sexta-feira, 20 de outubro de 2023

French Army is outsourcing risks

Enquanto o discurso do General Ozanne se foca na data limite de 31 de Dezembro, o seu homólogo nigerino na Comissão Conjunta de Estados-Maior, frisa que só hoje, saíram 282 dos 1400 soldados franceses em retirada, do Níger para o Chade, e que brevemente metade do objectivo estará cumprido. Apesar de tudo ter corrido bem com a primeira coluna, havendo muito volume para fazer circular pelo mesmo caminho, o exército francês, "subcontratou" empresa civil de transporte, tratando o material como mobiliário numa simples mudança de casa. Chega-se ao cúmulo de invocar "transparência" para a passagem dos 2500 contentores. Estão muito preocupados com as aparências.

Patriotismo


A demissão do General Daoud Yaya Brahim é simples pro-forma, com pouco significado informal, para além do regime ter ficado coxo. As responsabilidades assumidas perante a Nação, bem patentes na forma determinada como falava (por exemplo negando o envolvimento do Chade na operação militar da CEDEAO contra o Níger), não se extinguem. 

Apenas retira o tapete usurpatório que a Junta tinha estendido ao filho do papá, cujas circunstâncias mortais estão longe de clarificadas. É óbvio que a demissão, mesmo tendo sido aceite pelo Primeiro-Ministro fantoche, de nada vale, pois para tal carecia ser submetida à Junta Militar, à qual pertencem os supostamente publicamente humilhados. 

O povo já decifrou o oportunismo subjacente à divulgação das encenações, estendendo-o à própria produção, entendendo tratar-se de armadilha para chantagem política. Em suma, a máquina está à espera de ordens de Vossa Excelência: não será um pseudo-escândalo, inventado de todas as peças, que vai travar o curso da História.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Golpe e contra-golpe

O Ministro da Defesa do Chade, pertencente à Junta Militar que "legitimou" Déby filho, consciente do peso da opinião pública e da pressão para a desfrançafricanização, manifestou-se contra a entrada da coluna francesa que está a caminho, declarando que não tinham sido convidados. Ao mesmo tempo procedia ao lançamento do há muito esperado plano de reconciliação nacional, que visa o retorno ao país dos rebeldes acantonados no estrangeiro, anunciando dispor de cinco milhões de dólares da ONU e precisar de mais 27 milhões para o completar, estimando tratar-se de "processo caro e moroso que o Níger não pode suportar sozinho" (tentativa de extorsão a Macron?). Declarações que constituiriam mais uma terrível humilhação, mas que a máquina do Eliseu, tirando proveito do foco mediático em Gaza, conseguiu incrivelmente abafar, nomeadamente instruindo o Le Monde para dar esta notícia enrolando sem nexo factos antigos com recentes.


A reacção não se fez esperar. Macron chamou o seu homólogo de urgência. Sem qualquer aviso ou notícia, o obediente Déby despachou-se e a esta hora já está em Paris para negociações. Contudo, como ponto prévio, Macron exigiu a cabeça do atrevido Ministro da Defesa. Este acaba de apresentar a demissão, tal como outro colega, hoje na sequência da publicação de vídeos, armadilhados com jovens raparigas, que entretanto os serviços fizeram convenientemente desaparecer. Ou seja, o senhor presidente terá assumido ter-se tratado de um pronunciamento se não mesmo tentativa de golpe e decidiu queimar o alicerce securitário do seu regime. Ao general Daoud Yaya Brahim e futuro presidente do Chade, manifesta-se solidariedade, face a esta insidiosa tentativa de contra-golpe. Estando prevista a estadia em Paris para vários dias, isso dá tempo suficiente para a organização do contra-contra-golpe, a executar à chegada ao aeroporto do avião presidencial.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Calvário

A retirada francesa a caminho do Chade prolonga-se pelo caminho mais longo, decerto passando por Maradi e Zinder, num percurso rodoviário encostado à fronteira da Nigéria, o qual expõe a coluna a manifestações espontâneas de hostilidade, por parte da população. 


