quarta-feira, 6 de junho de 2012
7 e 7 são 14
Saudades dos tempos de unidade nacional... Amanhã comemorar-se-ão 14 anos do 7 de Junho, grande epopeia do povo guineense, numa segunda Guerra de Libertação.
Ver Ansumane furioso a tirar os galões, já com semblante carregado...
http://www.youtube.com/watch?v=TjmW5f_Zwoo
Grande reportagem de Carlos Narciso em Janeiro de 1999, com extensa entrevista a Tagma, de uma cativante humanidade e simplicidade:
http://www.youtube.com/watch?v=bQs4UUeuV5Y
Está na hora de acabar com as mortes. Só a merecida dignificação da carreira militar, o orgulho de pertencer a um exército invencível, poderão acabar com a tentação de usar o poder das armas para garantir algum rendimento (mesmo «sujo»)... É na tropa e na emergência de chefias claras e aptas, que se terá de procurar a solução para uma estabilidade que permitirá adquirir a necessária confiança dos investidores externos para um aproveitamento sustentável dos extensos recursos da Guiné, que economicamente beneficie todos os seus filhos e valorize a sua identidade no continente como um modelo, que já Amílcar Cabral sonhara.
A Guiné pode fazer muito melhor que Angola (onde, apesar da riqueza extraída do chão, a maior parte da população continua hoje a viver em condições de vida sub-humanas). Uma foto de Luanda...
Correndo o risco de parecer um disco riscado, os políticos deverão dar um exemplo de mérito e boa governação, evitando envolver-se em intrigas de quartel, numa promiscuidade que já revelou as suas funestas consequências. Evite-se a habitual arrogância do «quero, posso e mando»...
Agora que o leite já está derramado, conforme a figura utilizada pelo Chefe de Estado Maior, tirem-se os necessários ensinamentos. Chega de derramar sangue no chão sagrado da Guiné. Ou teremos de esperar mais 7, como na canção? É preciso um «namorado» a sério para a Guiné, mas alguém que goste dela a valer! Fartos de chulos.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Angola força a mão
O «anúncio» da retirada da MISSANG para começar já na quarta, esconde mais uma tentativa de forçar a mão... Está acertada a retirada do pessoal. A retirada do material não faz parte do protocolo.
Pretende Angola provar que estava de má fé quando enviou esse material de guerra pesado para a Guiné-Bissau? Nesse caso deverá indemnizar a Guiné-Bissau pelos danos causados ao país como consequência dessa atitude arrogante... uma boa forma de acautelar esse ressarcimento, será exercer o direito de retenção de quaisquer valores angolanos em território guineense, aplicando-o de imediato, tanto ao material bélico como às instalações da MISSANG.
Seria mais proveitoso para a imagem de Angola junto dos guineenses, se fizessem uma cerimónia solene de entrega do material; se se disponibilizassem para uma cooperação assente na reciprocidade e na igualdade entre as partes, sem tiques de superioridade, intenções veladas, interesses dúbios. A figura de um novo neo-colonialismo financiado pelo capitalismo selvagem dos petro-dólares não agradou aos guineenses, que continuam à espera de um pedido de desculpas...
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Tiro no pé II
Portugal sem representação diplomática na Guiné é uma grande confusão!
http://josepaulofafe.blogspot.pt/2012/06/guine-bissau-o-medo-de-pedir-o-agrement.html
Outro artigo do mesmo blogger, um pouco mais antigo, recuperando um slogan também já aqui usado: «Entradas de leão, saídas de sendeiro» (na altura, usámos palanca em vez de sendeiro, por nos parecer mais adequado)...
http://josepaulofafe.blogspot.pt/2012/05/entradas-de-leao-saidas-de-sendeiro.html
Dois coelhos de uma cajadada
Primeiro foi Ansumane. Depois Veríssimo. Depois Tagma, que tinha protagonizado o primeiro ritual de insubordinação na Presidência da República, onde punha e dispunha a murros na mesa; também tinha boas razões de queixa de Nino (não se faz a ninguém o que lhe este lhe mandara fazer...). Tagma foi morto por um explosivo (que segundo as investigações do inquérito seria de origem estrangeira): foi a primeira vez que um morto mandou matar um vivo? Fuzilamento. Terá Zamora sido apenas vítima do andar da carruagem ou, por outro lado, havia um maquiavélico plano para matar dois coelhos de uma cajadada?
