terça-feira, 29 de maio de 2012

Zamora desaparecido entre Ziguinchor e Banjul

A Gâmbia acaba de negar oficialmente a entrada de Zamora. Por exclusão de partes, Zamora parece estar realmente retido no Senegal, que faria bem em confirmar a recepção da encomenda: o novo Presidente deverá pessoalmente garantir a segurança do seu convidado (tal como parece ter ordenado a sua captura) não vá entretanto acontecer-lhe alguma coisa, pois há muita gente em Lisboa que, à falta de poder desfrutar da sua companhia, estaria interessada na sua eliminação física... 

http://thepoint.gm/africa/gambia/article/gambia-has-no-knowledge-of-g-bissau-ex-army-chief-minister

O coitado do Sr. Almirante já deve estar farto de ser interrogado... a esta hora deve estar um pouco confundido: as informações, para além dos dois anos de «décalage» devido ao seu afastamento, sofrerão decerto com isso.

Preocupação justificada

A Guiné-Bissau, pela voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, ocupou hoje, Segunda-Feira, a uma do Centro de Imprensa das Nações Unidas.


A situação parece realmente preocupante, mas talvez se devesse reflectir em torno das suas causas. De quem é a culpa da situação?

Será de Angola? Pela ingerência grave? Será de Portugal? Por seguir canina e obedientemente o seu retro-colonizador e ter criado um clima de medo e insegurança? Dos restantes membros da CPLP que «deixaram andar» num primeiro tempo e estão custosos de emendar a mão? Dos arredados do poder, aqueles que tentam radicalizar as posições, inviabilizando consensos, tentando desesperadamente recuperar «na secretaria» o poder que perderam por inépcia criminosa e que agora apelam à desobediência e à guerra civil? Dos comerciantes que açambarcam as mercadorias?

O Comando Militar, como cooperante do Acordo Político, se não detém já toda a responsabilidade pela calma e paz social, que agora partilha com o Governo de Transição, continua responsável pela ordem pública, que tem religiosamente conservado, com o apoio da maior parte da população, cuja maior aspiração é a de que não haja vítimas a lamentar. Essa é, até agora, a maior coroa de glória do Comando Militar.

Lembre-se que a actuação do Comando tem sido firme e clara: mantém-se, sob a sua responsabilidade, toda a liberdade de opinião e de expressão, mas está proibida qualquer manifestação pública. Quando a Alta Comissária afirma que tem conhecimento de relatos «de violações dos direitos humanos» incluindo:

1) «a repressão violenta de uma manifestação pacífica»: estará decerto a referir-se à «oportunamente» ocorrida esta sexta-feira, 25 de Maio, à frente da sede das Nações Unidas em Bissau; no entanto, essa manifestação era tudo menos «pacífica», destinava-se a perturbar as negociações em curso nesse momento, nessas instalações, apoiando uma das partes (note-se que o Comando também proíbe manifestações de apoio), tendo-se registado apenas um ferido com pouca gravidade. Grave seria expor os senhores diplomatas e negociadores, por quem o Comando era responsável.

2) «liberdade de expressão?»: o exemplo da Ditadura do Consenso (claramente anti-Comando, e estou a ser simpático) fala por si

3) «saques»? só no próprio dia 12 de Abril, por o Comando ainda não ter assumido a sua responsabilidade, tendo desde aí agido em conformidade

4) «detenções arbitrárias»? mesmo considerando arbitrárias as prisões do Presidente e Primeiro-Ministro, como dar um golpe de estado responsável de outra maneira? além disso, já foram libertados, devemos portanto concluir pelo «non lieu» da acusação; a única detenção que continua, de um Secretário de Estado, foi justificada pelo Comando por subversão activa e tentativa de contratação de agitadores guerrilheiros na região de Casamança.