Outra questão importante é saber se alguma parte do material voador não deveria ser legitimamente apreendida, dada a decisão de retenção por Paris de dois helicópteros Gazelle de ataque ao solo, pertença do exército do Níger, em França para reparação. 

Nove fósforos

sábado, 7 de outubro de 2023

Escoltados até à saída


Estados-Maior reunidos em Zinder para organizar a retirada das tropas francesas do Níger, que a Junta fez questão de filmar, para depois não se esquecerem. As caras e as mãos dizem tudo... 

PS 7ze reconhece que errou no post citado, ao referir-se ao General Bruno Baratz. O actual comandante das forças francesas no Sahel é, desde início de Julho, o General Eric Ozanne, que já deve estar mais que arrependido de ter pedido o cargo: mal teve tempo de engraxar as botas, chega ao "teatro operacional" cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima. A porta da rua é a serventia da casa. À Saint Cyr on n'enseigne pas Pétain? Putain!

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Declaração extemporânea

Os Estados Unidos fazem aparente marcha-atrás e classificam oficialmente a situação no Níger como "Golpe de Estado". A administração parece querer alimentar a ambiguidade, abrindo espaço para uma eventual intervenção franco-CEDEAO, mas colocando a sua base de Agadez em maus lençóis perante os nigerinos, os quais até aqui tinham poupado os americanos às manifestações de hostilidade. 

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Canto do cisne na ordem da semana

Aquando do reconhecimento implícito das novas autoridades do Níger pelo Quay d'Orsay, durante a evacuação civil no imediato pós-golpe, o Estado-Maior apressou-se a declarar que a evacuação militar "não estava na ordem do dia". Associava-se assim à imbecil "emprise" política que a arrogância de Macron se dispunha a encetar. Na mais absoluta e absurda negação, relativo à perversa herança de uma FrançAfrique sem caminho, arrastou o exército francês para um injustificado stress e para a lama de uma desonrosa retirada. Usando a metáfora de Tinubu para a CEDEAO, o terrível bulldog lá ladrou, ladrou, sem reparar que todos viram como estava desdentado. Agora trata-se de engolir o sapo, dando o dito por não dito. O papel do Estado Maior não é envolver-se em política, ao custo da sua própria credibilidade: assim, terão de partilhar com o Eliseu os custos da vergonha. A retirada das forças militares não estava na ordem do dia, mas agora já está na ordem da semana. É um princípio. Também o reconhecimento das autoridades não é já simplesmente implícito, mas sim perfeitamente explícito, quando se referem à necessária "coordenação com os nigerinos". Só que estes não obedecem ao Palácio.


PS Obviamente que a Junta está pouco inclinada a "deixar manobrar livremente" as tropas, como se queixa o Estado-Maior, sem garantias de evacuação como um todo, no âmbito de um quadro concertado e não como decisão unilateral. Face às declarações insistentes de manutenção da ameaça militar de alguns países da CEDEAO, não é crível que a Junta tolere um reagrupamento em Niamey, sem a partida prévia daqueles militares que já lá estão, para lhes dar lugar. D'abord, Niamey, d'accord? 

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Pão de 200F ou 150F de pão?

Questão estéril, uma vez que o padrão de pão kuduro não está oficialmente definido.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Recandidatura

Oportuna e inteligentemente, o presidente residente anuncia data de eleições e recandidatura, associando o acto a uma tomada de posição de bom senso


Perante o mais que previsível falhanço em tabelar o preço do pão, o governo não reconhece que errou, insistindo em manter medidas intervencionistas no mercado, atentatórias da liberdade de comércio e por isso retrógradas e obsoletas, do tempo do partido único e do comunismo como inspiração política. Alguém tinha de colocar o dedo na ferida e acabar com a brincadeira de mau gosto, que entretanto já fizeram perigosa e irresponsavelmente escalar para um discurso de ódio xenófobo contra os comerciantes. 

