quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aguiar-Branco lava as mãos e chuta para Portas

A ida ao Parlamento de Aguiar Branco para justificar a Missão Manatim, que afinal se saldou em quase seis milhões de euros, foi realizada à porta fechada e acabou com um discurso contemporizador do P.S. que, no entanto, não quis deixar de lembrar que será necessária a presença de Paulo Portas para esclarecer os aspectos diplomáticos e a sua opinião quanto ao evoluir da situação. Segundo a Lusa:

Sublinhando que "os golpistas ainda controlam a situação", Marcos Perestrello disse que "o ministro da Defesa entendeu ainda não prestar nenhum esclarecimento, talvez porque sejam questões que essencialmente o ministro dos Negócios Estrangeiros tenha que esclarecer".

O P.S. afirma ainda que é constrangedora a falta de perspectivas do Governo português quanto a um evoluir claramente desfavorável da situação. Enquanto isso, a farsa que se prepara no Palácio de Belém, com a recepção «oficial» de exilados políticos a título de chefes de «estado», não poderá melhorar muito essa confrangedora situação. Julgo que haverá reportagem fotográfica da encenação para logo ao fim da tarde.

Afim de minimizar os estragos do indesejável ostracismo a que parecem querer votar a Guiné, talvez seja melhor não alinharem de cabeça perdida no plano de Guerra Civil que se prepara a partir de Lisboa. Os guineenses na Diáspora deverão evitar escutar ou sequer conviver com este género de parias e agitadores, com planos de governarem a partir do «exílio»... Quanto a Portugal, só tem a perder e nada a ganhar. Um erro de avaliação inicial de um Ministro mal informado (ou bem comprado) está-se a transformar, por via da sua teimosia e autismo, não apenas num sorvedouro de dinheiros públicos, como num desastre diplomático, que só não é também militar porque a tropa já percebeu quem é Paulo Portas e o Ministro da Defesa deixou bem claro que não está prevista qualquer outra operação!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bu ta sai da pilon, bu cai na balai?

O Aly Silva tem razão: seria ridículo para os intervenientes neste Golpe de Estado que a emenda fosse pior que o soneto! Está provado que, no actual contexto, as tropas estrangeiras são O problema. E ninguém quer mais problemas na Guiné; problema, problema, e bem mais grave, é no Mali, e para já a CEDEAO retraiu-se na reunião de ontem, Segunda-Feira, em Abuja, afinal já não envia tropas… Ao contrário do que alguns parecem querer fazer constar no seio da organização, de a Guiné configurar um caso «mais simples» que o Mali, isso não é decerto verdade visto pelo prisma da eficácia militar. E nada justifica uma mesma bitola no tratamento das duas situações, que apresentam características muito diferentes.
Podem mobilizar forças «para a Guiné», isso ficou acordado. Mas estão a esticar-se, pela voz da Nigéria (quererão mostrar ao académico angolano que os acusou de medricas que não têm medo dos militares guineenses?) quanto ao enviá-las, pois não há esse compromisso (na última reunião com a CEDEAO ficou acordado que teria de ser o novo Presidente a solicitar essa intervenção); até podem enviá-las, mas sem material de guerra (o Comando deveria talvez formalizar a regra em comunicado estilo «Embargo» à importação de armas, um ano de interdito sem excepções), venham armados da sua boa vontade (talvez uns ramos de flores), para confirmarem com os seus olhos que as Forças Armadas da Guiné-Bissau dão bem conta do recado, em termos da defesa da soberania e do território nacionais, e que não alienam nem delegam as suas responsabilidades.
As últimas iniciativas da CEDEAO colocaram sobretudo a nu uma grande salganhada e uma miríade de interesses divergentes, não apenas entre países francófonos e anglófonos, cenário ainda complexificado por várias tramas regionais e mesmo continentais. Ouattara foi recebido em Paris por Sarkozy, a título privado, por duas vezes no último mês; na última dessas visitas o presidente cessante recebeu o seu convidado à porta, violando o estrito protocolo do Eliseu; mas agora, como irá reagir a nova Paris de François Hollande?
 La France ne change pas du jour au lendemain à cause d’un homme. L’interêt de la France est clair et au dessus de ce genre de contingences: il y a que maintenir l’effort d’affirmation autour des voies du developpement economique et de l’integration regionale en dépit du caractère militariste et interventioniste dont quelques états (les plus egarés de la situation, d’ailleurs) veulent impregner la CEDEAO: un état de guerre ou même seulement de tension prolongée en Guinée-Bissau, n’interèsse personne; en ce moment la mise la plus rusée semble être sur la capacité des autorités militaires actuellement en place non seulement pour la conservation de l’unité de l’armée et de l’ordre public (tel étant le cas jusqu’à present), mais aussi le maintien de l’orgueil national, sans quoi la dissolution de l’état pourrait se reveler bien plus dangereuse, tel le mal qu’atteint le Mali. La maintien de l’integrité de l’armée nationale est de loin la solution la plus economique; autrement, ce serait comme sauter du chaudron pour tomber sur le feu… Plus que devant une menace, l’alliance France-Afrique est nettement devant une opportunité à ne pas gaspiller, de stabilization de la sous-région et d’élargissement de ses horizons. Ce n’est pas le moment de perdre prise sur les evenements et d’accepter de pactuer avec la pretension d’hegemonie et de mainmise du Nigeria dans le processus (à quels risques?), en violation de l’esprit des conversations maintenues: celà ne pourra qu’amener le Commandement Militaire à l’egarement vis à vis de la table de negociations, jetant par terre tous les efforts conduits avec succès par la bienveillance de Monsieur le Président de la Côte d’Ivoire et président en exercice de la CEDEAO. À titre d’organisation pacifique, la CEDEAO pourrait proposer l’evacuation de MISSANG assistée par une délegation de personalités africaines de prestige, presidée par Nelson Mandela, par exemple, ou même, à la limite, par des joueurs de football appartenant aux selections africaines les plus connues. Originalité, s’il vous plait… pourrait on oublier les armes?
Depois de o Comando ter dissuadido a indesejada presença de Angola e de Portugal, nem que ao abrigo da ONU; a CEDEAO precisaria de bem mais do que os 3500 homens (de que supostamente dispõe para o conjunto das situações, Guiné e Mali, números ultimamente muito inflaccionados - para pressionar o Comando?) para iniciar qualquer acção ofensiva com hipóteses de sucesso (mesmo que obviamente demorada e com alto risco de baixas substanciais); o Comando nunca permitirá, sob risco de perder o seu único trunfo e consequentemente a sua base de legitimidade interna, que tropas estrangeiras penetrem em território nacional, vindo assim agravar substancialmente o problema já existente, o qual deu origem à própria constituição e acção deste Comando. Se for preciso, recorrerá ao argumento dissuasivo, que já desmoralizou todos os outros candidatos: «Serão tratados como inimigos».
Em conversações bilaterais, não faltarão, a prazo, estados para reconhecer a justeza e a boa fundamentação das asserções do Comando, cuja inalienável legitimidade reside cada vez mais (se é que alguma vez teve outra base) na «resistência ao invasor» (qualquer que ele seja). Os Estados Unidos, numa surpreendente jogada de antecipação, quiseram tomar a dianteira do pragmatismo, fora do âmbito regional, e reconheceram, através de discreta nota oficiosa emanada da Embaixada para a Guiné-Bissau e Senegal, o novo poder em Bissau, enfraquecendo grandemente a posição não só da própria CEDEAO (mensagem clara dos Estados Unidos: essa organização passa a ser claramente dispensável para o Comando), como as do ex-PAIGC, de Angola e de Portugal. Também na ONU, a rotina do reconhecimento «informal» já tomou conta do aparelho administrativo, no que toca à Guiné-Bissau...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Encenações frustradas

