quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A grande farra

Até há bem pouco tempo (exceptuando «assassinatos» pontuais de mentirosos e hipócritas como José Niza) a política portuguesa era tabu, neste blog. No entanto, o descaramento de Lacerda, ao insultar a inteligência dos guineenses, veio alterar as coisas.

O Observador está de parabéns, pela investigação de fundo à crise financeira nacional, especulada pelos medíocres e irresponsáveis «gestores» da banca. Apesar de, inevitavelmente, bastante longo, merece ser lido com toda a atenção este artigo.

Não se trata apenas da banca, mas da falência de um país, sob os olhares coniventes de uma classe política cega, anti-patriótica e corrupta, abusando da inércia e incúria de um povo manso e crédulo, para fazer vingar todo o género de chico-espertices.

Tive a felicidade de ter por Mestre a Leonardo Ferraz de Carvalho, com quem mantive pessoalmente (infelizmente morreu prematuramente, envenenado por esta gentalha!) muitas conversas sobre a realidade deste género de carapaus de corrida.

Não se fartava de avisar, no início dos anos 90 para os perigos da mentalidade de farra que se gerava. Pregava no deserto, como se viu. Apenas o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles comentava ou dava feedback, daquilo que publicava no Independente.

Vou contar uma história pessoal, pois julgo que a ocasião o merece. Na viragem do milénio, eu era quadro do INE empenhado numa renovação técnica e tecnológica do Instituto, através de um Gabinete de Estudos e de um Grupo de Trabalho inter-regional.

Tendo tomado o gosto à investigação de todas as áreas, decidi abordar a área financeira, que era uma área tradicionalmente reservada, pela sua sensibilidade política e por ser «apropriada» pelos pseudo-tecnocratas monetaristas do Banco de Portugal & afins.

O que despoletou a minha pesquisa, foi um certo escândalo que se gerara, perante a introdução do euro, ao descobrir que a dívida pública tinha triplicado, em pouco mais de década e meia, desde que a Banca nacionalizada em 1975 começara a ser reprivatizada.

Era a primeira campainha de alarme. As estatísticas regionais, ao permitirem publicar uma maior desagregação geográfica, colocavam a nu muitas verdades e manipulações. Em termos de informação financeira, a banca privada fornecia dados da dívida.

Ora se, grosso modo, o défice público triplicara entre 1985 e 2000, consegui reunir dados que mostravam que a dívida privada aumentara exponencialmente mais. Ou seja: até 1985, a dívida total era a dívida pública. Depois, à pública, era preciso somar a privada.

Cheguei pois à inevitável conclusão de que a banca preparava uma insustentável farra, com a cumplicidade europeia. Estavam a «descontar» já a capacidade de financiamento que uma moeda forte haveria de proporcionar. Uma «aposta» especulativa no Euro.

Se havia uma certa polémica, com as pessoas escandalizadas, face ao discurso «futurista» do Euro e da União Europeia, qual a razão desse triplicar da dívida? Num país habituado às poupanças, à estabilidade monetária do ouro de Salazar...

Os alemães inundavam a banca portuguesa de dinheiro. E do oito passou-se ao oitenta. De um país de poupanças, passou-se, numa geração, a um país crivado de dívidas. Um país rico de gente pobre que se tornou num país pobre de gente «rica».

Os dados permitiam mostrar que a dívida privada era já, por essa altura, cerca de sete vezes a dívida pública, e ninguém parecia prestar qualquer atenção aos dados de base, todos encantados com o canto da sereia, ou melhor da senhora Alemanha euro.

Se a dívida privada era sete vezes a pública, a dívida total não triplicara, multiplicara por 21! (7x3) Claro que me pareceu algo de assustador, mas que deveria ser publicado. Comecei a trabalhar na parte gráfica, produzindo tabelas e gráficos adequados.

Entretanto, para além de outros dissabores, sou chamado à Direcção, pelo Vice, Engenheiro Chambel, eminência parda do sistema, para uma reunião. Dá-me conta que tomara conhecimento do trabalho em curso, que já encaminhara para quem de Direito.

Fiquei muito surpreendido, por saber de um interesse tão actual da Direcção no trabalho desenvolvido, até que, depois de uma conversa descontraída e de «alto nível» de inteligência da situação, me atira com: «tem a noção do que é a confiança sistémica»?

Claro que fiquei logo esclarecido do que me esperava. Tratava-se de esquecer o trabalho e, sobretudo, nem pensar em «transpirar» para fora. Sendo do quadro, estava abrangido pelo «sigilo estatístico». Contestei. Também tinha (supostamente) «autonomia técnica».

Acabariam rapidamente por me colocar na prateleira. Recusei ficar sem funções e revoltei-me contra todas as imposições que considerava ilegítimas. Fui eu próprio a bater com a porta. Os dados eram semi-públicos. Poderia ter publicado o trabalho.

