Depois do Enxovalhanço da Bandeira, em Bissau, desta vez é bem pior: Paulo Portas, o triste MNE português (em última análise, o responsável por toda a situação), tem agora uma (alta) bota para descalçar. O seu amigalhaço de Luanda não gostou de uma notícia vulgar (não percebe mesmo nada de política, porque senão, depois de ler o Expresso e as «luvas» que puseram para o redigir, devia ter reparado que o caso iria envelhecer nas «prateleiras»: «fase de investigação apenas» ou «nenhuma medida tomada» ou os suspeitos poderem «continuar a movimentar as suas contas»), apressando-se a elaborar uma teoria da conspiração, num caso em que o silêncio era de longe a atitude mais aconselhável (acabadas as eleições, foram dispensados os consultores de imagem). O eixo Lisboa-Luanda rompeu? (terá sido a fractura tectónica pelas latitudes de Bissau?) Estão a dar ao mundo uma má imagem da CPLP... (que anda envolvida noutras guerras).
Disfarçado sob a capa das amizades íntimas estabelecidas por este governo, o mal-estar estrutural das relações luso-angolanas fica assim bem patente. É a natureza perversa do «protocolo» que está na base da paranóia publicada por Luanda: julgará o Jornal de Angola que Portugal é um protectorado de Angola? Que o dinheiro é suficiente para tudo comprar? Que podem ofender assim, para além das instituições da República, cidadãos portugueses em particular e a nação em geral? É que o referido pasquim, o Jornal de Angola, é tido por órgão oficial do país, para além de ser o único com tiragem diária. É um acto grave, a frisar o hostil, exigindo uma reparação rápida e consistente. Quem esperam ameaçar (ou melhor, tomar por reféns)? Os portugueses que trabalham em Angola? Precisam mais deles em Angola que os portugueses deles em Portugal: cozam-nos com batatinhas, como fizeram em 1975.
A quem cabe a resposta, do lado português? À PGR? Ao presidente da república? Ao MNE? Depois de uma escalada gratuita destas, terá forçosamente de ser uma coisa à altura. E o melhor é mobilizar já a Força de Intervenção Rápida, mandá-la para o largo de Cabinda, porque temos muitos cidadãos em Luanda, havendo que garantir a sua segurança (ou não foi esse o princípio aplicado em Bissau?).
Agora na minha humilde opinião, embora as «elites» portuguesas não estejam isentas de culpa, o problema, neste caso específico, é mesmo das «elites» angolanas: o caso, para além de uma imensa falta de tacto, é altamente revelador da senilidade que atinge o regime angolano: a descolagem da realidade faz lembrar os discursos do Xá da Pérsia no fim da década de 70: prenúncio de derrocada?
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