A leitura que estão a querer impor, de que os pontos nos iii do presidente é uma medida impopular, tem as pernas curtas. A escassez arrisca-se a ficar indelevelmente associada ao PAI. Toda a gente sabe onde conduz a política de intervenção estatal nas regras do mercado: à total ineficiência. O próprio PAIGC é, aliás, um caso de estudo nessa matéria, tendo conduzido o país à mais absoluta escassez e mesmo à hiperinflação. Repondo a liberdade de mercado, o presidente cumpriu apenas o seu papel de fiel da balança.

O Primeiro-Ministro fez definitivamente uma péssima escolha para foco do conflito institucional com a Presidência. Quanto mais depressa recuar, melhor.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Reacções às declarações de Macron

As declarações televisivas de Macron provocaram a euforia no Níger, sendo vividas como uma vitória nacional, mas sem ilusões: "vamos continuar a manifestar até à saída do último soldado francês". 


Já em Paris, foram vividas como nova humilhação, imputável à irresponsabilidade e paternalismo retrógrado do presidente; uma terrível confissão de impotência, depois de toda a fanfarronice; ou mesmo derrota e humilhação em toda a linha, após semanas de arrogante obstinação, que só serviram para amplificar o efeito da retirada.

domingo, 24 de setembro de 2023

Macron engole o sapo?

Em entrevista televisiva, o presidente francês assume a evacuação em horas do ex-embaixador indesejado no Niger, mas ainda ousa tentar retardar a saída dos stressados soldados para semanas e meses? Pelo contrário, senhor presidente. No lamentável estado a que chegou, não tem liberdade para quebrar as regras. Tem de enfiar o 🐸 pela goela abaixo: mas não é pelas coxas, é pela cabeça. O ilegal é que fica para último. Vossa insignificância não tem qualquer noção das prioridades!

Nomeação oficiosa

É com muita honra que 7ze, informalmente designado consultor da Junta Militar, aceita a medalha de Niamey. 

Não há pão para malucos


A escassez "instantânea" voltou a atacar, tal como já tinha acontecido com o arroz. O mercado não se rege por decreto. Cinquenta anos depois, queriam cinquenta francos de troco? A duzentos há muito pão. Mas hoje não.

sábado, 23 de setembro de 2023

Pérfido Guterres

Recusar passivamente o pedido para substituir o anterior representante enquanto a situação interna de um país alvo de golpe de estado ainda não foi clarificada, é uma inércia admissível por defeito, a qual pode naturalmente fazer-se prolongar por algum tempo, ao sabor das influências. 


Contudo, o infiel secretário-geral das Nações Unidas, tudo fez para activamente despachar o pedido intempestivo do presidente deposto para demissão do representante permanente do Níger (que o próprio havia nomeado), impedindo assim o país de participar na Assembleia Geral. 

Ora, segundo o protocolo para o efeito, a figura de pedido de demissão nem sequer existe, apenas a de substituição por novo representante. Parece portanto forçoso concluir que se trata de uma infame inovação à revelia dos procedimentos normais e em claro excesso de zelo

Portanto, o tosco alienado aos interesses franceses e à opção bélica não se coíbe de desrespeitar as regras da organização, abusando dos poderes que o cargo lhe atribui. Onde já se viu um presidente que já não o é há dois meses nomear novo representante... "permanente"?

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Macky rende-se

O presidente senegalês, desculpa-se perante Paris quanto à "traição", imputando-a a Tinubu e suas diligências "subterrâneas" junto da Junta Militar (cujo representante também está em Nova Iorque, recebido na ONU - mais um sinal de reconhecimento internacional). Rendendo-se às evidências, defende que sem a Nigéria, nada feito. 


Na base que deveria acolher o grosso da força invasora, os sinais são igualmente de desmobilização. Até Talon já percebeu que assim fica isolado e não seria de estranhar que apareça em Niamey para desfazer qualquer dúvida remanescente. Macron já só pode contar com Ouattara para manter as aparências; a CEDEAO morreu.

E agora, senhor presidente Macron? 