Viva o Comando TravaMortes!
domingo, 3 de junho de 2012
Oportunidade para jornalista
Já o senhor Almirante talvez devesse completar a sua formação académica americana, por exemplo em Saint Cyr, aproveitando para se afastar um pouco de Lisboa e da situação em Bissau... Invista no seu futuro!
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Angola - Plataforma do capitalismo neo-liberal viola direitos humanos
O papel emergente de Angola, palavra-chave de um puzzle mais complexo, o redesenho do mapa «neo-colonial» de África, numa nova Conferência de Berlim «informal» século e meio depois, vem colocar novos desafios, traduzindo-se decerto em ameaças fulminantes, mas também em apetitosas oportunidades para o capital internacional, já habituado a uma forte dose de volatilidade no ramo. Petróleo e as riquezas minerais são o novo chamariz: quem lhe toma o gosto...
O Presidente Amadou Touré do Mali cometeu o erro de se esquecer da companhia francesa Total, na «avaliação» das potencialidades de petróleo e gás na bacia Taoudeni (entre a
Mauritânia e o Mali), recebendo 70 milhões de euros
da Petro Plus Angola Limited, a fim de esta poder fazer a
pesquisa, exploração, transporte e refinação de petróleo: Angola parece subvalorizar o papel dos franceses da Total, preferindo as multinacionais anglo-saxónicas
(Chevron, Exxon e Mobil), mas sobretudo esquecer que ainda há «áreas» de influência tradicionais.
Quando tenta alargar a sua área de influência além fronteiras, demasiado «além», numa ambição despudorada e desmesurada, Angola está a jogar um jogo identitário perigoso... por sua iniciativa ou mesmo quando chamada, como no Sudão do Sul, esta dispersão de interesses só poderá esgotar a vitalidade e o papel verdadeiramente promissor e construtivo que Angola poderia desempenhar no continente. Lamentável caso de estudo, o desperdício de uma nação...
Enquanto isso, o campeão da democracia, José Eduardo dos Santos, distribui uns kwanzas sujos a esquadrões da morte para eliminarem a oposição mais incómoda: num veemente e sentido apelo lançado hoje por antigos militares que apenas queriam manifestar o seu desagrado com condições de vida desumanas e falta de apoio do
governo angolano, numa manifestação que acabou impedida pelas autoridades; mas pior, dois dos dirigentes do movimento desapareceram. Um dos promotores do protesto, Tomás Artur Maria, dirigiu-se à imprensa assinalando os raptos, afirmando temer que os seus colegas estejam a ser torturados ou acabem por desaparecer sem rasto: "O povo já sabe que no
domingo foi detido o Álvaro Kamulingue e desde então não há rasto dele.
Na terça-feira, foi detido o dirigente máximo, Isaías Sebastião Kassule.
Estamos à procura em toda a parte, fomos a todas as esquadras da
polícia, mas os comandantes estão a negar toda a responsabilidade."
http://www.portaldeangola.com/familia-de-alves-kamulingue-continua-ser-saber-do-seu-paradeiro/
Guiné na cimeira extraordinária da SADC em Luanda
José Eduardo dos Santos, frente a vários presidentes e cabeças coroadas, começou o seu discurso de abertura da cimeira extraordinária da SADC em Luanda, hoje dia 1 de Junho, lembrando a convocação de eleições em Angola; fez o elogio da democracia, para em seguida se referir à Guiné-Bissau, para condenar o golpe de estado.
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/politica/2012/5/22/Discurso-Jose-Eduardo-dos-Santos-abertura-Cimeira-SADC-Luanda,66a91f02-a3b6-4dfd-ae45-5a7b6b9208bf.html
Compõem a SADC: África do Sul, Angola, Botswana, Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seychelles, Swazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Paulo Portas no Index
Ao abrigo do princípio da reciprocidade nas relações internacionais, deveria ser brevemente publicada uma lista de sanções a aplicar a personalidades portuguesas, proibidas assim de entrar na Guiné-Bissau, à cabeça das quais Paulo Portas, mas onde também constariam Cavaco Silva e António José Seguro, por desrespeito para com o actual Estado das coisas na Guiné e fomento da subversão da ordem pública em chão alheio.
P.S. Parece que só não se avança com a medida, pois seria tão ridícula como aquela tomada pela União Europeia.
