Os ingleses andam mal informados...
A BBC acaba de publicar um artigo, já reflectido por inúmeros sites e páginas, no qual omite o candidato Paulo Gomes, citando apenas «os melhor posicionados» José Mário Vaz, Abel Incada, Nuno Nabiam e, pasme-se! Nazaré de Pina Vieira!
A Reuters, por seu lado, se acerta no título do seu artigo dedicado às eleições na Guiné-Bissau
«Disarray could see outsider win key Guinea-Bissau election»
aplica-o apenas às presidenciais
«A máquina do PAIGC faz com que seja quase certa a vitória nas eleições para o Parlamento e garante ao senhor Vaz um lugar na frente nas presidenciais. Mas, face ao descontentamento de muitos e um forte desafio por parte do candidato independente Paulo Gomes, a vitória do senhor Vaz está longe de ser garantida, disse o senhor Foucher [analista]. Muitos, nas Forças Armadas, vêem o senhor Vaz como uma marionete de Gomes Junior»
Este artigo da Reuters, citando o senhor Foucher, tem origem no seguinte artigo.
Não há favas contadas. Se os pequenos partidos se entenderem, há esperança: uma «outsider» pode ganhar as eleições legislativas!
terça-feira, 8 de abril de 2014
Reuters & BBC
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Agência noticiosa oficial ou moço de recados?
No momento em que o Governo guineense decretou um luto de três dias, a agência Lusa divulga, sem invocar para isso qualquer pretexto, a opinião de um «analista» angolano, cheia de «subtis» recados.
É altamente indecoroso que, com o corpo do malogrado ainda quente, se produzam afirmações como «O ex-Presidente Kumba Ialá «foi sempre um elemento desequilibrador no cenário político».
As necessidades tomaram a Lusa de assalto? Ou mudaram-se para o planalto?
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Orquestração ranhosa
Com o shampoo, veio a descobrir-se a razão para o emprego de tanto amaciador. Os provocadores eram apenas a guarda avançada, preparando «o clima» para o discurso do orador.
«Pedro Passos Coelho reiterou a disponibilidade de Portugal para participar em missões mandatadas pelas Nações Unidas, "como fizemos no Golfo de Áden ou na República Centro-Africana"»
A sua aparente «boa vontade», só tem paralelo na sua hipocrisia. Ainda há pouco tempo, quando confrontado com o pedido das autoridades europeias para a actuação urgente na República Centro-Africana, Portugal invocara a falta de condições financeiras para se envolver no envio de tropas. Ver notícia. Quanto aos militares portugueses envolvidos no «Golfo de Áden», são dois, um da Marinha outro do Exército. Sem dinheiro para mandar cantar um cego, até a sua «iniciativa» cai em saco roto, revelando um discurso oco e inconsistente, ditado por considerações alheias e inconfessáveis influências externas. Indigno vendilhão da sua própria soberania, não tem moral para se imiscuir na dos outros.
A anunciada disponibilidade para o envio de tropas, deve portanto ser entendida como limitada à Guiné-Bissau. O senhor Primeiro-Ministro está equivocado e desactualizado. O país não «está submerso numa grave crise político-militar», pelo contrário, está a sair com sucesso de um processo de transição, como reconheceu o Representante local da União Europeia. E a ONU está longe de pensar numa Missão na Guiné-Bissau (reconhece até que as eleições estão a ser bem preparadas), ainda para mais com fogos por apagar noutras bandas (a cuja chamada o agora candidato a bombeiro se negou).
É óbvio que as declarações do Primeiro-Ministro português é que são «um caso revelador» (e não a Guiné-Bissau) e se inserem na sua psicopatia e numa estratégia mais vasta e orquestrada de desestabilização do processo de transição.