Talvez a Alta Comissária, com tanto trabalho por outras bandas do mundo (não resisto a apontar Angola, como exemplo, onde o seu trabalho poderá ser bastante útil, para onde deveria mandar já observadores com o objectivo de prevenir violências estatais pré-eleitorais) se acanhe um pouco nestes comunicados bastante vistosos e alarmistas mas muito pouco rigorosos...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

CPLP = Fantoche

Sim, Zédu$ compra tudo: quintas, bancos, economia, consciência...

http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/cplp-nao-passa-de-uma-marionete-de-jose.html

Mas terá de responder: depois da humilhação pela qual passará em Bissau, já nem em casa o vão aturar.

Apoio alimentar da China

A China deverá dar continuidade ao apoio à Guiné-Bissau, enviando alguns milhares de toneladas de arroz, como já fez no passado, para ajudar o povo guineense a ultrapassar a carestia provocada pela crise política, e assim consolidar a simpatia do novo governo, em ordem aos seus objectivos de isolamento de Taiwan no seio da CPLP. Contraria assim também, nesta zona do mundo, a postura da Gâmbia... evitando cair no erro de «empurrar» o Governo de Transição para outras paragens, como fez a CPLP...

domingo, 27 de maio de 2012

Chegada do contingente nigeriano

Chegaram hoje a Bissalanca, num charter fretado pela Nigéria, os polícias nigerianos e senegaleses para se juntarem aos burkinabés, já em Cumeré, para uma curta missão de baby sitters, sob a bandeira da CEDEAO. As armas deverão chegar amanhã. Estão finalmente criadas «condições de segurança» para a retirada da kambada da MISSANG...

Entretanto, a confusão quanto ao destino de Zamora continua, com versões contraditórias. No entanto, o diário senegalês de referência Le Quotidien, mas também Le Senegalais, acrescentaram na edição de hoje pormenores que parecem credíveis, referindo que terá sido uma das primeiras ordens directas (e instantâneas) do próprio Presidente, Macky Sall, no seu novo cargo. O que parece ter existido foi uma verdadeira corrida na caça ao homem, entre Sall e Yammeh, pela obtenção de informações... com jogadas de contra-informação pelo meio; neste contexto, no mínimo estranha parece ser a «informação» de que Zamora procuraria «nova identidade» em Ziguinchor, o que revela indícios de que a Gâmbia terá escritórios «para-diplomáticos» em Casamança... Sall parece querer dar um sinal claro de que não quer ficar a ver «passar os navios»: homem bem informado sobre as questões geo-políticas-estratégicas-económicas, que fez a sua carreira em torno do Petróleo dessa zona, «roubou a chupeta» a Yammeh... Terá de se haver agora com os Estados Unidos, pois Zamora era o seu menino bonito. Zamora caiu claramente numa armadilha, tendo medido mal as consequências da sua desadequada e mal preparada fuga: bu ta sai da pilon, bu cai na balai?

http://www.lesenegalais.net/index.php/actualites/items/macky-ordonne-larrestation-de-lex-cemga-de-bissau.html

sábado, 26 de maio de 2012

Senegal prende Zamora e Fernando Gomes

Apanhados pela Polícia num carro com mais duas pessoas, sem documentos legais de saída da Guiné-Bissau, onde estavam refugiados na Delegação da União Europeia, deverão ser extraditados de volta para as «raízes», a pedido do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, através da embaixada em Dakar. Notícia insuspeita no Le Monde.

http://www.lemonde.fr/afrique/article/2012/05/26/l-ancien-chef-de-l-armee-bissau-guineenne-arrete-au-senegal_1707953_3212.html

Refira-se que Zamora, ao contrário de Fernando Gomes, não consta da lista de pessoas proibidas de sair do país... De qualquer forma, existem agora no país condições de segurança para que não seja necessário refugiar-se em lado nenhum, como teve que fazer ainda durante o antigo regime de Carlos Gomes Junior; nem se percebe para que foi alinhar numa «evasão» ilegal, se teria bastado pedir tranquilamente um visto para Dakar... As informações são contraditórias, outras fontes dizem que realmente o grupo dormiu em Ziguinchor mas que se teria depois dirigido para a Gâmbia, onde se ignora se chegaram.

A brincar com a tropa?

