quinta-feira, 23 de abril de 2015

O princípio da inevitável mudança

Rafael Marques saiu de um segundo adiamento do seu julgamento como um claro vencedor, para não dizer um herói: até os polícias disputaram o seu livro!

Num importante pronunciamento, de desafio à «autoridade», cuja vontade era condenar o activista, os generais comprometem-se a melhorar o respeito pelos direitos humanos nas Lundas, precisamente o objectivo dos Diamantes de Sangue. Mais do que uma simples crítica literária, a mensagem para José Eduardo dos Santos é clara: vá-se embora a bem, enquanto é tempo.


Viva Nito Alves! Viva Rafael Marques!

(confesso que chorei ao ver a fotografia)

Economia real

Domingos da Cruz, num brilhante e oportuno artigo de reflexão económica, que o Club-K acaba de publicar, vem uma vez mais confrontar os ignorantes do regime com o seu elevado estatuto de intelectual orgânico (conceito, aliás, desconhecido pelo MPLA), demonstrando à exaustão que Angola possui uma força anímica bem mais consistente fora dos círculos do poder, com muitos dos seus filhos mais capazes sistematicamente excluídos da governação do país pela inveja dos medíocres já estabelecidos, num interminável ciclo vicioso.

Estimulado pela proposta do Mestre, ouso ir mais longe, defendendo a criação de um sistema de troca de vales: cada operador económico esforça-se por produzir o máximo, titula em vales (numerados, autenticados e com local de levantamento, nº de telemóvel e outras informações que julgue por bem) e depois troca com uma rede que se esforçará por alargar (eventualmente recorrendo à internet), para diversificar a oferta. Entretanto, com empenho e dedicação, as várias redes hão de se entroncar, formando um sistema de verdadeira economia real, que permitirá dispensar a farsa que representa a moeda do tirano.

Com um pouco de prática, estudando a evolução dos termos de troca e indexando o valor de alguns bens básicos, seria possível emitir uma moeda verdadeira, sustentável e propiciatória da iniciativa dos angolanos, sem inflacção e independente da cotação internacional do petróleo. Quanto aos kwanzas? Sempre poderiam servir, enquanto não surge uma oferta nacional de papel higiénico reciclado.

E Domingos decerto daria um excelente Ministro da Economia e Finanças.

Caçados como coelhos

O regime angolano, em busca de diversificação da economia, para a tornar menos dependente do petróleo, equaciona o desenvolvimento de um novo desporto nacional: a caça aos pobres. Apostando no segmento do turismo VIP, está previsto o lançamento do SAFARI SEITA. O pacote a providenciar pela agência estatal a criar para o efeito incluirá, para além de alojamento de luxo, o helicóptero, as armas e as munições, bem como a localização das manadas de ovelhas: só precisarão de fazer pontaria... As expectativas são animadoras, espera-se um aumento do PIB superior a um por cento, para além, claro, dos efeitos virtuosos nos objectivos do Milénio, em termos de redução da pobreza.

PS Para prevenir a desconfiança dos cidadãos, seria bom que as Forças Armadas lavassem as mãos de um eventual envolvimento num acto hediondo, odioso e inaCEITAvel.

MR sai à rua

Raúl Mandela anunciou via VOA que o Movimento Revolucionário estará na rua dia 2 de Maio para pedir a libertação dos activistas cabindas ilegalmente detidos Marcos Mavungo e Arão Tempo, no mesmo dia em que os ex-militares também o fazem.


Na opinião de Nuno Dala: «Quanto à Oposição, será que cumprirá mesmo a promessa ou - mais uma vez - vai demonstrar que não tem coragem política? Eis a questão!» ou, noutra mensagem via FaceBook:

«O CAMINHO É A RUA!
A OPOSIÇÃO TODA DEVE LEVAR O POVO À RUA!
É PRECISO PARALISAR TODA ESTA MÁQUINA QUE HÁ 40 ANOS URINA PERMANENTEMENTE NO ROSTO DOS ANGOLANOS!
»

Contribuinte português financia regime sanguinário

Portugal, violando as regras de dumping da União Europeia, decidiu oferecer a José Eduardo dos Santos um «cabaz» anti-inflacção de 500 milhões de euros, desfalque disponível a partir da semana que vem.