1) Estão desactualizadas e apenas chamam a atenção para a derrota da sua política externa
2) São desadequadas e inoportunas, face ao próprio falhanço da Cimeira Europa - África
3) A óbvia má-fé implícita, de forma pouco subtil, é, a todos os níveis, altamente condenável
4) Que dividendos espera retirar, o senhor Primeiro-Ministro de Portugal, da «implosão do Estado» que preconiza, para além de uma inglória desforra de Pirro?
Obrigado, caro irmão Samba, do Rispito
Menino de coro
De pouco decoro. A Liga, como sempre, na onda «certa». Atente-se nas «oportunas» apreensões do seu Presidente (atenção ao «padrão», que o «artigo» traz a mesma «assinatura», não é nenhum comunicado, são declarações «espontâneas», caídas do nada; já a um comunicado em forma, endereçado a Angola pelo mesmo, não foi dada essa relevância, neste orgão Lusófono). Se não fica bem ao presidente da Liga Guineense, muito menos fica aos jornalistas da LUSA (e do Expresso, que o reflectiram).
Resposta da UE
Só para por os pontos nos iis, às ridículas insinuações veiculadas pela Lusa e DN:
«Joaquin Gonzalez-Ducay sublinhou que, neste momento, o país vive uma oportunidade única de devolver o poder ao povo guineense através de eleições livres, justas e transparentes.» As novas autoridades serão legítimas e soberanas, a União Europeia está a perder a paciência para as birras deslocadas de Lisboa.
O Senhor Representante aproveita a boleia para tentar reabilitar o papel da União Europeia nesta já longa e triste história «tendo negado que a sua organização suspendeu apoios ao povo guineense, que considerou como um povo muito importante». Terminando com «estas eleições são uma oportunidade histórica»
Ver fonte.
Ex-qualquer coisa
Um português de nome banal e fácil de esquecer, sem que fosse chamado para o caso (seria interessante que o jornalista Luís Manuel Cabral contextualizasse a relevância da desastrosa e pouco abonatória opinião de um vulgar cidadão, que tentou desastradamente transformar em «notícia» na secção Globo, de outra forma os seus leitores só poderão concluir pela mal disfarçada encomenda), pronunciou-se em termos injuriosos, em relação às forças armadas de um país estrangeiro. Pequeninos, os militares guineenses? E propõe-se bater-lhes? Um fedelho armado em mauzão? Por vias oficiosas pouco subtis, continua a campanha ofensiva para com a soberania guineense, tentando agourar o processo eleitoral em curso. Quem fica mal na fotografia é, uma vez mais, Domingos Simões Pereira, citado como cúmplice da infeliz brincadeira de mau gosto. Um artigo, este lixo? Ó senhores editores!
Bravo Bambaram di Padida! Mesma reacção, sob o título: «Os cães ladram e a caravana passa»
Muito dinheiro e pouca convicção
Na imagem publicada no Yahoo Chile, com origem na agência espanhola EFE: dois megafones flamejantes de novos, muito material de campanha, mas poucos ou nenhuns ouvintes, até dá para coçar os ...
A diária é claramente bem vinda, mas a convicção é pouca ou nenhuma. A falta de entusiasmo traduz-se na legenda que o jornalista achou por bem acrescentar: «Adeptos preparam-se para UM acto eleitoral».
Um qualquer? Nem sequer refere a dignidade de ser o «próximo»? Poderíamos indignar-nos por este jornalista não deixar qualquer hipótese à esperança de um povo. E, realmente, ela não mora ali...
Fiasco da Cimeira UE-UA
Sem a presença da Guiné-Bissau (pioneira no boicote à Cimeira Europa-África) e da África do Sul, o evento tornou-se um verdadeiro fiasco, agravado pelo apelo ao boicote desta iniciativa da UE pela UA.
O discurso africano europeu, encabeçado pela França (incapaz de se reinventar), faliu. É uma visão errada, partir do princípio que são os africanos que precisam dos europeus (precisam todos igualmente uns dos outros e só assim se poderá repensar África).
