70 anos, metade deles de poder…
Não farta? Não estará na hora de
aproveitar aquilo que a vida, o dinheiro podem proporcionar? Uma saída em
beleza não é preferível ao opróbrio?
O respeito também deve ser levado em conta. Mas isso estaria garantido!
José Eduardo dos Santos tornar-se-á sem dúvida um grande estadista se perceber
que chegou a hora de abandonar o poder.
Não julgue que sai mal, Senhor Presidente! Se sair neste momento,
negociando as condições em que o faz, será muito mais proveitoso, para o seu
orgulho, que outras opções mais arriscadas…
Espero que o pragmatismo que tem demonstrado ao longo da vida e lhe
permitiu os sucessos que se lhe conhecem, o possa benevolamente aconselhar
neste momento crítico da sua carreira.
Espero que o exemplo do seu amigo Nelson Mandela o possa inspirar e lhe
evite trilhar um momento de desespero que só poderá acabar mal (para si, a sua
família e, infelizmente, para muito mais gente).
Na disposição de todas as suas faculdades (e hoje que é o seu dia de
aniversário, muitos mais anos de vida, reconciliado com a Nação!), permita que
se lhe pergunte se julga que dura para sempre.
Na memória dos angolanos, talvez, mas então que seja para o bem. Se algum
genro, ou género de alternativa, se perfilasse, seria outra coisa. Estaria a
defender a sua dama e ninguém levaria a mal.
Console-se, reconcilie-se com a morte, como manda a tradição africana, com
toda a sua experiência, o bem que fez a Angola (e o mal lhe seja perdoado) e o
legado que deixa em tão boa conta…
Aceite um merecido descanso; não espere que a Nação possa aceitar que se
arrogue perpetuar o autismo e se disponha a sofrer passivamente senilidades sem
sentido e sem futuro.
Angola é uma nação nova bafejada pela sorte (ou azar – como julgava
Salazar) de ter petróleo (o qual entretanto subiu bastante nas cotações e nos
termos de troca internacionais). Economia, enfim.
Sendo um homem esperto e inteligente, continua a ser a uma chave para uma possível
solução equilibrada e negociada. Uma nova Angola, aberta a todos, com o
contributo de todos.
Será de facto uma Angola muito mais rica. Em experiências, em saberes, em
oportunidades, em competência. Na diversidade. No confronto de opiniões.
Apostando no mérito, não no seguidismo.
Não queira hipotecar gratuitamente o valioso contributo de toda a sua
vida. Por favor, senhor Presidente, telefone ao General Silva Mateus.
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