficiaria pessoalmente pois ficaria nas mãos dos seus «salvadores».

O papel do governo de transição, não foi muito feliz, mas também teve a vida dificultada, pelas circunstâncias externas e por uma máquina de Estado PAIGC. Para mim, foi tempo perdido. Na altura defendi a Ditadura Militar e a nomeação de um responsável político, com projecto apontado e mandato limitado, no tempo mas não nas competências e atribuições.

Sobre a plausibilidade da data das eleições: esse é realmente um ponto que não tenho qualquer interesse em discutir. Continuo a achar que o Comando Militar deveria assumir um pacto político com a nação, assumindo a sua responsabilidade em redesenhar o Estado (aplicando o célebre e recente princípio «you broke it, you own it»), sem farsas do tipo eleitoral só para fazer o frete à mancomunidade internacional... e isso só reforçaria a sua posição. O cenário não deve ser descartado de todo: não vão deixar a nação numa confusão maior ainda do que encontraram... entre a forca e a força, é preferível uma força positiva que reforce a sua legitimidade com responsabilidade e obras à altura.

A posição das grandes organizações internacionais como a UA e a ONU era expectável e previsível, mas, como Paulo Portas o aprendeu à própria custa, de pouca profundidade. Imperdoável foi a perseguição movida em nome da CPLP nessas grandes organizações (que assumiu foros de ridículo), por Angola e Portugal, com Cabo Verde a reboque, atiçando opróbrios, agitando espantalhos e denegrindo a já delapidada imagem do país, tudo fazendo para sufocar a já de si pouco famosa situação socio-económica. Como é possível castigar assim populações irmãs?

Quanto à posição de Cadogo, de querer voltar, contra a opinião de toda a gente (inclusive do seu - e meu - amigo Marcelo), é simplesmente irresponsável e criminosa, para não dizer estúpida, não passando de simples basófia, essa sim, ressabiada. Depois de ter antecipado receitas, vendendo os despojos, está na altura de matar o urso para o escalpar, pois os credores começam a impacientar-se. Isto faz lembrar, retomando a comparação do Doka com a mãe Guiné, a história dos casamentos forçados: se a mulher não quer, para quê insistir? Está a tornar-se chato. Em linguagem de rua, aplicar-se-ia um último grunhido de aviso: «Baza!». O plano de Cadogo só provocará mais violência, se não a curt(íssim)o, a médio prazo, portanto não se deve perder tempo com ele. Que autoridade espera ter se, por absurdo, chegasse a Presidente? Até o irem buscar pelas orelhas (por favor não lhe partam os óculos, ainda reclamava indemnização ao Estado) e o enfiarem num jipe a pontapé? Teve a sua oportunidade, poderia ter sido o «noivo», mas como não respeita os outros (nem ninguém, para além do dinheiro) ao ponto de desrespeitar também a vida humana, vê-se hoje (e felizmente para a Guiné, acrescentaria eu, e isto, ao contrário de tudo o que anteriormente foi dito, que são factos,  isto é uma opinião minha) reduzido à sua insignificância de chico esperto armado em carapau de corrida. Foi expulso com um chuto no traseiro e insiste em voltar ao campo? Quanto aos «amigos»,  apoiantes, credores, e afins, recomenda-se que deixem de julgar Cadogo rei da Guiné. Se Cadogo vos prometeu alguma coisa, denunciem os termos, que o Estado em construção necessita credibilizar os seus actos, por isso decerto cumprirá obrigações assumidas (mesmo que desfavoráveis, dentro dos limites da razoabilidade) e ainda garante verdadeira estabilidade, reduzindo os riscos políticos (esses sim dispararam com a cena em torno de Cadogo) a aproximadamente zero. A posição de Cadogo pode acabar por revelar-se o pretexto ideal... para evitar mais confusão, talvez venha a ser necessário tomar definitivamente as rédeas na mão.

Quanto às declarações de Injai: saltou a tampa ao General. Como bem elucidou Samba Bari, depois de bastante tempo a controlar-se, «arrebentou». Irritou-se com a desfaçatez (como o Marcelo lhe chamou) de Cadogo. Mas não se pense que é uma atitude apenas pessoal; julgo que traduz o estado das reflexões do colectivo de cúpula militar. O erro talvez tenha sido terem querido entregar o poder aos «civis». Desperdiçou-se, sem contrapartidas, um momento e uma legitimidade que poderia realmente ter servido para fazer avançar a Guiné, lidando de frente com os seus problemas; acabou por não resolver o problema, apenas o aumentou, pois o homem quer voltar pelo mesmo caminho, sendo as eleições uma roleta russa, ainda mais imprevisíveis por serem conjuntas.

