domingo, 12 de abril de 2015

Subida de tom

Com dois recentes artigos de opinião, sobe no Club-K o tom das críticas ao Director do Jornal de Angola. Mais do que o repugnante mercenário, é o próprio regime que é colocado em causa. Basta ler os comentários, para se perceber que a paciência dos angolanos está a chegar ao fim.

Ângelo Kapwatcha

Raúl Diniz

sábado, 11 de abril de 2015

O Adão saltão

As caricaturas com que os conservadores opositores do evolucionismo brindaram Darwin, se podem ser consideradas dignas de Charlie (ou o homem não se chamasse Charles), eram claramente redutoras, resumindo a evolução do homem, que queriam ridicularizar, apenas a partir do macaco.

No entanto, recuando ao tempo dos dinossauros, já por cá andava um nosso longínquo antecessor, um minúsculo ratinho numa terra de gigantes. Olhando para a escala da comparação, ninguém daria nada pelo insignificante ratinho, ao lado da impressionante imponência dos seus rivais. No entanto, os dinossauros já cá não andam e nós por cá nos mantemos. Então, como justificar essa promoção? É que o ratinho tinha feito uma aposta estratégica na adaptabilidade: o seu cérebro era proporcionalmente muito maior que o do dinossauro, que afinal, e apesar da dimensão, não passava de uma máquina demasiado especializada e dependendo de circunstâncias muito específicas do seu nicho ambiental.

[A metáfora do ratinho pode representar um óptimo contributo para uma reflexão estratégica da Guiné-Bissau. Sugiro o slogan «Small is beautiful».]

Mas, recuando ainda mais na nossa árvore genealógica, quem podemos encontrar? O Adão saltão! Sim, a vida animal nasceu na água e só depois migrou para terra. Os nossos ágeis braços foram-nos legados beneficiando do maravilhoso património genético das barbatanas do saltão, o rabo de peixe deu lugar a pernas robustas... Bela imagem, escolhida pela Presidente do PUSD, para ilustrar, recorrendo ao imaginário nacional, a ideia da necessidade de uma mudança radical de atitudes, fazendo o elogio da capacidade empreendedora, a todos os níveis da sociedade, num discurso subordinado ao tema Juventude Partidária e Empreendedorismo.

Destaco o seguinte parágrafo, como inspiração para o «salto epistemológico», e não só na Guiné:

«Gostaria de alertar para os riscos de uma visão do desenvolvimento assente na exploração desenfreada dos recursos naturais, pela forte dependência económica que cria em relação às flutuações das cotações das matérias-primas. Preferimos, à ganância de querer explorar e gerar receitas a qualquer custo, UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO MAIS CONSCIENTE E HARMONIOSO, atento à igualdade de oportunidades, à coesão social e, por essa via, à sua sustentabilidade para as gerações futuras.»

PGR angolano declara Estado de Sítio


Recapitulando:

1) Cidadãos são presos nos actos preparatórios para o exercício de um Direito constitucional

2) Mesmo transformando arbitrariamente esse Direito em Delito, a tentativa de incriminar os suspeitos carece de fundamento. Quando se afirma que não houve flagrante, mantém-se no ar a ideia da existência do delito. Não é preciso ser viciado em romances policiais para se perceber que a Polícia garantiu o alibi perfeito ao «bandido», pois este estava preso à hora do hipotético crime. Tal como aconteceu hoje, aliás, com outros activistas.

3) A prisão, duplamente ilegal, mantém-se apesar da convicção de que qualquer acusação que daí advenha não passará de um não lugar, para já não falar das considerações humanitárias relativas ao estado de saúde dos detidos. O PGR assume razões de Estado para encobrir o caso...

Dividido entre a sua consciência judicial de se encontrar perante uma óbvia ilegalidade e as instruções políticas superiores recebidas em contrário (contrariando a sua independência formal e validando a tipologia ditatorial do regime), resolveu o dilema publicando-o em forma de despacho:

«A detenção é ilegal por não ter sido efectuada em flagrante delito. Mas considerando as circunstâncias políticas do território, valido a detenção».

Validar a ilegalidade? Assim, com um simples «mas considerando» (sem vírgula, sequer)? E o senhor Procurador entende que, nessas circunstâncias, seja possível continuar a considerar Angola como um «Estado de Direito»? A meu ver, o despacho é digno de um Estado de Sítio!