Neste momento, pelo contrário, são os europeus, face à emergência de outras potências (traduzidas em Cimeiras concorrentes), que, se não mostrarem mais-valias na sua pretensa «presença civilizacional», ou na sua capacidade de mediação, verão as suas «relações privilegiadas» com o Continente degradarem-se rapidamente.
Ver Expresso.
La Vieille Afrique
A revista «Jeune» Afrique publicou, por ocasião do dia da Mulher, um artigo completamente demodé: «As 20 mulheres africanas que fazem mexer o continente». Na realidade, trata-se de um artigo preconceituoso: os critérios de selecção são altamente duvidosos. Como é possível que, num artigo supostamente defendendo a igualdade de género, o currículo da maior parte das «nomeadas» se resuma a ser apresentada como «filha de...» ou «mulher de ...», ou até, «ex-mulher de...».
segunda-feira, 31 de março de 2014
DSP joguete da CPLP
Domingos Simões Pereira chega a Bissau apresentando mandato de José Eduardo dos Santos e de Rui Machete?
Essas credenciais estão fora do prazo de validade. Esse aval não vale.
O que DSP precisava, para governar, era do confiança do povo guineense, não de «garantias da comunidade internacional» para a «sua» governação, que se arrisca, por esse caminho anti-patriótico, a nunca chegar a acontecer. Pelos vistos já há uma série de virtuais vencedores. Mas talvez seja cedo para favas contadas... Até ao lavar dos cestos, é vindima.
DSP desperdiçou inglória e lamentavelmente tudo o que construiu com o seu esforço (com a desmarcação em relação a CGJ). E não foi por sua iniciativa, que decerto preferiria manter as aparências de um virtual afastamento, mantendo um púdico véu sobre o assunto pelo menos até às eleições; o pior mesmo (e que hipoteca não só a sua independência futura como a própria soberania nacional), é t€r $ido obrigado (e se ter sujeitado) a assumi-lo publicamente, retirando-lhe toda a margem de manobra.
Além disso, os sinais não são os melhores: as autoridades de Angola e de Portugal revelam a sua má fé no presente processo eleitoral, manifestando procurar, neste momento, apenas uma impaciente desforra, relativamente ao enxovalhanço que sofreram nos últimos dois anos, nem que a custo da desestabilização do país.
Mas o tiro vai sair-lhes pela culatra. Povo ka burro.
domingo, 30 de março de 2014
sábado, 29 de março de 2014
Rádio Rispito
Acabei de assistir, pela primeira vez, a uma intervenção falada do Samba Bari, na Rádio Rispito, plena de positividade. Ouvi agora as suas últimas palavras «A esperança é a última a morrer».
Gostei muito. A sua voz é bastante radiogénica, com uma técnica apostando num discurso calmo e pausado, adequado ao espírito de conciliação que é a marca característica da mensagem do Samba. Não ofendo nenhuma Religião se disser que a sua fala é religiosa, referindo-me à raiz etimológica da palavra: aspira à RE - LIGAÇÃO dos guineenses, contribuir para uma cultura de respeito e de entendimento humano.
Acho que é um magnífico exemplo, o do Samba, que promove debates (por vezes polifónicos) entre várias pessoas, em várias partes do mundo, unidas no amor pela Guiné. Agradeço ao querido irmão o convite para vir a participar num desses debates, que aguçaram a minha curiosidade, o qual aceito com todo o prazer. Julgo que esta Rádio tem potencial para prestar um óptimo serviço à Guiné-Bissau, no actual momento.
Criei um nexo à direita >
sexta-feira, 28 de março de 2014
Honra das Forças Armadas
Face às várias notícias, actualmente ainda não confirmadas, de novos casos de violência e intimidação, supostamente levadas a cabo por grupos de indivíduos armados, torna-se urgente um esclarecimento, sob a forma de desmentido, ou de medidas a tomar, caso se apure a veracidade das referidas notícias, por parte do Porta-Voz do Comando Militar que, a 12 de Abril, se constituiu garante da ordem.
