A Rádio ONU veio confirmar a intenção já manifestada por António Patriota (ex-MNE brasileiro), de visitar a Guiné-Bissau no princípio do ano. Ver notícia.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Tradução livre II
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Leão desgrenhado
Muitos interesses em jogo, com mais de 120 «diplomatas» americanos a serem intempestivamente repatriados. E mais uma guerra local de interesses globais. Para um país novo, violando um tabu fronteiriço continental com bem mais de 120 anos, não é um bom augúrio.
Balcanização africana? Fantasmas étnicos fomentados por interesses petrolíferos? O leão não vai ficar bem na fotografia, com essa Juba. Todos foram (hipocritamente?) colocar flores no túmulo de Mandela, mas não basta elogiá-lo: seria preciso respeitá-lo igualmente.
Esta ordem mundial só serve aos países desenvolvidos; o seu conforto é mantido à custa de guerras periféricas, fomentando modelos interesseiros de apropriação pessoal das lideranças, em vez de verdadeiros Estados de Direito, alicerçados no desenvolvimento.
Todos golpistas
Porém, não se pode dizer que os novos golpistas são piores ou melhores, mas pode-se, isso sim, esperar e desejar que não sejam derrubados para evitar que a história se repita, mais uma vez, graças a incapacidade de construir um verdadeiro estado de direito.
Publicado pelo Didinho, um magnífico artigo, de Adulai Indjai: «Golpistas em nome do Povo, pelo Povo e para o Povo». Nem sempre é fácil separar o trigo do joio. Há que ler e reler...
Está na altura de inverter a situação, cujo diagnóstico dos males está bem estabelecido, mas alterando o guião: «Estadistas em nome do Povo, pelo Povo e para o Povo». É a hora.
Golpista vem de golpe. Estadista vem de estado. Acabaram-se os golpes e os estados falhados. Agora ou nunca. Viva a verdadeira matchundadi e mindjerdadi da inteligência e da razão.
«Controlo total»
O Presidente do Sudão do Sul, encurralado no seu Palácio, três dias de confrontos e meio milhar de mortos depois de ter anunciado que controlava inteiramente a situação no terreno, tenta agora ganhar tempo, fazendo um apelo ao seu rival para encetar conversações...
O expansionismo angolano em África, sob o modelo de marketing da autocracia totalitária, pelos vistos não acerta uma, a estrela de José Eduardo dos Santos está definitivamente a perder o brilho. Já os franceses também perdem, não conseguindo o controlo Total.
AFP propaga mentiras
A agência noticiosa francesa AFP produziu um artigo datado de hoje, no qual se revela, no mínimo, pouco atenta, pois continua a insistir em boatos já inequivocamente desmentidos, ao mais alto nível, pela operadora aérea «vítima» dos factos: os refugiados sírios teriam sido, segundo a France Presse, embarcados «sous la menace de militaires armés de la Guinée-Bissau déployés à l'aéroport».
Pelos vistos, tal como a comunicação social portuguesa, também «emprenham pelos ouvidos». Já não é a primeira vez que tal acontece em pouco tempo: ainda no caso da Embaixada da Nigéria, o sentido da desinformação era o mesmo: pintar o quadro de tons mais negros ainda que a realidade... E desmentidos, para reposição da verdade dos factos, nem vê-los. Que falta de seriedade!
Tradução livre
A TAP tem um Aviso, no seu site oficial, acerca das ligações com Bissau. Disponível em duas línguas, português e inglês.
Em inglês, referem que a rota está «temporariamente suspensa». No entanto, a tradução para português do temporarily suspended resulta em «rota na qual a operação está suspensa, como é do conhecimento público». A própria TAP está ainda confundida... uma no cravo, outra na ferradura.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
TAP aumenta frota e anuncia novos destinos
Em duas declarações simultâneas, mas distintas, a TAP pronunciou-se sobre o caso de Bissau.
