Fernando Teles deve ter informações fidedignas de que JES já não voltará ao país. De outra forma não ousaria desafiá-lo, como o fez no jornal Expansão, querendo «ensinar o Padre Nosso ao Cura» (para evitar a fúria do patrão e lhe ocultar que se está obviamente a posicionar para a era pós-JES, até inventa que está amuado com a Bodiva). Para quem se gabava da proximidade aos círculos do poder (e ainda há pouco, apesar de todos os sinais, insistia em papaguear a retórica rasca do regime), é de estranhar que só agora se lembre de «reinventar a roda». Todas estas dicas inteligentes, porque não as deu a quem de direito, no seu devido tempo, quando estava de barriga cheia? Isto de fazer «prognósticos» depois do jogo acabado é demasiado fácil... Não se nota nada que os ratos começam a abandonar o barco.
Entretanto, segundo artigo do Jornal de Angola (como têm a conta em atraso a SAPO injectou-lhes boa dose de publicidade) a Sonangol lançou para cima da mesa «metade» das reservas de petróleo do país, a serem licitadas ao desbarato em pleno descalabro do sector. Resta saber se o regime angolano ainda tem legitimidade para proceder a esse «desconto», sabendo que ninguém acredita já que JES consiga baixar o custo de produção para metade, pelo menos para o país não estar a perder dinheiro (e a dar prioridade nas importações a «materiais para a indústria petrolífera», que neste momento quer apenas dizer fuga e lavagem de capitais, em detrimento, por exemplo, de tractores agrícolas, já de si limitados por regras sumptuárias que proíbem a importação de máquinas com mais de cinco anos). O «modelo» JES só funciona com vacas bem gordas. Ninguém quer comprar os teus blocos, ó Belzedú! Nem dados. Não é apenas por não valerem «nada», neste momento. É sobretudo por estar toda a gente farta de «esquebras» e de arrogância.
«Isto está bom... bástico. Não tarda faz bum.»
PS Talvez agora se possa aferir da inteligência dos timorenses, ao criarem o Fundo Soberano e estipularem que apenas poderiam levantar uma parte dos rendimentos em juros. Não ficavam assim dependentes do petróleo (e não andam a sustentar burros a pão-de-ló, como os angolanos, que até mete dó). Não foi como JES que, mesmo em tempo de vacas gordas continuou a endividar-se... a contar com o ovo no cu da galinha. E até mesmo se poderá entender a firmeza de Xanana, ao expulsar os juristas portugueses que estavam armados em DDT (Donos Disto Tudo) em Timor, enquanto faziam vista grossa ao que se passava em Luanda, mil vezes pior. É compreensível a irritação, quando o parceiro tem dois pesos e duas medidas.
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