quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O canto do cisne

Rui Machete, o que de piorzinho produziu o vazio mental daqueles (os homenzinhos de avental) que se auto-intitulam pedreiros mas não passam de uns reles serventes (sem noções de arquitectura e incapazes de alinhar dois tijolos, aliás o Portugal que hoje temos foi a sua «grande obra»), o mais recente Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal (e entretanto caído em desgraça e já demissionário, depois de se ter descoberto que mentiu, com várias notícias hoje nos jornais nacionais, DN, etc mas para informação veja-se este artigo de Eduardo Oliveira Silva no Clube de Jornalistas) teve um desempenho patético e indigno da sua pátria, nas Nações Unidas, como lacaio do imperialismo angolano, num encontro realizado «à margem da Assembleia Geral» em curso.

Depois de Portugal ter desperdiçado o seu lugar no Conselho de Segurança numa feroz e inglória perseguição às novas autoridades de facto da Guiné-Bissau, com origem no contra-golpe de 12 de Abril do ano passado, agora que a ONU reconhece as autoridades consolidadas por ano e meio de de paz (apesar de todas as provocações) e de bom senso (sem assassinatos políticos), com a derrota definitiva da farsa que alimentaram por demasiado tempo, não reconhece a evidência dos factos e faz declarações explosivas aos meios de comunicação (n'A Bola face à quebra de legitimidade entretanto no ar, a redacção sentiu-se na obrigação de uma assinatura colectiva), em nome de uma CPLP que quer fazer crer «unida», contra a Guiné-Bissau. Esperemos pela confirmação das posições dos outros seis países...

Na improvável hipótese de mais alguma diplomacia lusófona se querer juntar a Angola e a Rui Machete, a verdadeira e legítima CPLP ficará reduzida à Guiné-Bissau, eventualmente a Timor-Leste (foi entretanto anunciada a visita do grande Comandante Xanana a Bissau)... Um encontro contrariando o espírito do que acontece na Assembleia Geral (perante o mundo)? Só para tentar evidenciar uma exclusão que os factos desmentem? Mas engana quem? Mentiroso! (não sou eu que lhe chamo, várias pessoas o fizeram antes, hoje) Hipócrita! Mau perdedor (isto já sou eu a acrescentar). Vá curtir a sua reforma de 132 000 euros, mas esconda-se, se é que tem um pingo de vergonha (não tem é nenhuma, os americanos e o Obama é que de certeza não se deixam enganar, com todos os relatórios que receberam da FLAD sobre a «gestão» mama taku deste senhor).

Foi um rico serviço, este encomendado pelo Isnogood (aquele que quer ser Primeiro-Ministro no lugar do Primeiro-Ministro - pessoalmente prefiro o termo de Grão-Vizir), que este palhaço executou acriticamente: delapidar o pouco que restava do capital de credibilidade da CPLP, sem que se perceba o que esperava ganhar com isso. Então a CPLP «quer»? Quem não reconhece não tem «querer»! E já agora, como sabem que não há condições, enviaram espiões? E porque estão tão preocupados? Primeiro, o discurso era de que «Ai, credo, perpetuam-se no poder, preparam-se para adiar as eleições», agora de repente, pedem descontos de tempo... O rei recusa-se a ser despromovido a peão? Esse peão recusa-se a avançar perante as fracas possibilidades de ser (re)promovido? Para que é o tempo? para se dedicarem a mais inventonas?

P.S. Quem deve estar muito triste e envergonhado com todo este comportamento da diplomacia portuguesa para com as antigas colónias, é Adriano Moreira. Espero sinceramente que, aquele a quem se deve a defesa da educação para os povos das «Províncias Ultramarinas», que pretendia com isso propor uma alternativa possível àquela que viria a ser a Guerra Colonial (por isso viria a ser afastado por Salazar), nos deixe o seu contributo e opinião sobre este caso, pois costuma comentar o que se passa na ONU. Não concordo com a tese de que não se deve discutir o passado: se tivesse sido assim e não assado... Se o futuro é um campo de possibilidades em aberto, porque não discutir o passado? Julgo que o Senhor Doutor, que admiro muito, como já em tempos tive ocasião para lhe transmitir pessoalmente, deveria deixar cair alguns tabus (de humildade) que fez pesar sobre a sua carreira. Talvez o facto de que pudesse vir ajudar a uma futura refundação da CPLP o justificasse.

A CPLP vendeu a alma!

4 comentários:

Unknown disse...