Aparentemente cedendo a pressões políticas, o presidente da companhia, Fernando Pinto, em declarações à Lusa, afirma que o voo para Bissau foi definitivamente cancelado, não admitindo, para já, qualquer alteração nessa decisão, acrescentando mesmo que, se a TAP voltar a voar para Bissau, esse será um «novo» destino (há que relativizar estas informações com outras, de ontem, nas quais a TAP anunciava o reforço da frota com seis novos aparelhos, bem como uma dezena de novos destinos em vários continentes);
Numa outra declaração, por parte de um «porta-voz», num tom mais comercial e comedido, a companhia mostra-se preocupada com a situação, declarando-se apostada em minimizar os inconvenientes dos passageiros (que se esperam passageiros). O facto é que há um fluxo respeitável de viajantes entre Lisboa e Bissau (mesmo que as autoridades dos dois países não mantenham relações diplomáticas), suficiente para alimentar uma linha lucrativa e que resulta obviamente anti-económica, se tiver de andar aos saltinhos.
Catarse
Mais um magnífico artigo de Filomeno Pina, a merecer profunda reflexão. Mas, antes disso, quero já reagir «a quente» e vou afirmando que é sobretudo o espírito da mensagem que veicula, o comprimento de onda em que vibra, que me interessa em primeiro lugar, neste momento.
Filomeno Pina inclui sempre subliminarmente, na minha opinião, categorias de análise da sua área profissional; já aqui o referi respeitosamente como o «psicólogo» da Nação. E uma leitura (e motivação) que me parece evidente neste seu texto é a ideia de ponto de não retorno.
Estas últimas provações, poderão ter o condão de induzir uma catarse colectiva: ao demonstrarem, sem sombras para dúvidas, que é necessário fazer algo, de forte e definitivo, sem complexos (e talvez com um pouco de utopia), que dignifique sem equívocos o país aos olhos de todos.
Em referência à vida do profeta Jesus, diria que a Guiné-Bissau está como o Mestre a caminho de Jerusalém, onde, depois de se defender de muitas e injustas acusações, ao sair do Templo, irrita-se, e começa à biqueirada às bancas dos vendilhões e trafulhas, expulsando-os.
Disponível no Nô Djemberém e site do Umaro. Ver links à direita.
Marfim
O Sudão do Sul não tem costa para desembarcar o «ouro» (nem branco nem preto). Mas o seu presidente tem guarda-costas. A estratégia é a mesma que a já ensaiada noutros lados: criar um abcesso de fixação, resistindo no palácio presidencial, continuando sempre a afirmar ter o controlo da situação (desde as primeiras horas). No entanto, não será bem assim, pois o tiroteio continua a fazer-se ouvir nas ruas desertas de Juba. Em caso de falência das tropas presidenciais, poderá tornar-se difícil evacuar eventuais mercenários que por lá se encontrem. As aventuras despropositadas, por vezes, têm o seu preço.
Pedido de desculpas «formal» a Portugal?
Acabo de saber pelo Saiba novidades, que se discute o impensável: será um cenário para o caso de Portugal restabelecer relações diplomáticas e apresentar primeiro igualmente uma desculpa «formal»?
Mas, se o pedido não pode ser «formal», nada impede que o Ministro que se sinta responsável, volte a telefonar ao comandante do avião da TAP (uma vez que já tem o número), e lhe apresente pessoalmente um pedido «informal» de desculpas por o ter aterrorizado com o anterior telefonema (isto se ele atender, claro, pois pode ter ficado traumatizado).
Sindicatos pró-conspiração
Segundo notícia publicada pela Rádio Vaticano, os sindicatos recusaram-se a aceitar o pagamento de um mês de salário, fazendo chantagem política com a actual situação de tensão no país. A soldo de inconfessáveis interesses, pretendem passar para o exterior uma ideia de desordem e subversão, que de forma alguma traduzem o sentimento generalizado da população. Justificar-se-ia, neste contexto, uma violação da constituição, justificada para contrariar um mal maior: o lock out total, ameaçando os funcionários de perda do vínculo contratual, para recrutar depois apenas os mais capazes, com exame de admissão. Este é o canto do cisne do PAIGC, que ousa desafiar a existência do próprio Estado, que ajudou a criar; que é isto senão alta traição, instigada por actores políticos desclassificados, apostados na criação de um clima de instabilidade, do quanto pior, melhor?
Até quando a Guiné-Bissau estará refém de malfeitores mal disfarçando a sua natureza predatória e delapidatória? Até quando a Guiné-Bissau se julgará dependente de quem lhe quer impor, através de eleições desadequadas, uma insustentável pulverização da legitimidade, ainda para mais contaminada por espúrios candidatos proto-totalitários?
