A retirada francesa a caminho do Chade prolonga-se pelo caminho mais longo, decerto passando por Maradi e Zinder, num percurso rodoviário encostado à fronteira da Nigéria, o qual expõe a coluna a manifestações espontâneas de hostilidade, por parte da população.
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
Calvário
sábado, 7 de outubro de 2023
Escoltados até à saída
Estados-Maior reunidos em Zinder para organizar a retirada das tropas francesas do Níger, que a Junta fez questão de filmar, para depois não se esquecerem. As caras e as mãos dizem tudo...
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
Declaração extemporânea
Os Estados Unidos fazem aparente marcha-atrás e classificam oficialmente a situação no Níger como "Golpe de Estado". A administração parece querer alimentar a ambiguidade, abrindo espaço para uma eventual intervenção franco-CEDEAO, mas colocando a sua base de Agadez em maus lençóis perante os nigerinos, os quais até aqui tinham poupado os americanos às manifestações de hostilidade.
quinta-feira, 5 de outubro de 2023
Canto do cisne na ordem da semana
Aquando do reconhecimento implícito das novas autoridades do Níger pelo Quay d'Orsay, durante a evacuação civil no imediato pós-golpe, o Estado-Maior apressou-se a declarar que a evacuação militar "não estava na ordem do dia". Associava-se assim à imbecil "emprise" política que a arrogância de Macron se dispunha a encetar. Na mais absoluta e absurda negação, relativo à perversa herança de uma FrançAfrique sem caminho, arrastou o exército francês para um injustificado stress e para a lama de uma desonrosa retirada. Usando a metáfora de Tinubu para a CEDEAO, o terrível bulldog lá ladrou, ladrou, sem reparar que todos viram como estava desdentado. Agora trata-se de engolir o sapo, dando o dito por não dito. O papel do Estado Maior não é envolver-se em política, ao custo da sua própria credibilidade: assim, terão de partilhar com o Eliseu os custos da vergonha. A retirada das forças militares não estava na ordem do dia, mas agora já está na ordem da semana. É um princípio. Também o reconhecimento das autoridades não é já simplesmente implícito, mas sim perfeitamente explícito, quando se referem à necessária "coordenação com os nigerinos". Só que estes não obedecem ao Palácio.
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Recandidatura
Oportuna e inteligentemente, o presidente residente anuncia data de eleições e recandidatura, associando o acto a uma tomada de posição de bom senso.
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
Reacções às declarações de Macron
As declarações televisivas de Macron provocaram a euforia no Níger, sendo vividas como uma vitória nacional, mas sem ilusões: "vamos continuar a manifestar até à saída do último soldado francês".
domingo, 24 de setembro de 2023
Macron engole o sapo?
Em entrevista televisiva, o presidente francês assume a evacuação em horas do ex-embaixador indesejado no Niger, mas ainda ousa tentar retardar a saída dos stressados soldados para semanas e meses? Pelo contrário, senhor presidente. No lamentável estado a que chegou, não tem liberdade para quebrar as regras. Tem de enfiar o 🐸 pela goela abaixo: mas não é pelas coxas, é pela cabeça. O ilegal é que fica para último. Vossa insignificância não tem qualquer noção das prioridades!
Nomeação oficiosa
É com muita honra que 7ze, informalmente designado consultor da Junta Militar, aceita a medalha de Niamey.
sábado, 23 de setembro de 2023
Pérfido Guterres
Recusar passivamente o pedido para substituir o anterior representante enquanto a situação interna de um país alvo de golpe de estado ainda não foi clarificada, é uma inércia admissível por defeito, a qual pode naturalmente fazer-se prolongar por algum tempo, ao sabor das influências.
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
Macky rende-se
O presidente senegalês, desculpa-se perante Paris quanto à "traição", imputando-a a Tinubu e suas diligências "subterrâneas" junto da Junta Militar (cujo representante também está em Nova Iorque, recebido na ONU - mais um sinal de reconhecimento internacional). Rendendo-se às evidências, defende que sem a Nigéria, nada feito.
