Não se percebe por que razão o PGR insiste na deslealdade e injustiça da acusação ao Director da Polícia Judiciária, que se justificou, no referido momento, com a inexistência de condições de segurança para levar a cabo tal incumbência. Quem leia esta notícia da Lusa (obrigado, Umaro), poderá ser levado a pensar que o Procurador duvida de tal facto. Pretende que o Tribunal passe um atestado da evidência? Ou é uma lavagem de mãos, como Pilatos e Delfim?
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
O máximo de desinformação
Jorge Heitor voltou a comentar a situação na Guiné-Bissau, mostrando-se pouco informado sobre a realidade. As autoridades guineenses não vendem bilhetes de avião (pelo menos ainda), muito menos passam vistos para Portugal.
Quanto à presença de Fernando Vaz, cidadão português, em Lisboa, não estou a ver porque o estranha: trata-se de um elo de ligação. Mais improvável, seria o ex-jornalista estar em Bissau, a inteirar-se melhor da situação.
Insinuar uma «conspiração» interna e insuspeitas amizades junto do Governo português revela uma imaginação muito fértil. Disparates de quilates! Obrigado, Ditadura do Consenso
Imprecisão de Fernando Vaz
Fernando Vaz, em entrevista à TSF retomada pela RTP, afirma que Cavaco Silva revelou precipitação e um posicionamento infantil, ao ir a correr participar na «brincadeira» de mau gosto contra o bom nome da Guiné-Bissau. Infantil ainda parece simpático; senil seria mais adequado. E, como sugeriram, imbecil também não ficaria mal. De qualquer forma, ouvido o audio, o governante classificava atitudes de Estado, posicionamentos institucionais, não brindou propriamente com esse epíteto a pessoa do Presidente da República portuguesa.
Opinião MDM
Não acho Filomeno um doente mental, antes pelo contrário, um ser altamente pensante e racional, pese embora podermos discordar de algumas das suas ideias, o que é natural. Até posso entender os elogios atribuídos ao Kumba Yalá, como uma forma de o sensibilizar a abandonar a sua intenção de ser de novo presidente, pois realmente a Guiné precisa de mudança e Kumba faz parte de um passado a esquecer. Foi presidente e não foi um bom presidente. A questão central que me preocupa é toda uma onda de supervalorização das qualidades intelectuais e patrióticas de Kumba Yalá que na realidade não existem. Como intelectual Kumba está ultrapassado. Nunca produziu uma obra digna de reconhecimento e de algum valor intelectual. E como estadista foi um desastre. Não acredito que as memórias sejam tão curtas a este ponto!
Obrigado, Malam Dindim Mané
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Balas de algodão doce
Ao ler a resposta de Filomeno Pina aos cidadãos pró-Kumba, compreendi o tom de irritação em que este o fez, pois nota-se de início apenas simples animosidade e vontade de contrariar, sem deixar qualquer espaço de respiração, no texto, para sequer uma opinião ou uma discussão construtiva.
Por isso me parece bastante injusto o comentário que o Doka acabou de publicar, que é ainda mais depreciativo, para as competências e boa vontade de Filomeno Pina, o qual lançou bastantes mais desafios para reflexão e sempre com todo o amor. Ironizar com trabalho de equipa não fica bem.
Nt'chamada má
A não demissão do Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros arrisca-se a ser mal entendida junto da opinião pública portuguesa e mundial. O Presidente, ao reter a «disponibilização» dos seus lugares, parece querer evitar a todo o custo uma remodelação ministerial, a qual parece impor-se. Mais do que uma simples «remodelação», julgo que é absolutamente necessária uma redefinição do modelo de governação, cuja importância estratégica e relevância para o futuro, não permite que fique dependente do resultado de eventuais eleições.
Cabe às Forças Armadas, um papel de relevo, segundo a Constituição, na interpretação dos anseios colectivos da alma nacional. Viva a aliança da Força com o Povo, num pacto de estabilidade, transparência e responsabilidade de regime, encarnado num projecto claro e consistente, envolvendo a Diáspora e as forças vivas do país. Constatada uma vontade convergente, será lógico convidar-se o Povo a exercer directamente a sua soberania, como recomenda a Constituição, selando assim uma nova esperança com original LEGITIMIDADE.
