quinta-feira, 28 de julho de 2011

Terror privado? ou a manipulação de um rejeitado?

Irritante? O beto levou a melhor.

Conseguiu catalizar o momento e publicitar o «seu» manifesto. Perante a actual crise de legitimidade (U$A, €uropa, países árabes), primeiro pareceu-me que a mensagem essencial seria a de uma nova era aberta ao terrorismo individual. O único precedente conhecido foi Theodore Kaczynski, que ficou conhecido como Unabomber (também deixou um manifesto), mas com a grande diferença de este ser selectivo e actuar na base do 1/1: só matava um de cada vez; essencialmente, este brilhante matemático visava congéneres, com bombas artesanais que encaminhava pelo correio.

Passe a estupidez de os meios de comunicação mundiais (não resisto a chamar-lhes burgueses-marxistas, utilizando a terminologia do «artista») estarem a tentar censurar o(s) manifesto(s) do rapaz, numa clara reacção do politicamente correcto à propaganda subversiva. Ninguém enfia o barrete tão para baixo: isso mais parece a política da avestruz, para além de ser claramente pernicioso para a intenção formal, apenas servindo de mais publicidade ao objecto.

Uma leitura atenta do panfleto poderá revelar que não se trata de uma obra individual, mas antes de uma compilação impingida por alguns mestres «espirituais» pseudo-templários, com pretensas ligações à maçonaria regular, cujo rasto é fácil de seguir na internet. De qualquer forma, o resultado não é bonito nem recomendável. Configura mais uma ofensa ao próprio terror, até agora de causas e obra de organizações. A dantonesca cabeça de Robespierre deve rolar umas voltas, no panteão revolucionário.

Banalizado e futilizado, o terror! Que diz o palestianiano quando vê o filho sair de casa? «_Lá vai o meu rebento». E a mãe assente. Isto sim, é consistência social. Pessoalmente, tenho pena do rapaz (e do pai): no início da adolescência, fez um desenho, mostrou ao pai e o pai não gostou; para além de ter abandonado o filho, o idiota vem agora com declarações à imprensa a dizer que «preferia que o filho se tivesse suicidado»! Devia era cortar a pila, para castigo (aliás, devia tê-la cortado antes de fazer merda - não diz o Senhor: «Se a tua mão é ocasião de pecado, corta-a. Mais vale ires maneta para o céu que inteiro para o inferno»). Quanto ao filho, se queria publicidade, teria outra dignidade e o mesmo resultado, ou mesmo mais, a imolação pelo fogo, como fez o jovem tunisino.

Se até aqui, restava ao terror alguma dignidade, perdeu-a por causa deste beto nórdico egocêntrico e estragado com mimos. O arsenal dos pobres ficou mais pobre. Talvez devêssemos reflectir sobre o caminho de barbárie que leva este mundo sem regras e a deriva das identidades assassinas para a qual há muito chama a atenção Amin Maalouf.

sábado, 30 de abril de 2011

Mentiroso e hipócrita

No almoço comemorativo do 25 de Abril, tive a oportunidade de perguntar ao Senhor José Niza, se estava a pensar retractar-se publicamente, conforme lhe tinha solicitado. Primeiro balbuciou coisas incompreensíveis, depois disse que mantinha que era verdade, virando as costas e começando a afastar-se: imediatamente lhe atirei com um «_O senhor não passa de um mentiroso e de um hipócrita»; o senhor José Niza ainda tentou representar a comédia do «ofendido», mas depois de o olhar nos olhos lá afastou a sua incómoda presença, deixando-me almoçar descansado. Pois é, senhor José Niza, teve a sua oportunidade para rectificar a gaffe que cometeu, mas não quis aproveitá-la.

