segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

DON'T GOE

Comparem-se, com a mesma origem, a Rádio Renascença, através do SAPO, as prudentes declarações da PSP com as de Paulo Portas, sobre o mesmo assunto. Estará o Sr. Ministro a tentar obter, armando em vítima, com toda esta confusão e incompreensibilidade do seu discurso, notícias ao estilo Correio da Manhã (como a de infeliz memória de que se preparava para atacar a Guiné), para tentar desinformar a opinião pública portuguesa e fazer acreditar que os seus rapazes foram feitos reféns?

Vale a pena lembrar que eles não estão PROIBIDOS DE SAIR da Guiné-Bissau; mas apenas os que estão em Portugal e os deveriam render, esses sim, estão IMPEDIDOS DE ENTRAR. O culpado, um vez mais, é o inepto do MNE: em vez de sujeitar os miúdos às vergonhas da publicidade e da ausência no presépio, poderia assumir ou: a radical retirada da embaixada; ou a ausência de força militar (depois do precedente angolano - e tudo o que fizeram mal em seguida - poderá passar a ser, legítima e reciprocamente, vista como uma ofensa).

Se não têm tomates sequer para esclarecer os leitores acerca das alternativas, não venham tapar a estupidez com peneiras. Muita paciência têm tido as autoridades guineenses para com este incompreensível comportamento diplomático português, que não pára de meter a pata na poça, a ponto de se comprazer em lá chafurdar. Ainda mandam criticar, à boca pequena, uma pretensa aproximação da Guiné-Bissau ao Irão e à China! Já o fiel presidente de Cuba começou por ser um liberal e a história do século XX teria sido outra, se não o tivessem empurrado para os braços de Moscovo.

P.S. Já agora, Sr. MNE, não acha um pouco exagerado abusar da sua posição para mandar piropos? «Agentes magníficos»? Coitados, abandonados em Bissau aos caprichos do Sr Ministro. Talvez a Associação Profissional de Polícia se possa voltar a pronunciar, acusando o senhor Ministro, no mínimo, de sequestro, agravado de assédio.

18 comentários:

Retornado disse...

Está mais que visto, Paulo Portas não tem jeito para apicultor.

Para mexer em enxame de "baguera" é preciso prática e equipamento próprio.

Guiné-Bissau é ninho de baguera, mais feroz que baguera de Canjadude.

Quando o enxame está calmo a fazer o seu mel, aparece logo alguém a excitar as abelhas.

Há muitos apicultores a mexer e não têm experiência!

Anónimo disse...

O Paulo Portas, nao é culpado de tudo isso. O culpado é o governo da Guiné -Bissau, eles deviam pura e simplesmente desembaracar-se deste Portugal facista de Paulo Portas.Sinceramente nao compreendo este tipo de relacionamneto. Portugal nao reconhece o Governo da Guiné -Bissau, mas o governo da Guiné -Bissau reconhece o de Portugal e os governantes portugueses comportam com a Guiné -Bissau, como esta fosse ainda uma provincia sua. Já é demais!

7ze disse...

A atitude da Guiné parece-me até, precisamente por isso, bastante equilibrada e comedida, sem grandes sobressaltos (que não se justificam, devido à insignificância de Paulo Portas, que insiste em dar tiros no pé e prejudicar os negócios dos seus próprios concidadãos em Bissau).

Ridícula é a atitude do MNE português que insiste em impor-se numa festa para a qual não foi convidado...

A própria afirmação, à laia de desculpa, que veio complementar as últimas declarações, de que os GOE ainda têm visto para 9 meses, soa a falso: então estão dispostos a manter a situação por tempo indeterminado? Apenas adiam o problema, e ficam muito contentes?

Tem razão, caro comentador anónimo: já é estupidez a mais!

7ze disse...

Julgo que os portugueses em Bissau, os mais prejudicados, se deveriam dirigir à sua lamentavelmente indesejada embaixada e voltar a entregar uma carta aberta (do tipo daquela que há seis meses desmascarou, como desnecessária, inconsequente, inoportuna e mesmo contraproducente, o envio da força militar), para mostrar ao senhor Ministro que não há pachorra.

Já uma vez o fizeram e merecem parabéns! Talvez por não haver mais gente assim, Portugal esteja como está: os portugueses estão habituados a aceitar passivamente as maiores barbaridades dos seus governantes!

7ze disse...

O que mais custa a Paulo Portas, e talvez por isso a questão da Guiné o tenha afectado muito mais que o previsível (e envelhecido prematura e repentinamente) é a perda do seu sonho imperial, que em tempos partilhara com os seus soldadinhos de chumbo.

Por isso se encarniçou desta forma tão para além do razoável, se mostra incapaz de fazer leituras adequadas da simples realidade, e se está a transformar num perigo para os MNE portugueses, numa ofensa para a comunidade de língua portuguesa e num peso morto para Passos Coelho, que tem assuntos importantes para tratar.