Mas para quê? Farto de ter partilhado o estigma de «profeta da desgraça» lançado sobre Leonardo Ferraz de Carvalho com os seus prudentes avisos, sabia que rapidamente seria desacreditado, e até me tentariam humilhar «pseudo-tecnicamente».

Ou simplesmente ignorariam, já inebriados com os odores da farra em preparação. Não. Não me armaria em «desmancha-prazeres». O tempo confirmou todos os receios, mostrando que o não questionamento nos conduz como ovelhas ao matadouro.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A fala do umbigo

Domingos Simões Pereira incita subrepticiamente à violência, não restando dúvidas de que é uma ameaça à segurança nacional. Deveriam ser tomadas providências, apesar do vazio governativo, para inibir o senhor de atentar contra a paz interior, arrecadando-o atrás das grades. O PAIGc está a um passo da extinção.

Como é possível ignorar a este ponto o 7 de Junho? Então «a Guiné-Bissau vive a mais profunda crise política e institucional jamais registada desde a implantação da democracia multipartidária»? Passe a vaidade de a ter produzido... Sendo sua, torna-se numa obra-prima, claro! É subestimar aqueles, igualmente maus, que o antecederam! Então e Nino, não teve profundas crises institucionais? E Cadogo, não as teve também?

Dois coelhos de uma cajadada: minimiza 1998 e banaliza a ameaça da violência que quer sugerir nas entrelinhas. Não satisfeito com essa barbaridade, ainda tem tempo para assumir publicamente aquilo que os mais atentos já tinham percebido, a manipulação da franja manifestante que apelida por «Sociedade Civil».

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Funcionários desmarcam-se dos deputados

Defendendo que «os deputados não constituem o total dos funcionários da ANP», estes ameaçam com paralisação. Mas como pode algo que já está paralisado, paralisar? Para alisar o busílis, talvez fosse melhor uma manifestação, contra o instigador da situação em que se encontram, ao paralisar a instituição e o país.

Apito colorido

Há que felicitar o «Movimento» pela sonora ideia de distribuir apitos coloridos para assinalar os beneficiários da folha de pagamento da «Manifestação». Tal como no dia 5, as mulheres contam-se pelos dedos de uma mão. Subiu o assobio (se ainda tiverem folgo para isso), vaiando o falhanço.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Desafio das diferenças

Se encontrar mais de uma dúzia de pessoas diferentes, entre as duas fotos, temos um suborno à sua espera.


Depois do fiasco da manifestação, da desacreditação da organização, o comanditário insiste na fuga para a frente, renovando o desafio e escalando no discurso, agora com a novidade de se dirigir expressamente às forças da ordem em termos ofensivos, decretando ainda  para Sexta-Feira de manhã o «recolher obrigatório», com restrição de trânsito e imposição de fecho de portas a escolas e comerciantes. Lamentavelmente, o evento não passará de mais um nado-morto, a juntar ao outro flop. Uma prova de força, nesta altura? É não ter a mínima noção da realidade e da «representatividade», que decerto terá o mesmo inapelável castigo.

Luís Nancassa desautorizado e acusado de suborno para aderir à manifestação

Luís Nancassa, que preside aos destinos do Sinaprof, Sindicado dos Professores, e envolveu a sua organização na malograda manifestação de Sábado contra Jomav, foi desautorizado pelos seus correlegionários, acusando-o de suborno (esqueceram-se de colocar o dedo na ferida e desmascararem por quem!). O Sindicato não participará em mais manifestações, concentrando-se na sua vocação, a defesa dos interesses de classe dos professores, e nas formas tradicionais de luta, as greves.

É o fim da macacada e a pública prova, se é que ainda era necessária, do envolvimento encoberto de DSP no domínio da «acção cívica», esgotado o seu contributo partidário. Gato escondido com o rabo de fora.

PRS 2 - PAIGcv 1

Sou o triângulo que caio redondo nos ângulos do quadrado.

O PAIGcv só aceita Olivais; o PRS os outros dois. É o triângulo das Bermudas: o consenso engoliu os candidatos e terá de ser resolvida a quadratura do círculo.

Faz lembrar uma expressão um pouco tenebrosa de C.V.:

«Amo insensatamente os ácidos,
os gumes
e os ângulos agudos».

A barganha da vergonha

O PAIGc diz que se Jomav não escolher Olivais, estará a desrespeitar Conacri? E que dizer do PAIGc, ao pretender condicionar o Presidente, insistindo num nome que não propuseram em Conacri, violando todo o espírito do mesmo? Porque manda DSP recados por um vice-Presidente do Partido, sabendo que há um outro por reintegrar, ao abrigo do mesmo acordo?