Cadogo não é parte do problema, é o grosso do problema, acabando por transformar os outros em simples figurantes; os outros candidatos anunciados à presidência deveriam posicionar-se já (e duramente) sobre o caso. Com a última atitude anti-patriótica (lembro o apelo de uma mãe da Guiné no Progresso Nacional) de se candidatar, tornou-se claramente um tumor que coloca em causa a saúde do corpo nacional, a pedir uma forte purga. Pena é que, pelos vistos, nem sequer chegue às eleições, porque de outra forma seria o próprio povo a dar-lhe a merecida resposta (nem chegaria a um dos quatro quintos com que sonha): Kumba tem mostrado um comportamento exemplar e ganho pontos, aliviando sobremaneira esta balança sobrecarregada e em plena desregulação.

Que reformas são necessárias? Todas! É preciso começar do nada. Há que saber desenhar, no respeito pelas gentes e pela terra.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Mal estar na Praia

José Maria das Neves mastiga culpas, dá o dito por não dito, acabando por ser pior a emenda que o soneto.

Quem pode fazer «visitas oficiais»? O governo. Proíbe-se a si próprio de fazer «visitas»? Ou é só publicidade, para que se saiba que não quer nada com a Guiné-Bissau, depois de duas «visitas oficiais» (primeiro de dois espiões, depois de um diplomata) que vieram relembrar a triste participação de Cabo Verde numa operação encoberta da DEA visando território guineense?

Esse assunto trata-se na confidencialidade de um Conselho de Ministros, não por Despacho ou normativa pública.

domingo, 18 de agosto de 2013

Possível duelo ou impossível coabitação?

Tal como previsto pela maior parte dos comentadores de todas as sensibilidades, o anúncio do retorno de Cadogo veio exacerbar os ânimos e exaltar os espíritos. O blog Rispito, no Ponto di Mira desta semana refere-se-lhe como «coabitação impossível» e chama, uma vez mais, a atenção para os perigos inerentes.

Isto parece ter-se tornado num atrofio entre dois homens. Que não deveriam pensar em arrastar toda uma nação para o abismo sob o fútil pretexto dessa desavença que se tornou demasiado pessoal. É claro que o mal estar expresso por António Injai deriva da «lata» de Cadogo em querer acirrar a cena política.

E parece ser essa a actual campanha de Cadogo: lançar todos os peões na onda de provocação. Nano-manifs em Paris, em Lisboa (às moscas)... Até o ex-ante embaixador nas NU, Soares da Gama, tem a lata de vir queixar-se que «alguém em Bissau recebe o seu ordenado»! Não está ao serviço do «governo legítimo»?

(se quiser mudar de campo, faça um requerimento, mas não conte com retroactivos)

sábado, 17 de agosto de 2013

Bissau 2098 - Ficção Científica

Mais um magnífico pedaço de cultura sob a forma de humor guineense proporcionado pelo Kafumbero.

Parabéns, Ady!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Parabéns, Didinho!

52 anos!

Sempre a contribuir para a Guiné!
A terra precisa de ti.
Esta é a hora.

Felicidades!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Segurança privada

Caso o ante-proclamado vencedor das anteriores eleições (com «apenas» 49%) e auto-proclamado vencedor das futuras (com uns exorbitantes 80%) pretenda assegurar a sua «valiosíssima» (vaidosíssima?) integridade física, o melhor talvez seja protegê-lo na prisão de Mansoa, onde tem condições condignas de permanência: com um requerimento talvez se consiga mesmo arranjar ligação à internet, para ir vendo o FB.

Talvez possa pedir um orçamento ao Estado, para fornecimento de serviços de segurança privados, de forma a equilibrar as finanças da tropa. Depois de ter desmerecido as chefias militares já depois de ter sido deposto («_Não respondo a subordinados»), parece-me que o serviço lhe sairá relativamente caro. Talvez possa pagar em gasóleo... O melhor talvez seja mesmo uma chegada de surpresa: já não há «rent an heli» em Conacri?

Talvez possa melhorar as suas probabilidades de sobrevivência trocando a sumbia por um capacete; face ao desarmamento dos guarda-costas, talvez seja melhor arranjar também guardas-barriga, pois muitos dos familiares injustiçados das suas vítimas poderão pensar em atacá-lo de frente...

