A LUSA publicou um artigo expressamente dedicado à ECOMIB»MISSANG. Face às incríveis patranhas emanadas da CPLP, não se vislumbra uma nota de sentido crítico, ou sequer uma simples alusão velada ao que realmente está em causa. Para quê intitular «Força militar africana com mandato da ONU» se estamos a falar de um simples capricho de José Eduardo dos Santos, sinalizando uma iminente senilidade? Não é preciso dar tantas voltas para esconder o rabo! Que aqui há gato, já não escapa a ninguém. Assumam e deixem-se de tentar encobrir o sol com a peneira.
Mas já agora, uns pauzinhos na engrenagem:
1) A CEDEAO. Por mais floreados que pintem, a sub-região não vai na conversa do afro-imperialismo angolano. «Reconfigurar», para esta CPLP, corresponde à proposta de revezar as forças da CEDEAO por forças angolanas. In illo tempore, a Nigéria não viu com nada bons olhos a estadia da MISSANG, não é de esperar que altere essa posição, sobretudo atendendo à intenção de multiplicar o efectivo por sete, perfazendo os 1800 elementos. Infelizmente, as relações de José Eduardo dos Santos com a França arriscam-se a arrefecer, depois da morte, há poucos dias, num acidente de aviação na Rússia, do presidente da TOTAL, com quem andava a «namorar». Não deverá pois esperar muita compreensão do lado da francofonia, para quem a presença angolana também é vista como uma ameaça (terá sido, aliás, esse o argumento que fez desestabilizar a balança nos dias seguintes ao 12 de Abril de 2012).
2) Os restantes elementos do Conselho de Segurança. Efectivamente, os «jogos» no Conselho de Segurança nunca são pela positiva, mas pela negativa. Cada vez que um elemento puxa a brasa à sua sardinha, é refreado pela oposição decidida de outro membro. Por isso é considerado ineficaz. Angola chegar ao «poleiro» e querer utilizar a sua posição em causa própria vai decerto fazer desconfiar os outros membros. Depois de se inteirarem da situação, vão achar que se trata de uma atitude completamente irresponsável e injustificada, e Angola perderá o eventual prestígio que adquiriu ao entrar para esse «colégio» (situação que não é nova, pois já aconteceu com Portugal, pela mesma razão).
O cenário é dissuasivo, mas não creio que o bom-senso venha a prevalecer, face ao adiantado estado de psicose já diagnosticado. Continua válido aquilo que disse Orlando Castro, há dois anos:
«Foi necessário os militares guineenses dizerem que não estão para ser protectorado de Angola para que, humilhada no seu sentimento de potência e dona de Portugal, Luanda puxasse dos galões e desse ordens ao reino português para papaguear uma série de asneiras»
Finalmente, ficarão isolados DSP e JES, esgotadas as máscaras e os pretextos rebuscados. Qual a razão de procurar forçar a cobertura internacional para uma relação de âmbito estritamente bilateral?
Para responder às recomendações do General Correia de Barros do Centro de Estudos Estratégicos de Angola, que disse, em tempos, quando criticou a MISSANG, que «a cooperação, em matéria tão sensível como a Defesa, nunca deverá ser efectuada numa base bilateral, mas ao abrigo de organizações internacionais como a ONU ou a UA, ou no seio de organizações sub-regionais, como a SADC ou a CEDEAO»? Uma vez que acataram uma parte das suas recomendações, deveriam lembrar outras... tal como quando este aponta o inconveniente suplementar de Angola não pertencer à CEDEAO e Bissau estar demasiado «fora da área geográfica e organizacional» angolana (reconhecendo perante a Radio France Internacional que Angola demonstrou precipitação e nervosismo em todo o processo MISSANG - stress que, pelos vistos, continua a demonstrar!)
Há 18 minutos
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