O PAIGc já deu provas mais do que suficientes, aliás concludentes, que não tem alternativa para oferecer. Não sendo já possível ao Presidente recuperar o acordo, perante o beco sem saída no qual o bloqueio de DSP o quer encurralar, resta-lhe digno retorno à constituição, convidando o PRS a formar governo, fundamentando a sua decisão na incompetência manifesta.

Já BASTA de beneficiar o infractor!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Quando os outros decidirem ser nós vai pegar fogo

Obrigado manos Ikopongo. Concerto revú proibido ontem e transmitido hoje pela internet, à mesma hora.
Algumas frases soltas [entre 25' e 30'] para consumo interno e exportação.


Que porra de país sem perspectivas! O que estamos a fazer com uma constituição atípica? Constituição? Não serve para nada! A constituição é uma merda. É um livro, que é para queimar, rasgar. Queima essa brincadeira! Se vocês perderem o pão e não derem a cara? Vivemos na corda bamba, sustentando a farsa. E se o mambo ruir? É a vossa acção que nos ampara. Agora pára, pensa um pouco, o coração dispara [diz pára!]. Que vais fazer, virar a cara? Virar a cara é tradição aqui na banda...

Voltar à estaca zero

Em qualquer processo de orientação, caso se ande muito à nora, há sempre essa possibilidade radical, aliás a última novidade em drones: a função back to base. O Presidente parece anunciar o enterro dos acordos de Conacri e o arranque de um novo processo participado de nomeação para a chefia do Governo de sua confiança, descartando os 3 nomes em carteira e relançando o debate, ao reconvocar as «forças vivas da nação».

Lês-me o lema do Lesmes?

Três tristes tigres. Três tristes tigres. Três tristes tigres...

O rato ruiu a rolha da garrafa do palácio do rei da prússia

Enfim, a formação é importante, mas quando a cagança começa a ruir, pode roer toda a estrutura. Acultura Sul...

sábado, 5 de novembro de 2016

O indesejado

A arrogância do pretendente deu lugar à angústia do preterido. DSP queixa-se de um pacto contra si? Será que vale a pena continuar a armar-se em vítima, quando o povo mostrou estar já farto das suas desventuras, boicotando as suas DeSesPeradas inventonas? «Já sabíamos que o PAIGC fabricava satélites em série, para fins partidários, tentando cobrir todo o espectro político a seu favor (o último parece ser a APU, expressamente dedicado a esvaziar o PRS). O que ainda não sabíamos, até ontem, é que também inventavam «Movimentos de inconformados»... Foi o próprio quem fez com Cassamá um pacto contra o povo e contra a soberania nacional, para impedir o funcionamento da ANP e bloquear o país. Não queira virar o bico ao prego; é tempo de parar e analisar com serenidade os «resultados» obtidos.

Vergonha nacional


"Líderes" ( aparentemente) de um país soberano alinhados tipo meninos de escola que se portaram mal!!!! O pior disto tudo é que eles mesmos não vêm isso. 

Francisco José Gomes Fernandes

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Nhamadjo desafia DSP

Serifo Nhamadjo, mesmo reconhecendo a eventual boa fé de Jomav, no intuito de conseguir uma rápida mudança de atitudes em relação aos dinheiros públicos, critica-o por ter colocado o carro à frente dos bois. Detentor de uma legitimidade «democrática», ou seja sistémica, (que o próprio Serifo não tinha), acusa Jomav de cuspir no prato que lhe deu de comer, reclamando outra ordem de legitimidade: não possuindo qualquer currículo em termos de legitimidade «revolucionária», restar-lhe-ia o carisma pessoal, mas não se pode afiançar que o tenha conseguido.


Qualquer leitura apressada poderá cair em erros de interpretação, facilitados pelo bombástico (se bem que parcial) título. Serifo não está a dizer para «devolver o poder a DSP». Está a dizer precisamente o contrário. Devolver os 15 ao PAIGC é, como os próprios já trataram de esclarecer, pedir a demissão de Domingos, promover para a direcção alguém (como Serifo, por exemplo) com competências relacionais à altura do desafio da sobrevivência do Partido, face ao cansaço e insatisfação cada vez maior da população em relação à classe política por este moldada.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Caçar & cassar

Rima mais é com Cassamá, que é preciso caçar e cassar das suas funções. Quando o povo despertar, não será a mando dos manipuladores do costume. E cuidado, pois é muito provável que não se contente com um, senão com todos a arder na mesma fogueira, os principais actores e autores. Quem tem rabo de palha, não brinca com fósforos. Não vá o feitiço virar-se contra o feiticeiro!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

D. Lacerda Versus D. Lacerda

Domingos contra Diogo... Mais elementos sobre o resgate criminoso de Domingos Simões Pereira.