António Patriota para Nobel da Paz
Brasil propõe nova Ordem Mundial
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, forte da experiência pela qual passou na Guiné, apresentou uma proposta defendendo novos modelos para a gestão internacional de conflitos armados, baseados no patriotismo e no diálogo, cujo conteúdo se aplica perfeitamente à situação na Síria, tal como aliás, se teria aplicado na Líbia, evitando assim a desgraça que todos vimos, o martírio de Sirte, guerra, violência e sofrimento na sua expressão máxima (e ainda tendo como efeito o agravamento das circunstâncias políticas, tal como no Iraque, Afeganistão, etc).
As razões de António Patriota parecem legítimas e levam-nos a questionarmos: devemos assistir passivamente à imposição de uma nova Ordem
Mundial baseada na agressão, no medo e num estado de guerra permanente? Não haverá uma responsabilidade ao proteger, baseada numa simples premissa: de que a cura não pode ser pior que o mal? Já São Tomás de Aquino, ao defender o direito à revolta, afirmava que uma das condições para «avançar» era a de não causar na sociedade uma perturbação maior do que aquela que se pretende remediar... Mas como aqui chegámos? Como se deu o colapso da ONU?
Com a queda do muro de Berlim gerou-se uma dinâmica de colapso
sistémico do império soviético; os Estados Unidos ficavam assim
vencedores da Guerra Fria, assumindo-se como única potência mundial.
Nesse
mesmo ano, o Iraque invadiu o Kuwait; a comunidade internacional
condenou a agressão numa atitude firme. Depois do sucesso da operação
Tempestade no Deserto, quando alguns generais americanos sugeriram a
destruição do exército iraquiano em retirada, o bom-senso prevaleceu na
Administração Norte-Americana: as suas tropas pararam na fronteira do
Iraque. O objectivo não era a mudança de regime no Iraque mas a
reposição da Ordem Internacional. O entendimento era de que a derrota do
ditador provocaria uma luta fratricida pelo poder, senão mesmo uma
guerra civil e a fragmentação do Iraque, sendo portanto contrária à
ordem mundial e à estabilidade da zona.
A partir desta atitude,
revelando comedimento e equilíbrio, a tendência parece ter sido para os
Estados Unidos assumirem um papel cada vez mais prepotente e arrogante.
Já sem rival à altura, as suas decisões deixaram de ser negociadas,
passando a ser cada vez mais impostas, recorrendo para isso ao seu poder
financeiro, diplomático e militar. Esta situação criou uma animosidade e
uma aversão crescentes, junto de identidades que se julgavam
severamente humilhadas, como a muçulmana em particular.
A
11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos, que nunca tinham sido
atingidos no seu território, sofreram um devastador atentado terrorista
conduzido por uma pequena célula, o qual superou, na escala do «orgulho»
ferido americano, o de Pearl Harbor, sessenta anos antes. Este facto
condicionou fortemente esta última década, com uma forte paranóia
securitária a tomar conta não só dos aeroportos, mas também das relações
internacionais, com a «invenção» pelos Estados Unidos de sucessivos
inimigos, continuando assim a alimentar os ciclos do ódio, da vingança e
do medo, sob a bandeira genérica de «Guerra ao Terror».
A hipocrisia parece ter-se
tornado senhora do palco internacional. Teme-se que a Síria seja um rastilho e são desesperadamente necessárias ideias novas, novos paradigmas diplomáticos e legais que evitem o pior... Deveria ser criada uma comissão para propor António Patriota para Prémio Nobel da Paz.
Ponto da situação na Guiné-Bissau
Sua excelência o Embaixador Francisco Henriques da Silva, que representou Portugal na Guiné na guerra colonial como soldado; e depois no período da Guerra de Libertação da Junta Militar, como diplomata, deu uma conferência na Sociedade Histórica da Independência de Portugal sobre a situação no país (aproveitou para prometer para breve um livro sobre a sua experiência em Bissau nos anos 1997/99...).
Permitam-me que realce dois pontos notáveis:
«Os golpistas vão beneficiar do factor tempo e este é a melhor panaceia
para todos os males e para a resolução de todos os problemas. A Nigéria e
as francófilas Costa do Marfim e Senegal ganharam a partida, mas Angola
estava, claramente, a jogar out of area. O golpe consolida-se com cada
dia que passa. Um governo acaba de tomar posse. Os militares afirmam que
vão regressar às casernas. Entramos, pois, na via da “normalização.”»