O Estado Português decidiu-se a aforrar moeda local, depositada no sistema bancário angolano. O curioso é ser do domínio público que não há [hoje] dólares para comprar, em Luanda, a menos de 170 kwanzas por unidade. Ou seja, os 500 milhões de euros, passam instantaneamente a valer apenas 324. No entanto, como esses depósitos ficarão à espera de vez, na extensa fila para o câmbio oficial, o seu valor tenderá, a curto prazo, para um redondo zero.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Bandarra, António Vieira, António Conselheiro, Kalupeteka

A CPLP (Comunidade dos Países de Língua Profética) prepara-se, aparentemente, para ignorar as barbaridades cometidas por José Eduardo dos Santos. Quando as pessoas não têm o mínimo de condições de vida que as riquezas do país poderiam proporcionar, devido aos vícios sobejamente conhecidos, e, para além disso, são mantidas num estado de indigna submissão e humilhação perante o poder, pior que a escravatura (que pelo menos era «legalmente» assumida), as fileiras dos profetas engrossam naturalmente.

«Os líderes messiânicos não são psicopatas megalómanos, mas místicos ou ascetas frequentes na tradição judaico-cristã, dotados de qualificações intelectuais acima da média de seus liderados; no mínimo, homens informados, com vivência em ambientes sociais diversificados e profundos conhecedores da cultura religiosa tradicional» (NEGRÃO, 2005)

Recomendo ainda vivamente a leitura do pequeno artigo de Isaac Júnior e Luciana Pereira, do qual faço um pequeno extracto, tendo em conta que as suas conclusões, se bem que referentes à zona da Baía e Nordeste Brasileiro, podem perfeitamente ser transpostas para a actualidade angolana:

«O desejo permanente de sobreviver e sobretudo perpetuar a fé, o sofrimento muitas vezes enxergado como penitência, onde a única saída seria a crença no milagroso, com ritos e rezas.  Portanto, o sebastianismo português e nordestino teve a força de vigorar em sistemas devastados, seja por ideologias ou por falta de perspectivas de vida, em que também imperava a religiosidade, e tinha como foco a possibilidade de um horizonte de deslumbre, porém, verdadeiramente real para os seus adeptos.

Como se pode perceber, em torno dos movimentos sebastianistas não podemos deixar de destacar a imaginação e o sonho idealizado, que permeia o sentimento humano. Podemos identificar em todos os movimentos citados que todos tinham em comum o tratar-se de sociedades camponesas, coletividades marginalizadas, marcadas pelo abandono político, religioso e social em que viviam. As aspirações de um povo que vê os seus valores sendo destruídos por instituições sem eficácia, acabam por esvaziar a esperança no presente e no futuro
»

Quando foram os Censos, tinham achado que estavam perante uma abordagem abusiva e recusaram-se a responder... as «autoridades» foram lá, tentaram comprar o chefe oferecendo-lhe um carro e muitas mordomias (esta gente só funciona em função do dinheiro). Um impressionante número de mortos enterrados a catterpillar numa história mal contada... mas bastante reveladora da falta de expectativas e total dissolução mental da actual hierarquia angolana. A verdadeira questão sobre a qual José Eduardo dos Santos deveria reflectir, é a razão pela qual um discurso simples, de respeito pela dignidade humana, estava a atrair massas cada vez maiores, se este não lhes dava «nada» (fossem kwanzas ou dólares, subentenda-se).

Tudo isto apresentado como defesa da fé católica. No entanto, mesmo considerando o perigo que representava para a autoridade aquele que se intitulava «Rei dos Judeus», nem Pôncio Pilatos recorreu a métodos tão expeditos como os agora utilizados pelo regime angolano! Matar toda a gente, incluindo crianças! e a tortura até à morte de alguém, apenas porque pensa diferente? Enquanto isso, a voz do dono exige «profundas reflexões sobre o exercício ilegal da liberdade de culto» alertando para a «potencialidade de grupos religiosos ilegais praticarem actos contra a vida humana, devendo tomar-se medidas céleres para que preventivamente se evitem acções contrárias às leis». Tudo fica portanto justificado, à posteriori, por se tratar de profilaxia preventiva (passe o pleonasmo). Tal como os activistas de Cabinda, que foram preventivamente presos antes mesmo de praticarem o «crime».

Canudos, Pedra Bonita, Caála. E bico caálado!

É proibido sonhar.

DEAm-nos orgias!