Numa triste encenação, pouco mais de uma dúzia de guineenses, erguendo cartazes impressos, standartizados e muito pouco «espontâneos», participaram (por obrigação, decerto) numa nano-manif em Paris, no sábado dia 12.

Ver foto

A expectativa dos organizadores saiu claramente gorada com a sua fraca capacidade de mobilização. Por mais que se esforce no seu «internacionalismo» o ex-PAIGC já não consegue mobilizar ninguém, para além de funcionários de embaixada. Boa amostra para evitarem qualquer «demonstração de força» desse calibre em Portugal, pois cairiam no ridículo pela mísera adesão que conseguiriam entre a Diáspora guineense: les gens ne sont pas dupes.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Adivinha do Didinho

Quem foi o jornalista que pediu 3 milhões de francos CFA para promover a candidatura de Serifo Nhamadjo na blogosfera e, perante o Não, resolveu apoiar a campanha do candidato do Governo?

Espero que Didinho não se esteja a referir ao Aly, pois tenho-o em alta consideração como jornalista sério e corajoso.

Mas também espero que o Ditadura do Consenso, para não hipotecar os seus altos créditos e não se sujeitar à sujeira de tais suspeitas, possa rever em breve a sua linha editorial, pois algumas das suas últimas tomadas de posição pecam, na minha opinião, por demasiado parciais e emocionais para um jornalista (isso tolera-se apenas num blogue partizan como este e não no Ditaturadoconsenso de quem todos esperam imparcialidade, notícias objectivas, cobertura na hora, boas fotos, como sempre nos habituou).

Julgo mesmo que se terá excedido nas suas expectativas em relação ao poder do seu blog (e somos os primeiros a reconhecer o seu corajoso e mesmo ferozmente independente trabalho) e no desejo de passar uma ideia de unanimidade no seio dos guineenses, no âmbito da blogosfera, não obstante o seu modo de sentir pessoal seja contrariado por todos os outros bloguers (de entre os mais relevantes e ultimamente interventivos) de intelectuais guineenses como www.didinho.org ; www.gbissau.com ; dokainternacional.blogspot.com ; djemberem-samuel.blogspot.pt perdoem-me se esqueci alguém.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Bofetada de luva branca