domingo, 23 de outubro de 2016

Violento ataque da Síndrome de Mana Madó

Diogo Lacerda Machado, Presidente do BAO, Banco da África Ocidental, que até aqui, preferia o anonimato e a discrição,

«Lacerda Machado é daquelas pessoas que não gosta de aparecer e que não se põe em bicos de pés para ganhar protagonismo — ao qual é avesso e que sempre deixou para António Costa»

parece ter sido acometido de uma fúria mediática, oferecendo-se, nos dois últimos dias, em notícias sobre a «jóia» guineense da «coroa» GeoCapital, a sociedade detentora da maioria do capital social (dos quais 24% adquiridos em 2007 ao Montepio Geral) desse Banco operando na Guiné-Bissau. De repente, virou one man show. Ou seja, virou mana madó, no vocabulário da «banda» (alguém que faz tudo por aparecer, sem medir os contextos, nem que seja pelas piores razões), calão que decerto desconhece, embora se gabe de «conhecer toda a gente em Angola».

Efectivamente teve lugar no dia 20 de outubro, pelas 14h30, no Auditório Agostinho da Silva da Universidade Lusófona, a conferência "Guiné-Bissau – A Porta de Entrada da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental", com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Portugal / Guiné-Bissau, a Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, a Universidade Lusófona e o Observatório Lusófono de Atividades Económicas, da RTP África e da AICEP. Para quem foi o destaque? Para as mediáticas declarações de Miguel Lacerda à LUSA, retomadas pela DW, de forma deveras curiosa:

«Além da ONU, o presidente do Banco da África Ocidental (BAO), o maior banco na Guiné-Bissau, também se manifestou em relação à situação do país, considerando que o povo guineense "merecia outra elite política".»

Quem é este senhor, que se julga um exemplo de «elite política»? O senhor pro bono. Que trabalha benévola e gratuitamente para o actual Primeiro-Ministro (e que gosta de ser percebido como puxando os cordelinhos da marioneta e fazendo andar a geringonça lá pelas maçonarias, mesmo estilhaçadas pelas diversificação das filiações tradicionais, legais e simbólicas). Agindo em alcateia, gente que não ama Deus nem ao povo, senão seus próprios interesses e de sua seita, julgando fazer do Banco Moza arte e de Portugal seu jardim privado. Governam estes senhores Portugal quase ininterruptamente há mais de dois séculos e vê-se o miserável estado a que chegou o país.

Ou seja: sempre foi o Costa a fazer os recados ao Diogo, pois este gostava de ficar na sombra. É realmente comovente alguém que ajuda o Estado por caridade e a quem não repugna invocar publicamente um abnegado «espírito de serviço público». Talvez não haja condecoração à altura, para tão esforçado contributo. Entrara para Secretário de Estado da Justiça, quando Costa assumiu a pasta, no Governo Guterres (1999), e esteve entretanto ligado a múltiplas negociações, estando a ser investigado pela PGR, no âmbito de um desses trabalhos «gratuitos» em que a GeoCapital recebeu um prémio de mais de 4 milhões, a recompensar um negócio ruinoso. Para além disso, para quem ainda tem o descaramento, como o Primeiro-Ministro, de defender que podia poupar os dois mil euros brutos do contrato que lhe fez para calar o seu bloco de apoio político, é difícil explicar o pagamento de 170 000 euros (apenas nos dois primeiros meses do ano) ao seu escritório de advogados... Operador fantasma, ganha a vários carrinhos... Enfim, uma grande confusão, entre a esfera pública e a privada. Quase que nos faziam voltar a acreditar em almoços gratuitos!

Lacerda passou pelo grande Oriente lusitano, Macau, de onde veio, no início da década de noventa com a ideia de que a China iria despertar. Traz na bagagem a visão de uma agência de investimentos vocacionada para encaminhar investimentos chineses para os PALOP, que partilha com Jorge Ferro Ribeiro, e com o famoso investidor macaense Stanley Ho, o qual deveria garantir a consistência financeira do projecto GeoCapital, que se apresentava como um interlocutor privilegiado graças às suas conexões políticas. Ou seja, o capital de que se recomendavam era essencialmente político (traduzindo para leigos : tráfico de influências), o que se pode constatar pela quota de 5% detida por Almeida Santos, medíocre maçon dos quatro costados que dispensa apresentações. Atente-se que, tal como na conferência supra-citada, o pretexto é a «porta de entrada em África». Há rotinas que dificilmente mudam. Ainda segundo a mesma fonte,

«A Geocapital investe em Macau, em Portugal e nos PALOP, e detém as participações nos bancos africanos onde Diogo Lacerda tem altos cargos. Desta empresa fazem ainda parte outros nomes conhecidos da política e dos negócios. Caso de João Silveira Botelho, antigo chefe de gabinete de Leonor Beleza e membro do conselho de administração da Fundação Champalimaud; ou de Alípio Dias, ex-secretário de Estado das Finanças, do Orçamento, ex-deputado do PSD e antigo administrador do BCP, condenado, em 2014, a quatro anos de inibição do exercício de funções bancárias, no caso das offshores do banco de Jardim Gonçalves.»