A tropa portuguesa, pela voz da AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas, reagiu contra a brilhante «ideia» de contenção proposta pelo Ministro da Defesa, de «acomodar» pelos três ramos os custos da operação Manatim, depois dos cortes radicais no Orçamento já sofridos. Aviso de quem só vos quer bem: paguem, rapidamente e em força! A prudência fica bem é antes de activar a força, não é depois dar o Estado em mau pagador e caloteiro. É que quem tem as armas pode lembrar-se de seguir o brilhante exemplo da Guiné-Bissau...

Reuniões «frutuosas»

O mesmo adjectivo foi usado, em Lisboa e em Bissau, para descrever os trabalhos de reuniões em torno da situação na Guiné-Bissau. Manga di fruta. Ou seja, bué em angolano.

Em Bissau, concretizou-se a reunião entre CEDEAO e CPLP, sob os auspícios da ONU, os tais «novos canais»; no entanto, não foi autorizada qualquer entrevista dos participantes, tendo apenas sido referido o aspecto «frutuoso» das conversações. Parece um silogismo adequado para descrever um encontro com surdos (mas não mudos: são donos do mundo e não mudam uma vírgula).

Em Lisboa, uma iniciativa organizada pela eurodeputada socialista Ana Gomes no Centro Jean Monnet juntou eurodeputados e os 4 da vida airada (numa representação de luxo de ex- tudos: Presidente, Primeiro-Ministro, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Embaixador) os quais de Belém ao Rato não se cansam de marcar presença. No final Carlos Gomes Júnior declarou aos jornalistas que "Esta reunião foi bastante frutuosa para demonstrar que o povo guineense está a exigir o retorno do governo saído das urnas".

Note-se a incongruência de exigir o «retorno do Governo saído»: podiam também pedir ao contrário, a saída do Governo entrado, que ia dar ao mesmo... Parece pouco adequado estarem a decorrer conversações em Bissau e conferências paralelas «contraditórias» em Lisboa. Já quanto ao ex-Primeiro-Ministro, não se compreende em que se baseia para a sua afirmação quanto às «exigências do povo»: pubis ka burro.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Remake II

O porta-voz dos insurrectos, Daaba na Walna (sim, há imensas versões do nome) acusou Carlos Gomes Junior de...

«abuso de poder, infidelidade aos princípios, uso indevido das instituições militares, violação da constituição, perseguições e atentados contra a integridade física de oficiais da classe castrense, entre outros, motivos da insurreição levada a cabo na Guiné Bissau».

Estão todos a pensar que isto é de Abril de 2012: pois enganam-se.

É sim uma «mentira» de 1 de Abril (mas de 2010)!

Como começou esse dia? Com uma «assembleia» de altas patentes em Amura, para o confronto directo entre CEMFA (Zamora) e seu Vice (Injai), na sequência do mal-estar que se vinha vivendo desde Janeiro, quando Zamora chamara Injai a São Vicente para o acusar de cumplicidade no retorno de Bubo da Gâmbia onde se encontrava refugiado; a coisa acabou a murro, com a grande maioria dos oficiais a darem razão a Injai, tendo sido imediatamente desarmados e presos Zamora e Samba, o chefe da sua sinistra secreta, o qual aparentemente urdira toda a intriga, nela acabando por enredar o seu próprio chefe. Injai estava a ser vítima de uma «inventona» («crioulo» guineense derivado de intentona) que teria tentado prevenir no dia anterior telefonando aos mais altos responsáveis da Nação, Presidente, Primeiro-Ministro e Procurador-Geral, que se negaram a ouvi-lo. Toda a cena depois, que a comunicação social apanhou, foi feita «a ferver», assumindo a forma de uma «explicação» não agendada com o Primeiro-Ministro, na qual não houve outro estrago senão um par de óculos de um ministro. 