Daba dá bofetada de luva branca em Paulo Portas e no Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Portugal:
1) À retirada da força portuguesa, respondeu que não sabia, só sabia que tinham ido para resgatar portugueses, mas que sempre lhe tinha parecido que isso não se justificava por causa da abertura das fronteiras aéreas (quem quer ir aos trambolhos? de barco? isso era há meio século… para quê, se pode apanhar confortavelmente o voo da TAP?), além de que, claro, se os portugueses não querem voltar para Portugal, não podem obrigá-los a sair… eheh
2) À ridícula justificação apresentada para a impo(t)nente missão Manatim, de ter contribuído para a dissuasão de uma violência de maiores proporções, respondeu que os militares guineenses estiveram debaixo de fogo na casa do Primeiro-Ministro e que nunca dispararam. Ainda não correu uma única gota de sangue (humano, pronto) desde há um mês. Maiores proporções que nada? Sabe quanto é zero multiplicado por qualquer número? Lá na Academia não se aplicou muito em Matemática, está-se a ver. Limite-se a cumprir bem o seu dever; se acha que é um herói e merece uma medalha (por uns dias de férias à pesca nos trópicos), faça um requerimento a quem de direito, mas poupe-nos às suas lucubrações infelizes, que pouco vêm ajudar ao apaziguamento da situação, e podem prejudicar a imagem de Portugal,  podendo ser vistas como inseridas na campanha de mistificação em torno da «democracia» promovida por José Eduardo dos Santos (com que moral?) em conluio com Paulo Portas, um par cujas motivações dariam decerto uma boa reportagem independente no Expresso. Senhor CEMFA.pt: deploráveis são as suas afirmações; convir-lhe-ia mais estar calado e fazer-se esquecer. Foi de facto um bom exercício militar de mobilização intempestiva, conseguiu demonstrar a prontidão que se requer de uma força criada para isso; mas já que se recusa a entrar no campo financeiro, que não é da sua competência, não enverede também por distribuir avulso opiniões políticas pessoais, pouco fundamentadas e avalizadas, pois já chega a irritante incompetência de quem o mandou para lá. Dissuasão? Não seja ridículo. Se não tivessem acudido tão prontamente nem o canário do Sr. Ex-Primeiro Ministro teria escapado! Um banho de sangue...

O Chefe de Estado Maior da Marinha angolano está agora junto dos seus congéneres da CPLP: numa reunião «menor» no Brasil, hoje dia 8 de Maio, abordado pelos jornalistas, falou na esperança depositada na CEDEAO para resgate da MISSANG. Pelos vistos o tema deixou de ser tabu: o Senhor Almirante referiu-se humildemente ao desejo de Angola de obter segurança para a retirada da força. O discurso parece estar a mudar, no bom sentido.

O cerco de Zedugrado


José Eduardo dos Santos, homónimo de José Estaline. O cerco de Estalingrado constituiu o ponto de viragem da segunda guerra mundial. A uma escala mais pequena, o cerco da «bolsa» de Zedugrado faz dentro de dois dias um mês que dura já.
Sim, seria fácil matar a fome. Zut. Uma bala certeira. Depois disso, nunca mais ninguém tem fome.
Mas quem pode ter razão diante de um morto? Quem pode ralhar para um pobre corpo tombado, crivado de balas? O seu último adeus, grito que ninguém percebeu porque as balas zut! zut! … silvam alto e fosse o que fosse que ele queria dizer zut! zut! zut! não chegou a fazê-lo.
Perguntar-lhe-emos depois «Que estavas aqui a fazer numa terra estranha?» ou «Sabias o que estavas a defender, ao certo?»?
O Comando Militar tem usado da maior humanidade para com os militares angolanos que estão neste momento nesta posição desesperada por culpa dos seus políticos e diplomatas (mas pouco), os quais, depois de fazerem asneira, lhes prometeram resolver a situação num curto espaço de tempo. Passados todos os prazos, ninguém os poderá acusar de não terem cumprido o seu dever até ao limite do humanamente possível. É fácil sentirmo-nos solidários com estes soldados que apenas cumpriram ordens, como julgam ser o seu dever. Face às necessidades por que estavam a passar, o Comando Militar facilitou-lhes o abastecimento em pão.

Estou-me a lembrar do gesto desesperado de Hitler, enviando o bastão de Marechal a Von Paulus no último Junkers que aterrou em Estalingrado, pedindo-lhe para se sacrificar e aos quase um milhão de soldados por quem era responsável; quando Hitler soube da rendição, teve uma crise de fúria, vituperando Von Paulus, gritando que era uma desonra «caminhar ao lado dos seus soldados» e que deveria ter optado pelo suicídio, como bom prussiano. Foi quando Rommel se levantou, ousando desafiar o ditador (acabaria por pagar com a vida) e disse que achava muito mais digno «caminhar ao lado dos seus soldados», partilhar a sua sorte, do que um suicídio. Rommel estava habituado a desobedecer: fê-lo em Junho de 1940 na sua louca cavalgada para Paris, quando Hitler julgava que a brecha aberta na Linha Maginot era uma armadilha e transmitia ordens incessantes do QG, pela rádio, mandando parar e consolidar posições, Rommel pura e simplesmente sabotou o rádio e continuou (com o enorme sucesso que se sabe); ou quando, ao abandonar (com um peso no coração) os seus homens do Afrika Korps, ao receber ordens terminantes para fuzilar os oficiais ingleses, rasgou pelas próprias mãos a mensagem e deu ordens para serem libertados de imediato.
Quando as ordens são estúpidas… nenhum militar se deve sentir obrigado a obedecer. Coisa mais fácil de perceber para um guerrilheiro guineense do que para um soldado convencional, admitamos. Claro que a carreira do oficial que assumir o acto estará acabada (pelo menos enquanto durar a carreira de José Eduardo dos Santos), mas será de longe a melhor opção militar e humana.

