sexta-feira, 30 de maio de 2025

A direita no seu pior

A AD representa, tal como o PS, a mediocridade do sistema "democrático". O Chega é um inqualificável epifenómeno de imbecilidade, incompetência e ignorância, desmerecedor de uma direita nacional com referências sérias, sólidas e sustentáveis, como Fernando Pessoa, Rolão Preto ou Oliveira Salazar. Já dizia o democrata integral Fernando José que se o povo quiser ir para o inferno, é para lá mesmo que iremos. Depois será preciso tirá-lo de lá, quando começar a arder. Face à impossibilidade remanescente de bloco central, resta unir as pontas da ferradura, fechando o círculo, dispensando o centro e os indecisos, numa aliança de polos para novas soluções nacionais, sub-regionais e globais. Por uma direita capaz de erguer pontes em vez de muros, fiel à vocação universalista nacional, da qual o Professor Adriano Moreira foi o último digno representante.


PS Os perigos da democracia são cada vez mais evidentes.

domingo, 25 de maio de 2025

Descrédito do Vaticano

O Sérgio lavrou a acta de desautorização, colocando o falso papa no lugar. 

A Sede continuará Vacante, animada pela pena do proto-Papa José.

A cada instituição,  o seu purgatório.  E o falso Papa, para o Inferno.

A contra-partida de Vance, a conversão dos EUA, não vale a alma.


A sucessão do pudim deveria ser equacionada enquanto está por cima >

O homólogo de Molotov daria uma boa saída e solução diplomática >

Salvação da União Europeia, pela adesão da Rússia, Ucrânia e Turquia >

Realinhamento geoestratégico num novo Pacto de Varsóvia anti-NATO.


PS pessoalmente à disposição do Reino da Dinamarca para a defesa da colónia.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Josés

Grande respeito por José Battle, ex-presidente do Uruguai, de alcunha "Don Pepe". Hoje morreu um digno sucessor, curiosamente, José Pepe, de nome próprio. Os heróis, como Tomás Sankara, têm propensão a reencarnar, em momentos de desespero do seu povo, tal como Ibrahim. Os guineenses esperam que Cabral se levante do chão, tal como os portugueses esperam por Dom Sebastião. Mujica tinha mais coisas em comum com Salazar do que muitos possam pensar.  


PS Humilde, até no balanço: "Yo me dediqué a cambiar el mundo y no cambié un carajo, pero estuve entretenido y le di un sentido a mi vida".

sexta-feira, 9 de maio de 2025

SS: "_a ver shi kaio ou shi kago"

Entre Chiclayo e Chicago, numa indigna submissão às masturbações pouco subtis da Inteligência Artificial de Trump, mais propriamente manifestações da Estupidez Natural da humanidade, com o aval do Semchave (falso conclave), traiu-se a directriz da deriva dos continentes e a única esperança de evitar a queda da Igreja. Depois do cagalhão do Sul, agora um cócó do Norte, mas a bosta que os unge é a mesma. Roma, num indigno upgrade ao poder global que idealmente representa, emigra para o Texas, como fez a sua congénere Paris no filme, para se aproximar da sede do poder material. Roma confirma o anátema do anagrama. César papa o papa gangster. Venceu o anti-amor, na traição ao Espírito Santo.


Lucas 23:34

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Hipocrisia e água benta

Cada um toma a que quer. Mas há sempre quem seja incapaz de moderação...