Câmbio: de casa para a rua

Verdades insofismáveis, mesmo se apresentadas sob forma de reivindicação corporativa: as casas de câmbio reclamam uma fatia do bolo (cada vez mais apetitoso) que consiste no acesso ao diferencial de câmbio. Como é possível que a segurança do Estado tenha deixado passar esta ameaça? Estas coisas não são para se dizer em público, desmentindo a versão «oficial» da abundância de dólares!

Se o petróleo anda pelas ruas da amargura, até o câmbio desceu à rua... porque não hão os cabindas de o fazer também? Os argumentos utilizados para a proibição da manifestação de hoje, dia 11, mais do que falaciosos, como é hábito, são falsos. Não faltando a costumeira ameaça implícita do terrorismo de Estado contra os seus próprios cidadãos, emprestando força de recolher obrigatório à simples proibição de manifestação.

O grupo de promotores signatários apresentou e datou a comunicação exigível quatro dias antes, dia 7 de Abril; o próprio Club-K publicou o documento logo no dia 8: como podem as «autoridades» ocupantes dizer que não tomaram conhecimento atempado, se, por essa altura, a convocatória até já era do domínio público? A «decisão» de proibição, para além de ilegal, apresenta-se fundamentada numa mentira: é o cúmulo da arbitrariedade, contra a qual se insurge o Padre Congo em declarações à VOA: «Ninguém é eterno. Acredito que esta juventude pode ter a última palavra a dizer na construção de uma nova Angola.

Em vez do acesso ao câmbio do dólar, talvez os lesados devessem reclamar o câmbio do responsável.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Os 3R's

É preciso encarar o futuro com RESPONSABILIDADE e RIGOR.

RAIVA => REVOLTA => REVOLUÇÃO

Domingos da Cruz

Marcos internado de urgência, em reanimação cardíaca

Os fardos que o regime carrega estão cada vez mais pesados. Os cabindas perderam o medo. Se algo de grave acontecer ao activista MM, devido a estas circunstâncias, vai tornar-se num marco decisivo na queda de José Eduardo dos Santos. LUSA

Até amanhã!

UNITA denuncia política cambial

«Os níveis reais de liquidez da economia e de sustentabilidade das finanças públicas são desconhecidos e as explicações dadas pelo executivo não são convincentes. O facto é que os preços sobem todos os dias, o kwanza baixa todos os dias, os níveis de desemprego sobem todos os dias, o sistema bancário falha todos os dias, e a corrupção aumenta todos os dias. Os angolanos precisam de saber a verdade» LUSA

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Millenium reconhece importância do Club-K

Em boa altura o Millenium vem reconhecer a vital importância do Club-K, dando voz aos oprimidos e contribuindo para denunciar as barbaridades do regime. Apesar do tom de donzela ofendida (decerto sob o alto patrocínio do Presidente da República), o Banco dá razão à reclamação: ou seja, está criado um precedente de subversão da «ordem». Se o problema, muito bem levantado pela senhora Dona Maria Odete, foi resolvido a contento da reclamante, poderá servir de exemplo a outras pessoas na mesma situação. Dos 186 milhões de dólares extorquidos durante o mês de Fevereiro, só uma gota no oceano (uma num milhão) foi resolvida (160€). A declaração roça o ridículo, quando o gerente puxa dos galões (num estilo very typical do sistema político local), sugerindo que um telefonema teria resolvido o problema pela raiz... Será que se esqueceu que foram os seus funcionários, ao balcão, que sugeriram à senhora para reclamar? O que o chateia, sei eu: é que se a senhora não tivesse «aberto» a carta (e não houvesse o Club-K), bem podia esperar sentada que os meandros burocráticos do regime corrigissem a flagrante injustiça. Por sua vez, a resposta «aberta» é esclarecedora e altamente reveladora das brechas que o regime já não consegue esconder.

Viva o Club-K!

Cartoon

A recente polémica com os Direitos de Autor (de cartoons e não só), entre o Jornal de Angola e o Club-K, deu-me vontade de me armar em «Charlie».


Declaração de Exclusão: como legítimo proprietário dos Direitos de Autor conexos, declaro livre a sua cópia e reprodução, à excepção do Jornal de Angola.