«Por muito que Cadogo, Portugal, Angola e “tutti quanti” queiram, é
virtualmente impossível que os dirigentes depostos regressem ao poder.
Nem isso faria muito sentido, mesmo que fosse exequível»
Fica a curiosidade em relação ao seu novo livro, esperando que se autorize a contar os meandros das intrigas decorridas em Lisboa entre os espiões partidários de Nino Vieira e os apoiantes da Lusofonia, encabeçados pela pessoa do então bastante activo Secretário de Estado para a Cooperação... E de como se deu uma subtil, mas firme e sustentada, alteração do sentido da opinião pública portuguesa, inicialmente a favor da «legitimidade democrática».
P.S. Caro Senhor Embaixador, uma vez que referiu a actual «blogosfera», mosca tsé-tsé residente dispõe de um arquivo digital da guerra «virtual» travada na Internet (no período em causa 1998/99), sobretudo através de Fóruns de Discussão, que coloca desde já à disposição de Vossa Excelência.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Os cães ladram e a caravana passa
Interessante artigo sobre a Guiné-Bissau de um jornalista angolano, a propósito da extensão das sanções da UE a mais quinze nomes a anunciar amanhã no jornal oficial...
http://altohama.blogspot.pt/2012/05/ue-nao-sabe-o-que-diz-e-nao-diz-o-que.html
A UE afirma ainda não reconhecer o Governo de Transição por este «estar aparentemente sob o controlo dos militares».
Angola desmente adiamento
Segundo a Reuters, afinal parecem ter sido ultrapassadas as «dificuldades de ordem técnica» que se anteviam para a retirada da MISSANG, tendo Angola negado os insistentes rumores de adiamento da partida do seu contingente militar, apressando-a para começar já este fim de semana prevendo que se possa prolongar no máximo até 10 de Junho, dia de Portugal e das Comunidades de Língua Portuguesa. Esperemos que sim.
Quatro aeronaves vão estar envolvidas na operação. Já o igualmente anunciado navio... talvez se fique apenas pelas intenções. Parece uma medida razoável, não adiar mais a resolução de uma situação desconfortável para todos os envolvidos.
Tentativa de manipulação mediática
A LUSA emitiu ontem, dia 30 de Maio, dois comunicados sobre a Guiné-Bissau, sem aparente correlação formal: no entanto, ambos se referem a embaixadores nesse país.
O primeiro anuncia a decisão de Portugal de retirar o seu Embaixador de Bissau, cuja reposição condiciona ao retorno da ordem constitucional no país.
Numa atitude mais construtiva, o embaixador da França na Guiné-Bissau, recebeu o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, dando conta das expectativas da França quanto ao cumprimento do Roteiro do Governo de Transição, o que foi objecto de um segundo comunicado.
Nesse comunicado imputa-se ao diplomata a utilização no seu discurso do termo «imperativos», emprestando-lhe assim muito convenientemente um tom de diktat, próprio para acirrar ânimos anti-gauleses. Não parece muito provável que o senhor Michel Flesh, como diplomata de carreira, formado em Estudos Políticos, cometa gaffes tão grosseiras como aquelas que o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal tem vindo a cometer neste dossier. Se utilizou a palavra, deve ter sido noutro contexto, sem o relevo que lhe quiseram dar. Ainda bem que o jornalista deixou o rabo de fora, utilizando aspas...
A mensagem «de despedida» para os guineenses não poderia ser mais clara: «Olhem que os franceses são mais mandões que nós». Talvez os dois comunicados pudessem ter sido sintetizados num só, com o título: Portugal sai, França entra. Mais um tiro no pé de Paulo Portas.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Temporização indecente e improcedente
Angola estará porventura a fazer um erro de cálculo, nesta terminal tentativa de se agarrar ao chão. Ango-lapa não larga rocha. Firme que nem rochedo. No entanto, mais vale dobrar do que quebrar. Partir da Guiné ou partir tudo na Guiné?
Jogo perigoso, contra o tempo, que não joga a favor de José Eduardo dos Santos... Só aumenta mesmo a sua exposição à incerteza, até porque a imprensa internacional parece ter finalmente levantado a lebre da MISSANG, como principal factor do berbicacho.
A CEDEAO tem dificuldades em mandatar de forma precisa e em capacitar os seus representantes, demasiado complacentes face às contrariedades relativamente a objectivos básicos: como é possível que numa reunião para tratar de pormenores simples, se deixem enredar nos subterfúgios de Angola?