A impoluta moral dos carcereiros de Bubo ficou ontem bem patente na demissão da chefe da DEA, a pretexto de «orgias» dos seus agentes em serviço, supostamente pagas pelos barões da droga.

Esta história «sexual» é só a ponta do iceberg! pois toda a gente sabe que as únicas pessoas que prendem, para apresentar trabalho, são pessoas um pouco ingénuas, como Bubo, sem esperteza suficiente (como Injai) para desconfiar das grosseiras armadilhas que armam com o objectivo de camuflar a verdadeira utilização da Agência com as suas «reservas estratégicas» de estupefacientes, órgão de financiamento de operações político-militares encobertas, sobretudo na América Latina. Quem não se lembra do seu menino bonito, Noriega, que de bestial (enquanto apenas traficava droga para a DEA) passou a besta, quando quis defender os interesses do seu país na renegociação das condições de concessão do Canal.

De facto, a DEA é mais uma vítima da clara alteração de política norte-americana, assumindo (finalmente!) que não têm condições para continuar a alimentar o discurso de prepotência a que nos vinham habituando desde a queda do Muro. Há que proceder a alterações radicais nos procedimentos da administração... A hipocrisia e a manipulação tornam-se menos necessárias, quando deixamos de nos considerar donos do mundo, e o Outro passa a ter o seu papel! A Rússia percebeu muito bem essa alteração e está empenhada numa campanha de charme para reocupar o lugar que julga que é seu por «Direito», juntando-se à China, que entretanto também ganhou o seu lugar, nesse tabuleiro global que parece caminhar para um mundo tripolar, que terá de fazer face à multiplicação de novas ameaças, implicando realinhamentos inteiramente novos e insuspeitos, novas alianças, novos paradigmas diplomáticos e geo-estratégicos.

Resta-nos esperar que o Mundo fique a ganhar com a Nova Ordem, com alguma pacificação dos imensos focos de conflito periféricos, e, em termos de equilíbrio, relativamente à Guerra Fria (que, de facto, foi uma paz duradoura com extermínio mútuo garantido), por uma triangulação menos maniqueísta.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Plenário

Orientada pelo Presidente dos Santos, está a Assembleia reunida em Plenário, depois de votada por unanimidade a ordem de trabalhos. Os deputados da Oposição julgaram que em pleno ar estariam em maior comunhão com os vulgares cidadãos, pelo que abandonaram o hemiciclo aquando da votação da Lei do Registo Eleitoral oficioso.

Sala dos azulejos no Palácio de Queluz

Nesta sala encontram-se representados os quatro continentes associados às quatro estações do ano. Apresento, deste ângulo, a prima Vera, uma bela angolana.

FLECtir JES

A FLEC exige a libertação imediata dos presos políticos e denuncia a prática corrente de graves atentados aos Direitos Humanos.

Auto-mobilização

De todos os desmobilizados, descartados, humilhados, que se sentem traídos por José Eduardo dos Santos (que fez de Angola um couto privado desprezando o sangue vertido).

Em solidariedade com Mário Faustino que, acompanhado por uma comissão representativa de três organizações de ex-militares, entrega hoje um ultimato ao Presidente da República no Governo Provincial de Luanda.

Ad eternum

Convidam-se todas as angolanas e todos os angolanos (convoquem as amigas e os amigos) a dirigirem-se hoje à Assembleia Nacional reunida em Plenário para que, no fim da votação aprovando a lei que sacra José Eduardo dos Santos como Presidente vitalício, possam manifestar espontaneamente e em uníssono, com vibrantes Vivas!, a sua alegria e contentamento, com mais esta vitória da democracia. O momento justifica-o.

Requiem por José Eduardo dos Santos

Um estado que não consegue providenciar à imensa maioria dos seus cidadãos condições minimamente condignas de abastecimento de água ou luz, de saneamento básico, provoca uma hetacombe, de dimensões ainda por apurar, argumentando, para legitimar a sua «limpeza», que as vítimas eram anti-sociais e se queriam isolar no mato? Então porque não os deixaram em paz ir à sua vidinha, se não incomodavam ninguém? Ficou perfeitamente documentado, com o caso Kalupeteca, não só o carácter monstruosamente totalitário da ditadura de José Eduardo dos Santos, como também o absoluto controlo dos meios de comunicação social, os quais, na ausência de espírito crítico ou contraditório, encobriram um cenário apocalíptico. Que Estado é o angolano que, sem mostras de qualquer escrúpulo, assassina em massa os seus próprios cidadãos?