Apertado, Samba terá chegado a deixar cair um nome relacionado com a Embaixada de Angola... Mais recentemente, quando foi morto (curiosamente na véspera de ser ouvido em Tribunal), como o Aly constatou, a surpresa da tropa foi total (I Samba!), até porque se tinham responsabilizado pelo desenrolar tranquilo do processo eleitoral, conforme justificação do «eterno» porta-voz. Quem poderia Samba denunciar? A quem aproveita o crime? Terá sido a gota de água que fez transbordar o copo da classe castrense? Se Zamora foi mais vítima da sua ingenuidade do que propriamente cúmplice, o seu testemunho será importante (o mais importante talvez nem seja o assassinato de Nino): deverá talvez, neste momento, evitar Lisboa, para manter a sua imparcialidade perante Bissau.

Neste contexto, o recente comunicado do dia 23, da Liga Guineense dos Direitos Humanos, para além de suspeito, contradiz-se na forma: como podem pedir, no ponto 2, a libertação de Bubo invocando a Amnistia a aprovar pela ANP ao abrigo do Acordo Político, se esta se refere, na letra, exclusivamente ao dia 12 de Abril deste ano? Se invocam o texto, se pretendem um alargamento do seu âmbito, estão a reconhecê-lo. Mas não: logo no ponto seguinte denunciam o Acordo Político, para no ponto 4, apelar à rejeição da Amnistia. Em que ficamos? Tristes encenações, a juntar-se ao coro de protestos internacionais visando a situação no país ao tempo do governo de Carlos Gomes Junior...

Fernando Gomes, o ex-Ministro do Interior, faz curiosamente lembrar um seu homónimo ex-Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos. O primeiro, na sequência de mais uma «inventona» ou «intentona», conforme se queira - ou der mais jeito (na Guiné os dois termos acabam sempre por se assimilar na confusão) - do último Natal, negociou a rendição de Iaia Dabó (irmão do falecido antigo ministro do Interior e deputado Baciro Dabó - outro sinistro personagem e narco-barão), o qual foi abatido a tiro a sangue frio no interior do carro em que pensava entregar-se (depois de negociações envolvendo vários personagens) por elementos da Polícia de Intervenção Rápida (força formada em Angola, que já chegara no tempo de Nino, para o «proteger»), facto também noticiado pela Ditadura do Consenso. Gomes consta da lista de elementos do ex-Governo proibidos pelo Comando de deixar a Guiné-Bissau.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Doka Internacional versão Serifo

A mosca tem estado relativamente em descanso, muito poucos contactos locais (ao invés de 1998), quase tudo com origem na internet e no coração.

Mas hoje, justificava-se uma violação do protocolo.

O Presidente da República lembrou o nome do Pai (morto) do Doka; quase um elogio ao Filho (vivo).

Com o pai elogiou a seriedade e a força. Com o filho, a opinião actual e o «poder ser»...

Não partilho da opinião de certas pessoas, que se recusam a especular o passado, em conversas sobre História, puxando dos lugares comuns:

«Se cá nevasse, fazia-se cá ski» ou «Se a minha avó tivesse tomates era o meu avô»...

Como pode o futuro ser um imenso campo de possibilidades em aberto, se, por outro lado, nos recusamos liminarmente a discutir o que «poderia ter sido», afunilando o passado à vulgar e miserável realidade que foi?

Ler a história...

http://dokainternacional.blogspot.pt/2011/03/paigc-depois-de-35-anos-do-seu_09.html

Ouvir Ke ki mininu na tchora
de José Carlos Schwarz    ke ki mininu na tchora

Portas impinge Bissau (também) em Estrasburgo


http://www.dw.de/dw/article/0,,15968891,00.html

Lamentável performance, uma vez mais, do (des)«Governo» português, esta quarta-feira na questão da Guiné-Bissau, desta vez no Parlamento Europeu. Paulo Rangel, eurodeputado do PSD e Diogo Feio do CDS, os lacaios de serviço, chatearam-se sozinhos porque ninguém os leva a sério: tiveram de se dirigir a uma Comissária propositadamente ausente, e constatava-se um forte tom de agastamento bem perceptível nos poucos euro-deputados presentes no hemiciclo quase vazio... bom exercício de «democracia».