SOBRE A DETENÇÃO DE RUI FONSECA E CASTRO 

Tem estado em curso, por parte da extrema-direita (1143, Habeas Corpus, Ergue-te e Chega), uma clara tentativa de distorcer a verdade sobre o que se passou com as suas “tropas” na tarde do 25 de Abril, no Largo de São Domingos, em Lisboa. 
Os autores das agressões, apesar de clara e repetidamente filmados por várias televisões enquanto as praticavam, procuram agora fazer-se passar por pobres e recatadas vítimas. Ao mesmo tempo, está também a tentar suscitar-se – nuns casos de forma intencional, noutros, creio, por simples desconhecimento do regime legal – uma pretensa controvérsia sobre a legalidade da detenção, pela PSP, do líder do “Ergue-te”, Rui Fonseca e Castro. 
Ora, tal controvérsia não tem, a meu ver, qualquer fundamento jurídico, e por isso justifica-se a clarificação de alguns pontos: 
1. Fonseca e Castro será candidato a deputado (não se sabendo sequer se o invocou, muito menos se o demonstrou) e não, de todo, deputado eleito. O regime jurídico que lhe é aplicável não é, pois, o Estatuto dos Deputados (como alguns parecem pretender), mas a Lei Eleitoral para a Assembleia da República – a Lei n.º 14/79, de 16/5). 
2. Esta Lei Eleitoral – ao contrário do referido Estatuto dos Deputados, que é, nesse capítulo, e compreensivelmente, bem mais restritivo – estabelece que nenhum candidato pode ser sujeito a prisão preventiva, salvo em caso de flagrante delito por crime punível com pena de prisão maior (expressão que, embora já não usada pela lei penal, deve ser entendida como significando pena superior a 3 anos de prisão). 
3. Importa esclarecer que Rui Fonseca e Castro não foi sujeito a “prisão preventiva” (medida de coacção aplicada por um juiz de instrução criminal, que pode prolongar-se por meses ou até anos), mas sim a uma “detenção”, que não pode exceder as 48 horas sem que o detido seja presente a um juiz de instrução para ser interrogado e sujeito, se for o caso, a medida de coacção. 
4. A detenção é, assim, uma medida cautelar que, nos termos do art.º 255.º, n.º 1, do Código de Processo Penal, qualquer autoridade policial ou judiciária não só pode, como deve aplicar sempre que exista – como claramente era o caso – “flagrante delito da prática de crime punível com pena de prisão” (seja ela qual for). 
5. Uma manifestação com clara natureza de provocação política, convocada por pessoas e organizações claramente pró-fascistas e com um historial de actuações violentas, para a mesma hora e muito próximo do local de chegada de uma manifestação comemorativa do fim do regime fascista é, e de forma evidente, uma contra-manifestação de carácter violento e lesiva do direito dos cidadãos participantes na manifestação do 25 de Abril. Logo, podia e devia, nos termos da lei (art.º 7.º e art.º 15.º do Dec.-Lei 406/74) e da Constituição (art.º 27.º, n.º1, a contrario sensu), ser não autorizada.  
6. Ora, do ponto de vista estritamente legal, o promotor de uma manifestação – neste caso, aliás, de uma clara e provocatória contra-manifestação – que tenha sido proibida e que insista em promovê-la, incorre na prática do crime de desobediência qualificada, punido, nos termos do art.º 348.º, n.º 2 do Código Penal, com pena de prisão até 2 anos. Além disso, quem, recorrendo à violência, se opuser à acção de um funcionário no exercício das suas funções, incorre no crime de resistência e coacção sobre funcionário, previsto no art.º 347.º do mesmo Código, punido com pena de prisão de 1 a 5 anos. 
Significa tudo quanto antecede que, tendo o candidato Rui Fonseca e Castro sido detido em flagrante delito pela prática de um ou mais crimes puníveis com pena de prisão, e não existindo qualquer impedimento legal a essa detenção por força da Lei Eleitoral, carecem em absoluto de fundamento jurídico as objecções que têm vindo a ser apresentadas com base no Estatuto dos Deputados ou até na própria Constituição, e com base nas quais aquele e os seus apoiantes pretendem vitimizá-lo e apresentá-lo como um pretenso “preso político”. Ou, afinal, a lei é para ser aplicada apenas àqueles que Fonseca e Castro e os seus apoiantes persistentemente defendem que sejam encostados à parede?...
António Garcia Pereira