Mensagem IBD

Os Intelectuais Balantas na Diáspora lembraram hoje no seu FaceBook um artigo do seu blog, que, se bem que já tenha mais de dois anos, continua sempre actual.
Intitula-se OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BOA CONVIVÊNCIA

No qual incentivam «o Povo Guineense, qualquer que seja a sua Etnia, para adotar boas práticas sociais, no relacionamento uns com os outros, para tornar a Sociedade Guineense cada vez melhor, no seu trato mútuo, sem ofensas de qualquer natureza, sem intenção maldosa, porque são os bons sentimentos de Cidadania que tornam a Sociedade melhor, abrindo o caminho para o seu Desenvolvimento Saudável, quer do ponto de vista humano, quer económico e político».

Os custos da farsa

Singela petição, sob a forma de uma reclamação em carta aberta, de uma cidadã (portuguesa, mas que resistiu em Angola) revoltada contra o banditismo organizado pelo Estado, roubando-lhe a magra pensão que Portugal lhe concede em €uros, convertidos à força em (anti)moeda local. Bastante elucidativo da farsa monetária do regime: por 160 euros por mês, não era necessário passar por esta vergonha! Os magnatas do regime passeiam descaradamente com malas de milhões por Portugal (corrompendo tudo à passagem... em Portugal fazem-se leis contra a lavagem de dinheiro, mas estas não são aplicáveis a essa escala, claro), mas uma viúva a quem o MPLA roeu os ossos do marido e entregou o filho num caixão (piloto da Força Aérea) não merece um pouco de consideração? A «vitória» da «paz», contada à moda oficial, sem espaço para discussões, construiu-se sobre o sangue dos angolanos, agora desprezados pelos garbosos donos da história.

Diz o BNA «No mês de Fevereiro, os bancos comerciais adquiriram divisas no valor de USD 1.831 milhões no mercado cambial, das quais USD 1.645 milhões ao BNA e o restante aos seus clientes.» Fazendo a diferença, ficamos portanto a saber que, ao longo desse mês, 186 milhões (cerca de 10% do total - incluindo, claro, os 160€ de Maria Odete) foram extorquidos a pequenos clientes , particulares que recebem módicas transferências do exterior por via bancária (e, embora já estejam a pensar nisso, ainda não conseguiram arranjar forma de transferir o dinheiro em verdadeiras notas - é um retorno à «idade da pedra», desacreditando o sistema bancário nacional - evitando este sistema predatório, altamente abusivo, lesivo dos direitos do consumidor e cuja «legalidade» é muito discutível). E quem é, claramente, o destinatário da carta aberta? É obviamente o «camarada» Presidente e responsável político.

José Eduardo dos Santos, um homem medianamente inteligente (se bem que com o miserável defeito de gostar de se rodear de medíocres chapados que lhe bajulam a vaidade) já deveria ter percebido que seria muito mais esperto, da sua parte, deixar o mercado fazer o seu papel, nesta questão do câmbio. Insistir na manutenção de uma taxa de câmbio artificial, é dar um tiro no pé e contribuir para a desvalorização mental da sua própria moeda, criando uma extensa «terra de ninguém» entre o câmbio oficial e o informal, fomentando o mercado negro e a induzindo inflacção interna, uma vez que a «diversificação» da economia é uma miragem, com o país completamente dependente das importações, como evidenciam os vários recuos do executivo, na questão das quotas. Entretanto, zonas cinzentas de decisão potencialmente corruptoras são transferidas para os bancos, a quem cabe gerir (em conluio com as «autoridades») o maná, que se traduz num imenso poder discriminatório: a quem trocar (ou não) as cada vez mais parcas divisas... Claro que os grandes clientes terão preferência. Se por acaso soubessem naquilo que Angola se haveria de transformar, será que aqueles que combateram nas fileiras de José Eduardo dos Santos, o voltariam a fazer? É um longo historial de ideais descartados, com um gosto amargo a desencanto.

A mentira, repetida vezes sem conta, anestesiando os ouvidos. Como é possível apresentar números para a inflacção de Fevereiro de 0,76% e esperar que as pessoas acreditem nisso, se vão ao supermercado e sentem no bolso o peso da realidade? Apenas para amostra, a cerveja Super Bock (importante fatia do orçamento familiar) teve, no mesmo período, uma inflacção de 100%! Com uma inflacção galopante (mesmo «medindo» esta pelo câmbio oficial ao dólar, ou seja, subestimando-a generosamente, é de mais de 10% no último semestre!), e uma amplitude tão grande em relação ao mercado informal, é curioso que o BNA continue a colocar junto do «público» Títulos do Tesouro (com juros muito inferiores à inflacção real esperada). Em suma, o sistema bancário angolano está a tornar-se numa verdadeira farsa, assente em mentiras «administrativas» assente sobre a inexistência de contraditório (e de inteligência, aliás) nos meios de comunicação estatais e uma putativa ausência de sentido crítico: uma vida mental vegetativa, preconizada pelo regime como fórmula de controlo social do povo angolano.