O cão feioso EMI (his master voice)... para pior ainda, que horror, o homem nem falar sabe, cada vez que tenta levantar a voz, engasga-se a cada duas palavras! Olhe que parece um comunista, a berrar pelos «direitos»! Estado frágil? Deveria estar a referir-se ao seu próprio país... Quem quiser que veja a triste amostra de um minuto em video:

http://videos.sapo.pt/d4sMRMYNmYVoGEwGbaZH

Qualquer dia ninguém pode ver os portugueses: «Fujam, lá vêm os chatos com a mesma conversa»...

P.S. Quem tenta salvar a face (arranjar outros canais, deslocar-se a Bissau) não alimenta este género de diversões de mau gosto.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Jair Jaló : Que Deus ajude o povo da Guiné pensar para Bem!

Jair:

Não te conheço, mas tenho por justo fazer-te um grande elogio. Um jovem sem complexos que escreve português como o sente (independentemente de um ou outro erro: continua a «errar» assim)...

Que o teu desejo seja exalçado. Deus não dorme.

http://www.didinho.org/vamos_participar_na_busca_de_solucao.htm

Portas do Cavalo II

Paulo Portas está tão curto de argumentos, que já só os apresenta um a um: neste momento, o único que tem em cima da mesa, é a acusação de na Guiné-Bissau estarmos perante um golpe de estado pelo controlo do tráfico de droga. Está enganado (ou então está a querer enganar-nos). Como toda a gente sabe, Nino estava envolvido até ao tutano e nunca ninguém se lembrou de o acusar, quanto mais de pedir a sua deposição. Foi substituído por Carlos Gomes Junior no cargo de Barão Senior: quem não se lembra de Zamora, quando foi «espremido», o ter acusado de ordenar pessoalmente uma «desapreensão»? E Paulo Portas, como Ministro de Portugal, a porta de muito desse cavalo, deveria ter mais cuidado com as suas afirmações, pois o nível de hipocrisia está a alcançar níveis estrato-esféricos: talvez faça melhor, antes de falar, em inspeccionar os porões das traineiras que se dedicam à «pesca» nas águas da Guiné; já agora, podiam pagar as licenças... Sem ofensa para os comerciantes da especiosa mercadoria, vítimas da hipocrisia mundial, pois apenas aproveitam as oportunidades que a satisfação das necessidades desse mercado proporcionam. Aliás, uma solução desejável, segundo as conclusões do IISS, num estudo recente já aqui referido, seria a liberalização desse comércio: a luta ideal e eficaz contra o tráfico é a sua conversão em comércio legal, sob apertado controlo fiscal e sanitário.

Foto infeliz II

Depois de muito procurar, finalmente encontrei o Wally! Estava bem disfarçado na paisagem, desta vez. Só se via o contraste do fato, preto e branco. Deposto pelo Comando e decapitado pela escolha de um belíssimo fundo... «desadequadamente» feito ainda a Guiné não tinha sido «descoberta» pelos tugas (os primeiros dos macacos brancos sem pelo a chegarem ao continente)...

Hollande dá continuidade a política africana de Sarkozy

O papel da Missão Licorne na Costa do Marfim, não foi questionado, tal como as grandes questões de fundo, que não passarão pelo Parlamento, devendo manter-se como prerrogativa presidencial.

http://koaci.com/articles-75089

domingo, 20 de maio de 2012

Nova constituição

No site do Didinho foi publicado em primeira mão o texto do novo acordo político que deverá reger o retorno à normalidade democrática, assinado e promulgado pelo Comando Militar na última Sexta-Feira, configurando a integral entrega do poder aos civis, consagrando suas principais reivindicações, entre as quais se destacam preocupações de:

Garantir a autonomia e independência da Justiça e da Comissão Nacional de Eleições.

Garantir o combate à corrupção e ao tráfico de drogas.

Garantir o restabelecimento da confiança nas Instituições do Estado, a nível interno e externo.

Garantir a qualidade técnica dos envolvidos em questões de governação.

Garantir a transparência das Contas do Estado, promovendo auditorias independentes ao anterior Governo e ao próprio Governo de Transição (uma vez findo o seu Mandato).