Meu caro 7ze!
Este seu post, mais que uma demonstração de raiva e ódio em relação á CPLP, e em concreto a Portugal, Angola e Cabo Verde, acaba também por retractar alguma aparente frustração.
Num dia importante para o futuro do povo da Guiné-Bissau, não seria mais interessante dirigir as suas forças no sentido daquilo que o discurso do Presidente de Transição possa colher no seio das Nações Unidas?
Porque se reparar, nenhum outro país alterou a sua postura em relação á situação politica da Guiné-Bissau. Sempre que alguém se refere ao país fala na necessidade de uma solução democrática! Falo por exemplo dos E.U.A. e de Timor. E acho estranho por exemplo que não refira a absoluta inoperância da CDEAO, em relação á necessidade de angariar fundos para as eleições. A mim causa-me verdadeira estranheza países ricos como a Nigéria, o Burkina Faso, o Senegal e a Costa do Marfim, que se manifestaram tão empenhados, no cumprimento das normas do Pacto de Transição, pareçam agora tão desleixados e desinteressados em relação ás datas acordadas para as eleições e o retorno á famosa solução democrática. Ou essa situação só interessa mesma á CPLP?
Ou na verdade existe mesmo medo do retorno a uma solução democrática na Guiné-Bissau?

7ze disse...

Meu caro Marcelo:

Quanto ao discurso do Presidente, acabei de o ouvir. Hoje vou dormir, amanhã escreverei qualquer coisa.

Não há ódio ou raiva, apenas um lamento, pela traição das expectativas que muita gente tinha depositado na CPLP.

O Marcelo, numa saudável ânsia por não cumprir o acordo ortográfico, traiu-se. Queria dizer retratar e escreveu retractar, que quer dizer uma coisa completamente diferente.

Eu não me retractei da minha «frustração» em relação à actual situação de Portugal e dos seus «políticos» absolutamente medíocres; assumi-a dolorosamente.

No entanto, por isso mesmo, aliás, deverá perceber que isso em nada diminui o amor que sinto pela minha pátria «espiritual».

Quanto às suas afirmações, de que nenhum país da CPLP mudou de posição, não estaria tão certo disso: se ouviu o discurso presidencial, deve ter ouvido, perante a Assembleia Geral os agradecimentos ao Presidente e Primeiro-Ministro de Timor-Leste.

Amanhã farei uma pesquisa para tentar perceber as posições do Brasil e de Moçambique...

Um abraço e bem vindo de volta

Retornado disse...

Para mal dos guineenses este último golpe de estado está a ser fomentado, adubado para continuar produtivo como todos os golpes desde 20 de Janeiro de 1973.

Golpe atraz de golpe até aprecer Casamance II

Unknown disse...

Meu caro 7ze!
Não pretende fazer da situação actual da Guiné-Bissau um mero jogo contabilístico em que se somam os que apoiam e os que criticam. Se por um lado me satisfaz sentir que estou do lado da esmagadora maioria dos países que condenam o golpe contra o povo da Guiné-Bissau, tenho por outro lado a mágoa de sentir que passado todo este tempo, ninguém a começar por quem tomou conta do poder, fez rigorosamente nada para resolver a situação e dar uma nova esperança a um povo que vive cada dia que passa com maiores dificuldades.
É por isso normal e natural que quando escrevo e falo desse povo tão massacrado, cometa erros linguísticos mas a raiva e mais ainda a frustração de nada poder fazer para além de ouvir e ler meia dúzia de mentecaptos debitarem ódios entre eles e emitirem posts que mais não são que facturas que mais tarde irão cobrar como serviços prestados.
Ao contrário de alguns, não tive nem tenho nenhum outro interesse se não o de poder ver os meus irmãos regressarem ao estado de direito, aquele em que possam escolher livremente o que querem para o futuro. Lamento que não lhes permitam esse direito, essa escolha. Acredito no amanhã, acredito no povo da Guiné-Bissau, acredito na liberdade, na democracia!
Acho normal aliás que a CDEAO não se preocupe com as eleições, afinal não foram eles que ajudaram num golpe contra o povo que tinha acabado de votar e se preparava para votar de novo? E a restante CI que ciclicamente é chamada a investir em eleições que depois não são aceites por alguns militares e outros tantos políticos frustrados incapazes de conseguir nas urnas o que facilmente conseguem com armas?
O que não acho nem nunca acharei normal é que raramente se questione o que fazer então com o povo! Transfere-se para outro país enquanto eles se degladiam, ou deixam-se abandonados á sua sorte? Para já e enquanto se vai discutindo, ganhando tempo, ganhando dinheiro, o povo sofre com tantas carências, que já tinha é verdade, mas que vão aumentando a um ritmo assustador! ATÉ QUANDO?