Hoje Kalupeteca, amanhã Samakuva, depois de amanhã Chivukuvuku. Abatidos ao efectivo ou atirados aos jacarés, pouco importa, depois de um processo sumário.

É a apologia da arbitrariedade e da violência gratuita, veículo de uma pedagogia rasca da submissão. Conseguirá José Eduardo dos Santos intimidar e desmobilizar para sempre a todas e a todos, dividindo para reinar? Ou terá chegado a sua hora de enfrentar o julgamento final e de ser condenado às chamas do Inferno?

Amílcar Cabral no epicentro de Luanda

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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Inventona em 3 actos

Genocídio

Intimidação

Aos propagandistas do «clima propício» do Jornal de Angola, fica apenas uma pequena rectificação. A referida Lei, que consagra José Eduardo dos Santos como ditador vitalício, vai a aprovação final amanhã, dia 22.

Gostaria de evocar, a este propósito e nesta «quadra», Salgueiro Maia, às cinco em ponto da tarde do dia 25 de Abril, quando entrou no Quartel do Carmo para acertar os termos da rendição do regime. Reuniu com Marcelo Caetano, o único dos governantes presentes que conservou alguma dignidade em face da situação, o qual se lhe dirigiu aproximadamente nestes termos: «Já sei que já não governo. Arranje-me um General, para o poder não cair na rua».

Conversa de Chefes













Com o patrocínio da marca de luxo:

Q contra K

Em rápida propagação via Twitter e Blogosfera, uma manobra de desinformação contra o Club K, com origem no Jornal Q: tentando rentabilizar a indignação e repugnância contra o assassinato de um português ocorrido ontem, este jornal relança, sem data, um caso similar de 2012, apenas para acusar o Club K de incentivar o ódio aos portugueses, fazendo crer que se trata da actualidade e como se o Club K fosse responsável pelos comentários... [Basta ler os comentários às notícias no DN para arranjar loucos a debitarem barbaridades bem piores!]

As maquiavélicas intenções destes mercenários da informação ao serviço da ditadura, são evidentemente de lançar a confusão, inserindo-se na campanha de intoxicação dos Zés (Ribeiro e dos Santos), contra o Club-K... O regime, pressentindo um fim próximo, tenta arranjar bodes expiatórios, lança anátemas contra tudo e contra todos, tentando cobrir, com cortinas de fumo, as evidências da sua derrocada, promovendo a intolerância e agitando o espantalho da violência.

Desinformação em 3 passos:

1) O engodo ou chamariz: o jornal avança que não foi apenas um português que morreu, mas dois, o que dá origem à sua propagação.

2) O isco: no meio das «cachas», aparece destacado a vermelho, um link «Leia Também»

3) O anzol: o Club-K acusado do conteúdo de comentários, e referente a um caso desactualizado. Claro que, a partir daí, a propagação é fácil, a farsa alimenta-se a si própria e transforma-se em «notícia» por si só, encarnando num verdadeiro hoax por encomenda.


A forte (e «oportuna») reacção ao caso dos polícias mortos aponta no mesmo sentido...Começam a surgir relatos via FaceBook e redes sociais, do assassinato sumário de várias centenas de pessoas (incluindo crianças) e, sintomaticamente, insinuações da apreensão de propaganda, na tentativa de conotar o caso a «outras forças», chantageando a UNITA, para que esta não saia à rua.  Trata-se obviamente de mais uma conspiração destinada a intimidar os angolanos.

Entre o Lixo e o Luxo

Grande reportagem do Público, do país das desigualdades gritantes, onde uns poucos têm milhões e milhões não têm quase nada, onde a miséria convive com uma mania verdadeiramente patológica de ostentação.

Utilidade do sistema bancário nacional

Há três anos atrás, Rafael Marques escrevia no Maka Angola, sob o título (passe a redundância do «dispersos») Desmobilizados dispersos a tiro

«O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Geraldo Sachipengo Nunda, dialogou com uma comissão de ex-desmobilizados e deu garantias de resolução dos seus problemas na semana seguinte.

No mesmo dia, à noite, o Ministério da Defesa e o Estado-Maior General das FAA emitiram um comunicado conjunto em que assumiam o compromisso de pagar os subsídios dos ex-militares “tão breve quanto possível, através do sistema bancário nacional”. No referido comunicado, o exército apelava “à calma e compreensão de todos os ex-militares, porque já foram tomadas as medidas necessárias para resolver a situação”.