Proposta de «religação»
Um triunvirato de académicos, da área da «Ciência» da religião, na Universidade Lusófona, produziram um oportuno documento, para o Público. Não tanto pelo conteúdo propriamente dito, mas mais pelo sentido de oportunidade. Parabéns.
Qual a raiz etimológica de religião? Ora! Precisamente essa: religação. Neste contexto, é um pouco pretensioso falar em «ciência», talvez fosse mais adequado (logo, mais propriamente científico) reconhecer que se trata sobretudo de uma Arte.
Interessante que a proposta cai precisamente num momento em que o Doka lançou um apelo no mesmo sentido, dirigido à comunidade virtual guineense, com especial ênfase para os blogues com quem já manteve algumas disputas e desavenças.
Não podemos mudar o mundo, se primeiro não fizermos nós próprios um esforço para mudarmos. E o mundo está especialmente carente de modelos e de bons exemplos. Se o «piorzinho» do «mundo», a Guiné-Bissau, se endireitasse!...
Esse seria um grande pedido para 2014. Também eu me quero associar ao espírito da iniciativa, e lembro aqui uma grande verdade publicada pelo retornado (um bloguista «passivo», que não tem blog mas participa activamente com comentários).
Comentava este, em tom de mágoa, que a Guiné-Bissau poderia ser um magnífico balão de ensaio, para as Nações Unidas, uma experiência piloto, que ajudasse o mundo a perceber o quanto há a ganhar numa nova fórmula de desenvolvimento.
A democracia, nesse contexto, parece mais um empecilho que um calço, como reconhecem os autores do artigo, sugerindo outras fontes de legitimidade, filão aliás já explorado pelo Fórum dos Partidos, bem como pelo Porta-Voz do Comando.
Se, na «amostra» de mundo mais diversa, onde se multiplicam com facilidade as ocasiões de divergências e desentendimentos, ocorrer um «clique»... Não resisto, neste contexto, a «profetizar» que a Guiné-Bissau está destinada a grandes coisas.
Igualmente imbuído de espírito natalício, agradeço ao Progresso Nacional e Ditadura do Consenso - ver links à direita
Angola volta à carga
Novamente através do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, presidido por Angola, chega a intenção de reforçar (decerto com angolanos) a força da CEDEAO em Bissau; segundo o seu representante local, que, para além de porta-voz da UA, aparentemente também é porta-voz de Ramos-Horta (por sua vez porta-voz do Secretário Geral da ONU), este apoiaria essa intenção...
Obrigado Progresso Nacional >
Angola defende o «policiamento» africano do continente, tendo ainda, há poucos dias, o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, num resumo do ano de 2013, no Jornal de Angola, criticado a França pelas suas intervenções no Mali e na República Centro-Africana. «Angola continua a manter a sua vocação de factor de paz, estabilidade e desenvolvimento no continente». Um modelo, portanto.
Por outro lado, talvez estejam a abusar da paciência da CEDEAO, organização que não deverá estar muito interessada em desempenhar o papel de pau mandado. Os renovados e insistentes oferecimentos do regime angolano, com a mal escondida intenção de se (voltar a) imiscuir na política interna guineense (muito longe de casa!) já não são novidade, é mesmo uma tecla que está completamente gasta.
Depois de tanta pressão (e falta de respeito), o melhor a fazer será dissolver e repatriar a força da CEDEAO em Bissau (enviá-la por exemplo para o Sudão do Sul, para o Mali, ou para a República Centro-Africana, onde há guerra e estão a morrer muitas pessoas), que não tem outra serventia para além da de motivar propostas indecentes. Antes de meter a colher, é preciso ter propostas.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
tap, tap, tap
«Absolutamente inaceitável» é como o Ministério dos Negócios Estrangeiros português classifica o caso do encaminhamento dos 74 sírios no avião da TAP. Embora o pretexto da comunicação fosse a divulgação do relatório da comissão de inquérito guineense, nem uma palavra sobre as suas conclusões, insistindo mesmo na tese da «coerção» e não referindo o aval que teria vindo de Lisboa.