Uma pequena pesquisa, permite constatar que apenas os investimentos em Cabo Verde se mantém aparentemente saudáveis. Da gabarolice em Angola (corrupção na Sonangol) só cinzas. Também em Moçambique, as conclusões da investigadora Ana Cristina Alves, no seu livro de 2012 A Mamba e o Dragão já não permitiam dúvidas quanto ao «fracasso da iniciativa», nas palavras da autora:

«Apesar de toda a publicidade e das elevadas expectativas geradas, (...) nenhum dos mega-projectos anunciados se materializou (...) A Geocapital entrou com grande estrondo no mercado sino-lusófono, sobretudo pelo perfil do capital politico que estava por detrás da iniciativa e pelas promessas de investimento de larga escala, mas com o passar dos anos tornou-se evidente que o vigor inicial da Geocapital acabou por se esfumar (...) Esta iniciativa confiava em grande parte nas redes pessoais e no conhecimento local, ligações políticas com o partido no poder. A grande mais-valia da Geocapital era sem dúvida o capital politico – guanxi – com as elites governantes…»

E na Guiné-Bissau? Como nasceu o BAO? Aparentemente, foi o «património» do próprio Nino que esteve na sua origem, em 1997. Abertura à democracia, abertura à iniciativa privada, adesão ao CFA... parecia justificar-se. Era necessário um testa-de-ferro: Cadogo. No entanto, o Banco só viria a abrir as portas no segundo trimestre do ano 2000, já perante um cenário político completamente diferente, vindo mesmo a ser o único a operar no país em 2002. Por essa altura, ninguém imaginaria que Nino voltaria ao poder. Daí Cadogo ter ficado nominalmente com a parte do leão, entre outras participações camufladas de empresas suas, que depois alienou parcialmente à GeoCapital a partir de 2005, tal como o faria o Montepio, primeiro parceiro de Cadogo. Acabando Carlos Gomes Jr por manter apenas cerca de 20% das partes de capital (a que se deveriam somar um pouco mais de 3% de um seu homónimo e progenitor, que viria depois a envolver-se em pouco edificantes cenas com o filho a propósito do negócio, acabando expulso do Conselho de Administração).

Mas voltando aos grandes projectos financeiros para Macau (Banco, etc), que era supostamente a base da iniciativa, parece que, aos jornalistas portugueses que em Abril exploraram o caso Lacerda, terá escapado um artigo essencial, que nos informa que a GeoCapital perdeu todos os seus funcionários e escritórios em Macau há já quase um ano, por falta de pagamento (nalguns casos desde Agosto de 2014). Pelos vistos, a elite financeira macaense desinteressou-se, devido à medíocre qualidade e péssimos resultados apresentados pela maçonaria portuguesa, e deixaram cair o projecto, no qual restaram apenas, como participações resistentes, a Caixa em Cabo Verde, o BAO na Guiné-Bissau e o Banco Mais em Moçambique (a anterior participação no Banco Moza fora vendida à filial africana do BES, com ela indo a enterrar: ficou a pertencer ao Novo Banco a 49% mas foi precisamente hoje noticiada a intervenção do Banco Central e a suspensão da administração).

Tudo isto para voltarmos às declarações proferidas pelo novíssimo mana madó cá da banda CPLP e publicadas este Sábado, quase um dia depois das anteriores, na mesma agência noticiosa, para quem parece não ter estado mais ninguém na referida conferência. Declarações completamente demagógicas e hipócritas, constituem pura mentira. Façamos a lista, para além, claro, das já habituais sobredimensionadas expectativas:

1) «o que se passou não foi um resgate financeiro, nem um 'bail-out' nem um 'bail-in'; o que aconteceu foi uma operação financeira que permitiu salvar a maioria dos empresários da Guiné-Bissau da falência, não os bancos» Ah, se os clientes não pagarem, os bancos sobrevivem? sim, sim, e também há almoços gratuitos à la carte todos os dias, mas apenas para quem pertença ao PAIGC (todos os perdões foram para a gente do Partido no «poder»).

2) «os acionistas do BAO, o maior banco a operar no país, até já tinham acordado realizar uma operação de aumento de capital para acomodar as perdas no balanço» pois, pois, tal como o fizeram em Macau... e donde viria o dinheiro? muntruss!