Será um atentado ao estatuto das Forças Armadas (as quais, precisamente, são supostas manter o monopólio das «forças armadas») e à honra dos seus responsáveis, que se reproduzam (a confirmarem-se) casos com este tipo de contornos, sob variados pretextos, ensombrando o processo eleitoral.
Arma secreta eleitoral
Mulheres: usai do vossa arma secreta para convencer os vossos maridos a votar em quem recair a vossa escolha. Pressionai-os fazendo greve ao sexo! Ver anedota Kafumbero
Sugestão: «_Podes escolher em quem votar, desde que seja numa mulher»
Critérios editoriais
É estranho que todos quantos rapidamente propagaram a notícia do espancamento de Mário Fambé e do «estado crítico» em que se encontrava, não reajam com igual prontidão à notícia do seu restabelecimento e abandono do Hospital Militar.
Noto, com alguma inquietação, que, quando se trata de agitar e provocar dissensões, as «noba» se propagam à velocidade da luz, e que, pelo contrário, quando se trata de apaziguar, de reconciliar, as notícias sigam por correio ordinário.
Só o Progresso Nacional noticiou. A ponto de a insuspeita Rádio Vaticano estar a difundir, desde ontem, já depois da hora em que este foi para casa, a condenação do seu espancamento e especulando acerca da crise política que «o caso» está a gerar...
Tal como na altura denunciámos, não estavam propriamente interessados no caso humano, mas sim em utilizá-lo como arma de arremesso, no âmbito da sua agenda escondida, mas sobejamente conhecida, de desestabilização das eleições.
Fugir com o rabo à seringa
Foi o que fez tanto o PAIGC (no debate promovido pelo MAC na Bombolom), como o PRS (no debate promovido na Lusófona), quando se proporcionou a oportunidade para o debate com Carmelita Pires, que esquivaram.
A visita de Domingos Simões Pereira a Luanda, para receber um envelope do vice-presidente do MPLA (ainda para mais no mesmo dia em que o vice-presidente de Angola recebia o embaixador da França e o presidente da república o presidente da Total - sendo aliás JES flagrado, numa rara vénia, ao senhor da França em África), foi um erro crasso de cálculo. Tratava-se, como se veio a ver, simplesmente de uma armadilha, para o castigar e humilhar, vergando a sua «independência» recorrendo ao argumento do dinheiro. DSP esperava ingenuamente que a sua passagem passasse despercebida? Foi o próprio portal oficial que o denunciou! A sua candidatura a Primeiro-Ministro está irremediavelmente queimada (e não serão milhares de cartazes, de t-shirts ou até de bicicletas, que conseguirão mudar isso), na senda do seu predecessor à frente do PAIGC, deixando o Partido à deriva. As possibilidades da aliança entre DSP e Paulo Gomes esgotaram-se e o candidato à presidência deverá reforçar o seu papel de independente. O candidato presidencial do PAIGC, que fez de charneira na história, é uma aposta perdida para os seus patrocinadores. O PRS, com vários candidatos às presidenciais, está sem qualquer disciplina partidária ou credibilidade política.
A Dra Carmelita é, portanto, neste momento, virtualmente Primeira-Ministra, por falta de comparência dos seus adversários directos.
quinta-feira, 27 de março de 2014
ANGustiados e medíocres
A ANG, agência noticiosa guineense, publicou um comunicado de Carmelita Pires, apenas para fazer um mal disfarçado comentário, tentando minimizar o impacto da sua candidatura.
«O PUSD, liderada pela ex-ministra da Justiça, Carmelita Pires concorre apenas as eleições legislativas igualmente concorridas por outras 14 formações políticas. Nas últimas eleições não elegeu nenhum deputado.»
O Partido é liderado por uma mulher, mas é masculino. Ainda há pouco tempo alguém criticava, com razão, o péssimo português da agência noticiosa oficial, o que é, no mínimo, indecoroso para o país.
Gato escondido com rabo de fora. A única notícia é a de que a sua campanha está a ser um sucesso e começa a incomodar muita gente, pela sua consistência e projecção internacional.
