Conforme previra aqui há duas semanas atrás, o dinheiro só apareceu no MultiCaixa depois do kwanza depreciado: o dólar, à cotação oficial, sofreu um aumento de 20 kwanzas, passando a ficção a afixar 155 kwanzas por dólar (depois de ter «mantido» os 135 por algum tempo, um primeiro solavanco de 15%, só por si, o dobro da taxa de juro anual oferecida pelos Títulos do Tesouro). O câmbio informal deverá sofrer um «ajustamento» mais que proporcional, entre 40 a 50 kwanzas a mais, para cerca de 325 por dólar (no melhor dos casos, e apenas se continuar a haver «mata-borrão» - compra de kwanzas com dólares - o que está longe de ser garantido). O que implica uma forte tensão inflaccionista por antecipação, pelo menos nos produtos importados. A isto se junta uma inflacção de combustíveis da ordem dos 50%, que é a prenda de ano novo do zécutivo para os angolanos. Sabendo da forte influência do preço dos combustíveis para a formação dos preços e o seu importante contributo na estrutura da despesa das famílias (carro, táxi, gerador, água a domicílio), os efeitos conjugados deste descalabro, potenciarão o descontrolo do câmbio informal, desmascarando a farsa monetária de José Eduardo dos Santos.
Daqui a poucas horas, o preço do táxi duplicará (de 100 para 200 kwanzas), naquilo que será o primeiro braço de ferro de 2016. A Associação de Taxistas, face ao congelamento oficial dos preços, avançará com a medida colectiva. Ainda antes destes aumentos, defendiam que o preço deveria ser de 150. Tornou-se agora uma questão de sobrevivência económica e não podem sequer já aceitar os 150. A «Lei» dos preços controlados era muito «bonita» em tempos das vacas gordas, quando havia convertibilidade. A autoridade do Estado rebentará na rua, se o Governo cair na asneira de tentar reprimir os taxistas, face à sua legítima tomada de posição. O efeito dominó destas medidas vai inevitavelmente revelar-se demolidor a curto prazo. De qualquer forma, o preço de 200 Kwanzas para o táxi, já estará desactualizado em Fevereiro...
Aparentemente, as autoridades monetárias angolanas esqueceram-se de alterar a maka que alimenta a farsa do câmbio oficial no Forex, que começou o dia a afixar transacções aos antigos 135! (consultei dois conversores, o xe e o oanda). Só numa moeda «morta» isso pode acontecer, pois de outra forma, imensos especuladores do Forex se aproveitariam e teriam dado um imenso rombo, em poucas horas, no Banco Central! Gato escondido com o rabo de fora.
Há 1 minuto
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