Infelizmente, há coisas que josé eduardo Deus santos não consegue controlar, por «definição» (para além, claro, da internet): o preço do petróleo e a moeda!

Para ensinar às crianças a não mentir, conta-se a história de Pedro e do Lobo, que pode ser sintetizada no provérbio: «Tantas vezes o cântaro vai à fonte, que...

Sociedade civil sai à rua

No próximo Sábado, os cabindas saem à rua em peso para dizer BASTA, desafiando a política do bastão de José Eduardo dos Santos.

Por favor, partilhem !tempestivamente! as fotos desse importante momento histórico, anunciado em comunicado publicado pelo Club-K.

Viva a internet em tempo real.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Palavras bem escolhidas

A Lusa  agora «factura» serviços de propaganda ao regime angolano. No entanto, o simples facto de publicar um artigo como este, é altamente revelador. Gato escondido com rabo de fora... Não é muito difícil de adivinhar a razão pela qual as autoridades monetárias angolanas fizeram a encomenda: julgarão que a procura «extraordinária» de dólares é «psicológica»?

Mas é preciso dissecar o documento, para compreender bem o que está em causa e desmascarar a incompetência (para não falar em corrupção - no mínimo moral) que, com origem no campo político, contaminou o meio jornalístico luso. Os «jornalistas» da Lusa não só papam o «panorama» estabelecido pelo Banco de Angola, sem fazer perguntas, como estudaram muito bem as palavras, em ordem a um efeito emocional pretendendo minimizar o assunto.

Para todos os efeitos, estamos perante uma descarada tentativa para manipular o leitor: vamos apenas assinalar alguns pormenores «estranhos» que poderão dar que pensar.

1) O título: escolhido para atrair os «profetas da desgraça» (para retomar uma expressão cara a Cavaco Silva, quando era Primeiro-Ministro - pensando retrospectivamente, os Bandarras sempre tinham razão, atendendo à situação calamitosa em que se encontra Portugal). Pelos vistos, surtiu efeito, uma vez que Club-K e o Angola24Horas publicaram... Como prevalece a constatação de que as coisas estão mal, pretende despertar no leitor uma motivação quase mórbida: «deixa lá tentar avaliar em que medida isto está realmente mau»...

2) Claro que, logo em seguida, essa ideia (antes que se instale) é virulentamente combatida... Pode suspirar de alívio: afinal a «descida», que tornava o título tão apelativo, é de menos de 2%... No entanto, os dados apresentados referem-se à comparação de Dezembro com Janeiro (nunca sendo muito claro se a 1 ou a 31, mas enfim), ou seja, antes de a crise «estalar». Para além disso, a Lusa deveria explicar qual o valor acrescentado do artigo, uma vez que, para além da moldura de propaganda rasca, com que o revestiram, é um simples copy/paste deste outro artigo, de há um mês atrás.

3) Mais engraçado é que há dados que permitiriam actualizar o panorama apresentado, estão publicamente disponíveis para os dois meses seguintes aos apresentados, constando de relatórios publicados semanalmente, tendo-lhes a própria Lusa dedicado há pouco tempo um artigo. Porque não completar a série estatística, emprestando outra frescura ao assunto? Coisa que não passou pela cabeça dos jornalistas... Mas não é de estranhar, pois se receberam, decerto que não foi para pensar...

4) Há tiques soviéticos que não escapam a um leitor minimamente atento: «as reservas angolanas de ouro, que em dezembro subiram para quase 79,291 mil milhões de Kwanzas». Se eu tiver 79 ovelhas, posso dizer que «tenho quase 80». Agora dizer que subiram para «quase 79,291»? Sim, sim, ó melga! Por que razão tudo é apresentado em dólares e convertido (à taxa do dia) em euros, excepto precisamente o ouro, cuja cotação é convertida em Kwanzas (ainda para mais, recuando aos dados de Dezembro)? É apenas para parecer mais (porque o Kwanza desvalorizou)... repare-se que os «efeitos» funcionam todos no mesmo sentido «adjectivante», tendencioso e anti-jornalístico (quanto ao ouro, diga-se que, ao actual ritmo de execução das reservas, de 300 milhões por semana, duraria pouco mais de 15 dias).