«Dificuldades técnicas»? Estarão a brincar? É de mau gosto. 3 viagens charter do mesmo avião e 10 idas e vindas (10m) do mesmo autocarro seriam suficientes... Porque se armam em esquisitos? Agora só saem se o autocarro tiver ar condicionado? Não estão em posição de condicionar...
Para quê tentar travestir a situação que já todos perceberam? Só chamam ainda mais a atenção! Que falta de fair play e de «recreio»! A provocar? É o princípio do chicote em funcionamento, mas se a CEDEAO abdica de cumprir o papel essencial com o qual se comprometeu, apenas demonstra, neste momento crítico, uma inoperância perigosa (para além de uma forte possibilidade de serem dispensados como incompetentes).
E, em último caso, voltar-se-á à casa de partida, com nova subida da tensão... Brevemente, com toda a provocação, a benevolência inicial para com os cambas assumirá cambiantes de merecida humilhação, com uma marcha forçada, apeada e apenas com bagagem «de mão». Não esperem pelo último barco...
Adiamento sine die e unilateral de uma retirada anunciada? Parece muito má opção, atendendo ao contexto politico e militar. O Comando Militar ver-se-á assim obrigado, mesmo que a contra-gosto e a título de estado de excepção, a voltar a sair das casernas para assegurar a soberania nacional.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Pistas de Zamora apontam novamente Banjul
Sim, o jogo de comunicados e contra-comunicados continua, agora pela voz de Ensa Jawara, porta-voz do Ministério da Imigração da Gâmbia em declarações à France Press. Zamora estaria em Banjul em guarda à vista...
Parece o jogo do empurra.
Sem comentários II
À margem da inauguração da Embaixada de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, os jornalistas confrontaram Paulo Portas com as declarações de Daba Na Walna, que o acusara pessoalmente (e não Portugal) de leviandade (mais que provada com a Missão Manatim). Resposta do já referido: _«"Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas». Pois o senhor Ministro defende-se de uma acusação pessoal falando em nome de Portugal? Porque não respondeu antes «Não entro em controvérsia com autoridades que Portugal não reconhece. A resposta é esta» Pequena, mas fulcral nuance. É, no mínimo que se possa dizer, falta de tacto, para um ministro dos Negócios Estrangeiros; no entanto, dado o carácter reincidente da forma como o faz, raia cada vez mais o insuportável. Ainda bem que os guineenses já aprenderam a distinguir o que vem de si, sem o associar a Portugal e aos portugueses (se bem que actualmente completamente manipulados por um «consenso» podre dos meios de comunicação social e dos partidos com representação parlamentar).
Arrombar Portas à machadada, Miguel?
Didinho insurgiu-se! E com razão. Chama «terrorista» a Miguel Machado, autor de uma triste (senão mesmo ofensiva para os guineenses) coluna de OPINIÃO no DN desta segunda-feira.
Este, se tem razão quando faz o diagnóstico da situação: nomeadamente quanto ao ridículo em que caiu o «inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português», apontando ainda «a precipitação inicial» e «uma politica de comunicação confusa, senão
perigosa»; por outro lado, quando acaba esse diagnóstico e emite a sua OPINIÃO, vira uma verdadeira desgraça, entrando em puro delírio militarista, sugerindo a Paulo Portas que accione a NATO! A NATO foi desenhada como uma organização defensiva (e é um pouco forçado situar a Guiné no contexto geo-estratégico do Atlântico Norte)... aliás, tal como a CPLP nunca teve (até à era Paulo Portas), nos estatutos ou na prática, qualquer competência seja de «restabelecimento da ordem constitucional», seja sequer de «interposição» ou «manutenção de paz» (ainda para mais através da força das armas). Pelos vistos, a missão no Afeganistão deu-lhe a volta à cabeça, sr. Tenente-Coronel! Aterre com os pés no chão...
«Só falta convencer a NATO»?
Sem comentários.
Zamora desaparecido entre Ziguinchor e Banjul
A Gâmbia acaba de negar oficialmente a entrada de Zamora. Por exclusão de partes, Zamora parece estar realmente retido no Senegal, que faria bem em confirmar a recepção da encomenda: o novo Presidente deverá pessoalmente garantir a segurança do seu convidado (tal como parece ter ordenado a sua captura) não vá entretanto acontecer-lhe alguma coisa, pois há muita gente em Lisboa que, à falta de poder desfrutar da sua companhia, estaria interessada na sua eliminação física...
http://thepoint.gm/africa/gambia/article/gambia-has-no-knowledge-of-g-bissau-ex-army-chief-minister
O coitado do Sr. Almirante já deve estar farto de ser interrogado... a esta hora deve estar um pouco confundido: as informações, para além dos dois anos de «décalage» devido ao seu afastamento, sofrerão decerto com isso.