A expressão «absolutamente inaceitável» é claramente desadequada: utilizar-se-ia com propriedade se houvesse uma proposta ou um acto em curso; ora o caso foi pontual e está encerrado, o voo aterrou tranquilamente em Lisboa, a maior parte dos passageiros nem sequer se tendo apercebido do «desvio» à normalidade. O que é que Rui Machete não quer aceitar? O avião já lá vai...
Não quer aceitar a realidade, a situação política «de facto», vigente no país, como reconhece. Depois de ter sido desautorizado, vem uma vez mais fazer uma declaração extemporânea e abusiva para a própria transportadora, que em última análise é a responsável técnica pela análise acerca da «existência de condições de segurança no aeroporto de Bissau», sem interferências políticas.
No entanto, como sempre, no comunicado foge-lhe a boca para a verdade, reconhecendo que está em curso um processo de reavaliação do caso, na expectativa que sejam dadas garantias, através de elos de ligação entretanto estabelecidos com as autoridades de facto, no sentido de que não voltem a ocorrer situações similares, de forma a permitir «a retoma da rota» da TAP para Bissau.
Ver notícia.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Segurança interna
O Ministro do Interior terá invocado motivos de «segurança interna» para «ordenar» o embarque dos sírios, segundo noticia o Expresso baseado nos resultados do inquérito ao caso, publicado hoje; não sendo muito esclarecedor que o inquérito seja omisso quanto a isso.
A comissão de inquérito apurou igualmente não ter existido qualquer coacção física (e muito menos «armada») sobre a tripulação do avião ou sequer o chefe de escala; segundo a Lusa a ordem terá sido «visada» por um Director de Escalas da TAP, a partir de Lisboa.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Quem salva Kiir?
O porta-voz do governo sul sudanês admitiu a perda de Bor. (não, não é na Guiné-Bissau)
O Presidente insiste em tentativas de «diálogo», mas o seu rival, na resposta, limita-se a repetir incansavelmente: «Kiir para a rua, Kiir para a rua».
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Resposta a um anónimo
Um anónimo defendeu ser «deselegante embaraçar as potenciais candidaturas», mas não se percebe bem se defende que seja o Supremo Tribunal a fazê-lo... Ora é precisamente porque Kumba é livre de se candidatar, que teria imenso valor a sua atitude activa de abandono (honrando Mandela), desmascarando assim, com esse gesto, a «esperança quimérica» de Cadogo, de que fala.
Mais vale um lugar de Senador vitalício e o eterno respeito dos guineenses, que uma efémera cadeira de Presidente enlameada.
Ver Bambaram di Padida
Paulo Gomes candidato a Primeiro-Ministro
O candidato Paulo Gomes parece andar com problemas de identidade quanto às suas futuras atribuições presidenciais, referindo-se ao «seu» Programa Nacional de Desenvolvimento, desdobrando-se em promessas eleitoralistas pouco consistentes, quando a procissão ainda vai no adro. Um pouco de contenção e atenção à realidade, só poderá melhorar a sua prestação. Ver Progresso Nacional >
Matchundadi
Felicitações ao irmão Filomeno Pina, pela bela e oportuna Carta Aberta ao irmão Kumba Yalá, apelando ao seu sentido de Estadista. Kumba Yalá teve o grande mérito, como presidente, de saber afirmar a sua identidade; pena que depois nem tudo tenha corrido pelo melhor...
Adulai é nome próprio, não uma invectiva golpista (mas desde já reconheço que me tornei um adulador de Indjai).
Portugal dá braço a torcer
De forma atabalhoada, o Governo português acaba de reconhecer as autoridades de facto na Guiné-Bissau, ao nomear, em Diário da República de hoje, o Coronel Armindo da Costa Caio, ao abrigo da figura de «elo de ligação», recorrendo a um Decreto-Lei de 1994 (139) consubstanciado em elementos das Forças Armadas ao serviço do Ministério da Administração Interna.
Entre as suas atribuições, «servir de elo de ligação entre as forças e serviços portugueses e os seus congéneres da República da Guiné-Bissau»; «colaborar com os serviços competentes da República da Guiné-Bissau»...
Este passo à frente, denotando a vontade de caminhar no sentido da normalização das relações diplomáticas com a Guiné-Bissau (se bem que lance uma certa confusão inter-ministerial, desautorizando, de alguma maneira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros), permite esperar que se deva a pressões da TAP, no sentido de semelhante normalização, repondo o destino Bissau na sua oferta.