Autismo maduro ou senilidade precoce?

É Paulo ressabiado, por ter ficado pendurado a bater às Portas de Bissau!

Retornado disse...

Se Paulo Portas, e os CPLP apoiarem de cruz, o golpe de estado em Bissau, têm que no futuro apoiar qualquer golpe que seja praticado em qualquer dos países da mesma CPLP.

Paulo Portas nem crioulo fala quanto mais Balanta, para entender quem é quem.

E parece que foi já esse o grande problema de Amílcar, saber quem era quem!

Porque se soubesse, nunca se tinha metido no assunto!

7ze disse...

O MMPP (menino mimado) é incapaz de aprender (o que fez dele o ignorante que aponta). Sabe apenas fazer birras quando esgota na loja a chupeta do sabor que deseja...

7ze disse...

Já agora, estou curioso, caro retornado:

Qual a sua leitura da afirmação de Paulo Portas de isto ser «matéria reservada»?

É uma classificação informal de alguma informação de certa forma «confidencial», estilo «segredo de Estado»? Que mais informação haverá a reservar, depois da estupidez da própria (não) notícia?

Na boca ficadu ka ta entra mosca.

E permita-me completar usando um outro ditado guineense:

I sabi mosca, ki fadi bagera.

Retornado disse...

7ze, Paulo Portas anda às aranhas, assim como eu.

Pedi para me traduzirem o ditado I sabi mosca..., " Se a mosca gosta o que fará a abelha".

Não sei enquadrar o ditado neste assunto.

Só sei que Portas nunca se entenderá com africanos, e os portugueses em geral só se entenderão com africanos a nível individual, porque a nível diplomático internacional, portugal pouco conta.

Só que Portas ou qualquer diplomata português tem que ir a traz dos seus parceiros directos.

Portugal não passa de uma "maria-vai-com-as-outras".

Vai com Brasileiros, Angolanos, Moçambicanos, Sãotomenses, Caboverdeanos e ...Guineenses.

Claro que Portas quanto menos falar, menos moscas lhe entram na boca.

Mas já Nino Vieira quando fez o golpe de 14 de Novembro, se ninguém o tivesse reconhecido, talvez hoje ainda estivesse vivo e tivesse morrido menos gente e tivesse havido menos golpes.

Só sob este ponto de vista se compreenderá algum pragmatismo no "empatar" a vida aos autores do golpe.

É o meu ponto de vista, mas atenção, Portugal pouco conta desde o 25 de Abril, em África.



7ze disse...

O sentido é:

Aquilo que a mosca sabe, está a bagera farta de saber...

Um pouco no espírito de:

«Aquilo que uma sabe já à outra esqueceu»

ou

«Ensinar o padre-nosso ao cura»

No entanto, a construção prendeu-se mais com a piada de eu assinar mosca 7ze.

Mas se me pergunta a «moral» neste caso:

estava a falar de abelhinhas obreiras, mas quem o ouvisse, julgaria tratarem-se de ferozes vespas

é aquela ideia de os black estarem quase a comerem-se uns aos outros

parece-me um mito desadquado, ou melhor, próprio para branco, não para alguém que já viveu em África como o caro de lá retornado

os europeus mandaram em tempos uma missão para Gabu, no leste da Guiné-Bissau, e financiaram uma conferência de resolução de conflitos

foi engraçado o que escreveram os «mediadores» espantados: não havia nenhum conflito na zona e não percebiam o teor da sua missão

Mas essa não era a minha pergunta, que era: o que PP entende por informação «reservada», depois de por a boca no trombone; a ponto de o seu porta-voz (neste caso, disparates) convocar os jornalistas no dia de Natal, para depois se recusar a responder às suas perguntas...

Deixe-me responder por si: o rapaz vinha ler uma «redacção», sem grande convicção nem liberdade.

Nada há de reservado, a não ser o pudor de Paulo Portas como responsável gratuito e desnecessário pela situação, à espera de um bode expiatório. Top-secret? Só se for a cor das cuecas dele.

Mas talvez tenha, incompreensivelmente, misturado assuntos a mais. Peço que me perdoe o esoterismo.

Já agora, voltando ao seu assunto primeiro:

Não me parece que fosse preciso «apoiar» o contra-golpe; bastaria, como a prudência recomendava, não apostar os ovos todos no mesmo cesto, manter um afastamento respeitável e ir condescendendo (para isso teria sido necessária uma certa humildade, algum pragmatismo, e uma certa noção da realidade).

Basta ouvir as declarações de Portas sobre o «seu» mandato no Conselho de Segurança, acerca de como apoiou a agressão americana na Líbia, para perceber onde está a psicologia do Maria-vai-com-as-outras-atirar-te-a-um-poço-pode-ser-que-vá-atrás-de-ti.