A voz do$ dono$

O Sindicato dos funcionários da Embaixada da Guiné-Bissau (ex-ante) em Paris, com um efectivo de pouco mais de meia dúzia de palhaços e um nome pomposo pretendendo «representar» guineenses na diáspora, simpatizantes e amigos da Guiné-Bissau, continua empenhado em trair o sentimento generalizado daqueles e daquelas que diz representar, tal como já há um ano foi aqui denunciado, seguindo as instruções do «governo legítimo» e do Jorge (que chacota)...

Uma força militar? Patrocinada por quem? Angola? Portugal? Ou Cabo Verde, que está mais perto? As Nações Unidas há um ano não quiseram embarcar nessa «brincadeira» de mau gosto e a possibilidade foi descartada. Para quê voltar à carga? Para desestabilizar o país? Não basta a ocupação ilegal dessa pequena parcela de território guineense na Europa que mantêm há mais de um ano? Squatters! Pelos vistos não se trata de uma embaixada, mas de um núcleo de candidatura privado. Como espera Cadogo ressarcir-se dos gastos?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Pinóquio

José Maria das Neves defende, na página oficial do governo de Cabo Verde, que «não houve contrapartidas» no caso dos agentes «retidos» na Guiné-Bissau, dando a entender que já tinha «reconhecido» as autoridades guineenses desde o anúncio da realização de eleições...

Quando quem assina «governo legítimo» já assumiu a candidatura a eleições no quadro de um «governo ilegítimo», não se vê mesmo como o trio Portugal, Cabo Verde e Angola poderão continuar a manter esse discurso caduco. Gepeto, porque não o fazem com o Egipto?

A título de contrapartidas (excluindo as secretas) lembre-se a extensão a Bissau (muito à americana) da embaixada em Dakar. A visita desse recém-«nomeado» embaixador a um país que estava «riscado» do mapa. E, não menos importante, as declarações «mansas» que tem produzido?

Parece mais adequado manter a discrição neste caso, que ficou encerrado quando assumiram «falhas» na deslocação dos agentes; não pretenda reatá-lo, que só o poderá prejudicar.

Possível cenário

Acabei de ler a opinião do Eldmir Faria (Gú) no Progresso Nacional, com a qual concordo inteiramente, tal como, aliás, já aqui tinha defendido.

O que me leva a antecipar um cenário: face a uma presença abusiva e desadequada de algum inoportuno candidato, que não seja oportunamente travada por quem de direito, qual seria a melhor opção para esta miríade de candidaturas patrióticas? Desistirem, à boca das urnas (antes da primeira volta, claro), cerrando fileiras em torno de uma candidatura consensual.

É relevante que o Eldmir não inclua na sua lista de candidatos Carlos Gomes Junior, que, pelos vistos, continua surdo frente à voz da razão, que desaconselha a sua candidatura.

As «montras» no FaceBook da candidatura de Cadogo são lastimáveis. Numa, trata-se de uma fotomontagem sobre um mapa da «Guinée-Bissau» em francês. No título da outra, consegue dar três erros de português na mesma frase: «Luta pela bem estar do povo da Guine Bissao»?

Que se deve esperar de uma pessoa que produz dois erros, quando escreve simplesmente o nome do seu próprio país?

Está na hora de despedir os assessores, que tão mal o têm aconselhado!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Batalha escatológica

O primeiro filme de João Viana, rodado na Guiné-Bissau, a Batalha de Tabatô, rememorando velhos fantasmas da guerra colonial representa uma crítica muito actual da situação política, batalha entre o mal e o bem, na qual o «ruído» é combatido pelo ritmo da música dos balafons mandingas.

Pelos vistos representa uma «inversão» demasiado forte, ao sugerir que os escravos se podem transformar em reis... e foi censurado no Festival de Cinema de Durban: ver entrevista do realizador à Al Jazeera, com dois outros realizadores de cinema africano recentemente censurados.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

TAP de parabéns

Uma reclamação «privada» na página do FaceBook teve resposta passados 35 minutos.

Hoje as redes sociais fazem maravilhas!

Natália Falé publicou no TAP PORTUGAL há 37 minutos

«Sendo uma cidadão portuguesa há 3 anos residente na Guiné-Bissau, várias vezes "tomei as dores" da TAP Portugal e defendi a transportadora aérea nacional quando era severamente criticada por cidadãos guineenses, portugueses e de outras nacionalidades, relativamente à duvidosa qualidade do serviço prestado na rota Lisboa-Bissau-Lisboa.