Eurico Jeremias, de 54 anos, está à espera dos seus subsídios há vinte anos. Foi desmobilizado em 1987, após 16 anos de serviço militar, após ter perdido o olho direito numa batalha. “Vimos manifestar-nos frente à embaixada americana, porque o nosso governo não nos ouve. Aqui, fomos travados pela cavalaria, a brigada canina e o gás lacrimogéneo que atiraram contra nós”, disse o manifestante.»

Por parte do regime, o CEMGFAA será responsabilizado por ter cão e por não ter. A sua responsabilidade deve ser encarada do ponto de vista dos angolanos, pela visão de reconciliação que o gesto presidencial significava com a sua nomeação ao cargo. Há três anos traiu as expectativas criadas pelas suas declarações: de boas intenções está o inferno cheio; admitindo a sua boa fé, resta-lhe entregar o responsável pela traição à palavra dada e aos compromissos assumidos em seu nome.

domingo, 19 de abril de 2015

Ultimato entregue na Terça

«Camarada Presidente»:

Há três anos, a sua resposta neste assunto foi entregar aos jacarés os organizadores. Gato escaldado da água tem medo. Os activistas exigem agora, segundo reporta a LUSA, «o contacto directo com o Presidente».

O ultimato será entregue na Terça a quem de Direito.

O cão e o lobo

O Jornal de Angola, ou A Voz do Dono, está claramente a preparar o ambiente propício para uma campanha de intolerância civil, um golpe de estado que permita a José Eduardo dos Santos conservar um poder totalmente desgastado.

Estado corruptor, que humilha, assassina e atira aos jacarés aqueles que ousam criticar; que manipula e desinforma a generalidade da população (graças ao monopólio da comunicação social, perseguindo até os anunciantes que sequer ousam apostar em alternativas virtuais), contribuindo para perpetuar as suas insuficiências e barbaridades traduzidos em brutais desigualdades de oportunidades, no qual a legalidade depende apenas do ponto de vista e o Estado de Direito se encontra perfeitamente subvertido, que outro nome poderia ter, senão MONSTRO?

A incomparável vaidade e arrogância de José Ribeiro, um pseudónimo, entre outros, de Artur Queirós, vai ao ponto de pretender ser a cabeça desse monstro, o infalível estratega, vendilhão de retórica barata, o qual, insensível perante os ventos de mudança e cego pelas velhas fórmulas e rotinas, se vai progressivamente abstraindo da realidade, a ponto de produzir nova rábula contra a internet, encarada como meio de propagação de vírus «sociais». Apregoa a ilegalização do Club-K, apelidando de terrorismo o seu modus operandi.

«um país que precisa de manter a estabilidade e atrair investimento não pode negligenciar centrais de desinformação que minam os pilares da democracia e do Estado de Direito. Noutros quadrantes isso é exemplarmente punido.»

Estará a falar de quê? De notícias incómodas, que dão a voz à cidadania, como no caso da Senhora Dona Maria Odete Patrocínio? Exemplarmente punidas? Sim, nos regimes totalitários, cujos ditadores são vulgarmente apelidados de MONSTROS!

Acusar o Club-K de copiar os seus «conteúdos» é verdadeiramente típico do discurso arbitrariamente auto-centrado. Pois se o Club-K é explicitamente citado, caricaturado, vilipendiado, tem todo o direito de dar a conhecer esses miseráveis e desesperados ataques, que mais soam ao canto do patinho feio (sim, que cisne nunca chegou a ser).

Mas aquilo que melhor traduz a mentalidade mesquinha de José Ribeiro, é o assumir-se como mercenário, ao serviço do omnipresente poder do dinheiro como motor social à exclusão de qualquer outro princípio, presumindo que tudo tem o seu preço, que tudo deveria ser negociado nesse infâme mercado de consciência. [Porque é que a população de Angola não são todos clones deste senhor? Seria o Paraíso na terra! - segundo a opinião do próprio] Atingindo um paroxismo nas suas elocubrações, aponta o seu dedo inquisidor ao Club-K, acusando-o de «não ter dono». Sim, porque José Ribeiro tem dono, tal como toda a comunicação social angolana, e assim é que está bem!

Mas voltando ao título da fábula, numa adaptação livre.