Incompetência

Seydou Diagne não deveria ser citado, pois não é digno sequer de nota: a sua absoluta incompetência profissional leva-o a aceitar um processo político sem pés nem cabeça. Se fosse um bom profissional, declinava e avisava o seu cliente quanto aos custos políticos mais que garantidos, claramente muito superiores aos parcos proveitos que poderia auferir com uma mais que improvável vitória. O culpado não é o coitado do advogado enganado para alinhavar estas incongruências, é obviamente o pretenso estadista ex-presidente Bazoum, acometido de absoluto delírio, tal como seu parceiro Macron, na farsa de mau gosto encenada em Niamey. 

Se o deposto percebesse alguma coisa de Excel, seria possível explicar-lhe por que razão este assinala alerta de erro às referências circulares. Se percebesse de política, perceberia que se está formalmente a contradizer. Se percebesse de diplomacia, perceberia que está a reconhecer as autoridades de facto. Se percebesse de senso comum, talvez lá fosse com a metáfora da pescadinha de rabo na boca. Nem sequer é preciso saber muito de Direito para perceber que, estando o Níger suspenso, será complicado vincular o país, sendo areia a mais para a rudimentar jurisprudência e legislação comunitária, pela imensidão de questões que levanta. 

Não é preciso ir muito longe para compreender que qualquer bom juiz burocrata do dito tribunal declinará rapidamente a batata quente, declarando-se incompetente, nem que seja a pretexto territorial, isto se o processo não for travado antes por inadmissibilidade patente. Enquanto se mantém uma ameaça de utilização de força militar, tal sobrepõe-se obviamente a qualquer outra diligência paralela. Atendendo a que essa meia franco-"CEDEAO" (da Costa do Marfim, Senegal e Bénim), só lhe reconhece autoridade a ele mesmo (contra a outra meia, do Burkina Faso, Mali e Níger), alguém explique ao imbecil que não se pode processar a si próprio. 

Por mais diligentes e voluntariosas que sejam as instâncias da obsoleta "comunidade", primeiro fracturada e depois estilhaçada, a iniciativa está obviamente condenada a ser ultrapassada pelos acontecimentos e remetida ao esquecimento, de onde nunca deveria ter saído. Condenar o Estado do Níger por violação dos Direitos Humanos, uma retenção domiciliária podendo conservar os meios de comunicação e receber visitas? Mais um motivo de chacota. Se o ridículo matasse, este caso já estaria resolvido. "En cas de décision favorable, l’État du Niger aura l’obligation juridique d’exécuter la décision". Mais l'État c'est pas vous, monsieur le "président"?

La grogne gagne les troupes

Ouest France, conotado com o centro-direita, é o diário mais vendido em França desde 1975. Contribuiu bastante para promover Macron, quando o infiltrado ainda se dava ao trabalho de fingir que era de esquerda (apesar de já afectar traição) ajudando-o a captar o voto de direita. É este jornal, a quem este tudo deve, que se decidiu a violar o "acordo de cavalheiros" (ou a lei da rolha do presidente com conversa fiada de "interesse nacional" e de confidencialidade militar, para abafar aquilo que se passa no Níger) levantando o véu sobre o contingente sitiado, traduzindo um nível de stress muito diferente daquele que pretende fazer constar o macarrónico discurso oficial. 

As autoridades nacionais fiscalizam a passagem entre componentes do perímetro? Ahahahah. Se calhar até espreitam, se forem mictar ao fosso anti-carro que andaram a cavar... Deveriam estar preocupados em escavar bunkers, ou acham que o ar condicionado que insuflam nas lonas vai fazer efeito de airbag, com umas tantas morteiradas? É com tropas desmoralizadas, acagaçadas e subnutridas, que vão salvar o ilegal que se refugiou na embaixada, do outro lado da cidade? E as guarnições de Ouallam e Ayorou, entregues à sua sorte? Ouallam está a cem quilómetros de Niamey em voo de andorinha, já Ayorou está a mais de duzentos, mas a apenas vinte da fronteira do Mali e sessenta da do Burkina.

