Como todos os anos por esta altura, a Freedom House publicou o seu
relatório anual, resultado de uma metodologia de observação dos direitos políticos e das liberdades civis, no respeitante à liberdade de imprensa em todos os países do mundo (e algumas zonas disputadas). A novidade deste ano prende-se com uma apresentação numérica do próprio
score, que antes era apenas disponibilizado no
rating por escalões. A organização aplica uma metodologia de classificação que distingue os países em três grandes grupos: os países
livres (até 30),
parcialmente livres (de 30 a 60) e
não livres (mais de 60): constata-se uma distribuição equitativa das duas centenas de países pelas três categorias, com aproximadamente um terço cada, embora apenas um sétimo da população mundial viva em países considerados
livres.
Segundo a FH, a pressão sobre os jornalistas aumentou significativamente ao longo do ano
de 2014, com múltiplas origens, citando nomeadamente «
a utilização de leis de segurança interna para silenciar vozes críticas, recurso a tácticas de intimidação de jornalistas, e tentativas de manipulação do conteúdo por parte dos donos dos media ao serviço dos seus interesses comerciais».
O relatório, na parte dedicada à África Sub-Sahariana, destaca o salto da Guiné-Bissau, de «
não livre» para «
parcialmente livre» e refere o péssimo precedente que constitui a prisão dos bloggers etíopes Zona 9. Apresento uma tabela com os países da CPLP, destacando Cabo Verde, o país africano com a melhor pontuação.
Atendendo à revolução do dia de Todos os Santos do ano passado, não há dúvidas que a imprensa do Burkina Faso deu um salto qualitativo, que decerto se notará para o ano, numa tendência consistente de melhoria.
Já Angola, numa já de si lamentável posição, deverá piorar substancialmente a sua pontuação para o ano, se atendermos às preocupações manifestadas pela Freedom House:
«
Enquanto algumas partes do mundo se encontram inacessíveis devido ao caos provocado pela violência desmesurada, outras há onde os repórteres são deliberadamente barrados por governos repressivos, tal como acontece no Tibete (...) Activistas, simples residentes, ou cidadãos transformados em jornalistas para a ocasião, tentam disseminar alguma informação, mas não podem substituir o trabalho efectuado por profissionais recorrendo aos meios adequados: é por vezes mais fácil mandar notícias para o exterior, do que contactar audiências dentro da área afectada»
A degradação da Liberdade de Imprensa em Angola, a todos os níveis enunciados pela Freedom House, foi
denunciada pela Secretária-Geral do Sindicato dos Jornalistas, Luísa Rogério.