P.S. Faz hoje 67 anos da queda de Berlim e da rendição incondicional da Alemanha nazi.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Factura da estupidez

O Expresso está a conduzir uma investigação para apurar o custo da «desinquietação» da Força de Reacção Rápida. Contas muito por baixo, e só até agora, será superior a
2 000 000 €
Dois Milhões de Euros

(custo, só de si, superior ao Orçamento de Boa Vontade, submetido a José Eduardo dos Santos neste mesmo blogue). Mas o título provisório é desadequado: «Golpe na Guiné» não; estupidez de Paulo Portas, isso sim!

Golpe na Guiné custa milhões de euros a Portugal

Discurso vão para orelhas moucas

Agora o Conselho de Segurança ouve tagarelas que fazem tabu do que os traz? Depois de um discurso muito bobo do eterno representante da UNOGBIS; segundo o PAIGC, que alçou a voz para impor sete condições ao Conselho, estão em curso as «maiores barbaridades» contra civis na Guiné. A que se refere? Ah, mataram o cão ao Primeiro-Ministro! Segundo o piroso Jaló, a CEDEAO está «objectivamente a legitimar um golpe de estado». Ainda bem que também reconhece, mas por favor, não tchore más que djá endjooa...

O chicote angolano foi-se um pouco abaixo, os estalidos soam a falso: embora o discurso continue desadequadamente high-profile, o tom e o ritmo da voz já não conseguem acompanhar, pois o próprio já não acredita... Lamentável performance. Um novo ditado: «Quem entra de chicote, sujeita-se à chacota.»


A vermelho, o perímetro do Palace Hotel, a amarelo o aeroporto.

A representante da CEDEAO deu conta, numa voz mais alegre que as anteriores, do essencial do que ficou acordado em Dakar, ou seja que «le deployement de la force devra être convenu avec les autorités militaires». Sim, bastarão dois generais de países da CEDEAO para acompanhar ao aeroporto estes turistas políticos que acidentalmente se encontram em território guineense, ninguém lhes vai fazer mal, desde que respeitem os anfitriões. Quanto ao adjectivo utilizado, «iminente» (mesmo que fosse para uma força com mais de 50 soldados), não acreditem muito; financiamento... (CPLP? UE? Angola?) mobilização (três a quatro semanas, segundo a própria organização), discussão das modalidades (ui...)... Mas também não será preciso tanto mais tempo assim, porque caem de maduros antes disso. As mangas amadurecem primeiro, mas não as comam já porque ainda estão um bocadinho verdes... incha barriga.

P.S. Faz hoje 13 anos que se resolveu o que tinha sido começado 11 meses antes.

Poilão de Brá II

Recomenda-se, para a nova bandeira ou o novo brasão, o símbolo que representa o Poilão de Brá. Quem não lembra a Rádio Voz da Junta Militar «Do Poilão não passarão!»? Como afirmação de resistência e de soberania, pois o Poilão, para além de imponente, tem as raízes profundas, mas quase aéreas...

A amarelo, o aeroporto. A vermelho, um quadrilátero mais ou menos regular com aproximadamente 200 por 200 metros.

Trapalhões & Cª no Conselho de Segurança

Depois de toda a trapalhada em que se meteram, talvez tenha chegado o momento do discurso apaziguador... É só puxarem as pontas, muita gente esclarecida, na CPLP, já constatou a simples realidade. Saúda-se a postura prudentemente mantida do outro lado do Atlântico; e agora, directamente de São Tomé e Príncipe:

http://www.telanon.info/suplemento/opiniao/2012/05/07/10334/cplp-e-as-trapalhadas-na-guine-bissau/

Para Paulo Portas, a demissão tornou-se inevitável. Terá de começar por responder às acusações de inépcia e irresponsabilidade perante uma Comissão Parlamentar.

Para José Eduardo dos Santos, é o fim da carreira. Embora pretendesse bater em longevidade Bongo & Kadafi, no livro dos recordes; 33 anos (Cristo não teve mais de vida) de poder já é, sem dúvida, uma marca invejável. Com o balde de água fria que levou por fora, vai arrefecer por dentro. Já não há terapia que lhe possa valer.

domingo, 6 de maio de 2012

Erro na escolha da localização

Um hotel com vista para o mar teria sido claramente uma melhor opção, para Paulo Portas poder brincar com o seu submarino. A vermelho, em pleno coração da «praça», a MISSANG. A amarelo o aeroporto.

Reconheçam o novo Governo legítimo a constituir na Guiné-Bissau, saiam do Palácio, atravessem a avenida e vão aí mesmo em frente, ao novo Palácio do Governo de Brá (ocupado pelos «golpistas», não em ordem a uma qualquer «simbólica» do poder mas por uma questão de posição de tiro), peçam vistos de saída às autoridades competentes, cinco minutos depois estão a apanhar o avião para Lisboa.

Baratas tontas

Paulinho SWAT já não sabe mais para onde se virar; um autêntico fiasco: ao contrário da CEDEAO, que colocou a palavra chave «MISSANG» no seu documento, já no documento da CPLP continua omisso (missing). Hom'isso não!

Cabo Verde, Cabo Amarelo, Cabo Azul... num dia assina pela CEDEAO, para logo no outro assinar, em nome da CPLP, outro documento contradizendo-se: e os interesses da Guiné-Bissau? A postura não é supostamente independente? Ou vão a reboque do reboque?