Estava o cão gordinho a comer da sua gamela, quando passa o irmão lobo, magricelas e cheio de fome... começa a salivar, e pergunta:

Lobo _Ei, mano, como arranjaste essa comida? Eu fartei-me de correr e ainda não cacei nada hoje.
Cão _Abanca e come um bocado. Todos os dias, por esta hora, a comida aparece no prato.
Lobo _Porreiro! Mas o que é isso que trazes pendurado ao pescoço?
Cão _É a corrente com que o meu dono me prende!
Lobo _Então tu não podes ir onde te apetece?
Cão _É pá, pois, não dá...
Lobo _Ok, deixa lá. Vou voltar à minha vidinha. Antes livre e esfomeado...

Fonte: La Fontaine, em parceria com TugaLeaks (é um mau exemplo, pois o Club-K não faz hactivismo com h de hacker)

sábado, 18 de abril de 2015

Financiamento interno dá sinais de esgotamento

Pelo relatório desta semana, fica-se a saber que o Banco de Angola assumiu os 300 milhões de dólares como nível mínimo de injecção de divisas no sistema bancário. Tudo na mesma, a esse nível. A novidade consiste no aparente esgotamento da capacidade de financiamento interno. Os diferenciais entre a dívida emitida e colocada agravaram-se drasticamente, colocando a nu a total inconsistência das previsões constantes do OGE «rectificado» (sem que se esclareça o «destino» desse papel, contrapartida dos salários a pagar, com inevitáveis tensões inflaccionistas associadas, à falta de absorção), que distribuía equitativamente as origens de fundos, entre financiamento interno e externo.


As Obrigações do Tesouro colocadas não passaram de 0,24% do total. Podem evidentemente limpar o rabo ao OGE, tal como, aliás, ao gráfico apresentado, no qual a miragem do «ponto de inflexão» aparece cada vez mais pronunciada e especulada (comparar com há duas semanas atrás), denunciando a pouca vergonha «matemática» do Zécutivo, que está a hipotecar o país. Em Moçambique, Guebuza deixou o cofre vazio. Em Angola, para além do cofre vazio, José Eduardo dos Santos deixa um interminável rol de dívidas!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Xiça, Kabusa até ao fim

Rombo nas finanças moçambicanas...

No Brasil, Dilma Roussef alega total desconhecimento do que se estava a passar na PetroBras, com a Sonangol... a campanha da inocente senhora foi financiada pela empresa «pública», da qual ela fora administradora de topo... entretanto, o seu tesoureiro tirou férias por conta do contribuinte.

O modelo angolano parece ter atingido a sua fase terminal.

Sublevação parlamentar

Numa declaração conjunta, a oposição angolana responsabiliza o Presidente angolano por «todas as consequências» que poderão advir da aprovação, prevista para Terça-Feira, da nova Lei do Registo Eleitoral oficioso, obviamente dedicada a perpetuar a sua própria reeleição. O que não pode deixar de recordar a frustrada tentativa de Blaise Campaoré, no Burkina Faso, em Novembro passado... Verdade ou consequência?

Ao mesmo tempo, José Eduardo dos Santos esmera-se numa patética campanha, a favor da democracia na eleição presidencial, na companhia do seu homólogo namibiano. Falando da alternância democrática: «a Namíbia vai no seu terceiro presidente, logo seguida de Angola, que vai no segundo...» Esqueceu-se de dizer que quando a Namíbia se tornou independente, já era Presidente de Angola há mais de uma década, sem nunca ter sido eleito.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Boas práticas mercantis

A melhor forma de manter o nível de preços controlados é fomentar o espírito empreendedor e a facilidade de acesso ao mercado. Se um comerciante especular o seu preço e estiver a ganhar muito dinheiro, aparecerão rapidamente novos «craques» (para evitar o «cacres», os quais acabam por nunca sair da calabaça) para lhe fazer concorrência, baixando os preços, para poderem deitar a colher ao pote.

Não é lá muito inteligente estigmatizar o lucro! Em vez de medidas pontuais, inoportunas (em vésperas de Conferência Empresarial da CPLP?) e perniciosas, deveriam antes ser tomadas medidas estruturantes de um verdadeiro tecido económico, garantindo a igualdade de oportunidades e a confiança no livre jogo do mercado para obter equilíbrios, que de outra forma não serão mais que fugazes e passageiros.