Realmente não passa de um aldrabão e de um troca-tintas sem escrúpulos, que passou toda a vida a enganar toda a gente, não hesitando em tudo e todos submeter à sua despudorada vaidade: há três anos, «Afirmou-se reconfortado com as manifestações de apreço no ano em que completa 70 anos de vida e voltou ao humor com fundo histórico: “Cesário Verde só publicou um livro e do meu vão fazer 30 mil exemplares”»... Pior: em pleno delírio da sua pueril megalomania, quis amesquinhar Salgueiro Maia. Há limites para a paciência!

Permitam-me que cite Salgueiro Maia, nas linhas que se seguem aquelas que já citei...

«Resta-nos, na orgulhosa situação de implicados no 25 de Abril, criticar os muitos que pagam o idealismo e a generosidade dos Capitães de Abril com:

- a corrupção

- a incompetência

- o compadrio

- o circo do poder

até quando?»

O senhor José Niza e os seus amigos do P.S. de Lisboa são os responsáveis morais pelo estado a que isto chegou. Os mesmos que, a 24 de Novembro de 1975, se puseram a caminho do Porto com a Constituinte às costas, apostados em abrir a «caça ao comunista», numa guerra civil do Norte anti-comunista contra o sul comunista, da qual pretendiam sair como heróis... Como «corajosos« que eram, só pararam em Vigo, de onde pretendiam assistir, da esplanada, a uma distância respeitável, ao espectáculo de ver os portugueses a matarem-se uns aos outros. O bom senso de pessoas como Salgueiro Maia, uma vez mais evitou o pior. Dispensamos, por isso, que vertam lágrimas de crocodilo, pelos homens de Abril, que vos ofereceram generosamente uma oportunidade para mudar o país, lamentavelmente desperdiçada com toda a vossa hipocrisia, incompetência e indigência moral e espiritual. Vejam, para terminar o «circo», o elogio mútuo que esta gentalha pratica:


Modesto, o Niza? Pois... até metem dó. Pretendem com isto iludir o povo acerca das vossas reais responsabilidades? Lavar as mãos à Pilatos? Sacudir o pó da lapela? Só que infelizmente já não é só pó, é m.... mesmo. Não se mexam muito senão vai começar a cheirar mal.

Por tudo isto considero lamentável que o nome de José Niza tenha sido associado às comemorações do 25 de Abril: considero que foi um erro da Comissão das Comemorações Populares, esperando que não se volte a repetir no futuro. A expulsão do José Niza da referida Comissão, conforme já aventado em reunião da mesma Comissão, seria talvez a melhor forma de resgatar o mau passo deste ano.


Quanto a si, Senhor José Niza, o seu nome, fique descansado, ficará lembrado, como pretendia. Mas como objecto de asco e público opróbrio, como merecem os vis e repugnantes invertebrados rastejantes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Homem lá saiu de cena...






Não estava no programa


nem é considerado notícia...

Envergonhadamente, o Mirante lá acusou o toque, sob a pica(e pito)resca classificação de Cavaleiro Andante.

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticiaidEdicao=492&id=73785&idSeccao=7985&Action=noticia

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Arrependimento ou censura?












O Mirante on-line chegou a publicar uma pequena notícia «Espectador interrompe colóquio e interpela José Niza» associada a um pequeno video de 1m56s sobre os factos relatados, texto e video que foram «empurrados» automaticamente para o Sapo. No entanto, pouco tempo depois, cortaram as ligações e fizeram desaparecer tudo...

Talvez seja melhor adoptar, aí no jornal, o bom método salazarista da censura prévia, para obviar a este género de incómodos.