Que rica figura a CPLP vai apresentar ao Conselho de Segurança: não fiquem muito irritados se se rirem na vossa cara... O que é que querem mesmo? A proliferação de pontos é pouco esclarecedora e bastante confusa: pelos vistos, contentam-se com sanções de mobilidade internacional aos golpistas, que aliás os próprios visados nomeados afirmam compreender. Ok, tudo bem.

Vantagem no marcador

Cada vez mais isolado na cena mundial e sem opção militar actual, o presidente angolano já se apercebeu que se encontra num beco sem saída. A jogar fora de casa, está agora reduzido a duas opções simples: cash or body?

A primeira opção parece de longe a mais razoável, pois não é coisa que lhe faça assim tanta falta (pelo menos tanta como faz na Guiné). Avançam-se algumas hipóteses para propostas que poderiam ser encaradas como boa vontade da sua parte. A elaboração de um pequeno orçamento permitir-lhe-á constatar que se trata de um género de solução bastante em conta.

1) Já que a ideia era requalificar e redignificar as Forças Armadas guineenses, oferecer um par de fardas novas a todo o militar guineense.

2) Ceder às Forças Armadas guineenses todo o material de guerra que se encontra no seu território (a alternativa da sua devolução para ferro velho apresentaria um valor residual tendencialmente nulo)

3) Colocar um cargueiro com bens alimentares não perecíveis e medicamentos no porto de Bissau, para minimizar o impacto do pânico e carestia criado pelo alarmismo que despoletou

4) Conceder um empréstimo sem juros, para despesas urgentes de reconstituição da capacidade governativa na Guiné-Bissau

Como o objectivo de Angola é sair de cabeça levantada e como amigos da Guiné-Bissau, estará decerto disposta a fazer um pequeno esforço desinteressado nesse sentido, dando um sinal positivo de boa-vontade, pelo qual todos os guineenses anseiam.

sábado, 5 de maio de 2012

Legitimidade III

Depois da grande vitória política e diplomática que constituiu o reconhecimento pela CEDEAO da impossibilidade moral de uma «recondução» do ex-presidente, mesmo que ao abrigo de uma nova legitimidade, pois este estivera preso por quem iria chefiar; o mesmo princípio (ou precedente) se deverá aplicar à Constituição, espezinhada por Nino em 1998, que se manteve depois, desadequada... dando aso a todo o género de atropelos: está manchada de morte.

Segundo comunicado da Liga emitido hoje dia 5 de Maio: «Desde o conflito politico-militar de 7 de Junho de 1998 que o país reclama medidas consistentes, sustentáveis e adequadas (...) o problema guineense deve ser resolvido com base nos interesses nacionais objectivamente estruturados e não com base nos interesses geo-estratégicos sub-regionais ou continentais.» A legitimidade da antiga Constituição é igual à de Raimundo Pereira para CEMFA: ou seja, nula.

O Comando, logo nos primeiros dias, ancorou a sua legitimidade numa proposta de transição «técnica» afastando o «político» da praça pública. Conseguida uma solução «em branco», justifica-se, como afirmação de seriedade, a política da «tábua rasa». Dissolução dos vínculos do ex-PAIGC com o Estado, ao nível da própria bandeira; dissolução da Constituição; dissolução do Governo. Vários cenários para 12 meses de transição, mas o que parece perfilar-se e de longe o mais substancial

o de um chefe de estado militar, como responsável e garante da afirmação da soberania nacional e da estabilidade político-militar, reunindo as competências de Presidente e Primeiro-Ministro;

um governo colectivo consubstanciado num Fórum de Discussão / Decisão, conforme vários sinais substantivos de interacção com a sociedade civil dados pelo Porta-Voz do Comando

«A Guiné-Bissau precisa de um novo modelo de sociedade» afirmou hoje, dia 5 de Maio, o sociólogo guineense Ricardino Teixeira, autor do livro “Sociedade Civil e Democratização na Guiné-Bissau”.

http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article75862&ak=1

Considera que a Guiné-Bissau precisa de um novo modelo social assente na valorização da manjundade, que define como «um grupo pedagógico, cultural e político, com capacidade de articular os diferentes grupos étnicos em torno de objectivos comuns. Este grupo deve constituir-se numa rede governável na diversidade e implicando a sociedade civil».

Tentando traduzir para português o termo em poucas palavras: convívio dos mais velhos e esclarecidos.

Com os créditos adquiridos e uma legitimidade «virgem», pede-se agora a Daba Na Walna que se empenhe na sua nova carreira, se dedique a formalizar juridicamente uma nova soberania no novo Estado da Guiné-Bissau. Uma tarefa essencial, para além do «design» da nova Constituição (os acertos já foram admitidos pela CEDEAO), será a elaboração de um inventário de recursos minerais e de estratégias ou projectos de rentabilização relacionados, prevendo mecanismos de controlo técnico independente por parte do Estado, bem como a integral transparência dos contratos (e das Contas do novo Estado), dando assim garantias de seriedade técnica e continuidade económica tanto a investidores como aos guineenses.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Força portuguesa sai


http://visao.sapo.pt/forca-portuguesa-sai-da-guine=f662564

Mesmo a corveta e a fragata que «faltam», sem logística, não está previsto que se atardem.