SI RAMPANÇA KA N'KADJA, NÔ NA TCHIGA
quarta-feira, 26 de março de 2014
Acerca da figura de intelectual «golpista»
Propago, na íntegra, a posição do Didinho:
«Depois do golpe de Estado de 12.04.2012 e até há bem pouco tempo, "juízes" sem juízo e visão da realidade das coisas e dos factos; da vida das pessoas; do interesse nacional, quiçá, da salvaguarda de todas as integridades e interesses da (e a bem ) Guiné-Bissau, criaram a imagem do sujeito "golpista", para eles, independentemente desse sujeito, dito "golpista" ser contra golpes de Estado e todas as suas ramificações, o facto de não se ter pronunciado a favor da recondução do regime deposto, na mesma perspectiva que uma "maioria", mas sim, por um realismo circunstancial, que não fosse prejudicar ainda mais, o país e todo um povo, desde sempre sofredor, e perante o facto consumado, de um processo garantidamente irreversível, como se confirmou e que foi o golpe de Estado de 12.04.2012 eis que, felizmente, a "maioria" equivocada acaba por perceber a diferença entre a reposição da normalidade constitucional e a reposição/recondução do regime deposto. Hoje todos falam em eleições, profetizando o melhor para a Guiné-Bissau, o que me apraz sobremaneira, sem me esquecer, contudo, que, há bem pouco tempo, uns e outros instigavam a violência, profetizavam a guerra e, directa ou indirectamente, prejudicavam o país e todo um povo sofredor. Eu, que fui apelidado de "instigador" do golpe de Estado de 12.04.2012 por muita gente que fez questão de manifestar essa acusação de várias formas, não podia estar mais aliviado, nos dias que correm, por ter ajudado na elucidação dos meus irmãos guineenses, sobretudo, para a necessidade de se evitar o radicalismo, quando o que está em causa é o colectivo e o interesse nacional! Viva a Guiné-Bissau! Paz, harmonia, desenvolvimento e bem-estar comum!»
terça-feira, 25 de março de 2014
Eu não gostava
Na continuação da anedota do Kafumbero, agora uma de mau gosto e sem desculpas, da minha autoria, um fraco remake do célebre Jacinto Leite Capelo Rego:
a Diatribe de Paulo Gorjão (a precisar de um valente gorgolejão) que é o moço com o osso no pescoço.
Para responder ao artigo, de que «é tempo de Portugal e Angola voltarem à cena» na Guiné-Bissau, bastará lembrar as palavras do Porta-Voz do Comando Militar, vai fazer brevemente dois anos:
«Qualquer intrusão será considerada agressão (e corrida a tiro)». Os pseudo-investigadores mercenários prestaram um mau serviço ao seu país, lembrando a humilhação a que foi sujeito o seu governo, na sequência da inepta tentativa de ingerência nos assuntos internos de um Estado soberano.
Moral da anedota em video.
Com as devidas desculpas
O Ady adere à actualidade com uma anedota para a abertura da campanha eleitoral. Sem ofensa à legitimidade democrática, só para ajudar à festa.
sábado, 22 de março de 2014
As várias leituras do caso Fambé
O Doka, decerto depois de utilizar os seus contactos, telefonando para Bissau, avançou com outra versão, da qual tanto se pode inferir que foi um acto de coragem do agredido, recusando intimidações; ou lido como uma provocação aos militares, por ter as «costas quentes» graças a uma suposta imunidade proto-parlamentar. Mas não deixa de ser preocupante que as Forças Armadas não façam imediatamente ouvir o seu Porta-Voz, para evitar especulações, sendo necessário recorrer a canais oficiosos.