Incompetência
Seydou Diagne não deveria ser citado, pois não é digno sequer de nota: a sua absoluta incompetência profissional leva-o a aceitar um processo político sem pés nem cabeça. Se fosse um bom profissional, declinava e avisava o seu cliente quanto aos custos políticos mais que garantidos, claramente muito superiores aos parcos proveitos que poderia auferir com uma mais que improvável vitória. O culpado não é o coitado do advogado enganado para alinhavar estas incongruências, é obviamente o pretenso estadista ex-presidente Bazoum, acometido de absoluto delírio, tal como seu parceiro Macron, na farsa de mau gosto encenada em Niamey.
Se o deposto percebesse alguma coisa de Excel, seria possível explicar-lhe por que razão este assinala alerta de erro às referências circulares. Se percebesse de política, perceberia que se está formalmente a contradizer. Se percebesse de diplomacia, perceberia que está a reconhecer as autoridades de facto. Se percebesse de senso comum, talvez lá fosse com a metáfora da pescadinha de rabo na boca. Nem sequer é preciso saber muito de Direito para perceber que, estando o Níger suspenso, será complicado vincular o país, sendo areia a mais para a rudimentar jurisprudência e legislação comunitária, pela imensidão de questões que levanta.
Não é preciso ir muito longe para compreender que qualquer bom juiz burocrata do dito tribunal declinará rapidamente a batata quente, declarando-se incompetente, nem que seja a pretexto territorial, isto se o processo não for travado antes por inadmissibilidade patente. Enquanto se mantém uma ameaça de utilização de força militar, tal sobrepõe-se obviamente a qualquer outra diligência paralela. Atendendo a que essa meia franco-"CEDEAO" (da Costa do Marfim, Senegal e Bénim), só lhe reconhece autoridade a ele mesmo (contra a outra meia, do Burkina Faso, Mali e Níger), alguém explique ao imbecil que não se pode processar a si próprio.
Por mais diligentes e voluntariosas que sejam as instâncias da obsoleta "comunidade", primeiro fracturada e depois estilhaçada, a iniciativa está obviamente condenada a ser ultrapassada pelos acontecimentos e remetida ao esquecimento, de onde nunca deveria ter saído. Condenar o Estado do Níger por violação dos Direitos Humanos, uma retenção domiciliária podendo conservar os meios de comunicação e receber visitas? Mais um motivo de chacota. Se o ridículo matasse, este caso já estaria resolvido. "En cas de décision favorable, l’État du Niger aura l’obligation juridique d’exécuter la décision". Mais l'État c'est pas vous, monsieur le "président"?
La grogne gagne les troupes
Ouest France, conotado com o centro-direita, é o diário mais vendido em França desde 1975. Contribuiu bastante para promover Macron, quando o infiltrado ainda se dava ao trabalho de fingir que era de esquerda (apesar de já afectar traição) ajudando-o a captar o voto de direita. É este jornal, a quem este tudo deve, que se decidiu a violar o "acordo de cavalheiros" (ou a lei da rolha do presidente com conversa fiada de "interesse nacional" e de confidencialidade militar, para abafar aquilo que se passa no Níger) levantando o véu sobre o contingente sitiado, traduzindo um nível de stress muito diferente daquele que pretende fazer constar o macarrónico discurso oficial.
As autoridades nacionais fiscalizam a passagem entre componentes do perímetro? Ahahahah. Se calhar até espreitam, se forem mictar ao fosso anti-carro que andaram a cavar... Deveriam estar preocupados em escavar bunkers, ou acham que o ar condicionado que insuflam nas lonas vai fazer efeito de airbag, com umas tantas morteiradas? É com tropas desmoralizadas, acagaçadas e subnutridas, que vão salvar o ilegal que se refugiou na embaixada, do outro lado da cidade? E as guarnições de Ouallam e Ayorou, entregues à sua sorte? Ouallam está a cem quilómetros de Niamey em voo de andorinha, já Ayorou está a mais de duzentos, mas a apenas vinte da fronteira do Mali e sessenta da do Burkina.
