segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Maior que o pseudo-papa

Chicago redime-se do mau filho que Trump impôs ao Vaticano, instigando à guerra civil contra a tirania.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Emburcar pelos olhos


A maravilhosa língua portuguesa, tal como os portugueses, sofre (na opinião de Fernando Pessoa, 7ze acha que aufere) de excesso de imaginação. Estou a pensar no provérbio "emprenhar pelos ouvidos", que foi criado para combater os boatos (para os mais jovens: "fakes") e promover a saudável cultura (não, não era só entre jornalistas) da confirmação de mexericos ("fact checking": para os jovens alienados). Experimentei traduzir no Google para inglês (= get pregnant through the ears) e para francês (= tomber enceinte par les oreilles): ou seja, as 3 singelas palavrinhas passam a 5, perdendo metade da piada (aconselho a não utilizar como tradução literal, pois pode ser levado para o piropo pornográfico por esses bárbaros e incultos estrangeiros - e criminalizado).

Magnificando a proverbial estupidez da direita portuguesa (que anda agora a apanhar bonés dos idiotas do Chega, em vez de apresentar projectos próprios), preferem entregar o ouro ao bandido? Depois queixem-se... À estupidez, que até poderia ser benigna, junta-se o provincianismo, copiando lei francesa com mais de duas décadas. Em clara violação da Constituição, aliás, tanto em termos de discriminação de género, como ofendendo a liberdade religiosa, supostamente garantida pelo Estado laico. Obviamente que a proibição é perniciosa. A sua eficácia é não só tendencialmente nula, como moralmente negativa: tão contra-producente quanto as críticas do Bloco de Esquerda ao Chega (tão auto-destrutivas que resultaram na respectiva transferência de votos).

Até poderiam invocar que aqui o fenómeno é recente, ao contrário de em França. Mas nesse caso deveriam questionar-se por que razão, em Inglaterra, onde a intensidade migratória é contemporânea de além Mancha, preferiram até hoje abster-se de legislar sobre o assunto. Fazem lembrar o célebre dichote de Bismark quando insinuou ser estúpido quem aprende com a experiência própria, se o puder fazer pela dos outros: foram estudar os problemas que encontrou a lei francesa? Para poupar pormenores nas nuances, lembro só que ainda há dois anos atrás o Ministro da Educação francês veio proibir também as abaias. Vamos discutir indumentária alheia? Cada folião sua máscara. Valha-nos a excepção do entrudo, previsto sob a vaga designação de entretenimento.

Se um paneleiro vestisse uma burca e fosse para o Intendente ou para a Praça do Império, seria coimável? Não, pois burca é para mulheres (biologicamente falando, claro, para não ofender os mais sensíveis). Uma lei despoletada, desenhada e anunciada para proibir uma palavra estrangeira (mesmo não explicitamente referida? e neste caso, nem seria ad hominem mas ad mulierem). Que raio de espírito do legislador. O reconhecimento facial em espaços públicos, não parece mal, mas nunca com estas motivações. Com tantas excepções, que até as condições climáticas (invocando smog urbano ou poeira) servem? Até o "sempre que tal decorra de disposição legal que o permita" (para incluir o COVID) saiu mal, pois não era simplesmente tolerado, mas imposto à força.

Lembro-me bem, quando comecei a usar boné, ainda em adolescente, dos raspanetes que levei quando entrava em cafés e me esquecia de o tirar: passava por mal-educado. Um honesto mas distraído cowboy (ou bullwoman, que também as houve - preservando assim a igualdade de género e evitando ofender os/as mais susceptíveis) do faroeste que tentasse entrar de cara tapada no saloon, também não seria muito bem recebido, mas se fosse no banco, não voltaria decerto a sair pelas botas. Banalizar o anonimato em público facilita o crime: se não se notou durante a pandemia deve ter sido por falta de imaginação e sentido de oportunidade da bandidagem: contam as más línguas que Kumba Yalá teria fugido de Bissau, no 7 de Junho, graças a esse rocambolesco expediente...

Contudo, apesar do referido "fait divers", a burca nunca pegou em Bissau, onde há dois terços de muçulmanos. Ultimamente, até se podem ver alguns casos isolados, mas tudo estrangeirada. As pessoas acham simplesmente ridículo. A cultura é bem mais poderosa que qualquer lei. Agora anunciamos fraqueza em letra de lei? Há meio século as mulheres em Teerão usavam mini-saia e há pouco mais as mulheres portuguesas tinham de usar véu na missa. A mais famosa iraniana na mesquita de Lisboa acha mesmo que uma mulher de burca pode ser bem mais provocadora que uma moça descascada (e de certeza mais que uma sueca nudista na praia). É no acto (de despir) que está a piada. Piada obsoleta ironizava que a única mulher mais bonita nua que vestida era Madonna (por vestir mal).