Hoje, e infelizmente, mudei de lado na "trincheira" e a minha voz engrossa agora o coro dos descontentes com a prestação da TAP. Desloquei-me a Portugal em férias, no voo TP 202 do passado dia 14 de julho, tendo recebido as minhas 2 malas apenas 60 horas após a minha chegada a Lisboa. Os sucessivos contactos por e-mail com o serviço "Fale Connosco", no sentido de obter informação relativamente ao procedimento para ser ressarcida da aquisição de bens de primeira necessidade, ainda aguardam resposta....

Na passada 3ª feira, dia 30, estando já no autocarro a caminho do voo TP 201, de regresso a Bissau, fomos mandados regressar ao aeroporto, com a informação de que o voo fora cancelado, alegadamente por más condições climatéricas. Curiosamente, as mesmas condições climatéricas que não inviabilizaram a aterragem e descolagem de outra companhia aérea, no mesmo aeroporto, dia e hora do TP 201. 24 horas depois a TAP organizou um voo extraordinário, TP 3221, para transportar os passageiros até Bissau. Cheguei então ao destino final, 30 horas depois de ter saído de casa!!!

Mas eu fui afortunada, porque as minhas malas continuam num qualquer armazém no aeroporto de Lisboa, juntamente com as bagagens de cerca de mais 80 passageiros, aguardando que a TAP se digne trazê-las até Bissau! Em resumo, nesta deslocação Bissau-Lisboa-Bissau, TUDO, mas mesmo TUDO, confirma a desconsideração com que a TAP Portugal trata os passageiros desta rota, apesar dos exorbitantes preços cobrados por uma viagem de médio curso (4 horas)!

Por tudo o acima exposto, a minha voz junta-se agora à de todos aqueles que têm vindo a ser sucessivamente desconsiderados pela TAP, na afirmação de que a transportadora aérea portuguesa desprestigia a imagem de Portugal em África, ao fazer distinção entre passageiros de 1ª e passageiros de 2ª! Nos "braços abertos" da TAP Portugal nem todos cabem, pois uns são mais "passageiros" do que outros!!!!»

TAP PORTUGAL há 2 minutos

«Olá Natália, Apresentamos, antes de mais, as nossas desculpas por toda a ocorrência que nos expõe e pelo incómodo causado até ao momento. Para que possamos agilizar a situação, pedimos que nos indique, caso disponha, do número de processo de bagagem perdida que lhe foi atribuído.»


PS Sugere-se que os(as) restantes 79 passageiros(as) enviem também, pelo mesmo canal, as referências solicitadas, de forma a agilizar o mal entendido do «jet lag» (embora ao longo do meridiano) sistemático da bagagem (para além da imprevisibilidade da linha). A favor da TAP, lembro a corajosa decisão comercial de voar para Bissau logo nos dias seguintes ao 12 de Abril do ano passado, ignorando a «birra» de Paulo Portas e quebrando pela raiz um indesejável isolamento. Duvido que a transportadora tenha aderido à campanha de «má vontade» promovida, no último ano, contra a Guiné-Bissau.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Significado de aculturação

Os dirigentes cabo-verdeanos cada vez mais perto da América... (e pelas piores razões). Em comentário às declarações da Ministra cabo-verdeana à Rádio sobre o caso dos dois polícias libertados, depois de acompanharem até Bissau uma cidadã guineense «deportada», John Mattos escreve no Cabo Verde Directo:

As palavras têm um peso histórico, jurídico, literário, sociológico, etc etc.. Isto para dizer que a palavra «Deportação» utilizada sai do seu contexto histórico, jurídico e político. A palavra mais adequada seria expulsão ou extradição ou outro sinónimo mas NUNCA deportação, que tem um pesado sentido histórico, lembrando o tráfico de escravos negros para as Américas e mesmo para aqui para a Cidade Velha, ou então o dos judeus para os campos de concentração. Em Cabo Verde, esta palavra não era utilizada até há bem pouco tempo, uns 10/15 anos; surgiu com a imitação/tradução da palavra deportation, quando os americanos começaram a expulsar os caboverdianos em situação ilegal para CV. Passou-se a traduzir à letra "deportation" que deu deportação. Ora bem, em português, deportação tem uma história político-jurídica ligada à escravidão dos negros e à deportação dos judeus.

PS Não se percebe: se a tendência é de deportation, para que levaram Bubo? Como lhe deveríamos chamar? Importation é para mercadorias, parece desadequado. Será que Obama, como prometeu para as minorias, está a pensar atribuir ao senhor Almirante uma «carta verde»?