Apesar de "estar por um fio", ainda não se encetaram sequer as hostilidades no terreno, mas o Níger já se tornou um inferno para os teimosos invasores.


PS A revista Jeune Afrique, que mais não tem feito que papaguear a voz do dono, agora replica títulos para os esvaziar. Será deontologicamente aceitável, no curto espaço de menos de 24h, que utilizem um título da concorrência, mantendo o substantivo significante apenas trocando verbo e sujeito por sinónimos, na mesma ordem e tempo? La grogne gagne les troupes (OF) > La grogne monte dans les casernes (JA). Trata-se obviamente de uma fake em jeito de retaliação mediática taco a taco de Macron, imputando-a ao inimigo burkinabé, ao mesmo tempo que encomenda bombardeamento do aeroporto de Timbuktu, para desmoralizar o inimigo maliano. Estamos em plena guerra da (des)informação.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Cabeça no cepo, bunda ao léu

Sob o falso pretexto do relançamento do projecto de carro de combate franco-alemão, o cornudo enrolou o seu homólogo alemão, para uma "rara conferência de imprensa conjunta", segundo reporta o Le Monde. Pelo meio, emprestam-se ao ministro da defesa Pistorius as declarações "Nos militaires sur place ne sont pas actuellement en danger", referindo-se aos cem militares germânicos que permanecem ao lado dos franceses no Níger. O exemplo de "reposicionamento" americano parece que não foi suficiente para o elucidar acerca dos riscos que espreitam esta tropa. Uma declaração política destas a seco, só pode, como é óbvio, significar o contrário. O godo com nome em latim está todo borrado e os referidos militares enfrentam perigo iminente por uma causa perdida, ainda para mais alheia. Valem o que valem, as garantias de segurança de Macron, cujo objectivo é óbvio: fingir que não está assim tão isolado na Europa quanto efectivamente está, relativamente a uma intervenção armada, fanfarronando com mais uma centena de voluntariosos reféns, para além dos já constituídos.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Remember Mogadiscio

"Estamos ali perto" referia o General Rica Couve. Será que olhou para o mapa? A proximidade é sempre uma noção relativa. Neste caso, a embaixada situa-se do lado precisamente oposto da cidade, em relação à base aérea 101, onde se encontram cercados um milhar de militares franceses. Ou seja, caso a Polícia nigerina se decida a cumprir as ordens recebidas para proceder à detenção do imigrante ilegal, terão de atravessar a cidade a toda a velocidade para proporcionar ao desgraçado a "segurança" que lhe garantiram. Não parece muito avisado utilizar os helis no perímetro apertado, atendendo à fartura de fogo em alerta nas redondezas. 

Em caso de início intempestivo das hostilidades por parte dos agressores, Paris pode esperar um assalto ao mais fraco dos seus enclaves, o que obrigará a que façam sair da sua base principal um número significativo de homens, cuja coluna terá de se estirar ao longo de um percurso de quilómetros, criando oportunidades para múltiplas emboscadas. Tentar usar a base aérea representa obviamente um risco demasiado grande para que algum aluno de Saint Cyr, mesmo sofrível, ouse assumi-lo. Os paras ganharam conhecimento do terreno, mas os aviões não podem voar baixo o suficiente para a largada, seria como uma sessão de tiro aos patos.

Descrédito absoluto

Ao mesmo tempo que Macron primava pela ausência na Assembleia Geral da ONU, a França mobilizava declarações formais de apoio da UE e dos EUA ao governo Bazoum, argumento que pretende invocar como pretexto para a intervenção militar unilateral em Niamey, desautorizando por completo a organização. 


Note-se, através da última informação, que Tinubu, também em NY para a AG, declarou ser "the one stopping the ECOWAS from deploying soldiers in Niger". De primeiro promotor a último detractor da agressão prevista, o presidente da Nigéria percorreu já um longo caminho, nestes cem dias iniciais do seu mandato.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

7ze, na ponta da informação francófoba

Emplastro, o meio de comunicação social mais bem informado a nível mundial, em plena época de caça ao pato Macron armado em falcão. 