Garantir uma Amnistia (prova de humildade da tropa, que reconhece assim que teve de optar entre dois males - enveredando pelo menor) a favor dos promotores da clarificação da situação política e elementos do Comando (mas porque não alargá-la, em prol da reconciliação e do apuramento da verdade, a todos os implicados em crimes políticos dos últimos anos? mesmo o principal beneficiado sendo Cadogo, de outra forma são feridas que nunca sararão e só podem trazer mais desentendimentos e complicações; perdoar, aliás, facilitará o seu esclarecimento - até porque muitos culpados, tal como as suas vítimas, estão mortos - e este é o momento ideal para uma pacificação «forçada»; vamos acabar com violência e ressentimentos? violência só pode atrair mais violência).

Do documento final constam 25 assinaturas: destas, a maioria (simples, presuma-se, ou seja uma dúzia mais uma), poderá exonerar o referido Primeiro-Ministro (ouvido o Comando Militar, claro, num entendimento alargado do Artigo 4º). 

Na ANP, talvez se devesse consagrar a sessão permanente. Os deputados que forem caindo, ao abrigo do regimento, deveriam ser substituídos por uma lista a elaborar, de figuras notáveis da sociedade civil, a começar talvez pelo Bispo de Bissau, que tem demonstrado caridade e disponibilidade para se envolver numa solução partilhada e realmente participada, bem como outras autoridades religiosas, civis respeitados, representantes de ONGs no terreno, etc.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Portas do cavalo na ONU

Depois de todas as asneiras que fez no processo recente da Guiné-Bissau, já não há saídas airosas para Paulo Portas, já não há sorte que lhe possa valer. O projecto de resolução, que pretendia estabelecer uma «força de reposição» da ordem, rapidamente se viu retrogradado a um humilde pedido de sanções contra os golpistas; mas mesmo conceder isso já parece demais perante tão mísera performance... porque não deixa de incomodar as pessoas? Uma Comissão terá de analisar o pedido. O projecto é obviamente remetido para as calendas gregas. E Paulo Portas recebe ainda a suprema humilhação de ser retro-condenado: há fortes «reticências» na organização quanto à insistente tentativa de impor a designação de «Governo legítimo» aplicada a cidadãos no exterior (cuja libertação, aliás, devem à CEDEAO e àqueles em quem tanto condenam a violação dos Direitos Humanos...), sem qualquer ligação com a realidade. Veja-se o jornal da ONU:

http://whatsinblue.org/2012/05/negotiations-on-a-guinea-bissau-sanctions-resolution.php#

O Togo acusou Portugal de deturpar o texto submetido, relativamente ao acordado... Agora Paulo Portas até já faz batota? Conhece a história de Pedro e do Lobo? Também o Expresso noticiará amanhã como o Conselho de Segurança deixou cair a exigência de «reposição» do «governo legítimo»...

Talvez seja altura de pensar como os portugueses do outro lado do Atlântico, ou seja, em colocar pelo menos um ovinho noutro cesto... é que o cestinho de Paulo Portas já ab...arrota, temo que alguns se tenham partido (suspeito mesmo, pelo cheiro, que alguns já estão a apodrecer...)

Brasil desmarca-se da CPLP e reconhece Comando

Ontem, num claro gesto de boa vontade, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil referiu-se à disponibilidade do Brasil para participar numa missão internacional conjunta de observadores da União Africana com a ONU, para a Guiné-Bissau, frisando insistentemente «que o Brasil não apoia uma intervenção militar na Guiné-Bissau, mas sim o envio de observadores» ou «que a posição do Brasil é a de defesa do diálogo». Defende ainda que qualquer acção deverá ser «acordada com as autoridades guineenses», estendendo a Lisboa e Luanda uma pequena ponte para o diálogo, dando um sinal para a saída do isolamento e beco sem saída a que estas diplomacias se votaram, ao defenderem intransigentemente um impossível retorno ao passado. Come back to the future!

