segunda-feira, 8 de setembro de 2025

3G

A destruição das torres altas de Gaza tem não só a ver com os ensinamentos da vitória israelita dos montes Golan (onde os tanques sírios, vindos de baixo, não conseguiam alça suficiente - os blindados têm um ângulo de tiro relativamente baixo - e foram abatidos que nem patos) mas também com a derrota do exército russo em Grozni (bastava aos tchetchenos subirem acima dos terceiros andares, para derreter as colunas com simples RPG7 - ainda temos muitos nos paióis da Guiné-Bissau). 


Contudo, pode tratar-se de um mau cálculo. Naquele amontoado de destroços, qualquer bazuqueiro destemido (ou seja, qualquer palestiniano) pode esconder-se e esperar pelo momento certo (talvez valha a pena pensar em equipar o pessoal com soluções respiratórias momentâneas: se não houver pequenas botijas de oxigénio, recipientes de ar individuais até dispersar eventual preparo de gás). Para além disso, a capacidade de manobra dos blindados ficará relativamente reduzida.

Se dispuserem de minas anti-carro, trata-se de as usar bem, em combinação com os bazuqueiros. Cavar ou engendrar fossos onde atolar os blindados pode ser outra solução útil, antecipando linhas de avanço no terreno. Os falcões israelitas estão claramente a subestimar o inimigo; arriscam-se a uma surpresa desagradável no terreno. Quando começar a confusão no chão, a força aérea não poderá intervir a granel, dada a presença demasiado próxima das suas próprias tropas.

A defesa é sempre superior ao ataque e a moral palestiniana superior, para além de um muito melhor conhecimento do terreno (mesmo se muito desfigurado). Não é boa táctica vender a pele do urso antes de o ter morto, sobretudo quando este nada tem a perder e está disposto a especular o preço. Sun Tzu defende que nunca se deve encurralar o inimigo, mas deixar-lhe sempre um pequeno carreiro por onde possa fugir sem glória pela calada da noite. Não há duas sem três.

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