Efervescência
As atabalhoadas declarações do ridículo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, com quem as autoridades de facto da Guiné-Bissau não mantêm relações diplomáticas, provocaram uma autêntica roda viva de reuniões em Bissau, pela sua despropositada agressividade e pela gravidade formal das acusações implícitas, que permitem informalmente suspeitar das piores das intenções, justificando-se o alvoroço, bem como a preparação de uma resposta institucional solidária à altura das graves insinuações produzidas.
O convite ao suicídio das Forças Armadas guineenses, diabolizadas e tornadas em bode expiatório de todos os males, é um perigoso precedente, cuja corda está a ser esticada até aos limites do bom senso, sem que se percebam muito bem os objectivos que presidem a essa atitude. Descartando a hipótese de simples e grosseira estupidez pessoal do ministro envolvido (que, de qualquer forma, decerto não seria de todo despropositada), Portugal não pode tomar posturas belicistas sem consultar a Assembleia da República.
Para além da inconsequência do seu ministro, este não é um simples cidadão: no desempenho do seu cargo, obrigou o estado português com comparações temerárias, em relação a um país com o qual não tem quaisquer relações diplomáticas que possa cortar (o que se sabe ser um primeiro passo para a guerra); nessa situação, este discurso só pode ter uma leitura, que é o fabrico, de todas as peças (tentando envolver outros actores internacionais como a UE), de um casus belli, de forma a ofender a soberania alheia.
Impõem-se as palavras irritadas e abusadas de Cícero, nas suas Catalinárias:
«Até quando, Machete, abusarás da nossa paciência?»
PS Um pequeno pormenor que talvez tenha passado despercebido à maior parte dos comentadores, mas que a visualização do vídeo esclarece: apareceram, na comunicação social, duas versões concorrentes das afirmações de Machete, no seguinte ponto:
«Foi um ato muito próximo dos atos de terrorismo, portanto, que
versão 1) não tem exatamente os mesmos objetivos»
versão 2) tem exactamente os mesmos objectivos»
A maior parte dos jornalistas ouviram a versão 2, porque o ministro «comeu», quero dizer, engasgou-se, com o «não».
Um pequeno inquérito de opinião. O que acha que aconteceu neste caso:
1) Lapsus linguae
2) Acto falhado
3) Fugiu-lhe a boca para a verdade
4) Gaguez congénita
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Gato escondido com o rabo de fora
Há muito que o governo português patenteia que está apostado em fomentar um clima propiciador de uma invasão estrangeira na Guiné-Bissau. Mas que esteja a aproveitar para isso um caso ocorrido com a sua própria transportadora aérea, prejudicando os seus nacionais bem como os naturais da Guiné-Bissau vivendo em Portugal, não tem pés nem cabeça. Se a conspiração vem de longe, está a assumir contornos de idiotice e fanfarronice inimagináveis, que em nada abonam a honra de Portugal. De mãos atadas, o imprestável Ministro dos Negócios Estrangeiros português já devia ter, há muito, seguido o exemplo do seu homólogo guineense: se, como o próprio diz, não tem relações com estas autoridades, que quer fazer? Quando é que, em vez de visar o pé, como tem feito, aponta directamente à cabeça?
A insidiosa campanha contra a Guiné-Bissau parece esconder outras intenções: a presença de Cadogo na Praia já por outra vez esteve relacionada com uma suspeita actividade de conspiração do mesmo tipo. Porque razão esta obsessiva insistência no desmantelamento das Forças Armadas guineenses? Que espera Portugal ganhar com a dissolução que preconiza para o Estado guineense? Talvez fosse melhor refazerem os cálculos: mesmo que, por absurdo, conseguissem derrotar as Forças Armadas guineenses, teriam de repartir o «bolo» com a comunidade internacional, na maior das confusões; mais do que impossível, seria uma vitória de Pirro; não chega o exemplo da Líbia, que agora propagaram à Síria? (com todos os lamentáveis «danos colaterais» que pudemos ver, dando aliás origem a este «casus belli»). Haja vergonha!
Acto de terrorismo
Segundo declarações, há pouco, de Rui Machete, o que se passou em Bissau é o equivalente a um atentado terrorista. Pena que os jornalistas engulam barbaridades destas e não peçam ao senhor ministro para esclarecer o que entende por isso. Pelos vistos, por milagre, conseguiram impedir a tempo que os 74 terroristas detonassem as suas cinturas de explosivos, no aeroporto de Lisboa. Decerto o senhor ministro tem provas concludentes do que afirma, talvez uns quilitos de explosivos (de fabrico comprovadamente guineense, claro) apreendidos na operação, que faria bem em mostrar à televisão.