Diplomático ultimato

Ouattara fez ontem um ultimato a José Eduardo dos Santos através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, que enviou a Luanda: consonantemente, este não estará em posição de o recusar; a MISSANG terá de começar a sair já este fim-de-semana de Bissau. Esta ordem de despejo é uma prova de força instantânea para a CEDEAO e um sinal claro para o Mali: a organização não está para contemporizar com o apodrecimento das situações e pretende demonstrar a sua capacidade operacional conjunta e prontidão.

http://www.gbissau.com/?p=843

Garante-lhe «pessoalmente» uma saída ordeira, com a segurança garantida pelas forças da CEDEAO. Uma evacuação de POWs não teria melhor protocolo!

Falta apenas delimitar a missão da CEDEAO a esse ponto único, urgente, e a despachar rapidamente, para depois dispensar essas forças tornadas desnecessárias por uma transição de sucesso e evitar à organização regional incorrer em mais custos por causa da Guiné-Bissau; para retribuir o apoio agora prestado ao processo político guineense talvez seja mesmo possível, no âmbito do novo governo, disponibilizar um contingente para outras operações regionais de manutenção de paz.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Esquadra Burkinabé em Cumeré

O Comando Militar acabou de anunciar a chegada de um contingente de umas dezenas de polícias vindos do antigo Alto-Volta, que ficarão instalados no quartel de Cumeré, do lado oposto do aeroporto (a amarelo).

http://noticias.pt.msn.com/Saude/article.aspx?cp-documentid=250018085

No artigo, um belo instantâneo, com Daba Na Walna em primeiro plano meio desfocado, para focar os soldados um pouco mais atrás. A bonomia e descontracção reinam, em contraste com a crispação diplomática em torno da questão.

Crispação facial

Mais do mesmo, pelo mesmo mono. Pela enésima vez, Paulo Portas bateu na mesma tecla, ao receber o ex-Primeiro Ministro da Guiné-Bissau, esta manhã, em Lisboa. Retorno incondicional ao estatuto de Estado anterior a 12 de Abril. Está-se a tornar repetitivo, homem. Chato mesmo. Há um mais de um mês que «exige» sempre a mesma coisa, e cada vez mais a vê-la por um canudo. E não se cansa? E não acrescenta nada de novo? Nadinha mesmo? Népia? Bom, enfim. Mas porque prejudica ainda mais a sua arruinada carreira fazendo caretas? Qualquer pessoa, mesmo que não saiba português, topa logo como anda ressabiado só de lhe olhar para esses trejeitos. Sorria para a foto: olhó passarinho! Tão congestionado, parece que engoliu um sapo... Ou está com qualquer coisa atravessada? Necessidades?

Certos analistas internacionais começam a desconfiar dos reais interesses de Paulo Portas nesta questão. Para nos cingirmos a uma fonte utilizemos Radio France Internationale:

«Reste à comprendre pourquoi l'Angola et le Portugal tiennent autant à jouer un rôle en Guinée-Bissau. Certains évoquent des intérêts économiques et notamment des accords secrets passés avec l'ancien Premier ministre à propos de l'exploitation pétrolière.»
http://www.rfi.fr/afrique/20120509-guinee-bissau-grandes-manoeuvres-diplomatiques-poursuivent

Quanto à força anunciadamente a enviar pela CEDEAO, constituída quase exclusivamente por soldados nigerianos, reconhece-se o parecer negativo da imensa maioria das pessoas em Bissau:

«À Bissau, l’arrivée de la force de CEDEAO est sur toutes les langues, dans les lieux de travail, dans les quartiers et les coins de rue: Les gens pensent que cette force ne résoudra pas le problème : "En termes de stabilité, je pense que cette force ne saura pas résoudre le problème. Ce sera pire ! La Missang était ici, cela n’a rien changé. Au contraire, elle crée une crise, une polémique. Je crois que ce sera la même chose avec cette force".»
http://www.rfi.fr/afrique/20120516-guinee-bissau-cedeao-missang-abidjan

Sim, para que serviria essa força? Supostamente para proteger as instituições, fazer a protecção a VIPs & last but not the least, «substituir a MISSANG».