Apesar de "estar por um fio", ainda não se encetaram sequer as hostilidades no terreno, mas o Níger já se tornou um inferno para os teimosos invasores.
PS A revista Jeune Afrique, que mais não tem feito que papaguear a voz do dono, agora replica títulos para os esvaziar. Será deontologicamente aceitável, no curto espaço de menos de 24h, que utilizem um título da concorrência, mantendo o substantivo significante apenas trocando verbo e sujeito por sinónimos, na mesma ordem e tempo? La grogne gagne les troupes (OF) > La grogne monte dans les casernes (JA). Trata-se obviamente de uma fake em jeito de retaliação mediática taco a taco de Macron, imputando-a ao inimigo burkinabé, ao mesmo tempo que encomenda bombardeamento do aeroporto de Timbuktu, para desmoralizar o inimigo maliano. Estamos em plena guerra da (des)informação.
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Cabeça no cepo, bunda ao léu
Sob o falso pretexto do relançamento do projecto de carro de combate franco-alemão, o cornudo enrolou o seu homólogo alemão, para uma "rara conferência de imprensa conjunta", segundo reporta o Le Monde. Pelo meio, emprestam-se ao ministro da defesa Pistorius as declarações "Nos militaires sur place ne sont pas actuellement en danger", referindo-se aos cem militares germânicos que permanecem ao lado dos franceses no Níger. O exemplo de "reposicionamento" americano parece que não foi suficiente para o elucidar acerca dos riscos que espreitam esta tropa. Uma declaração política destas a seco, só pode, como é óbvio, significar o contrário. O godo com nome em latim está todo borrado e os referidos militares enfrentam perigo iminente por uma causa perdida, ainda para mais alheia. Valem o que valem, as garantias de segurança de Macron, cujo objectivo é óbvio: fingir que não está assim tão isolado na Europa quanto efectivamente está, relativamente a uma intervenção armada, fanfarronando com mais uma centena de voluntariosos reféns, para além dos já constituídos.
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Remember Mogadiscio
"Estamos ali perto" referia o General Rica Couve. Será que olhou para o mapa? A proximidade é sempre uma noção relativa. Neste caso, a embaixada situa-se do lado precisamente oposto da cidade, em relação à base aérea 101, onde se encontram cercados um milhar de militares franceses. Ou seja, caso a Polícia nigerina se decida a cumprir as ordens recebidas para proceder à detenção do imigrante ilegal, terão de atravessar a cidade a toda a velocidade para proporcionar ao desgraçado a "segurança" que lhe garantiram. Não parece muito avisado utilizar os helis no perímetro apertado, atendendo à fartura de fogo em alerta nas redondezas.
Descrédito absoluto
Ao mesmo tempo que Macron primava pela ausência na Assembleia Geral da ONU, a França mobilizava declarações formais de apoio da UE e dos EUA ao governo Bazoum, argumento que pretende invocar como pretexto para a intervenção militar unilateral em Niamey, desautorizando por completo a organização.
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
7ze, na ponta da informação francófoba
O Rei em Rabat, Macron
Por incrível que pareça, a atitude de Macron relativamente ao Níger, está a provocar uma aproximação anti-francesa entre o presidente argelino e o rei marroquino, países tradicionalmente adversários: para tentar furar o isolamento em que o seu chefe a colocou, a neoColonnalista esticou a corda, Sua Magestade não apreciou a descortesia, tratou-a como libertinagem da feiosa e colocou-os rapidamente aos dois no respectivo lugar.
Ah, e o presidente também, Macron.