5) Apesar da opacidade que o regime alimenta quanto à composição das suas RIL, vem agora o Banco de Angola revelar (naquilo que se pode considerar como a única novidade propriamente dita em todo o artigo) que estas incluem, para além de disponibilidades (efeitos facilmente negociáveis, como o dólar, o euro ou o ouro), outros tais como «obrigações de curto prazo» e «aplicações sobre não residentes». O Banco de Angola, ao não publicitar em que proporções se repartem as reservas (excepto o ouro, calculado com grande precisão mas à cotação do dia - embora não se saiba de qual dia - seria mais científico que dissessem o peso, depois quem quisesse fazia depois as suas contas, à cotação do momento), pode contribuir para alimentar fundadas especulações quanto à liquidez dessas reservas, que escondem nos seus meandros realidades bem diferentes.

6) Finalmente, para quê tantas subtilezas? Qual o intuito deste peça propagandística, indigna de uma agência noticiosa estatal? Esconder o óbvio, ou seja que Angola se encontra num grave aperto financeiro e à beira de uma crise monetária? Numa circunstância similar de quebra na cotação do petróleo (para um nível inferior aos 65 dólares, tido como o custo de produção angolano) em 2009, Angola foi obrigada a pedir a ajuda do FMI, quase mil e quatrocentos milhões de dólares: ao ritmo semanal actual, essa ajuda duraria apenas para aguentar as coisas mais um mês...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Bofetada de luva branca

Magnífico artigo, em jeito de resposta do Club-K, pela pena do seu Director. Com uma fotografia em tamanho grande, eis a resposta às alegações do Jornal de Angola de que «não se sabe quem são os donos» deste meio de comunicação social virtual. Melhor que «os donos», oferece-se (tal como se ofereceu também o Rafael Marques) O responsável: William Tonet não é qualquer um; José Eduardo dos Santos conhece-o bem, como se pode inferir do mesmo artigo. Conclui, o senhor Director, com a afirmação da grande vantagem que representa o Club-K para os angolanos: «Tivéssemos uma rádio democrática e haveria direito de resposta» [quando os figurões do regime mentem]. Os angolanos não têm Direito de resposta, não têm Direito de questionar, não têm direito de opinar, não têm direito de manifestar.

Mas têm algumas coisas boas: o Rafael Marques, o Luaty Beirão, o Movimento Revolucionário e... o Club-K!

Já é alguma coisa.

PS Uma palavra de ânimo igualmente para o Folha 8, que parece estar novamente a enfrentar problemas com o seu servidor. 

Batota

«Dá para ver que a caricatura justifica a forma de pensar do Zé Dom Kichote de la Mancha, dois muadies a ouvirem rádio e tal... ou notícias ahahahah seja moderno faça uma caricatura da era digital seu panco, o tempo de ouvir notícia só da rádio já passou, acorda, estás em 2015 e não em 1960, agora temos a internet que tem mais força que o teu papel higiénico.»

Estarei eu a fazer batota ao publicar o comentário do Batota (nick para comentários) ao cartoon «plagiado» no Club-K? É um precedente de Direitos de Autor importante: parece evidente que será impossível negar ao visado no próprio cartoon os direitos de cópia e reprodução.

Conspiração anti-internet

A french connection de José Eduardo dos Santos, em TOTAL sintonia com a «inteligentzia» angolana, publicou há poucos dias um pseudo-artigo «fazedor» de opinião internacional. Engraçado é que quem acusa os outros de «não dar a cara», recorra a um perfil sem qualquer historial, referências ou contactos (Francis12)...

A denúncia de que «tentativas de desestabilização [do regime angolano] estão em curso nas arenas internacionais», imputa aos «americanos» essa mobilização, tratando o Club-K como um fantoche e presumindo que o povo angolano nem sequer existe, a política interna resumindo-se a interesses económicos. A assinatura do regime nota-se cristalinamente na hipérbole de «Angola está em vias de se tornar no maior produtor de petróleo».

Um verdadeiro choradinho: sentem-se afectados com as «virulentas críticas»... O Club-K promove a agitação social? Difunde notícias inexactas e enganadoras? Nem passou pela cabeça ao Chico (esperto) verificar o site, ilustrando o que afirma com casos práticos de lá retirados. A simples possibilidade do contraditório (o Club-K foi exemplar nesse campo, publicando imediatamente o ataque contra si) parece assustar os esbirros do ditador, incensado em uníssono pela fábrica de «enlatados», que aspira à hegemonia mediática, papagueando acriticamente o elogio do monopólio «informativo» da verdade única.