Hora di BYE, BYE.


Ditadura do Consenso recupera equipamento

Felizmente a imagem voltou ao Ditaduradoconsenso! Acabaram por entregar ao rapaz a máquina fotográfica. O computador, mesmo se aparentemente violado, pelos vistos, funciona. Ainda bem, pois o Aly parecia ter ficado um pouco desmoralizado e à beira de desistir. Poucos dias depois do dia da liberdade de imprensa (que mereceu um discurso inflamado do Embaixador dos Estados Unidos para a Guiné-Bissau e o Senegal), face às alegações sem fundamento de «perseguições» a jornalistas na Guiné-Bissau que circulam pela internet, esta parece ser a melhor resposta. Cai assim também pela base a acusação dos RSF Repórteres sem Fronteiras relativamente aos bloggers.

Pleonasmo ou retórica?

Andam para aí a escarnecer de uma afirmação de Daba, que cola «endógeno e interno».

Ora, em primeiro lugar, as duas palavras apresentam nuances e portanto complementam-se (endógeno, nasce de dentro, mas é livre; interno, tem a ver apenas com o que está lá dentro e assim se mantem);

Em segundo lugar, o seu discurso militante e parcial destina-se a convencer e a ser lembrado (permanecer na memória implica uma certa dose de repetição, é o que faz a publicidade, nunca vemos um anúncio uma só vez) e encontra-se estruturado com base numa retórica consistente.

Neste contexto, chamar analfabeto a Daba apenas demonstra a falta de Fair Play, o nervosismo e o comportamento primário de alguns actores. Uma coisa é dizer «subir para cima», ou «pareceu-me bem parecido».

Mas se eu disser «lamber com a língua»? Pois claro, havia de ser com quê? Mas a redundância redunda neste caso numa valorização do dito, num empolamento do efeito: ao acrescentar à descrição do acto, o respectivo instrumento, facilita-se a construção da imagem mental. Daba utilizou uma figura de estilo, de retórica hiperbólica. É um verdadeiro bólide: demolidor.

Talvez seja melhor esquecerem a língua portuguesa, pois ela é muito traiçoeira. Já a atitude, essa, parece mais de inveja, se não mesmo de desespero. Em vez de criticarem o que não percebem, aproveitem para aprender com o senhor Porta-Voz. Encosta-vos a um canto, dá-vos um chuto com a ponta do pé!

La pagaille à Dakar

A cimeira extraordinária da CEDEAO reunida esta noite em Dakar para tratar da questão da Bissau acabou por ser absorvida pela rápida e perigosa evolução da situação no Mali; o Comando Militar também não leva a mal que passem o «problema» da Guiné-Bissau para segundo plano. O presidente em exercício da organização lembrou, a propósito, que a principal vocação da Comunidade é «a construção de escolas» e não a arbitragem de conflitos políticos... Para bom entendedor, meia palavra basta.

Não gostou decerto da «marcação ao homem» que Paulo Portas e José Eduardo dos Santos lhe andavam a mover incluindo: «enviados especiais»; dos anúncios de auto-intitulados-ministros dos «negócios estrangeiros» fantoches, contrariando a organização (e com pretensões de falar em nome da ONU); das notícias orquestradas a partir de Luanda quanto ao peso dos franceses em África, escarnecendo a «FrançÁfrica»; e das afirmações tentando pressionar as decisões da organização por parte do presidente da CPLP. Banjul tinha sido de facto a última jogada dos partidários da guerra, com as tentativas ofensivas, mas falhadas de Jameh para destabilizar os intervenientes guineenses, ao recebê-los sempre em separado e apostando na intriga...

C'est la zizanie. E uma clara vitória do Comando, em especial do seu Porta-Voz. As leituras são óbvias: a transição foi legitimada pela CEDEAO, sem que esta conseguisse fingir sequer a aparência de um «retorno» à ordem, através da imposição do ex-Presidente. A força em espera, será mobilizada apenas para o Mali, onde há um conflito, mas ficará à espera de ser convidada para entrar. A organização passará a dar mais importância às questões do desenvolvimento económico e da integração regional. Lacónico.

Tal como Daba garantiu, não haverá qualquer intervenção de forças estrangeiras na Guiné-Bissau.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Alarmismo barato

Notícia original:

Segundo a Lusa, citando por fonte o Ministério da Defesa, Portugal estaria a avaliar a retirada da força naval, que inclui, para além dos dois vasos de guerra e navio de logística já conhecidos, uma outra fragata, a Bartolomeu Dias, cuja presença na área não tinha sido anunciada à comunicação social. De acordo com a TVI, José Pedro Aguiar-Branco recusa ter havido qualquer intenção de fazer segredo com a última fragata.

Mas o jornalista do Correio da Manhã não soube ler bem a notícia e anuncia na penúltima página da edição de hoje que «Ontem, partiu a terceira fragata», em lugar de destaque de «última hora»! Não foi ontem, foi há duas semanas; a notícia é de que vão voltar à base e não atacar; e não é a «terceira» fragata, mas a segunda, pois também lá anda uma corveta.

Guiné-Bissau: Fragata a caminho

 

A operação de resgate dos portugueses residentes na Guiné-Bissau poderá ocorrer a qualquer momento. Segundo a Rádio Renascença, são três os meios navais que integram a Força de Reacção Rápida. Ontem, partiu a terceira fragata, a ‘Bartolomeu Dias’.

