sábado, 5 de julho de 2025

Objecções qualificadas

Tenho sido confrontado com algumas reacções à qualificação como Ultimato, nomeadamente a Portugal, do evento vergonhoso que constituiu a Cimeira da NATO. Declino apenas as duas principais e mais relevantes, no meu entender, com a respectiva contra-objecção:

1) Que o caso não configuraria propriamente Ultimato mas Diktat (vá-se lá saber porquê, julgo o alemão mais sonoro, lembrando que a raiz é a mesma para Ditadura). Apesar de reconhecer que tem razão, pois o Diktat pode tentar definir-se como um tipo de ultimato mais intenso, presumindo uma posição de força (ou melhor, de domínio absoluto) associada à ausência de resposta do adversário (e portanto, descrevendo com maior precisão o facto, deveria ser preferido se se tratasse de um assunto científico; contudo trata-se de um assunto político, logo se subirá esse degrau).
2) Que o referido Ultimato não foi apenas nem especialmente direccionado contra Portugal, mas sim"um recado" para a União Europeia. Ora, se bem me lembro, até há uns tempos atrás, fazíamos parte dessa carcaça putrefacta, pelo que devemos endossar (enfiar a carapuça, está para ali o Bordalo a gritar) as ofensas ao colectivo, e não servirem-se delas para diluir responsabilidades e abanar com o rabinho. Gindungo no cu dos europeus é refresco na Península. É urgente constatar que não interessa a ninguém pagar o funeral do trapo azul, trata-se só de antecipar as carpideiras, que afectam a confiança dos mercados, e saltar fora de todas essas pseudo-organizações transnacionais tão atípicas como a ONU.

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