PS Ainda propósito do título e em bónus, um genial jogo de palavras brasileiro : SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS
Na brasa
Quando há jornalistas reportando que os boatos de golpe de Estado "now" se basearam em rumores persistentes que circulavam ontem de manhã em Brazzaville, estas não devem ser classificadas como simples fakes: eventualmente numa subdivisão lineana do estilo "self-fulfilling prophecies", como obra de desejo colectivo.
O Le Point, que desde o início da crise nigerina se destacou pela sua linha editorial muito céptica relativamente ao papel de Macron, publica hoje uma crónica de Tierno Monénembo, intelectual guineense, lembrando o militar íntegro, cujo resgate da prisão deve ser o objectivo número 1 do futuro e já ineluctável golpe.
neoCOLONNAlisme
A MNE francesa, cúmplice do alienado, foi até à Assembleia Geral das Nações Unidas para martelar a estafada posição de negação, insistindo que o seu ex-representante, sem autorização de residência, vai ficar em Niamey "enquanto assim o desejarem", negando que o mesmo corra qualquer perigo, apesar de estar cercado e à mercê de uma operação policial, para execução da ordem de detenção em curso.
Não há fumo sem fogo
Para efeitos arqueológicos: ao princípio da tarde, propagava-se via redes sociais um suposto golpe de Estado no Congo "francês". Ainda antes de transpirar para notícias, por volta das 18h de Bissau, Thierry Moungalla, ministro de N'Guesso, publica na Plataforma X, o antigo twitter, um desmentido tranquilizante, classificando tais "notícias" como fakes. Pouco depois, tanto a CNN como a BBC reportam que as tentativas para confirmar o boato se revelaram infrutíferas. Contudo, a própria pressa em desmentir a simples fake, revela o mal estar de Sassou, que pouco tem dormido com medo de se tornar no próximo (até já partilhou a insónia com o presidente angolano).
sábado, 16 de setembro de 2023
Rica couve
A título de comentador televisivo, o General Richoux (ver minuto 13) dá parte da arrogância militar do exército francês relativamente às suas "emprises" em solo nigerino. Então o senhor General assume confiança absoluta nas suas forças especiais, garantindo facilidades em território inimigo? Segundo as suas palavras, estão ali perto, abrem caminho à Rambo, são invulneráveis e é impossível que algo corra mal. O mais chocante nem sequer é este absoluto desprezo pelo adversário, o qual só de si já é facilmente passível de se converter em derrota. Transmite informação importante: confessa que contam com a operacionalidade do aeroporto para fins tácticos, evidenciando o perigo, aqui cedo enunciado, que representa a base aérea como eventual testa de ponte para um desembarque aero-transportado. O que o senhor General não atentou foi nos avisos de Putin, desaconselhando vivamente a agressão ao Níger depois da passagem dos emissários de Goïta, os quais após reportarem seguiram para Niamey, hoje confirmados pelo reaparecimento de Surovikin do purgatório Prigozhin, com escala em Alger a caminho do mesmo destino. O que só pode querer dizer que a Junta conseguiu finalmente que o paizinho enviasse o necessário para dissuadir qualquer tentativa no sentido de descolar ou aterrar na "sua" base aérea, senhor General. Nas cercanias, não será difícil aos sitiantes escolher o(s) local(is) adequado(s) para instalar o(s) equipamento(s), fechando o eixo pelas duas pontas. O senhor General deveria mas é dedicar-se à agricultura e ir plantar legumes, que estas coisas da guerra são complicadas demais para a sua desmesurada cagança. A tragédia anunciada parece avizinhar-se a passos largos.
Auto-refém
Macron faz-se refém a si próprio e ainda vem publicamente reclamar. Onde já se viu um refém recusar um convite para sair do cativeiro? Síndrome de Estocolmo? O "refém" ainda reclama da comida? Alguém poderia explicar ao bebé mimado e adolescente psicopata, usurpador do Eliseu, que opções têm custos?