Quanto ao agredido, desejo-lhe um rápido restabelecimento, para que o caso não venha manchar a «festa da democracia» (como alguém lhe chamou), possamos ouvir todas as versões do sucedido e apurar, calmamente e sem prejudicar o andamento do processo eleitoral, aquilo que realmente sucedeu. Mas sobretudo, evitar a repetição de mais acontecimentos do mesmo género, pretexto para tristes notícias e aproveitamentos baixos, desacreditando as Forças Armadas, o país, e a esperança no actual momento.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Grandiosa homenagem
Na última quarta-feira, decorreu no Bairro de Quelelé, com a presença de toda a família do Pepito, uma merecida e emocional homenagem, emoldurada por uma imensa e calorosa mole humana.
Passado um mês sobre a sua morte prematura, cavou-se uma terrível saudade, do seu calor humano e inesgotável energia, bem sentida por todos, como pude acompanhar através de várias redes sociais.
A questão que aflige, neste momento tão carregado pelo sentimento de perda irreparável é «terá valido a pena?». O poeta Fernando Pessoa diria que «tudo vale a pena, quando a alma não é pequena».
Ora, todos os que conheceram o Pepito (e ousaria dizer que até os seus inimigos, e por isso mesmo) lhe reconheciam uma alma do tamanho do mundo, abarcando tudo e a todos abraçando.
Claro que as «almas» mais mesquinhas e economicistas poderão ter outra opinião, inquirindo resultados, heranças, valores materiais, apontando as tarefas ingratas (muitas vezes inglórias) que se propôs.
Dedico, adaptando-o ao Pepito, parte do poema de Fernando Pessoa, dedicado a D. Sebastião em Mensagem, no qual substituí loucura por sonho (no sentido de utopia).
Sem o sonho, que é o homem
mais que a besta sadia,
cadáver adiado que procria?
O Pepito mereceria mais que uma estátua! Mas julgo que ficaria bem mais satisfeito se soubesse que os vivos se encarregaram de passar o seu testemunho, de continuar todos os seus projectos.
Parece inevitável que, sem ele, a sua obra, a AD, fique bastante desfalcada. Será um desafio, para o novo Governo a sair destas eleições, valorizar todo o historial de experiências sociais inovadoras desta ONG.
Seria um desperdício que o seu papel pioneiro, todo o trabalho e suor do Pepito, com imenso valor sociológico, se perdesse por falta de apoio já que os tradicionais doadores debandaram, nestes tempos de crise.
Partilho algumas fotos (clicar para ampliar), que desde já agradeço ao meu grande amigo Mamadu Ali Jaló, da AD.
Partilho e recomendo vivamente, o último artigo do blog Tatitataia, intitulado «O último dos mohicanos», igualmente dedicado ao Pepito.
Sonhar alto
Há já algum tempo que o irmão Umaro, no seu afã de nos dar as últimas notícias, não nos brindava com um editorial de «intervenção», embora discreta e imparcialmente (em abono do seu profissionalismo) «disfarçado» de opinião. Bravo!
Transcrevo dois pequenos excertos:
«Embora na Guiné-Bissau o negativismo muitas vezes se confunda com o realismo, não podia deixar de pedir aos políticos para que nos ofereçam atitudes e propostas optimistas! (...) Se não há lugar para o optimismo, então faltar-nos-ão razões para ter esperanças. E um país sem esperança, é um país condenado ao falhanço.»
«As melhores prendas que nos podem oferecer nesta campanha eleitoral não são as toneladas do arroz, as milhares de bicicletas, as centenas de motorizadas e geradores, mas sim a esperança de continuarmos a sonhar com melhores dias!»
Eis um jornalista sério, que não confunde as suas opiniões e impressões pessoais, com o seu trabalho como jornalista, cujo dever é informar com seriedade e rigor.
«Nota do Editor: as opiniões aqui expressas são da inteira responsabilidade de cada autor [neste caso, o próprio Editor] e não reflectem necessariamente a linha editorial da GBissau.com»
quarta-feira, 19 de março de 2014
Mandatário de sonhos
Chegou-me aos ouvidos que Otílio Camacho, do alto da grande estima que, qual jovem Narciso, nutre pela sua própria pessoa, debitou mais umas tantas e pouco substanciais sentenças, como já nos vem habituando.