3) «a operação lançada pelo Governo em 2015 de cedência parcial de crédito e de financiamento ao Tesouro foi essencial para impedir o colapso do país no seguimento do golpe de Estado, em 2012.» Então o terem pago em 2015 o prejuízo de 2012 foi retroactivo e permitiu evitar o colapso três anos antes? ok! e o Governo não cedeu crédito ao BAO, quem o fez foi o BAO ao Governo (esqueceu-se, claro, de acrescentar o «mal-parado»).

4) «O dia escolhido para o golpe de Estado foi o pior possível, porque nessa quinta-feira, 12 de abril, era o dia de maior exposição dos empresários» sim, claro, era uma data fetiche (como a quinta-feira negra! de 29)

5) «A economia da Guiné-Bissau ia simplesmente acabar porque os dois bancos teriam de executar a dívida dos empresários, confiscar os ativos e a própria comissão bancária sabia que era um absurdo, porque íamos matar todos os empresários porque nenhum tinha capacidade para pagar de volta» Pretensioso! Visão apocalíptica... então a economia ia acabar sem os seus serviços! eheh... é não ter noção de economia nem da realidade e que a «bancarização» é rudimentar na Guiné-Bissau... e executar a dívida aos empresários? Se a banca em Portugal, não consegue! São processos morosos na Justiça. Tente imaginar-se a eficácia da medida em Bissau.

Para além disso, ainda tem tempo para se contradizer, «do ponto de vista do Balanço era neutro» (ver ponto 2 «acomodar perdas no balanço»). Ah... está-se a ver a qualidade do banqueiro. Está pura e simplesmente a sugerir que bastaria manter as dívidas (fazendo de conta que não eram incobráveis), enquanto ninguém descobrisse... E parece que os guineenses lhe devem um profundo agradecimento por não terem passado fome. O abuso vai ao ponto de desmerecer as contra-indicações do FMI, afirmando que 6 ou 7 milhões não chega para coisa nenhuma? Para além de banqueiro, também é Ministro das Finanças? Pobre e mal agradecido! Salvo in extremis pelos bandidos e ainda caga de alto?

Persona non grata!

PS E já agora, como português: o povo português também merecia outra elite política!

sábado, 22 de outubro de 2016

BAO BABa-se


O retorno de Cadogo em perspectiva? É o que parece, ao atentar nas declarações saudosistas do Presidente do Banco da África Ocidental, de imediato retomadas pelo Jornal de Angola da colaboracionista LUSA. Não confundir a elite política com o PAIGC, a contra elite. Diogo Lacerda não deveria andar a esconder-se do PGR português, em vez de andar a cantar de galo? Amanhã, dossier completo. Revelações surpreendentes. Citando o Bambaram di Padida (link à direita) o povo guineense merece outra «elite» bancária.

Pacto com o Diabo

Pelos vistos, há uma contaminação com o vírus Domingos. Não bastava um (DSP e mais nenhum), em Conacri apareceu outro, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros angolano, e agora, ficamos a saber que, afinal, lá estava outro ainda, o padre da Fonseca.

DSP tinha montado para sexta mais uma peça do seu enredo de mentira e manipulação pro-Olivais, com um Agnelo Regala, do satélite PAIGC União para a Mudança, patético a rezar a pés juntos de que se teria chegado a consenso em Conacri, mas que foi guardado segredo...

Mas a «Sociedade Civil», que também esteve em Conacri, já se antecipara a tal absurdo (o seu líder decerto não esqueceu o vexame que DSP lhe fez passar obrigando-o a dar o dito por não dito). Lembre-se que o mesmo também desaconselhava um governo inclusivo.

[Embora Umaro Djau se tenha insurgido hoje contra esta fragmentação anti-constitucional, neste caso, foi útil ter mais testemunhas de um processo político enquinado; ler também artigo de Nataniel Sanhá, no mesmo site, sobre este déficit de soberania popular]

A RDP, como sempre o faz, alinhou sem vergonha no jogo de DSP. A forma recorrente e politicamente intencional como este jornalista usa a sua suposta «imparcialidade» deveria ser objecto de um aturado caso de estudo deontológico, de tão «exemplar» que é.

Mas o que mais choca são as declarações do Padre Domingos da Fonseca, insistindo na mentira e «triste» com a crua verdade apresentada por Jorge Gomes. Se mentir, por si, já é feio, senhor padre, fazer um pacto com o Diabo, em torno de uma tese cabeluda, é pior.

Não serão «bloguíces» mal amanhadas colocando tudo no mesmo saco e tentando confundir as pessoas que vingarão. Não são «duas opiniões contra uma», como tentam apresentar os confusionistas, mas sim de mais uma conspiração do DeSesPero do PAIGC & acólitos, Lda.