Preocupação & Pedido
Julgo que as autoridades de Transição devem compreender o Presidente da Administração da TAP, colocado entre três fogos: o Governo Português; a confiança nas autoridades guineenses (que teve o mérito de manter «durante» o 12 de Abril do ano passado); e os accionistas (dos quais depende, claro, o seu bom nome como melhor gestor português - mesmo não o sendo de verdadeiro passaporte), preocupados com a multa milionária que poderão ter de pagar.
Antes de o irmão Fernando ter de inscrever nas contas da empresa uma provisão para o próximo exercício económico, julgo que o Governo da Guiné-Bissau deveria dar garantias à empresa (em termos comerciais, claro, e não diplomáticos), prontificando-se para tal eventualidade. Podem fazê-lo, aliviando assim a tensão entre a Guiné-Bissau e a TAP; não custa nada para já, será apenas preciso recrutar uma equipa de advogados guineenses à altura e está no papo.
Quanto ao novo destino da TAP, Bissau, um pouco de senso comum e um protocolo estrito daqui para a frente, aplanarão sem dificuldades as pequenas arestas que ainda possam subsistir. Como a empresa, não tendo razão para duvidar da boa-fé da proposta, tem conhecimento das dificuldades de tesouraria a que fazem face as actuais autoridades em Bissau, se os irmãos timorenses aceitassem servir de simples fiadores, poderia ajudar ao rápido desenlace.
PS Parabéns ao editor do blog Ditadura do Consenso, pela rábula da nova companhia aérea concorrente da TAP. Está com piada. «Rir é o melhor remédio».
Tradução livre II
A Rádio ONU veio confirmar a intenção já manifestada por António Patriota (ex-MNE brasileiro), de visitar a Guiné-Bissau no princípio do ano. Ver notícia.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Leão desgrenhado
Muitos interesses em jogo, com mais de 120 «diplomatas» americanos a serem intempestivamente repatriados. E mais uma guerra local de interesses globais. Para um país novo, violando um tabu fronteiriço continental com bem mais de 120 anos, não é um bom augúrio.
Balcanização africana? Fantasmas étnicos fomentados por interesses petrolíferos? O leão não vai ficar bem na fotografia, com essa Juba. Todos foram (hipocritamente?) colocar flores no túmulo de Mandela, mas não basta elogiá-lo: seria preciso respeitá-lo igualmente.
Esta ordem mundial só serve aos países desenvolvidos; o seu conforto é mantido à custa de guerras periféricas, fomentando modelos interesseiros de apropriação pessoal das lideranças, em vez de verdadeiros Estados de Direito, alicerçados no desenvolvimento.
Todos golpistas
Porém, não se pode dizer que os novos golpistas são piores ou melhores, mas pode-se, isso sim, esperar e desejar que não sejam derrubados para evitar que a história se repita, mais uma vez, graças a incapacidade de construir um verdadeiro estado de direito.
Publicado pelo Didinho, um magnífico artigo, de Adulai Indjai: «Golpistas em nome do Povo, pelo Povo e para o Povo». Nem sempre é fácil separar o trigo do joio. Há que ler e reler...
Está na altura de inverter a situação, cujo diagnóstico dos males está bem estabelecido, mas alterando o guião: «Estadistas em nome do Povo, pelo Povo e para o Povo». É a hora.
Golpista vem de golpe. Estadista vem de estado. Acabaram-se os golpes e os estados falhados. Agora ou nunca. Viva a verdadeira matchundadi e mindjerdadi da inteligência e da razão.
«Controlo total»
O Presidente do Sudão do Sul, encurralado no seu Palácio, três dias de confrontos e meio milhar de mortos depois de ter anunciado que controlava inteiramente a situação no terreno, tenta agora ganhar tempo, fazendo um apelo ao seu rival para encetar conversações...
O expansionismo angolano em África, sob o modelo de marketing da autocracia totalitária, pelos vistos não acerta uma, a estrela de José Eduardo dos Santos está definitivamente a perder o brilho. Já os franceses também perdem, não conseguindo o controlo Total.