PS1 Como, ao contrário do quimar, a burca se trata de uma única peça de roupa, poderá o polícia abordar pedagogicamente a "perturbadora", sugerindo-lhe livrar-se do objecto da ofensa? Não, pois seria fomentar outra ofensa, de atentado ao pudor!

PS2 Já agora, informa-se o hamburger que tal embrulho vem do Afeganistão e não do Bangladesh.

PS3 Uma vez, tive um pequeno atrito com um aluno, na primeira aula. Entrou de óculos escuros e não os tirou. Perguntei-lhe se tinham graduação... meio confundido, meio vaidoso por a manifesta provocação ter sido notada, respondeu que não. Ordenei-lhe então que os tirasse, por desadequados, uma vez que não havia exposição ao sol na sala. Respondeu que me via muito bem. Repliquei que o problema não era ele ver-me a mim, mas eu vê-lo a ele (e como a menina era importante). 

PS4 Qual o oposto de uma muçulmana de burca na praia portuguesa? Uma nudista sueca de óculos opacamente escuros! Venha o diabo e escolha...

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Xandão criminoso

Só para lembrar ao golpista o artigo 17º do Código Penal do seu país.


«Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.»

Então eram as crianças, velhinhos e velhinhas, mais os instigadores que infiltrou lá em Brasília que iriam dar um golpe de Estado? Violência armada com quê? Chuchas e muletas? A presidência do colectivo de juízes cai no ridículo com a acusação, em jeito de acordão, de terem "desejado uso do poder das Forças Armadas"! Agora desejo já é crime, onde nem tentativa o é!

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

3G

A destruição das torres altas de Gaza tem não só a ver com os ensinamentos da vitória israelita dos montes Golan (onde os tanques sírios, vindos de baixo, não conseguiam alça suficiente - os blindados têm um ângulo de tiro relativamente baixo - e foram abatidos que nem patos) mas também com a derrota do exército russo em Grozni (bastava aos tchetchenos subirem acima dos terceiros andares, para derreter as colunas com simples RPG7 - ainda temos muitos nos paióis da Guiné-Bissau). 


Contudo, pode tratar-se de um mau cálculo. Naquele amontoado de destroços, qualquer bazuqueiro destemido (ou seja, qualquer palestiniano) pode esconder-se e esperar pelo momento certo (talvez valha a pena pensar em equipar o pessoal com soluções respiratórias momentâneas: se não houver pequenas botijas de oxigénio, recipientes de ar individuais até dispersar eventual preparo de gás). Para além disso, a capacidade de manobra dos blindados ficará relativamente reduzida.

Se dispuserem de minas anti-carro, trata-se de as usar bem, em combinação com os bazuqueiros. Cavar ou engendrar fossos onde atolar os blindados pode ser outra solução útil, antecipando linhas de avanço no terreno. Os falcões israelitas estão claramente a subestimar o inimigo; arriscam-se a uma surpresa desagradável no terreno. Quando começar a confusão no chão, a força aérea não poderá intervir a granel, dada a presença demasiado próxima das suas próprias tropas.

A defesa é sempre superior ao ataque e a moral palestiniana superior, para além de um muito melhor conhecimento do terreno (mesmo se muito desfigurado). Não é boa táctica vender a pele do urso antes de o ter morto, sobretudo quando este nada tem a perder e está disposto a especular o preço. Sun Tzu defende que nunca se deve encurralar o inimigo, mas deixar-lhe sempre um pequeno carreiro por onde possa fugir sem glória pela calada da noite. Não há duas sem três.

domingo, 7 de setembro de 2025

Constitucionalidades

Lembrar apenas o princípio fundamental estabelecido pelo primeiro ponto do Artigo 9º do Código Civil (Interpretação da lei): «1. A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada.»


É curioso que o ilustre constitucionalista que em 2012 escrevia “As soluções prudenciais, ignoradas no nosso seio, devem ser encontradas apenas no quadro das normas pré-existentes, à luz do princípio da legalidade por ser compatível com o estado de direito democrático", venha hoje enclausurar-se num beco legal, sem escape. Não se tratando de escassez de inteligência, será abundância de complacência?

A defesa, recorrendo a argumento de autoridade, da plenitude de poderes presidenciais, por contraste com o chefe de governo, é obviamente contrariada pelas restrições de que o Presidente é alvo, nomeadamente em relação aos prazos estipulados para a dissolução da ANP, tomando por referência o início de mandato do órgão supremo da República, mas também em fim de mandato do órgão acessório por este empossado.

Vagatura

Será pelo muito vagar na vacatura? 