Comentário mais votado (Natália)
"Nenhum cidadão residente na Guiné-Bissau, seja de nacionalidade portuguesa ou outra, precisa de ser evacuado! Bissau tem ligações aéreas semanais para o exterior, das quais 3 directamente para Lisboa!"


terça-feira, 1 de maio de 2012

Diligências continuadas


Pretória, África do Sul. Exemplo mundial de tolerância. Quando Nelson Mandela visitou o homem que o mandou prender, deu um sinal claro, com essa atitude: se ele próprio, que tinha razões de sobra para odiar, perdoara, ninguém se sentisse com «legitimidade» para vinganças.

O presidente de Cabo Verde, que pertence ao Grupo de Contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau, reuniu com responsáveis de Angola, Namíbia e África do Sul... As suas declarações foram mais prudentes que as do Primeiro-Ministro, ao reconhecer que a Guiné é um «caso complexo». Precisamente. Obrigado, Nelson.

Nesse contexto, o investigador cabo-verdiano Corsino Tolentino deveria ser levado a sério, quando põe em guarda o seu governo contra uma atitude demasiado marcada na questão da Guiné, aconselhando prudência e distanciamento relativamente à CEDEAO, que parece ter passado ao lado de uma grande oportunidade de afirmação regional e internacional, calmamente e sem violência, depois da vitória diplomática que obteve o seu «ultimato».

http://www.portugues.rfi.fr/africa/20120430-comando-militar-da-guine-bissau-nao-aceita-pressoes-da-cedeao

Após um bom augúrio inicial, e das provas de boa vontade dadas, foi de uma forma rígida e pretensiosa que esta organização tentou encostar à parede o Comando Militar, sem argumentos palpáveis, pois o que puseram no prato da balança, pior que muito pouco, é uma ofensa às forças armadas guineenses: então, com 500 a 600 homens (de várias nacionalidades), pensam invadir a Guiné? Fazem lembrar o «valente» Coronel senegalês que prometeu a Diouf tratar da «questão» em 24h... a sua caveira foi depois mostrada na televisão em mãos da Junta. E tiveram Nino para lhes garantir o desembarque...

Antigamente, enviavam-se forças de paz para zonas em guerra; agora, pelos vistos, falam em enviar forças de guerra para zonas em paz! O Comando Militar não podia dar o que não lhe pertence: a sua única legitimidade, para além da força, nesta situação, foi o ter-se oposto, com razão, à intenção de envio de forças estrangeiras. Em relação a esse ponto, pelo menos, os guineenses parecem estar de acordo, pois ninguém vê com bons olhos a presença de forças estrangeiras, mesmo se alguns defendem ser esse um mal menor.

Depois da Costa do Marfim, está mais que visto que a ingerência, através de missões de «cooperação» técnico-militar, nos assuntos internos de outros países, só pode prejudicar: é que qualquer visão exógena é forçosamente redutora. Nenhum soldado estrangeiro tem legitimidade para se imiscuir em questiúnculas internas de um país independente e soberano, sob risco de mal entendidos galopantes...

sábado, 28 de abril de 2012

Caçada ao elefante II


Não nos vamos precipitar a fazer leituras apressadas... Daba Na Walna é uma maravilha política, extremamente selecto na escolha das palavras. Na sequência da aceitação, logo no início do prazo dado, de todas as imposições da CEDEAO:

Foram ex-patriados o ex-Presidente interino e o ex-Primeiro-Ministro. Foi mesmo admitida a hipótese de poderem vir a ser nomeados respectivamente Presidente interino e Primeiro-Ministro do Governo de Transição (cuja duração foi acordado reduzir para um ano); sublinha-se que a legitimidade governativa lhes vem do Comando Militar e não de qualquer eleição ou situação anterior.

O novo Governo legítimo a constituir, com o apoio da CEDEAO e do Comando Militar, graças ao presente protocolo, ao consolidar as perspectivas de consolidação da paz, segurança e estabilidade governativa no país, permitirá decerto rentabilizar esta oportuna iniciativa diplomática e poupar maiores esforços no futuro à Comunidade, estando previsto, no âmbito da sua «Force en attente», mobilizar, nos respectivos países, no espaço de três a quatro semanas, uma força de 500 a 600 homens (dont le deployement devra être mis au point entre les signataires).

É uma grande vitória do legítimo presidente da Costa do Marfim, anfitrião da reunião de Abidjan, aliás conhecedor das questões geo-políticas em questão, depois de uma transição complicada ainda há relativamente pouco tempo no seu próprio país, com o seu rival a recusar-se a acatar os resultados eleitorais, contando mesmo para isso com o apoio de forças estrangeiras presentes no terreno.