Preocupação justificada
A Guiné-Bissau, pela voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os
Direitos Humanos, Navi Pillay, ocupou hoje, Segunda-Feira, a uma do
Centro de Imprensa das Nações Unidas.
A situação parece realmente preocupante, mas talvez se devesse reflectir em torno das suas causas. De quem é a culpa da situação?
Será de Angola? Pela ingerência grave? Será de Portugal? Por seguir canina e obedientemente o seu retro-colonizador e ter criado um clima de medo e insegurança? Dos restantes membros da CPLP que «deixaram andar» num primeiro tempo e estão custosos de emendar a mão? Dos arredados do poder, aqueles que tentam radicalizar as posições, inviabilizando consensos, tentando desesperadamente recuperar «na secretaria» o poder que perderam por inépcia criminosa e que agora apelam à desobediência e à guerra civil? Dos comerciantes que açambarcam as mercadorias?
O Comando Militar, como cooperante do Acordo Político, se não detém já toda a responsabilidade pela calma e paz social, que agora partilha com o Governo de Transição, continua responsável pela ordem pública, que tem religiosamente conservado, com o apoio da maior parte da população, cuja maior aspiração é a de que não haja vítimas a lamentar. Essa é, até agora, a maior coroa de glória do Comando Militar.
Lembre-se que a actuação do Comando tem sido firme e clara: mantém-se, sob a sua responsabilidade, toda a liberdade de opinião e de expressão, mas está proibida qualquer manifestação pública. Quando a Alta Comissária afirma que tem conhecimento de relatos «de violações dos direitos humanos» incluindo:
1) «a repressão violenta de uma manifestação pacífica»: estará decerto a referir-se à «oportunamente» ocorrida esta sexta-feira, 25 de Maio, à frente da sede das Nações Unidas em Bissau; no entanto, essa manifestação era tudo menos «pacífica», destinava-se a perturbar as negociações em curso nesse momento, nessas instalações, apoiando uma das partes (note-se que o Comando também proíbe manifestações de apoio), tendo-se registado apenas um ferido com pouca gravidade. Grave seria expor os senhores diplomatas e negociadores, por quem o Comando era responsável.
2) «liberdade de expressão?»: o exemplo da Ditadura do Consenso (claramente anti-Comando, e estou a ser simpático) fala por si
3) «saques»? só no próprio dia 12 de Abril, por o Comando ainda não ter assumido a sua responsabilidade, tendo desde aí agido em conformidade
4) «detenções arbitrárias»? mesmo considerando arbitrárias as prisões do Presidente e Primeiro-Ministro, como dar um golpe de estado responsável de outra maneira? além disso, já foram libertados, devemos portanto concluir pelo «non lieu» da acusação; a única detenção que continua, de um Secretário de Estado, foi justificada pelo Comando por subversão activa e tentativa de contratação de agitadores guerrilheiros na região de Casamança.
Talvez a Alta Comissária, com tanto trabalho por outras bandas do mundo (não resisto a apontar Angola, como exemplo, onde o seu trabalho poderá ser bastante útil, para onde deveria mandar já observadores com o objectivo de prevenir violências estatais pré-eleitorais) se acanhe um pouco nestes comunicados bastante vistosos e alarmistas mas muito pouco rigorosos...
segunda-feira, 28 de maio de 2012
CPLP = Fantoche
Sim, Zédu$ compra tudo: quintas, bancos, economia, consciência...
http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/cplp-nao-passa-de-uma-marionete-de-jose.html
Mas terá de responder: depois da humilhação pela qual passará em Bissau, já nem em casa o vão aturar.