Portugal já não tem voz própria há muito tempo, mas ainda faziam um pequeno esforço para disfarçar alguma réstea de soberania. Agora Paulo Portas não: pelos vistos compraz-se a reinventar um neo-colonialismo que só existe mesmo na sua própria cabeça...

Acho que me excedi na resposta, peço uma vez mais desculpa se abusei da paciência.

7ze disse...

Mas o que mais chateia na psique do homem é sem dúvida a megalomania despropositada que lhe está associada! O homem julga-se grande...

Realmente lamentável.

Retornado disse...

7ze, houve um tempo em que as relações de Portugal com a Guiné, praticamente nem era preciso Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Nem embaixadores, e os atritos entre os dois países, caso por exemplo quando Nino e Mário Soares não se entendiam, resolvia-se com a entrada em campo de um determinado consul da Guiné no Porto.

Portugal só funciona com "muita imaginação" e não é qualquer Portas que consegue enganar seja quem fôr.

Com aquela "carinha-de-mau" já se sabe que Portas tem apenas opinião de outros.

Esses outros sabemos quem são.

Anónimo disse...

Entrei aqui só para vos dizer que me diverti imenso esta tarde carregada de monotonia. Vocês são fantásticos. São capazes de fazer rir até um doente em estado terminal. Esforcem-se na próxima para que a comédia seja ainda mais hilariante e procurem não misturar alho com bugalho. Façam política, política mesmo e evitem ancorar na bagunça e estupidez Guineense para justificarem a vossa ira contra o governo Português.
Um bom ano novo

7ze disse...

Caro aqui retornado

Sim, o Major... um facilitador insuportável.

Caro anónimo

A «nossa ira» não é apenas contra este governo em particular, também é contra todos os desgovernos que o precederam, mas sobretudo contra este sistema de «governo» que promove a cargos de responsabilidade incompetentes, medíocres e desinteressados da coisa pública. Parece-me justificada a ira, irra!

O caro retornado que me perdoe se respondo pelos dois, mas julgo que se reconhecerá no comentário, pelo que penso já ter percebido dos seus contributos aqui no blog, sem com isto querer coarctar o seu direito de resposta.

Mas estou curioso, de qualquer forma, quanto àquilo que entende por «fazer política». Decerto não estará a pensar nas «politiquices» que grassam em Lisboa... porque isso são palhaçadas e não política. A única forma de hoje fazer política séria seria ir até lá varrer o lixo todo...

Bom ano novo para si também

Retornado disse...

A minha visão de Retornado/ Reaccionário está nos antípodas da maioria do «portugal-e-colónias».

Quem viveu duas eras uma A/C e outra DC (Antes de Caetano e Depois de Caetno) tem dificuldade em aceitar situações.

Dizia-se antigamente ser da situação ou contra a situação.

Em Portugal nunca há governos há situações.

E esta situação já vai em 38 anos.

Continuo contra-a-situação!

7ze disse...

Sim, uma pessoa tem dificuldade em situar-se, numa situação que tanto dura; já bateu a propriamente dita «ditadura», se a situarmos entre 1930 e a queda da cadeira... a que se seguiram meia dúzia de anos insípidos, com a «era» de que fala: Marcelo não estava talhado para o ofício, era demasiado «académico» e pouco político; ainda o prestígio (ou fanfarronice) de Coimbra e do senhor doutor (que uma mosca, tanto pousa na careca de um doutor como noutra m... qualquer). Um amigo dele académico, cá da minha terra, o prof. dr. Veríssimo
Serrão, que com ele se correspondeu no seu exílio do Brasil, bem o avisou, ainda em 1973, num patético opúsculo, do perigo que representava deixar assaltar a Universidade pelos pseudo-intelectuais de uma certa esquerda pouco ideal (sem prejuízo para os verdadeiros idealistas), positivistas, desconstrucionistas, cépticos, corruptos, medíocres e afins...

O delfim deveria ter sido Adriano Moreira; no entanto, como este conta nas suas recentes memórias, o seu espírito franciscano não se adaptava às lutas e intrigas pelo poder. No limite, até teríamos ficado melhor servidos com Franco Nogueira, que tinha experiência internacional, granjeada no convívio com Salazar...

Abaixo a situação!

Anónimo disse...

As posições tremilicas de Portugal em relação a crise Guineense, permite a qualquer pessoa atira-lo a onde quiser, mesmo calhar, cair numa lixeira.

Ora fala em reposição de ordem constitucional, ora em inclusão, como se totalmente perdido com a realidade. Depois matém a sua posição de nao crer nada com o Governo, acima disso pede vistos. que tamanha incoerencia

7ze disse...

Obrigado pelo contributo:

Sim, são uns tremelicos.

De uma incoerência fora de série: tiveram a lata de pedir vistos para os seus agentes para-militarizados que passaram a indesejados; ainda não, por enquanto, a pessoas não gratas (os que lá estão).