Cada vez que abre a boca, senhor ministro, sai baboseira, e da grossa. Não bastavam as acusações de:
1) Tráfico de armas
2) Tráfico de drogas
3) Tráfico de orgãos humanos
4) Tráfico de refugiados
temos agora também
5) Terrorismo
A nova acusação é consubstanciada da seguinte forma:
«pagaram uma determinada quantia por cabeça a uma organização»
claro que pouco importa o pormenor de que essa organização tenha sido uma agência de viagens, as quais, normalmente, fazem precisamente isso, cobram uma certa quantia por cabeça para facilitar uma viagem
Portanto, já estamos a ver que é, salvo erro, o novo slogan de uma campanha de marketing com o objectivo de promover o destino Portugal no estrangeiro, especialmente vocacionado para o segmento geográfico do Médio-Oriente:
«FAÇA T(ERR)URISMO EM PORTUGAL»
P.S. Não sei o que me custa mais: um acto de terrorismo ou ter de gramar com um acto de estupidez deste calibre. Agora que as coisas se estavam a acalmar e a seguir a via da normalização, por parte da TAP, estas declarações inflamatórias soaram a perfeitamente gratuitas, lançando a suspeita de que estarão em curso pressões sobre a TAP para que a companhia mantenha o cancelamento dos voos para Bissau, por razões políticas. Isso sim, poderia ser legitimamente apelidado de terrorismo de Estado para com os seus próprios concidadãos, que toma como reféns.
Guarda Luandiana em Juba
Parece um nome mais adequado, preterindo «Pretoriana», pois Pretória é bem mais para Sul...
Besta política
Um anónimo publicou, em comentários:
Delfim da Silva é um animal político. Se alguém pensa que entrou neste governo de bandidos para corroborar a corrupção, desengane-se. Em tempos foi preso e recambiado de Moscovo para Bissau por ordem do PAIGC. O 7ze sabe porquê? Informe-se.
Ora por essa lógica, nunca deveria ter entrado para esse Governo. Não sabia no que se estava a meter? Coitadinho, tão ingénuo e cheio de boa vontade! Não se percebe é porque contribui para a confusão: se não se considera responsável, porque utiliza o «nós», isto e aquilo? Quem o oiça, parece que fala em nome de todos os guineenses... Delfim sempre teve a sua própria agenda, está a cobrar honorários e a posicionar-se, mas talvez o tiro, desta vez, lhe saia pela culatra.
A Guiné-Bissau não é nem nunca será um narco-estado.
Ainda a TAP
Agora pela pena de José Paulo Fafe. Ver artigo.
Afinal apurou-se a verdade, que em nada abona o sensacionalismo com que a notícia foi tratada na comunicação social portuguesa, para massacrar a Guiné-Bissau. O pior é que o massacre dura sempre mais que as notícias propriamente ditas, encartando e estimulando uma série de comentadores «bem falantes», que nunca perdem a ocasião para escarnecer e denegrir a imagem de um país, mesmo revelando, a maior parte das vezes, uma constrangedora ignorância.
É a parcialidade totalitária do «politicamente correcto», em gentinha prestes a agachar-se perante Angola, mas que se julga superior aos guineenses.
Voo TAP para Bissau nos Telejornais
Ouviram-se críticas, bastante «orientadas», mas também quem tenha resistido aos jornalistas e dito que essa era uma questão «diplomática», recusando-se a confirmar a «orientação» que queriam dar à questão:
RTP «_É mau para a imagem da Guiné?»
Entrevistado: «_Desculpa, não vou responder a isso»
(legendagem em português: _Vai bugiar!)
Versão
RTP
SIC
Irresponsabilidade de Delfim
Na busca de protagonismo que se lhe conhece, o ex-ministro dos negócios estrangeiros, Delfim da Silva, fez declarações impróprias, ofensivas e injustas, relativamente ao país, rapidamente retomadas e propagadas pelos comentadores de serviço na comunicação social portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa pegou nas palavras do ex-ministro, na sua conversa semanal com Judite de Sousa, na TVI, para dizer que:
1) «Portugal tem sabido lidar com habilidade com esta questão»: será, senhor Professor?