 O que não agrada ao regime é que a internet constitui um inatacável reduto da liberdade de expressão e manifestação, onde não chega o poder totalitário e intrusivo do regime. Digno de Cervantes: José Eduardo dos Santos, numa épica e titânica luta contra os moinhos de vento da Internet! (maldita energia eólica, que veio estragar o negócio!).

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Inconsistência formal

Os gráficos do Banco de Angola vão de mal a pior. A sua credibilidade tende para zero. É que os gráficos têm regras, não se pode pedir aos designers gráficos que arredondem as curvas para dar a impressão desejada: há mais de quatro meses que o câmbio só aponta para cima. Olhando com atenção para o gráfico apresentado no relatório desta semana, rapidamente se poderá perceber que a linha da variação acumulada (linha a vermelho) foi «suavizada» arbitrariamente à esquerda, só sendo relevantes os dados do último mês, embora o eixo temporal se encontre representado desde fins de Janeiro. Comparando com os respectivos dados do mês de Fevereiro, constantes do relatório publicado há cerca de um mês, pode reparar-se que a variação acumulada estava a subir (partindo de cerca de 1,5%) e não a descer (de mais de 2%, nem poderia ser de outra forma, pois ostentam variações diárias sempre positivas ou nulas, como mostra o próprio gráfico). Seria interessante que o Banco de Angola publicasse o critério que presidiu ao desenho da insidiosa curvatura da linha (inventando um ponto de inflexão que nunca existiu). Criámos um novo gráfico, por sobreposição dos dois meses, para desmascarar a ligeireza com que as autoridades angolanas parecem abordar as suas estatísticas monetárias:

Do alto da Cruz que carregam os oprimidos

A pedagogia de Domingos, digna de Paulo Freire: «o derrube da ditadura é um imperativo categórico».

A liberdade de expressão é qualitativa e não quantitativa!

Magnífica resposta às diatribes da boca de aluguer do regime.

Anúncio performativo

Contratam-se actores e figurantes para uma reconstituição histórica do contra-golpe de 12 de Abril, a realizar em Bissau por ocasião do seu terceiro aniversário. Enviar currículo para o propagandista de serviço.

Observação: dá-se preferência aos próprios.

Amostra representativa

O senhor Artur Queirós, ou o Álvaro que escreve ao Domingos, ou o multi-anónimo (desdobrando-se patologicamente em várias personalidades), ou a pena de aluguer de José Ribeiro, «alma» omnipresente no Jornal de Angola e fonte da agressividade angolana contra Portugal por esse canal, acaba de publicar uma rábula contra a difamação na internet, no contexto perfeitamente delineado do caso Rafael Marques. Mais do que «jornalista» e censor da linha oficial do regime, quer expandir a sua área de competência à internet (último espaço de liberdade de manifestação e de opinião que o regime ainda não conseguiu ocupar - apenas contra-informar). Mas é também uma amostra representativa do regime angolano:

Racista, sexista, mesquinho, mentiroso recorrente, vira-casaca (segundo José Paulo Fafe, quando militava na OCA, núcleo maoísta do MPLA, chegou a chamar a José Eduardo dos Santos «preto matumbo»), canalha, escroque, sebosa criatura, abestalhado, manhoso, matreiro, vígaro, aldrabão, intriguista, execrável, selvagem, safardana, bandalho, merecedor que lhe cuspam na cara, assediador sexual compulsivo, mercenário, lambe-botas, autocrata... o prémio indo para a melhor definição «soft»: extremistas de diminuta credilidade profissional (ele e o patrão).

Quem tem telhados de vidro não atira a primeira pedra. A prostituta armada em donzela ofendida! Terrorista é o regime de José Eduardo dos Santos, que quer manter os angolanos sob o terror de um mito da unanimidade, que não admite sequer a manifestação pública de divergências.

Disclaimer difamatório: Nenhum dos mimos transcritos a vermelho é da minha autoria, podendo ser consultada a sua origem nas fontes abaixo discriminadas. Apenas o texto configura a minha opinião, sendo o rol para efeito de amostragem, uma simples pesquisa na internet pelo nome do sujeito poderá ampliar largamente este pequeno cardápio.

http://paginaglobal.blogspot.pt/2014/08/jose-ribeiro-e-artur-queiroz-caminho-da.html






http://altohama.blogspot.pt/2008/03/de-um-violino-de-lata-artur-queiroz-um.html

https://www.facebook.com/danieloliveira.lx/posts/524792000921585

VIVA o CLUB-K! Abaixo a tentativa de silenciamento!

domingo, 5 de abril de 2015

Charlie, atão?

sábado, 4 de abril de 2015

Viva a aliança das forças vivas angolanas!