Em referência à Constituição portuguesa, anota o pedante que «o caso previsto constitucionalmente de prolongamento de mandato, em quaisquer outras situações - morte ou incapacidade de qualquer candidato [presidencial] com consequente reabertura do processo eleitoral (...)»: trata-se de um rasgo de inteligência (aparentemente desproporcionado e pontual, contrastando com todo o restante deserto de ideias) deveras intrigante, sabendo que não tem qualquer correspondência na Constituição guineense e que Carlos Vamain defendeu em 2012 a sua aplicação atendendo ao assassinato do candidato Baciro Dabó.

De tanto chapa-chapa, chega a copiar os próprios erros de artigos anteriores (como toda a gente sabe, a guerra de 7 de Junho durou exactamente 11 meses, ou seja acabou a 7 e não a 11 de Maio), e enrola-se na conclusão, na qual arrola a ausência do presidente para o estrangeiro na primeira alínea, para depois a excluir. No fim dessa conclusão, expõe claramente o carácter manipulatório do seu contributo: “pelo exposto, de momento não estão preenchendo nenhum dos requisitos acima referidos”, como se estes fossem cumulativos e não alternativos. 

Igualmente reveladora, é a afirmação imediatamente anterior, na qual pretende “que cada princípio ou regra constitucional constituem um requisito de validade cuja preterição determina invalidade do ato em sentido técnico-jurídico”: estaria muito bem, mas só se digna aplicar tais "requisitos de validade" quando lhe convém (bastaria ser confrontado, por exemplo entre outros, com as suas próprias palavras no mesmo artigo e perguntar-lhe quem deveria exercer a presidência no dia 1 de Dezembro, por ausência do presidente no estrangeiro). 

Não se trata obviamente nem de um “artigo científico”, muito menos de uma opinião “técnico-jurídica”, ao contrário da pretensão do autor, mas sim de atirar areia para os olhos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Alma kapli

Em plena cerimónia de deglutição do anfíbio, trespassado por um assomo de consciência, teve uma síncope de sobre-exposição: faliu-lhe o corpo e escapuliu-se-lhe a alma, repugnada.

sábado, 23 de agosto de 2025

Pódio da ignomínia, escárnio e malvadez

Esgazeado pelas declarações de quadrado Bibi de que a única fome que existe em Gaza é a dos reféns israelitas, Jean Luc alia-se ignominiosamente ao terceiro lugar Macron, para lhe atribuir o nº1, distinguindo-o da outra trampa do Trump. Tudo criminosos de guerra.


"não temos de receber lições do senhor Netanyahu em matéria de racismo, porque o racista número um é ele. Quem propaga o anti-semitismo é o senhor Netanyahu, quando pretende representar todos os judeus"

Síncope de invisibilidade

Fulgura a polarização (para evitar falar em contradição) de perfis entre cessante e recém-chegado putativos primeiros ministros: da nano à gigavisibilidade; da breve e envergonhada aparição à continuada e copiosa exposição. 

domingo, 17 de agosto de 2025

Arruaceiros

Quando, fruto da elevada polarização, se juntam os dois extremos, a coisa dá para o torto. Vítimas de arruaça, os seguranças estiveram bem na defesa do perímetro do Hotel; contudo, tornaram-se igualmente arruaceiros quando entram em excesso de zelo, perseguindo os outros arruaceiros, em expedição punitiva, em plena usurpação de funções soberanas, tarefa que só poderia incumbir à Polícia portuguesa. Para o governo português, justificar-se-iam, portanto, face a essa psicologia do abuso, as restrições implementadas (as quais teriam provocado a indisposição de Bissau). Não terá faltado quem agitasse o fantasma de vir a ter de gramar com a escolta da CEDEAO a passear pela marginal de Lisboa para Cascais.

sábado, 26 de julho de 2025

LUSA a dormir

Luanda com a rua em plena convulsão e a LUSA, passadas horas, continua muda, ultrapassada pela DW no terreno.

domingo, 20 de julho de 2025

Serviços mínimos

A CPL? em crise de identidade...

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Globalização do crioulo a nível cimeiro

Como língua mais falada na gare do Oriente, realização de grande cimeira do "kriol" em Bissau, CPLK, incluindo a fala da ilha de Ano Bom e tétum (kriol de Timor). A Cimeira da organização original poderia expulsar Portugal, Brasil e Angola, invocando falta de comparência não justificada.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Resultados do Inquérito

À data de hoje, 7 de Julho, 15 horas de Bissau. 

Gráfico de respostas do Forms. Título da pergunta: Qual o mais humilhante ultimato que Portugal já sofreu?. Número de respostas: 11 respostas.

Ainda pode pronunciar-se, basta clicar no link.