domingo, 17 de abril de 2011

Crónica de uma sanha anunciada


Finalmente concretizei o que me prometi há 3 anos, com o Manifesto Anti-Niza. http://7ze.blogspot.com/2008/06/manifesto-anti-niza.html Bem sei que neste país a mentira, por muito descarada que seja, ganhou foros de lugar comum, apostando-se cada vez mais na memória curta do vulgar cidadão. Infelizmente para alguns, talvez, há verdades que considero inquestionáveis, que fazem parte da minha história e da minha identidade, das quais não poderia abdicar sem colocar em causa a minha dignidade. Aqui fica o relatório dos factos. Ontem, dia 16 de Abril, pelas 21h30, dirigi-me à Escola Prática de Cavalaria para um Colóquio sobre as senhas de Abril, com o Coronel Correia Bernardo (a Lusa difundiu o erro de lhe chamar «Bernardes»), Otelo Saraiva de Carvalho, Paulo de Carvalho, Joaquim Furtado e José Niza. Esperei pelo fim da conversa para pedir educadamente a palavra ao moderador, Joaquim Furtado, agitando o livro dos depoimentos de Salgueiro Maia, que ele obviamente conhecia, pois acabara de o citar. No entanto, após breve consulta ao organizador do evento, ao seu lado esquerdo, José Niza, «esqueceu-se» do pedido. Marchei pois em direcção ao palco, pois não estava disposto a deixar escapar a oportunidade. Face a uma tentativa de interposição do Joaquim Furtado, declarei que o 25 de Abril tinha sido feito a favor da liberdade de expressão e que o evento fora apresentado como Colóquio e não como Solilóquio. O Joaquim Furtado, por quem, aliás, tenho o máximo respeito como jornalista (bastar-me-ia lembrar os programas sobre a Guerra Colonial), ainda balbuciou algo como «não estarem previstas intervenções» e «tinha de começar o concerto». Face à debilidade da oposição, tomo-a por uma autorização, subo o degrau para o palco e sinto que alguém me agarra o braço: era José Niza que me convidava «a ir falar lá para fora»; sacudi-o veementemente. Eu fora ali para uma reparação pública e não para um duelo. Adquirido o direito de me dirigir à assistência, deixo aqui de memória o essencial do meu discurso, daquilo que me lembro de ter dito em alta voz, sempre virado para o visado: «Há 3 anos, por ocasião das Comemorações do 25 de Abril, o jornal Mirante, cuja sede é aqui bem perto, publicou um livro de poesia de José Niza, que foi amplamente distribuído com o Semanário Expresso. O destaque de capa inteira ía para uma entrevista a José Niza, dando por título «Salgueiro Maia quis entregar 150 G3 na sede do PS em Santarém.» referindo-se ao dia 24 de Novembro de 1975. Infelizmente, Salgueiro Maia já cá não está para o contradizer. No entanto, tenho aqui as suas memórias, escritas pelo seu punho, das quais um excerto, páginas 86 a 87, acaba de ser citado por Joaquim Furtado. Passo a citar Salgueiro Maia, nesse mesmo livro, página 110: Num almoço com o coordenador da acção do 25 de Novembro, concordei em actuar nas condições referidas, tendo por especial preocupação evitar a distribuição de armas a civis, até para evitar uma guerra civil. _Sr. José Niza: a sua entrevista correspondeu a um momento menos feliz da sua carreira, compreensível no âmbito de uma saúde comprometida. Aproveito o ensejo de estar aqui presente nestas comemorações para lhe manifestar a minha indignação e lhe pedir humildemente para se retractar em público. Deve-o à história» Um elemento da assistência levantou-se então com «maus modos» a dizer que lhe estava a adiar o concerto, pelo que abandonei a sala, infelizmente sem agradecer à audiência a atenção que tinha solicitado e recolhido. Desde já as minhas sinceras desculpas a todos os presentes, bem como o meu obrigado pela salva de palmas à qual a causa que julgo justa e soube apresentar teve direito. De dar que pensar ao Senhor José Niza.