A aliança entre a Cotação do Barril de petróleo (o maior partido da oposição, segundo opinião de Lara Pawson) e o Movimento Revolucionário (manif revu em curso, neste preciso momento, em Luanda) conduzirão infalivelmente à queda do regime de José Eduardo dos Santos, mesmo com a complacente passividade de partidos fantoches, que o regime financia para sua própria eternização.

«Porque, na verdade, se Isaías Samakuva (em lugar de passar a vida a lamentar por aí, sobre mortes dos seus militantes, propositadamente ordenadas por JES), ou Abel Chivukuvuku, Eduardo Kwangana entre outros, mandarem hoje mesmo milhares, para não dizer milhões de Angolanos, para marcharem nas ruas de Luanda, pedindo o fim da ditadura dos Santista, logo, JES não teria polícias com cavalos suficientes, que pudessem controlar um povo, aos milhares nas ruas sedento da sua merecida liberdade.» Angola 24 Horas

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Erros de quantificação

Apesar de ter reconduzido o Ministro de transição Daniel Gomes no seu cargo, o Primeiro-Ministro  desrespeita os compromissos assumidos pelo Estado, sob pretextos fúteis e pouco fundamentados.

O Primeiro-Ministro parece mesmo ter assumido, em Conselho de Ministros, a pirataria como legítimo instrumento de governação: efectivamente, que declare uma moratória no abate de árvores, parece perfeitamente razoável, face aos sinais de alarme que soavam, pelo menos até à realização de um estudo de sustentabilidade ambiental e à implementação de uma legislação eficaz nesse ramo; que confisque indiscriminada e arbitrariamente propriedade privada já configura, por outro lado, puro banditismo.

O mesmo Domingos Simões Pereira confirmou hoje, em declarações à Lusa, que adoptou o mesmo critério com as areias pesadas de Varela. Voltando a dar provas da sua mania das grandezas, ou melhor, dificuldades com grandes números, o Primeiro-Ministro especulou as 500 toneladas que tem vindo a confiscar, desde Novembro, em 500 mil toneladas... Ora os russos fizeram uma primeira experiência, da qual seria importante conhecer resultados e expectativas criadas, bem como dar um sinal claro a futuros investidores: não é preciso ser muito esperto para adivinhar que o discurso com visão de futuro seria:

«Consideramos que este contrato foi assinado por um Governo ilegítimo. Contudo, para que se saiba, na Guiné-Bissau, mesmo para além das nossas peripécias políticas internas, respeitamos o investidor estrangeiro. Por isso, reuniremos com a firma para avaliar a experiência, esclarecer as potencialidades do negócio e negociar uma eventual continuação da sua exploração, tendo em conta a minimização do seu impacto ecológico e humano.»

Como esperar atrair o investimento estrangeiro com este comportamento errático e predatório? Ou significará esta «ofensiva» o verdadeiro balanço da mesa redonda (ou seja, que o Primeiro-Ministro, em desespero de causa, virou amigo do alheio)? Nas areias pesadas, tal como na madeira ou no resto, o país tem de encontrar um compromisso de desenvolvimento, baseado na transparência e em regras claras, que garantam aos operadores uma razoável previsibilidade e estabilidade do negócio, pois de outra forma estes exigirão um elevado prémio para desenvolver qualquer actividade no país, prejudicando a sua viabilidade económica.

DSP parece estar a encarar a sua missão como de simples correcção dos erros cometidos pelo Governo de Transição, cujo pacto assinou (e das mãos de quem recebeu o poder). O seu conceito de governar limita-se a desfazer o que julga mal; ora Governar é essencialmente fazer avançar... Envolver empresas de capital estrangeiro numa discussão jurídica sobre a legalidade dos actos do Governo de Transição não parece ser especialmente oportuno.