Fica mal, como apontou o mano Didinho, que se diga que a Guiné «já tem NOVO Primeiro-Ministro», quando o Presidente afirmou que ainda não encetou o processo, informando o anterior. Ainda para mais a um ex-Ministro da Comunicação Social, que deveria ter mais tento...

DSP, costumeiro das manobras dilatórias, pretende ganhar tempo, na vã esperança de provocar uma ruptura no seio do «grupo dos 15» (consagrado pela «Cimeira» de Conacri), apostando numa eventual azia de Baciro. Mas Jomav parece querer fazer as coisas como deve ser.

Aliás, o pretenso «consenso» baseia-se em pontos contraditórios entre si, como esse dos 15, que deveriam reconstituir a pseudo-maioria. Para cumprir o acordo será portanto necessária uma grande dose de bom senso. Não há consensos «à pressão»: para quê repetir os erros?

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Independência nacional

Domingos Simões Pereira, formatado na cultura PAIGC de apropriação do Estado, parece incapaz de se adaptar a qualquer esforço com senso no sentido de, sequer, ouvir os outros. Sempre com o «rei na barriga» e centrado no próprio umbigo, repete-se até à exaustão, teimando em impor-se aos guineenses. O primeiro passo, para negociar o que quer que seja (e mesmo que não haja depois acordo) é ouvir os outros (claro que depois há muitos mais passos, como capacidade de síntese, originalidade, flexibilidade, etc).


Se Domingos se dignasse ouvir, teria prestado atenção às declarações de Florentino Mendes Pereira, à partida para Conacri, quando afirmou que o PRS não se opunha a uma nomeação independente para a chefia do governo. Ou seja, o PRS, ao contrário das acusações com que reiteradamente o mimoseiam, não está interessado em reivindicar o poder (inteligentemente e talvez dada a «fragilidade» desse poder que os colocaria numa indesejada dependência dos 15), quer dizer, em transformar-se num PAIGC II, em mais do mesmo.

Se Domingos estivesse atento, teria reparado que, manter a teimosia em si próprio e depois em Carlos Correia (o mesmo filme dos últimos 18 meses) estava ultrapassado, e não era posição defensável. Se Domingos fosse esperto, teria pegado logo no Olivais, e feito dele cavalo de batalha, não o guardava para plano B, já depois do gong. No entanto, já são muitos SEs. Se cá nevasse, fazia-se cá ski, se Domingos fosse isso tudo, hoje seria Primeiro-Ministro. Se a minha avó tivesse tomates era o meu avô.

Este nihil obstat do PRS parece constituir-se como uma chave assertiva de resolução da crise. Uma solução quase salomónica de desempate. Nem uns nem outros. Ensaie-se algo novo: postura promissora e responsável. Para além de, naquele contexto, a palavra INDEPENDENTE assumir especial valorização; tem uma outra vantagem, em termos de igualdade de géneros, pois dá para os dois lados, masculino e feminino, o/a. Sim, que uma mulher taxista, soa bem, mas um homem nesse feminino? Não contar aos taxistas esta anedota...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Olivais da serra, o vento leva a flor

Nas prisões masculinas desenvolve-se um curioso calão psicológico, que, se é duro, não deixa de ser pedagógico. Quando chega um novo elemento, este é «testado», ou seja, provocado. Se mostrar medo, ficará indelevelmente marcado. Momento no qual é preciso afirmar a «soberania» sobre o último reduto íntimo, o nosso próprio espaço. Esse é um ensinamento vital, para um Homem. Aqueles que chumbam nesse teste, ficam inquestionavelmente expostos. Acabam a pau ou a ferro, senão mesmo enrabados por todos. São as «Carlotas».

Domingos Simões Pereira foi a Conacri, engoliu tudo, entregou o ouro ao bandido, assumiu-o publicamente, e refugia-se agora em pretextos fúteis que não passam da confirmação da sua inapelável derrota. O «estatuto» do PAIGC? Mas qual estatuto? Essa do «libertadores» morreu com Cabral, ainda antes da sua formalização. O que tem o PAIGC para apresentar? Mais de quatro décadas de desgovernação? DeSesPerado, recorre a todo o tipo de expedientes de contra-informação, na tentativa de manipular as consciências, na linha da maquiavélica história do seu diabólico Partido.