Apoio alimentar da China
domingo, 27 de maio de 2012
Chegada do contingente nigeriano
Entretanto, a confusão quanto ao destino de Zamora continua, com versões contraditórias. No entanto, o diário senegalês de referência Le Quotidien, mas também Le Senegalais, acrescentaram na edição de hoje pormenores que parecem credíveis, referindo que terá sido uma das primeiras ordens directas (e instantâneas) do próprio Presidente, Macky Sall, no seu novo cargo. O que parece ter existido foi uma verdadeira corrida na caça ao homem, entre Sall e Yammeh, pela obtenção de informações... com jogadas de contra-informação pelo meio; neste contexto, no mínimo estranha parece ser a «informação» de que Zamora procuraria «nova identidade» em Ziguinchor, o que revela indícios de que a Gâmbia terá escritórios «para-diplomáticos» em Casamança... Sall parece querer dar um sinal claro de que não quer ficar a ver «passar os navios»: homem bem informado sobre as questões geo-políticas-estratégicas-económicas, que fez a sua carreira em torno do Petróleo dessa zona, «roubou a chupeta» a Yammeh... Terá de se haver agora com os Estados Unidos, pois Zamora era o seu menino bonito. Zamora caiu claramente numa armadilha, tendo medido mal as consequências da sua desadequada e mal preparada fuga: bu ta sai da pilon, bu cai na balai?
http://www.lesenegalais.net/index.php/actualites/items/macky-ordonne-larrestation-de-lex-cemga-de-bissau.html
sábado, 26 de maio de 2012
Senegal prende Zamora e Fernando Gomes
Apanhados pela Polícia num carro com mais duas pessoas, sem documentos legais de saída da Guiné-Bissau, onde estavam refugiados na Delegação da União Europeia, deverão ser extraditados de volta para as «raízes», a pedido do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, através da embaixada em Dakar. Notícia insuspeita no Le Monde.
http://www.lemonde.fr/afrique/article/2012/05/26/l-ancien-chef-de-l-armee-bissau-guineenne-arrete-au-senegal_1707953_3212.html
Refira-se que Zamora, ao contrário de Fernando Gomes, não consta da lista de pessoas proibidas de sair do país... De qualquer forma, existem agora no país condições de segurança para que não seja necessário refugiar-se em lado nenhum, como teve que fazer ainda durante o antigo regime de Carlos Gomes Junior; nem se percebe para que foi alinhar numa «evasão» ilegal, se teria bastado pedir tranquilamente um visto para Dakar... As informações são contraditórias, outras fontes dizem que realmente o grupo dormiu em Ziguinchor mas que se teria depois dirigido para a Gâmbia, onde se ignora se chegaram.
A brincar com a tropa?
A tropa portuguesa, pela voz da AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas, reagiu contra a brilhante «ideia» de contenção proposta pelo Ministro da Defesa, de «acomodar» pelos três ramos os custos da operação Manatim, depois dos cortes radicais no Orçamento já sofridos. Aviso de quem só vos quer bem: paguem, rapidamente e em força! A prudência fica bem é antes de activar a força, não é depois dar o Estado em mau pagador e caloteiro. É que quem tem as armas pode lembrar-se de seguir o brilhante exemplo da Guiné-Bissau...
Reuniões «frutuosas»
O mesmo adjectivo foi usado, em Lisboa e em Bissau, para descrever os trabalhos de reuniões em torno da situação na Guiné-Bissau. Manga di fruta. Ou seja, bué em angolano.
Em Bissau, concretizou-se a reunião entre CEDEAO e CPLP, sob os auspícios da ONU, os tais «novos canais»; no entanto, não foi autorizada qualquer entrevista dos participantes, tendo apenas sido referido o aspecto «frutuoso» das conversações. Parece um silogismo adequado para descrever um encontro com surdos (mas não mudos: são donos do mundo e não mudam uma vírgula).
Em Lisboa, uma iniciativa organizada pela eurodeputada
socialista Ana Gomes no Centro Jean Monnet juntou eurodeputados e os 4 da vida airada (numa representação de luxo de ex- tudos: Presidente, Primeiro-Ministro, Ministro dos Negócios
Estrangeiros e Embaixador) os quais de Belém ao Rato não se cansam de marcar presença. No final Carlos Gomes Júnior declarou
aos jornalistas que "Esta reunião foi bastante frutuosa para
demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído
das urnas".
Note-se a incongruência de exigir o «retorno do Governo saído»: podiam também pedir ao contrário, a saída do Governo entrado, que ia dar ao mesmo... Parece pouco adequado estarem a decorrer conversações em Bissau e conferências paralelas «contraditórias» em Lisboa. Já quanto ao ex-Primeiro-Ministro, não se compreende em que se baseia para a sua afirmação quanto às «exigências do povo»: pubis ka burro.