Violenta revolta arrisca-se a tomar conta da capital francesa (a Bastilha tendo sido demolida, sugiro o Champ de Mars ou o quilómetro zero, vulgo a rotunda Estrela, a pretexto do rebaptismo do mamarracho que por lá campeia, como Arco da Derrota, assinalando o maior desastre do exército francês desde Junho de 1940) quando estourarem as fatídicas notícias de dezenas ou centenas de jovens militares mortos e a humilhação dos sobreviventes. O mês de Junho deste ano vai parecer uma brincadeira de férias, comparado com aquilo que o espera nas ruas de Paris, depois do massacre no Níger.

Em França muita gente se começa a aperceber do "beco sem saída" no qual Macron se deixou encurralar, falando em "barril de pólvora".

Motivo de chacota ontem em Niamey depois das suas idiotas declarações classificando o indesejado como refém, Macron fez tudo para censurar a cacha preparada pela cadeia televisiva Russia Today, incluindo entrevistas aos residentes, bloqueando-a em várias redes sociais, a pretexto de ser ofensiva contra "chefe de estado". O bebé mimado não suporta que digam a verdade, mas não hesita em obrigar a sua Agência de Notícias a inventar fakes, para criar diversões prestando efémera cobertura às humilhações resultantes das suas estapafúrdias decisões. Afinal, quem desinforma em África?

O Rei em Rabat, Macron

Por incrível que pareça, a atitude de Macron relativamente ao Níger, está a provocar uma aproximação anti-francesa entre o presidente argelino e o rei marroquino, países tradicionalmente adversários: para tentar furar o isolamento em que o seu chefe a colocou, a neoColonnalista esticou a corda, Sua Magestade não apreciou a descortesia, tratou-a como libertinagem da feiosa e colocou-os rapidamente aos dois no respectivo lugar. 

Ah, e o presidente também, Macron. 


PS Ainda propósito do título e em bónus, um genial jogo de palavras brasileiro : SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS

Na brasa

Quando há jornalistas reportando que os boatos de golpe de Estado "now" se basearam em rumores persistentes que circulavam ontem de manhã em Brazzaville, estas não devem ser classificadas como simples fakes: eventualmente numa subdivisão lineana do estilo "self-fulfilling prophecies", como obra de desejo colectivo.

O Le Point, que desde o início da crise nigerina se destacou pela sua linha editorial muito céptica relativamente ao papel de Macron, publica hoje uma crónica de Tierno Monénembo, intelectual guineense, lembrando o militar íntegro, cujo resgate da prisão deve ser o objectivo número 1 do futuro e já ineluctável golpe.

neoCOLONNAlisme

A MNE francesa, cúmplice do alienado, foi até à Assembleia Geral das Nações Unidas para martelar a estafada posição de negação, insistindo que o seu ex-representante, sem autorização de residência, vai ficar em Niamey "enquanto assim o desejarem", negando que o mesmo corra qualquer perigo, apesar de estar cercado e à mercê de uma operação policial, para execução da ordem de detenção em curso. 


Enquanto isso, o Kremlin convoca o embaixador francês em Moscovo sob pretexto fútil, para transmitir a Macron a extensão do protectorado ao Níger. A nova Federação dos 3 países golpistas está disposta a enfrentar a ameaça implícita que as palavras de Colonna comportam, contando com o apadrinhamento russo... significando que deveriam abandonar a displicência e começar a levar as coisas um pouco mais a sério.

Ao mesmo tempo, espicaçado pela opinião interna beninense, acusando o governo de ainda não ter tomado posição sobre denúncia da invasão prevista a partir do seu território e a rescisão unilateral dos acordos militares recentemente assinados, este calcanhar de Aquiles da francofonia apressa-se a protestar obediência canina ao dono, no mesmo registo de irredutibilidade, de retórica belicista e incendiária.