2) «O que apetece é ser radical»: o que quer dizer com isso? erradicá-los, aos guineenses?
3) «Não se pode ser radical à custa das relações com a Guiné»: quais relações?
4) «A ser verdade aquilo que diz o antigo ministro, quer dizer que a Guiné não só não é um Estado de Direito, como não é um Estado, é um estado falhado»: e Portugal, caro senhor professor, o que é? A Guiné pelo menos tem o futuro à sua frente, coisa que Portugal, com os políticos falhados que tem (a cujo rol Vocência pertence), nunca terá.
Claro que os papagaios de serviço aproveitam para editoriais insultuosos e agressivos. Como se não nos bastasse já um Filipe, eis que surge outro, com um curso incompleto de jornalismo (não chegou a passar na cadeira de higiene, etiqueta e boas maneiras), a querer dar lições de moral. Basta ler o título: «Os sanguessugas», mas veja-se a introdução, no pasquim de Negócios: «o Estado da Guiné-Bissau está podre, exala um cheiro nauseabundo»... acabando por defender o «desmantelamento das Forças Armadas».
Delfim prestou um mau serviço ao país. Se queria demitir-se, o silêncio teria sido decerto a atitude mais digna e apropriada.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Diplomacia particular
O governo «legítimo», que desembarcou na Praia, com vista para o continente, tem, segundo DC, mantido contactos com a TAP e o governo português... graças a esta multiplicação e convergência de esforços, é provável que a companhia aérea portuguesa retome sem delongas os voos para Bissau, dando por encerrado este lamentável equívoco.
Banana esteves
O Público publicou em Opinião um desconhecido, assinando Pedro Esteves, pseudo-intelectual pomposamente auto-intitulado de «analista», o qual, sem ter a boa educação de se apresentar, debita uma série de banalidades copiadas das piores fontes de lugares comuns acerca da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau não foi nem nunca será um Narco-Estado! Isso não começou nem se agravou (pelo contrário, aliás) com o 12 de Abril. «É tempo de concertar posições e tomar medidas imediatas de isolamento e sancionamento»? Esteve, Pedro, desatento, nos últimos tempos... Vá informar-se.
Já conhecemos este discurso de cor e salteado. Não vale a pena servi-lo por pretextos menores (para não dizer inexistentes). Ou produz um pouco de sumo, apresentando um mínimo de consistência, ou os editores do Público deveriam rejeitar este género de lixo. Ó Estebes, bá ... postas de pescada para outro lado.
TAP reconsidera
Parabéns à TAP por ter começado a corrigir o tiro: por aí se vê que toda a visibilidade dada ao caso Airplane People e a extemporânea medida de suspensão do voo adoptada tinham sido desnecessárias, se tivessem deixado o SEF fazer calmamente o seu trabalho, na recepção já no chão, concentrando-se na sua vocação de transportadores. Pois, a menos que os comandantes da companhia tenham delegação de competências do SEF, atitudes deslocadas como a ocorrida em Bissau configuram apenas excesso de zelo.
A medida proposta, de apresentação de um visto válido para o Espaço europeu no acto da venda do bilhete, vem resolver tranquilamente a «tempestade num copo de água» que desencadearam. O melhor é anunciarem já a retomada dos voos para Bissau, nas novas condições. Um pouco de senso comum e de espírito prático resolveram o «bicho de 7 cabeças» que criaram.
El fim de delfim
O Ministro dos Negócios Estrangeiros guineense apresenta a demissão, exclusivo do Umaro. A quebra de solidariedade com o Governo justifica-o, tendo caído mal a sua infeliz prestação no caso do «Airplane People». A sua vocação para um protagonismo da «mediação» não favorece a presença no governo actual. Deveria ter aprendido a lição, quando o Presidente da República o mandou chamar ao Palácio por ter querido colocar paninhos quentes no caso dos polícias cabo-verdeanos. As suas manobras divisionistas no seio do governo não surtiram a solidariedade desejada, saindo sozinho...
Portugal reconhece que precisa da Guiné-Bissau
1) O Presidente da República, em Portugal, ao contrário do caso de França, por exemplo, não tem competências na área dos Negócios Estrangeiros.