José Fernando

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Teotina








Não posso deixar de partilhar uma história verdadeira. Faço-o porque me emocionei, porque não encontrei qualquer registo na net, porque me parece algo digno de memória. Para além da memória das 2 ou 3 testemunhas oculares que ainda vivem, uma das quais em Santarém, de quem a ouvi. Passa-se em Mondim da Beira, a poucos Km de Lamego, no fim da Segunda Guerra Mundial. São, aliás, duas histórias, vistas pela mesma pessoa, da janela do seu quarto...
O senhor Zé, ainda um rapaz novo, tinha uma mula, que usava como meio de transporte. Maltratava muito o bicho usando de pauladas, por tudo e por nada... Fazia impressão vê-lo chegar e bater no coitado do animal sem qualquer razão aparente. Um dia, a mula, que até aí nunca dera provas de irascibilidade ou de ser especialmente teimosa para além da natureza própria deste género de híbridos animais, deve ter achado que era demais! Abocanhou o senhor Zé pelo músculo do braço e, sem qualquer ruído, enterrou a boca e começou a sugar-lhe o sangue. A quem tentava aproximar-se para acudir ao pobre coitado do senhor Zé, dissudia com um olhar de fúria e ameaças de coices, embora sem nunca se distrair do que estava a fazer. Ao senhor Zé, deixou-o depois cair, já morto e sem pinga de sangue. Um vizinho foi buscar uma caçadeira e abateu a endemoninhada mula.
Precisamente nesse ano, na quinta do lado, morreu a vaca, ao parir. O agricultor reuniu os filhos para discutir o futuro da bezerrita, sugerindo vendê-la, na feira, pois não havia maneira de a criar. A filha mais nova, Teotina, então com 12 ou 13 anos, avançou e disse ao pai que ficasse descansado, que a criava ela, ao peito. E assim fez... Se seu pai não era rico nem abastado, era remediado, não faltando nada lá por casa. Sobrava mesmo algum dinheiro ou bens, que o pai repartia pelos irmãos na medida que lhes competia, não pelo seu simples nascimento (como hoje se vê), mas sim pelo trabalho que cada um prestava.
Tudo o que Teotina ganhava, distribuía pelos pobres e carenciados. Se faltava pão nalgum casebre, já se sabia que a Teotina era a primeira a saber e lá preparava um cestinho de verga onde colocava alguns géneros de primeira necessidade para acorrer aos aflitos. Viam-na passar sempre a pé, alegre com os seus cestinhos, que chegava a entregar em aldeias bem distantes. Ao Domingo, preparava umas broas grandes, do tamanho de um pão, feitas de mistura de milho com centeio e outros cereais que conseguia arranjar, que eram uma delícia. Postava-se à porta da igreja e à saída da missa todos os pobres se regalavam e tiravam a barriga de misérias...


A bezerra criou-se tão bem que se transformou numa bela vaca. Teotina levava-a a passear ao lameiro todos os dias para que pudesse comer sempre erva fresquinha. Tiotina aproveitava todo o seu tempo: no caminho para o lameiro, atava a vaca à cintura, com uma corda, para ficar com as mãos livres para poder ir tricotando meias de lã para os pobres.
Um dia, indo com a vaca para o lameiro pelo silêncio do caminho, ao passar em frente à garagem do senhor Rufino, que consertava os modernos automóveis e carros praça, que então se usavam, o filho ligou um dos carros que estavam a arranjar... A vaca assustou-se de tal maneira que disparou numa correria desabrida, apavorada e levando a pobre da Teotina de rojo pelos caminhos, de volta a casa, sem que ninguém lograsse travá-la. Ali chegou já muito desfigurada, acabando por partir o pescoço, contra uma pedra que fazia cotovelo. A morte de Teotina impressionou muito a aldeia, as pessoas quotizaram-se e ofereceram um magnífico vestido branco, de noiva. A história circulou, em quadras que o povo cantava pelas feiras, último estertor da época de transmissão oral, então sob a rude concorrência da moderna Rádio. Eis como começava:

«De luto Mondim da Beira

chora a freguesia inteira

por uma infeliz desgraçada

que uma vaca conduzia

De repente esta fugia

e por ela foi arrastada

já de rastos pelo chão

grita com aflição

Acuda-me senhor Rufino

de repente este aparece

mas a vaca não obedece

e assim segue o seu destino(...)»