DSP não quer confessar que, vítima da sua própria casmurrice, caiu numa armadilha, ao assinar, perante a CEDEAO, o risível «acordo» de Conacri, e que agora, atado à carroça, já só aspira a fugir com o rabo à seringa. Sob pressão (e caiu mal junto da CEDEAO a presença intrometida de Angola, o que terá ajudado), assinou o acordo, mas já só pensa em incumprir. Tenta desinformar, usando os seus canais «dedicados», avançando com o nome de Augusto Olivais, que nunca esteve na mesa das negociações, como o PRS acaba de denunciar em comunicado. Ou seja: embora Olivais fizesse parte dos três nomes propostos por Jomav, não chegou a ser discutido, tendo o PAIGC mantido a sua teimosia em torno de Carlos Correia (na «impossibilidade» de Domingos), esgotando assim os seus cartuchos. Cipriano Cassamá, que se julga uma entidade à parte (e é o principal responsável pelo impasse), ou talvez uma outra ala do PAIGC, propôs Mário Cabral, e a sociedade civil propôs Alfredo Handem.

Jomav, reforçado pelo deslize de Domingos, rapidamente se apropriou dos resultados do «acordo», afirmando que nomeará alguém da sua confiança, e que será por isso necessário «afrouxar» a exigência de consensualidade. Ou seja, que fará o que muito bem lhe apetecer (ou que julgar conveniente, estando a agir de boa fé e por patriotismo...). Ao insistir numa «adenda» ao acordo (que o PRS acaba de recusar liminarmente), Domingos está a completar a vitória de Jomav, tornando-a absoluta. Ou seja, Jomav já não precisa de se cingir aos nomes apresentados, devido a esse precedente: pode assim inovar. Apesar de haver quem pense que possa optar por Sissoko, o Presidente dá, nas entrelinhas, sinais noutro sentido:

«_"A minha chegada vai permitir muitas movimentações ao nível interno porque o importante neste momento, de facto, é que as partes desavindas cheguem a um acordo. O país não pode continuar assim devemos transformar a Guiné-Bissau, nos próximos tempos, num país de trabalho e de criação de riquezas." Embora não querendo revelar mais pormenores, o chefe da nação disse que deverá manter contactos com outras forças e organismos

Sério aviso

Tentativa de atentado a tiro contra Isabel dos Santos, no prédio da Sonangol. Só que enganaram-se no andar, confundindo o 20º com o 19º.

A delfim está a crescer, até já se tornou um alvo em movimento. Trata-se de um sério aviso ao papá de que os generais não estão contentes. 

José Eduardo dos Santos está encurralado entre a rua e os ultras do regime. O discurso de ontem do «Estado» da Nação não satisfez a ninguém. Com a falência técnica, é o fim da linha, o princípio do fim. O melhor é fugir (enquanto pode), pois esta é apenas a ponta do iceberg das tensões e contradições internas do regime...

sábado, 15 de outubro de 2016

O «milagre» Isabelinha

Afinal as relações públicas não são tudo. Algo está mal no discurso da jovem gestora da Sonangol, que se gabava há bem pouco tempo de produzir petróleo a uma dúzia de dólares o barril.

Para começar, a Chevron, que até tinha apoiado a sua nomeação, não gostou do discurso, para quem tem andado a adiar o pagamento de custos de produção, e fez um ultimato a Isabel.

[então é esse o segredo do «milagre» dos $12, não pagar aos fornecedores...]

Isabel foi a correr até Pequim, para tentar conseguir o financiamento necessário, mas, como toda a produção já está há muito empenhada aos próprios chineses, veio de lá com as mãos a abanar.

[sim, o pai já tinha colocado o país no prego, antecipando receitas...]

Portanto, verifica-se o pior dos cenários, com previsíveis incumprimentos em cascata, num efeito dominó que não deixará de alastrar rapidamente às finanças públicas e ao câmbio informal.

Poder discricionário reforçado

Em declarações à RFI, o Ministro da Energia e Secretário-Geral do PRS, frisou que, tal como já constava do primeiro acordo assinado (ou seja, a deslocação a Conacri foi para CEDEAO ver), o Presidente vai nomear Primeiro(a)-Ministro(a) da sua confiança, na expectativa que possa gerar um consenso nacional em torno de uma liderança competente e de um programa minimamente consistente de arranque do país.

É obviamente um risco, seguir por caminhos tortuosos e inconstitucionais, concedendo mais poder ao Presidente, pois este poderá utilizar o precedente para lançar os alicerces de uma ditadura. O próprio PRS está a empenhar o seu capital político nesta fórmula, pelo que convém que, desta vez, Jomav acerte numa pessoa capaz, competente, conhecedora dos meandros e que não se deixe enganar por toda a gente.

Por outro lado, o líder renovador recusou-se a confirmar qualquer dos nomes até agora avançados, o que poderá indiciar que a solução final possa vir a ser outro nome, para além dos já conhecidos. Augusto Olivais, demasiado comprometido com o sistema PAIGC (de quem gosta de estar bem com Deus e com o Diabo), aparenta não ter a iniciativa nem a autonomia mínima exigível para o cargo a desempenhar.