Portugal «estuda» a retirada da sua Força. A ONU delegou na CEDEAO, portanto, face ao sucesso desta, qualquer iniciativa no Conselho de Segurança acerca da Guiné-Bissau perdeu oportunidade e será adiada para as calendas gregas. Os Estados Unidos, até aqui discretos entraram de cabeça para salvar Angola: declarações do Embaixador, a senhora Clinton endereçou um convite a Georges Chicoti para lhe fazer uma «visita de alto nível», com o objectivo (quase hilariante) de o desagravar das injustas acusações de que, na sua opinião, tem vindo a ser alvo no âmbito da questão da Guiné.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

i = 0 em geografia

António Rodrigues pretende fazer, num artigo recente, uma análise «profunda» da realidade guineense...

http://www.ionline.pt/opiniao/catch-22-golpe-militar-na-guine-bissau

Entretanto, apagaram a página... Felizmente o Aly fixou uma cópia:

http://ditaduradoconsenso.blogspot.pt/search?q=22+catch

mas a sua superficialidade jornalística deixa muito a desejar, pois, ao contrário do que presume quem o lê, a Guiné Equatorial, mal grado a sua proximidade onomástica, é encostada a Angola e não à Guiné-Bissau. A não ser que «região» seja África inteira! Olhe primeiro para o mapa, recolha informações e veja as notícias, antes de fazer «apostas» desinformadas e mal aconselhadas para o futuro.

Não deu parte da encomenda, pois trai-se uma segunda vez quando acrescenta o epíteto de «ditador» ao recente aliado de José Eduardo dos Santos. Vamos ter de lhe dividir o crédito (22 cachas) para um sétimo... Piiiiiiiiiiiiii

Crónica de um golpe anunciado

Daba Na Walna continua a somar pontos. Atenção aos seus discursos, que são muito prudentes: quaisquer palavras, retiradas do contexto, podem induzir em erro. Antes de dar especial relevo a qualquer das suas afirmações, os jornalistas deverão atentar bem nas frases pos e pre-cedentes. É claramente uma arte da nuance. E Angola, face à alta qualidade diplomática e jurídica da face visível do Comando Militar guineense? Há um novo contexto geopolítico em desenvolvimento... Não arranjam nada mais original do que acusar os militares guineenses de serem manobrados por Kumba Yalá, numa base tribal, na feitura deste golpe de estado? A troco de uma «grande soma em dinheiro» entregue em pleno Estado Maior?

http://www.zwelangola.com/politica/index-lr.php?id=8754

Estão desactualizados: Daba foi bastante claro quanto a isso, na entrevista dada por à RTP em Bissau, há uma semana, quando a jornalista lhe apresentou essa questão «Não andamos aqui às ordens de ninguém». A «inventona» é grosseira demais e foi desmentida, sem sombra para dúvidas, uma semana ainda antes de formulada.

Resumindo o conteúdo das acusações, mesmo sem nexo: corruptos, tribalistas... Traficantes de droga e agora, pela voz da América, parece querer juntar-se-lhe mais um espantalho, o «risco de terrorismo», numa associação (muito es)forçada ao fantasma da implementação forçada da Charia no Norte do Mali, país que aparentemente implodiu e constitui agora a principal preocupação da CEDEAO (por razões diferentes, pois na Guiné-Bissau tem sido conservada a ordem e soberania nacional).

http://www.voanews.com/portuguese/news/trafico-de-droga-na-guine-bissau-podera-ajudar-terrorismo.html

Ora, já que falamos na VOA, para documentação, atente-se nos precedentes da actual crise, para melhor informação, graças a um seu artigo de 28 de Dezembro do ano passado: numa conferência de imprensa, Victor Pereira, porta voz da oposição guineense acusou o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior de ter vendido "a alma" e recursos do país a Angola, afirmando que a presença de militares angolanos na Guiné-Bissau constituía uma "força de ocupação", considerando inadmissível que o primeiro-ministro tenha sido resgatado da sua residência por "forças de ocupação estrangeira" provenientes de Angola, fazendo uso de armas de fogo.

http://www.voanews.com/portuguese/news/12_28_2011_angolaaccusedofinereference_voanews-136318378.html

A hipocrisia recente (associada a uma memória convenientemente demasiado curta) no tratamento desta crise, na tentativa de submeter a Guiné, tem distorcido substancialmente os acontecimentos, regra geral subvertendo mesmo o seu próprio sentido, numa clara intenção de diabolização primária dos acontecimentos em Bissau, aparentemente orquestrada a partir de Luanda. O «presente de Natal» que Bissau teve no sapatinho pareceu antes uma moralização da situação, com a prisão do ex-Chefe de Estado Maior da Armada Bubo, recorrentemente apontado, tal como Nino, como conotado com o tráfico de droga. Recuando um dia e recorrendo à mesma fonte...

http://www.voanews.com/portuguese/news/12_27_2011_-136258333.html

Mas para refutar a interpretação de Guilherme Correia da Silva, ontem na VOA, em torno do espectro do terrorismo, veja-se a sua própria fonte, um livro do IISS, Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, com o sugestivo título de «Drogas, insegurança, Estados falhados e os problemas da Proibição» e constatar-se-á que a sua apresentação do assunto é, no mínimo, bastante pessoal. O grande desafio, para os investigadores, parece ser o de fomentar uma outra concepção para o «inerradicável» cancro (por mexer com dinheiro) que constitui o tráfico de drogas, ousando mesmo sugerir novas abordagens mais permissivas (citando mesmo como bom exemplo o caso de Portugal), senão mesmo uma liberalização que resolveria o problema de vez, pela raiz.

http://www.iiss.org/publications/adelphi-papers/adelphis-2012/drugs-insecurity-and-failed-states-the-problems-of-prohibition/

quinta-feira, 26 de abril de 2012

GUINÉ CHIKOTIADA


Terapia de choque.