A MISSANG precisa de sair apenas, não de ser substituída. Angola está a começar a cansar todos os diplomatas que lidam com a questão: o burkinabê Kadré Ouédraogo mostrou-se agastado com o antagonismo de Angola e da CPLP relativamente à boa vontade da CEDEAO, sugerindo mesmo à VoA que se trata de clara ingratidão: depois de acumularem erros e hipocrisias em torno da «democracia», omitindo o verdadeiro problema, que surgiu quando a «CEDEAO ficou a saber da extrema tensão existente entre as tropas da Guiné-Bissau e as forças angolanas presentes no seu território», tendo-se prontificado a «ajudar a evacuar» essa força. 

Quanto à protecção das instituições e VIPs, não será necessário, pois o Comando Militar já deu provas da sua capacidade para a manutenção da ordem interna (a menos que estejam a pensar como Portugal e Angola, em instituições «democráticas» do passado, nesse caso o melhor seria irem directamente para Lisboa).

Dia D (ezoito)

Afinal não chega amanhã qualquer força estrangeira a Bissau. A CEDEAO ponderou e julgou que uma composição dessa força baseada apenas em soldados da Nigeria poderia ter problemas de comunicação com a população local... Dada a preocupante situação no Norte do Mali, os Ministros da CEDEAO vão reunir de novo depois de amanhã, Sábado, em Abidjan, para reavaliarem a situação, ali e em Bissau.

A Nigeria lamenta, mas confessa que também não seria possível cumprir o prazo inicialmente estipulado, dia 18, por dificuldades de logística: o responsável adianta mesmo que a única possibilidade seria o envio dos soldados desarmados, o material a (não) utilizar seguiria depois... segundo o Ministro da Defesa nigeriano na PANA: ''We don't want a situation where the soldiers will arrive ahead of the necessary equipment.''


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Encenações frustradas II

Desta vez em Lisboa:

http://www.socialaicos.com/index.php/media/videos/pesquisar/595-ana-rita-caneira-monteiro/video/10600-guineenses-em-manifestacao-de-apoio-ao-primeiro-ministro-deposto-da-guine-bissau?groupid=0

Meus caros adeptos do ex-PAIGC e alguns curiosos que se vêem neste vídeo: uma dúzia de pessoas não é uma manifestação, sobretudo nesse sítio, à hora de ponta! Todos os dias a essa hora, para além de alguns camones para a Ginginha, costumam estar nesse sítio mais guineenses que esses que se vêem «em directo» na imagem. É a pequena Bissau, sempre tolerante; de outra forma, a enorme, discreta, paciente e silenciosa maioria teria inibido essa manifestação pouco representativa do sentir autenticamente guineense.

Pontualidade britânica

E mal estar na sala. Bem sentadinhos e congestionados nos seus fatos e gravatas (e as mãos? todos com o mesmo tique entrevadinho) cinco minutos depois da hora de chegada ao Palácio de Belém (segundo o relógio de cuco), segundo o protocolo. Fazia calor em Lisboa...

O banco do meio ficou grande demais... será para assinalar a ausência de alguém? Infelizmente Daba não pode viajar... mas o lugar de honra, no centro das atenções, ficou reservado para ele.

Nas declarações para os telejornais, mantém-se a irredutibilidade do discurso... agora publicitados com renovado vigor pelos media portugueses. Tanto os Estados Unidos como a China já apelaram ao diálogo, criando um novo cenário político. O ex-PAIGC continua a esticar a corda, com consequências imprevisíveis, recorrendo à cobertura de Paulo Portas, numa inconsiderada aposta do «tudo ou nada» já apenas destinada a salvar a própria face. Chega de hipocrisia!

PS Com os devidos créditos ao repórter fotográfico da Presidência, através da respectiva página oficial. Cenas dos próximos capítulos, amanhã, nas Necessidades.

Testemunho impressionante

Sobre os crimes de Nino.

http://dokainternacional.blogspot.pt/2012/05/eu-alice-schacht-esposa-viuva-de-otto.html