Evidentemente que não me refiro a qualquer opinião, que respeitarei sempre, mesmo que diferindo radicalmente da minha. O que me irrita grandemente é a desproporção entre arrogância e insignificância (esta breve clarificação serve apenas para não ser acusado de «assassino de carácter»).
Vou pegar apenas numa ou duas pérolas da sua erudição:
«Sonhar. Sim ou não?? Não existem razões para sonhar!»
1) se levarmos o termo sonho à letra, qualquer psicólogo lhe poderá explicar que este não é comandado conscientemente pela razão
2) se o levarmos para o lado da utopia, num sentido de esperança num devir melhor, essa, «é a última a morrer», como consubstancia o velho mito da caixa de Pandora, e de certeza que não vai ser este engenheiro de obras feitas que a vai definitivamente «matar», como parece propor-se o candidato a expropriador de sonhos alheios
A) a famosa canção «Pedra filosofal» de António Gedeão lembra-nos que «cada vez que um homem sonha, o mundo pula e avança, como uma bola colorida, entre as mãos de uma criança»... mesmo que nada mude, na realidade, o mundo avança noutro plano! se necessário for, por a esperança não se cumprir, há que recomeçar a sonhar, só isso já será vencer! desistir, sim, é perder; mas quem está mais preocupado em alimentar a sua voraz e verborreica vaidade nunca chegará a descobrir o que isso é, o sonho;
«Está em jogo a destruição de conquistas históricas dos guineenses»
1) nestas eleições está em jogo a destruição?
2) não consigo discernir a que «históricas» conquistas se refere e dispenso-me de ironizar
a meia dúzia de frases feitas e de lugares comuns, dispostos ao sabor do humor do momento, não se pode propriamente chamar uma opinião, muito menos um artigo publicável.
«Ainda, nenhum candidato às presidenciais apresentou o programa de governação»
1) quem apresenta programa de governação é o candidato ou candidata a Primeira(o) Ministra(o), no âmbito das eleições legislativas
2) mesmo que o(a)s candidato(a)s já tenham os seus programas, talvez estejam à espera do arranque oficial da campanha, não fosse a porca torcer o rabo e o Supremo invalidar-lhes as candidaturas
o dito pretendia servir de isco para a publicação do «artigo»?
«Apesar de pessoas novas e formadas começarem a ganhar protagonismo na arena política guineense, "e ainda bem", ainda nenhum merece a minha total confiança.»
1) pessoas é feminino, portanto a continuação correcta seria «ainda nenhuma merece a minha total confiança»
2) evidentemente que, para alguém lhe merecer a «total confiança» - sendo transparente a sua psicologia - esse alguém decerto terá de ser muito parecido consigo próprio, dotado do máximo de qualidades: numérico, cinzento, frio, infalível e nunca alimentando dúvidas - nem sonhos, claro - um grande estadista, já se vê (acrescentaria «como Cavaco Silva» mas arriscar-me-ia a que fosse entendido como um elogio)
pena que, muitas vezes, «pessoas formadas» sejam também tão formatadas
terça-feira, 18 de março de 2014
Rasgo de luz
A fotografia com que a LUSA faz acompanhar a notícia da apresentação do estudo dos investigadores do INEP Miguel de Barros (diretor da Tiniguena) e Odete Semedo (ex-ministra), em prol da participação das mulheres e da igualdade de género, não poderia ter sido melhor escolhida.
Obrigado, Bambaram di Padida
Uma porta entre-aberta, uma janela de oportunidade, uma nesga de esperança se vislumbra, emergindo das trevas. Falar da promoção do papel da mulher na Guiné-Bissau, remete incontornavelmente para a figura de Carmelita Pires e para o momento que encarna.
Retomando o slogan de um grupo de jovens, há uns tempos: «nim PAIGC nim PRS», viva o voto alternativo!