Esqueceu-se de acrescentar qual é o partido do 25 de Abril campeão da provocação e da contra-manifestação. Um autêntico bebé chorão, a quem roubaram a chupeta. Infiltrando-se na resiliência ortográfica, perdeu mais tempo a fundamentar a detenção, do que a própria efémera duração desta. O que mais o chaga é o hercúleo esforço de recalcamento do desejo de se tornar numa pessoa jovem, bonita, inteligente, influente e admirado como o Rui (esse sim, poderia vitimizar, mal abriu os olhos, no sítio errado, levou com a data, estava apenas a carpir o aniversário, prolongando a festa), mesmo se nem sempre anda nas melhores companhias. Mas por mais conservador que tenha virado ou que cante Ó tempo, volta para trás!, ao coitado do queimado chateia ter virado reacção, pelo princípio básico da revolução. Essa é a grande questão que o incomoda, a cambança de bornos da iniciativa política. O menino rico que pintava paredes só para sentir a adrenalina do que era fugir à PIDE (e Santarém teve os maiores, incluindo um slogan que irritou deveras os esbirros do regime, espalhado pelo bairro de São Bento: "a merda ao poder", imediatamente apagado); para depois passar às ocupações selvagens, raptos, tortura, bullying político (cerco por meses, não muito longe do Graínho, da casa onde supostamente viveria Salgueiro Maia, o qual, com a conivência da população, se ria ao longe dos malucos); dedicou-se depois, em pleno PREC, a todo o género de provocações e contra-manifestações. Considera obviamente tais coisas como muito boas e estratégicas para a intervenção política, excepto, contudo, quando apropriadas pelo adversário. 

Moral científica: o resmungão, quando queimado, destila hipocrisia. Enquanto andavam alegremente na sua cruzada para incubar o Chega, contentes por terem arranjado um bode expiatório livrando-os da auto-crítica, não se queixavam. Para além de choramingões, queixinhas agora.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

O dino dos dinos


Não o tomem por anódino. Recomenda-se o perfil no FaceBook, do Eminentíssimo Professor Galopim de Carvalho, para intermináveis horas de agradável leitura gratuita, para quem gosta de aprender, só porque sim, por vezes em inspirados e deliciosos episódios de transdisciplinaridade, entre história, geologia ou outras ciências, mas, acima de tudo, um pedagogo à escala dos seus animais de estimação. Leia-se o magnífico artigo publicado há umas horas, que começa assim:


«Perguntei, há dias, a um grupo de adolescentes, a frequentarem o secundário, porque é que a lata de Coca Cola, saída do frigorifico para a mesa, começa a ficar cheia de bolhinhas de água, com se mostra na imagem. A maioria ficou calada. Os dois ou três que procuraram responder, mostraram que foram amestrados para responderem às perguntas que lhes são feitas no exame final, mas estão a léguas  de toda a beleza que a Física tem para nos mostrar. E quem diz a Física, diz quaisquer outras disciplinas.»


Aqui em Bissau, nada-se em humidade do ar. Os viajantes aéreos mais apressados são confrontados, mal a equipagem acciona o mecanismo de abertura da porta, com o efeito de brusca descompressão (não cai directo, quase um suspiro) para acto contínuo, levarem com o violento impacto do bafo, um autêntico murro de água (julgo que as tripulações veteranas têm gozo nisso). Bom, mas estou a afastar-me do assunto, foi apenas para contextualizar as coordenadas geográficas. Aqui, o efeito que o Eminentíssimo Professor descreve é bem mais rápido e intenso do que em Portugal. Portanto, mais propenso a despertar a curiosidade. Aqui não é preciso colocar em slow motion para ver com os próprios olhos a "lenta" formação de grossas gotas. Até porque, muitas vezes, as latas chegam a "fumegar" água do excesso de refrigeração e quase congelação. As crianças são gente atenta e curiosa (e também gulosa). Aconteceu que, por necessidade de hidratação e decerto num devaneio anti-alcoólico, pedi uma Fanta. A lata laranja atraiu o olhar de dois jovens (10 ou 11 anos, não sei bem) que andavam por ali, muito educadamente, pediram licença para sentar. Disse imediatamente que sim, mas desconfiado que me iriam pedir um sumo (e estava disposto a dizer-lhes imediatamente que não)... não sabia se me tinham lido o pensamento, o facto é que se sentaram só e pareciam estar felizes por partilhar o momento de beber a lata, mesmo sem beber nada. Não me decidia a abrir a lata, que ali estava. Houve um momento de indecisão, mas os remorsos de uma possível suspeição infundada mas também a pensar que já estava "agarrado", pedi mais um copo (para poupar o empregado, que já tinha trazido um). Dando a entender que ia dividir o sumo, coloquei um copo à frente de cada um, enquanto perguntava se alguém queria beber pela lata (no pressuposto errado que ficaria para mim), mas nesse momento, um deles, que continuava concentrado na lata, disse que preferia a lata, mas quando vou para lhe pegar para a abrir, vira-se para o amigo e aponta para as pérolas de água em formação (passado pouco tempo começariam a "chover" pela superfície vertical da lata)... eventualmente iniciado havia pouco tempo, estava a mostrar a maravilha daquela animação ao colega (claramente mais desatento, ou chegado do interior onde o frio ainda não chegou); tinha razão, o mestre, pois o discípulo esbugalhou os olhos e ficou maravilhado. O amigo com toda a espontaneidade, vira-se para mim e pergunta "De onde vem a água"? Claro que é nestes momentos que sabe bem ser pedagogo. Hoje, que recupero a história por associação à do professor, começo mesmo a pensar (conhecendo bem a esperteza congénita dos guineenses) que não foi casual, mas sim premeditado: o "artista" estava mais interessado na explicação do que no seu trinhão de sumo.

