«A Guiné-Bissau aspira a uma vida simples e segura, uma governação baseada no pragmatismo, porque o contexto político e social da nossa Pátria amada se encontra muito complicado, mergulhando os cidadãos num desespero difícil de descrever. O PAIGC nunca se conseguiu reformar. Um Partido político é a união de homens que se reconhecem na mesma doutrina política. O partido é uma organização, não um clube de amigos.
Qual é a ideologia política do PAIGC? Basta ver os sucessivos governos do PAIGC, para ver que há um grupo de pessoas que já integraram sucessivos governos. Esses indivíduos que no passado deram provas da sua incapacidade, o que é que podem oferecer hoje? Nada! A guerra das cadeiras que se vive entre o presidente da República e o primeiro ministro, reflecte a ideologia do PAIGC (guerrinhas mesquinhas). Mais uma vez, a velha ideologia de clientelismo do PAIGC ganhou. Deve dizer-se «Obrigado PAIGC?» Ou dizer «Basta!» a essas práticas?
Tenho um imenso orgulho no PAIGC, enquanto partido libertador. Mas sinto uma fúria imensa contra ti, enquanto organização que traiu muitas expectativas da nossa Pátria amada. O tempo é um médico sem diploma, que possui conhecimentos que podem curar as promessas infundadas dos políticos. Na nossa pátria amada, nos últimos anos, tudo é traficado; a esperança, a influência, a droga, as armas, as florestas, a fauna, as crianças...
Em resumo, o desalinho é total. A lavagem ideológica que o nosso povo sofreu nos últimos anos, foi feita por frouxos e medrosos, a partir de uma organização mafiosa e cruel. O que é que o PAIGC fará para restaurar a ideologia política que fez o nosso povo respeitá-lo? O nosso povo tem uma ideologia política. Como é que podemos definir a ideologia política de um povo particularmente cosmopolita como o nosso? É simples. A ideologia do nosso povo assenta na harmonia e solidariedade entre as diferentes etnias que constituem o mosaico populacional da Guiné-Bissau. Demonstrou-o durante os anos 11 da luta de libertação nacional para poder possuir uma identidade política, porque sem essa ideologia não conseguiríamos vencer os colonialistas portugueses.
Sim, o povo da Guiné-Bissau existe, o que nos falta é o respeito à nossa existência. A nossa Pátria amada transmutou-se em Estado de Caos. O vazio ideológico, em que se encontra a Pátria de Cabral, vai ter um custo muito elevado para nossa pobre nação, que se encontra de novo mergulhada na incerteza total. O nosso país necessita de reforma, mas com um governo capaz, competente, que tenha coragem de fazer as reformas que se impõem.»
Há 4 horas
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