2) Portugal não reconhece a Guiné-Bissau como Estado independente, vai para dois anos parado no tempo
A que propósito vem portanto a declaração de Cavaco Silva? Responsabilidades sobre uma viagem em grupo? Deve ser para rir. Responsabilidades tem o governo português, que, numa inqualificável atitude, tem vindo a perseguir e a prejudicar sistematicamente a Guiné-Bissau no palco internacional. A que autoridades estará Cavaco Silva a dirigir-se? Será que não conhece a posição oficial do seu país?
O encarregado de negócios da Guiné-Bissau em Lisboa deveria declinar «diplomaticamente» qualquer convite posterior para se deslocar ao MNE a esse pretexto, significando ser o «negócio» matéria que o transcende, remetendo para futura acreditação de um embaixador, tais assuntos mais melindrosos.
O problema foi Portugal que o criou, ao cortar as relações com um país de língua portuguesa, onde possui uma importante comunidade, mantendo essa atitude para além do inimaginável, apenas por causa de uma «birra» infantil de um mentecapto do actual governo. Não queiram agora empurrar as culpas.
P.S. Se não fosse pedir muito, o senhor presidente poderia falar, isso sim, em termos genéricos, da catástrofe humanitária provocada pelos agitadores americanos, ingleses e franceses na Síria, que acaba por dar origem a estes tristes e lamentáveis casos para a dignidade humana. Congratular-se por terem escolhido Portugal, tão longe da sua origem (com a Grécia ali tão perto) e já agora, pelo jovem português de origem síria que veio selar este benefício de refúgio, que prestigia Portugal. Utilizar este caso, perante a Europa, para chamar a atenção para a tragédia que vive o povo sírio. Essa seria uma atitude humana, mas também inteligente, que prestigiaria a sua função, que gostaríamos de ter por nobre.
Ainda a TAP
A morte de Mandela fez-me lembrar o «apartheid»: que achariam se, depois de subir no autocarro, o motorista cobrasse bilhete e depois vos expulsasse, dizendo que o autocarro era apenas para boers? Então dissesse antes de cobrar o bilhete, ora essa! A TAP é uma transportadora. Não quer transportar, não venda os bilhetes. Ou os bilhetes também eram falsos?
Quanto à diabolização subliminar da Guiné-Bissau na comunicação social portuguesa: mais um caso de «passaportes falsos», de «desordem», etc... vamos-nos habituando às injustiças. Mas quererem à força arranjar um bode expiatório, permite-nos questionar: os referidos «turcos» saíram da Turquia (um país em vias de aderir à União Europeia), com esses mesmos passaportes «grosseiramente falsificados», para Marrocos, e só depois para Bissau: porque não agridem esses países, por «quebras graves de segurança»? Não têm cá embaixadores? Chamem-nos... criem incidentes diplomáticos... (ou há países de primeira e países de segunda?) para a Guiné-Bissau pode seguir o «lixo» todo (deviam ter mais cuidado com os discursos pois estamos a falar de pessoas!) que ninguém se importa, mas os turistas escolhem um «destino de prestígio» e cai o Carmo e a Trindade. E não estamos a falar de desgraçados, mas de gente que pode pagar (segundo as más línguas, vinte e cinco mil dólares per capita só do «carimbo» Bissau no passaporte «falso»). Para um país que agora vende Vistos «Gold», não se percebe qual é a moralidade, ou sequer qual a sensibilidade «económica».
Já quanto a Delfim da Silva, não se percebe porque foi a correr pedir desculpa aos portugueses. Quererá imitar o modelo do triste ministro dos negócios estrangeiros português? E esse encarregado de negócios é uma pessoa importante (muito acima de embaixador): priva muito em particular com ambos os MNEs!
Como português sinto-me beneficiado com o nascimento da criança de origem síria, em Portugal; com o défice de natalidade que por cá grassa (e tantas casas desocupadas para alojamento), talvez se devesse agradecer a estes pioneiros, e fazer uma proposta mais alargada aos sírios, entregando-lhes aldeias inteiras para restaurar... Quando voltassem ao seu país, acalmadas as coisas, deixariam os locais beneficiados. É gente que não precisa de muito e ficarão muito agradecidos... E já, agora, deixem-se de histórias de terrorismos muçulmanos (estes sírios são cristãos), e de generalizações abusivas, é só gente que pretende um pouco de paz, que não tem no seu país (se calhar devido à ingerência estrangeira).