Em crioulo, expliquei de todas as formas que me lembrei, até perceber que tinham entendido a "santíssima" trindade Gelo+Água+Vapor de água e entendessem que era a temperatura que determinava a passagem de estado entre elas, entre 0 para o gelo (com algumas temperaturas pelo meio, como a corporal, para comparação) e 100º, iagu firbi quando se lhe incorpora calor. O vapor de água foi claramente o mais difícil, pois gelo e água conhecem muito bem, sabem que o gelo derrete e se torna em água, e que ao contrário, colocando água na arca esta torna-se em gelo passado algum tempo (ainda ensaiei uma explicação sobre o funcionamento dos frigoríficos e que estes não "fazem" frio como estavam a dizer, dito mais cientificamente extraem calor, mas rapidamente deram a entender que me estava a espalhar e a afastar do essencial). Voltando ao vapor, como haveria de definir vapor de água para que percebessem? Fui pelos cenários, perguntei se sabiam o que acontecia, quando se punha água a ferver ao lume e se esquecia. Responderam ao desafio, com multitude de pormenores, um até descreveu a dificuldade que a mãe tinha tido em raspar o carvão para lavar depois. Então para onde foi a água? perguntei. Passou-se um momento, o mais d(esperto) observou que, "se pusermos a tampa para impedir que ela fuja, não dá, porque ela faz cada vez mais força". Um cientista! Um pouco mais, reinventaria a máquina a vapor ou a panela a pressão. Escaldado com o exemplo do frigorífico, desisti de explorar o assunto. A nuvem do cozinhado, a condensação na parte superior da tampa, acabaram por perceber, garantido por um pequeno exame. A curiosidade, a capacidade de se maravilhar, fazem parte desse querer aprender. Por si próprio (são a nata da elite, segundo Fernando Pessoa), ou pelos outros; havendo sempre (essa restrição, mesmo com fraca variabilidade histórica, depende obviamente da organização política) uma maioria que não aprende, nem sozinhos nem ensinados (a que corresponde o povo, nesta tipologia pessoal pessoana anti-democrática). Estas são as verdadeiras elites, mesmo se cada vez mais escassas e arredadas do poder, por ameaçarem a mediocridade reinante. Já Fernando Pessoa, em pleno conhecimento de causa, o dizia. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, e desgraça de quem tem dois: ou fura um, para disfarçar, ou emigra. 

O professor induziu a pergunta e não só colheu uma amostra estatisticamente representativa do falhanço da escola, como ainda detectou os subprodutos, todo o fingimento da mediocridade no poder, não só de falta de formação de elites, mas mesmo de deformação de pseudo-elites. O que temos? Pior que a massa de ignorantes (dos quais poucos, neste ambiente, poderão aspirar à humildade socrática que favorece a utilização da pergunta "Porquê"), os macacos ensinados a armar-se em espertos (decerto filhos de peixe), preparados para serem os políticos "muito" democráticos do futuro, conjugam ignorância com arrogância. Onde estão as elites de amanhã? É preciso repensar a escola obsoleta que temos, fazer exames sérios e exigentes, despedir a granel. A escolaridade obrigatória tornou-se um sequestro da juventude pelo estado pseudo-democrata-socializante, que para nada serve, senão como pernicioso obstáculo à mobilidade social e à manutenção de pseudo-elites medíocres e corruptas. Há que devolver às famílias as crianças! Com esta escola mais vale transferir a angústia: que vão aprender sózinhas e depois que se sujeitem a exame.