Se for assaltado pelo Estado, exija um recibo discriminado de tudo o que levarem! Essa de primeiro confiscar para depois «chamar técnicos estrangeiros» para darem uma opinião faz lembrar as regras do Far West: «primeiro dispara-se, depois pergunta-se». Não estará o senhor Primeiro-Ministro a colocar o carro à frente dos bois? E agora, que é «fiel depositário», já está a negociar com o receptador o fruto do gamanço? Ou pensa deixar apodrecer o assunto no armazém? Dá um fait divers «super-interessante»: uma empresa que processa um Estado por «assalto à mão armada»...

Adivinha: de quem é a frase «[é preciso] Não andar a fazer trafulhas, passar licenças para ganhar dinheiro a torto e a direito»

Tento na língua

Doka

Lamento que reivindiques a liberdade de expressão num sentido pelos vistos apenas negativo. Por exemplo, se eu chamar assassino a José Eduardo dos Santos e lembrar o caso Milocas Pereira, não andarei muito longe da verdade, não podendo portanto tratar-se de difamação, mas apenas de vulgar e redundante confirmação. Eu respeito a pessoa de José Eduardo dos Santos, compreendo que não tenha tido uma vida ou uma formação fáceis, que tenha sido muito calejado pela guerra e inspirado num modelo de governação centralizado e, pior que autoritário, totalitário. Posso criticar toda a porcaria que tem feito, mas isso não me dá legitimidade para inventar que violou a filha quando tinha 11 anos, ou que o pai não gostava dele.

Compreendo igualmente que, de todo o leque de insultos com que costumas mimar os inamigos do momento, a tua preferência vá para a falta de pai, que sofreste físicamente. Compreendo-o duplamente, porque, embora o meu pai tenha estado presente fisicamente até há relativamente pouco tempo, sofri imenso dela, moralmente. Infelizmente, posso dizer que aprendi mais com o meu avô paterno (talvez por este o ter percebido e querido suprir). Tenho ainda hoje um buraco, em mim. Não se infira daqui que eu não gostava do meu pai... Bem pelo contrário: quando foi colocado na Guiné-Bissau como cooperante, fiz uma interminável birra para convencer a minha mãe a deixar-me ir com ele (tinha seis anos). E consegui.

No entanto, todos temos de crescer, de aprender a conviver com as nossas frustrações. Dizia humildemente  Daba um dia destes: aprender a não pesar sobre os outros. E isso, para ti, talvez devesse significar cultivar um ambiente de amor e respeito, ajudar a reconstruir, positivamente, uma casa onde valorizemos todas as coisas lindas que nos unem, uma república de «meninos» que continuam sempre a aprender, pela vida fora, numa saudável convivência e confraternização. A mudança tem de vir de dentro. E, neste momento, estás a arriscar tornares-te uma imagem negativa e quase diabólica, como tu próprio dizes, perpetuando os males que sofreste. Preferia ver-te num outro papel, mais construtivo, interropendo a máquina infernal.

Posso ser suspeito, por ser amigo do Leopoldo e da Carmelita, quase que os «apresentei», apadrinhei o namoro em Lisboa, durante a guerra, andei ao colo com o filho desse casamento, posso afiançar que foi dos mais felizes que me foram dados a conhecer (pelo menos na minha geração); guardo, aliás, algumas fotos dessa altura; mas, mesmo que tivesse sido um desastre total, a que propósito o publicitarias tu? Apenas para fazer doer? Porquê a necessidade doentia de presumir que a roupa está sempre suja, a precisar de ser lavada? Mas voltando ao amor de pai: parece-me que estás a tentar injustamente projectar nos outros a tua própria frustração, que poderias utilizar precisamente em sentido inverso, para tentar romper o ciclo vicioso.

E, se bem que já não tenha grande intimidade com a família Pires, posso afiançar-te na primeira pessoa que o patriarca é um homem carinhoso, com muito orgulho na filha, a qual teve uma infância imersa no caldo multi-étnico guineense, de balanta a fula. Peço desculpa a uns e a outros por esta intromissão, mas detesto ver qualquer pessoa injustamente vilipendiada, ainda para mais quando se trata de amigos, de pessoas por quem nutro respeito. Isto transcende este caso, Doka, prendendo-se antes com o espírito da abordagem que empregas. Ainda tenho esperança que venhas a assumir um importante contributo positivo, por isso gostaria que mudasses de atitude; até lá, discordo em absoluto desta impiedosa obsessão.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

MR na vanguarda!

Manifestação para Sábado, exigindo a libertação imediata e incondicional dos activistas cabindas (denunciando o agravamento do seu estado de saúde) detidos por tentativa de exercício de um Direito constitucional.