AFP propaga mentiras
A agência noticiosa francesa AFP produziu um artigo datado de hoje, no qual se revela, no mínimo, pouco atenta, pois continua a insistir em boatos já inequivocamente desmentidos, ao mais alto nível, pela operadora aérea «vítima» dos factos: os refugiados sírios teriam sido, segundo a France Presse, embarcados «sous la menace de militaires armés de la Guinée-Bissau déployés à l'aéroport».
Pelos vistos, tal como a comunicação social portuguesa, também «emprenham pelos ouvidos». Já não é a primeira vez que tal acontece em pouco tempo: ainda no caso da Embaixada da Nigéria, o sentido da desinformação era o mesmo: pintar o quadro de tons mais negros ainda que a realidade... E desmentidos, para reposição da verdade dos factos, nem vê-los. Que falta de seriedade!
Tradução livre
A TAP tem um Aviso, no seu site oficial, acerca das ligações com Bissau. Disponível em duas línguas, português e inglês.
Em inglês, referem que a rota está «temporariamente suspensa». No entanto, a tradução para português do temporarily suspended resulta em «rota na qual a operação está suspensa, como é do conhecimento público». A própria TAP está ainda confundida... uma no cravo, outra na ferradura.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
TAP aumenta frota e anuncia novos destinos
Em duas declarações simultâneas, mas distintas, a TAP pronunciou-se sobre o caso de Bissau.
Aparentemente cedendo a pressões políticas, o presidente da companhia, Fernando Pinto, em declarações à Lusa, afirma que o voo para Bissau foi definitivamente cancelado, não admitindo, para já, qualquer alteração nessa decisão, acrescentando mesmo que, se a TAP voltar a voar para Bissau, esse será um «novo» destino (há que relativizar estas informações com outras, de ontem, nas quais a TAP anunciava o reforço da frota com seis novos aparelhos, bem como uma dezena de novos destinos em vários continentes);
Numa outra declaração, por parte de um «porta-voz», num tom mais comercial e comedido, a companhia mostra-se preocupada com a situação, declarando-se apostada em minimizar os inconvenientes dos passageiros (que se esperam passageiros). O facto é que há um fluxo respeitável de viajantes entre Lisboa e Bissau (mesmo que as autoridades dos dois países não mantenham relações diplomáticas), suficiente para alimentar uma linha lucrativa e que resulta obviamente anti-económica, se tiver de andar aos saltinhos.
Catarse
Mais um magnífico artigo de Filomeno Pina, a merecer profunda reflexão. Mas, antes disso, quero já reagir «a quente» e vou afirmando que é sobretudo o espírito da mensagem que veicula, o comprimento de onda em que vibra, que me interessa em primeiro lugar, neste momento.
Filomeno Pina inclui sempre subliminarmente, na minha opinião, categorias de análise da sua área profissional; já aqui o referi respeitosamente como o «psicólogo» da Nação. E uma leitura (e motivação) que me parece evidente neste seu texto é a ideia de ponto de não retorno.
Estas últimas provações, poderão ter o condão de induzir uma catarse colectiva: ao demonstrarem, sem sombras para dúvidas, que é necessário fazer algo, de forte e definitivo, sem complexos (e talvez com um pouco de utopia), que dignifique sem equívocos o país aos olhos de todos.
Em referência à vida do profeta Jesus, diria que a Guiné-Bissau está como o Mestre a caminho de Jerusalém, onde, depois de se defender de muitas e injustas acusações, ao sair do Templo, irrita-se, e começa à biqueirada às bancas dos vendilhões e trafulhas, expulsando-os.
Disponível no Nô Djemberém e site do Umaro. Ver links à direita.
Marfim
O Sudão do Sul não tem costa para desembarcar o «ouro» (nem branco nem preto). Mas o seu presidente tem guarda-costas. A estratégia é a mesma que a já ensaiada noutros lados: criar um abcesso de fixação, resistindo no palácio presidencial, continuando sempre a afirmar ter o controlo da situação (desde as primeiras horas). No entanto, não será bem assim, pois o tiroteio continua a fazer-se ouvir nas ruas desertas de Juba. Em caso de falência das tropas presidenciais, poderá tornar-se difícil evacuar eventuais mercenários que por lá se encontrem. As aventuras despropositadas, por vezes, têm o seu preço.