Só pela existência de uns poucos, que à sua grandiosa escala, mantiveram estoicamente o esboço de formação de elites, tais como o Eminente professor, é que o país ainda não desapareceu. Pena é que as poucas vozes nesse deserto não tenham força suficiente para contrariar o triste estado a que nos conduziu a lógica da defesa da mediania e dos coitadinhos: como reconhece o ladino professor e magnífico pedagogo, chumbaram todos. Que bosta de escola, que se esqueceu que é feita para fazer pensar, para compreender o mundo, para fazer a sociedade beneficiar do contributo dos melhores e não ficar exposta aos piores! Comungo com o meu irmão esta nossa pedagogia da lata orlada de pérolas de água de outras latitudes.

Acrescentando que é uma das razões que me faz sentir livre na Guiné-Bissau e muito menos stressado, que nesse país de velhos precocemente senis (aos 40, já só podem invejar a presença de espírito dos dinos e tentar varrer a sua insustentável leveza para debaixo do tapete da sala, só que esta levanta e contamina toda a casa), numa involução educacional e regressão geracional, forjada desde a escola, contrastando decididamente, especialmente em Portugal, com as conquistas do século XX. Fala um filho de professores primários, que conheceu pessoalmente Paulo Freire na Guiné-Bissau, em criança. Com admiração, como sempre, muito obrigado, Professor, por existir!

domingo, 4 de maio de 2025

nous parions que nos párias À paris n'ont pas appris

De acordo em acordo até ao desacordo final, os líderes partidários, cada vez menos maioritários, tardam em acordar para a vida. Na realidade, de mais de 95%, viram a fasquia rebaixada para menos dos dois terços exigíveis a um discurso ditatorial, devido àquilo que foi considerado como traição do MADEM, pelos respectivos activistas. Num inenarrável desperdício de rúbricas e assinaturas, comprometem-se mutuamente mundos e fundos. Com mesas redondas ou quadradas, em Paris é outro estilo (nada draconiano, plutôt macroniano). É pena que não tenham sobrado fundos (indigência ou má gestão?) para pagar uns trocados a um revisor de português (sabendo que estes são muito mais miseráveis que os franceses, nas suas exigências), para evitar acentuar indevidamente o "a". Há muitos "à" que são "a". Ahahahah! O pior é que não se trata apenas do português, mas da organização das ideias. Seria igualmente preciso pagar a um editor, para organizar o conteúdo e evitar, por exemplo: encavalitar considerandos (ou outros itens igualmente desapropriados) em caracterizações; retomar, como ponto principal (no extremo esquerdo da tabulação) o número 5 de uma sequência indentada (com avanço). Para além dessas questões imputáveis à (este é legítimo, podem sempre tentar aprender) redacção, resta o conteúdo, que se mostra bem pior que as questões de forma, ao não se pronunciar claramente sobre a questão chave de um eventual boicote eleitoral. Nomear comissões parece um simples silogismo para um rotundo falhanço negocial. Quando chegar a hora da verdade, o que contará será a realidade. Nessa altura, este acordo não passará de uma vaga recordação, à imagem de muitos outros, com que a práxis política guineense da traição se encarrega de ilustrar para a posteridade o cardápio da hipocrisia.

sábado, 3 de maio de 2025

Incompreensível, incoerente, insustentável, e com o rei na barriga

De forma disléxica, anacrónica e descontextualizada, em mensagem do 1º de Maio, publicada na página oficial do Partido, o líder do PAIGC anuncia como imperativo nacional "afastar os militares do jogo político e devolver o poder ao povo". Ora, se constatarmos que os militares se encontram auto-excluídos do jogo político (reduzidos à sua condição de "forças republicanas"), a sua mensagem torna-se incompreensível: que consequência desejaria afinal, qual o efeito para essa causa? o que deveriam fazer as forças armadas para o contentar? Será que pecam por omissão? Há uma dúzia de anos, quando as forças armadas também serviram de bode expiatório ao PAIGC para os seus desaires políticos, o discurso era outro. Para além disso, qual a sua legitimidade para ditar "imperativos nacionais"?