Muitos anos mais tarde, depois do caixão de madeira se desfazer, o padre proibia as pessoas de irem ao cemitério em certos dias certos. Num desses dias proíbidos, chegou a lá ir o Bispo de Lamego. Depois veio-se a saber a razão de tal secretismo. Desfizera-se a madeira e o vestido, mas lá estava o corpo incorrupto a exalar um odor de santidade. Voltaram a vesti-la, e a operação tem-se repetido...

terça-feira, 22 de junho de 2010

7zeRO

Ro é o melhor!


O melhor foi o sétimo!

sábado, 19 de junho de 2010

Que fez Fernando, de Santarém?


Vou até Marrocos, visitar o local onde foi martirizado o meu homónimo e conterrâneo, mais conhecido por Infante Santo. À venda, na minha loja internet, coloquei um par de Envelopes de Primeiro Dia, mais conhecidos por FDC, da Universidade de Karaouiyne, a mais velha do mundo, que também quero visitar: já tem um licitador!




Tentem descobrir a piada do ***grama:


SOCORRAM-ME SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS

terça-feira, 18 de maio de 2010

Manel Mina





Pretendo hoje fazer uma homenagem ao Major Melcíades Fernandes. Acho que é um patriota, um grande guerreiro, uma pessoa extremamente humana dotada de uma cultura fora de par. Para mim é mais que um amigo: um irmão. Ainda me lembro de quando, em plena guerra, humilhou o embaixador francês, François Chapelin, dizendo-lhe, num francês impecável, que deveria falar português, a língua oficial do país onde tinha sido colocado. Para quem não conhece, Manel Mina é um oficial superior da Força Aérea guineense, perito em explosivos desde criança, piloto formado na ex-União Soviética. Ao lado de Ansumane Mané desde a primeira hora, para além de porta-voz da Junta Militar, foi a alma da gloriosa resistência guineense face ao invasor estrangeiro e principal artífice da vitória. Foi a magnanimidade de Manel Mina que salvou Nino Vieira da morte certa, 11 meses depois, dia por dia, do fatídico 7 de Junho de 1998. Nessa altura, fui a Bissau, para a parada militar da vitória, a 7 de Junho, dia que ganhara foros de feriado nacional. Fui visitar Manel Mina, bebemos uma garrafa de Balantines e fumámos cada um o seu charuto. Passámos uma tarde imensamente agradável, contou-me histórias da guerra de uma forma vivida e irreprodutível... Vou contar-vos uma pequena história sobre os primeiros dias da guerra: o atraso na tomada do paiol de Brá, pela Junta, devido ao Coronel «Rambo» (que aí morreu), provocou uma série de dissabores. A Junta Militar tinha em seu poder imensas armas ligeiras, no entanto, nenhumas munições. Uma ou duas balas por arma... Decidiu-se concentrar as balas e retirar a maior parte dos homens. Estavam, no entanto, no paiol tomado, imensas bazookas anti-carro RPG7, com as respectivas munições; as menos húmidas foram usadas para travar o assalto blindado na estrada para o Aeroporto de Bissalanca, onde a Junta tinha o seu Q.G. (é dessa altura o profético slogan «Do poilão de Brá não passarão!», que depois foi promovido a divisa da Junta) A má surpresa foi que a imensa maioria estava tão húmida, devido ao clima, que não funcionava. Aí entrou em cena o Manel Mina. Requisitou todos os secadores de cabelo das mulheres, montou uma linha na qual os foguetes cabeçudos eram desaparafusados com cuidado e, depois de separadas as duas cargas explosivas, secos a secador muito devagar... O RPG7 é constituído por duas cargas explosivas: uma primeira destinada apenas a penetrar na blindagem e permitir a penetração da segunda carga, carga essa então que deve produzir os estragos. Ora o Manel Mina adaptou, por necessidade, a arma ao combate de infantaria, retirando-lhe a primeira carga: os resultados foram surpreendentes: apanhados desprevenidos, num primeiro tempo, os senegaleses sofreram imensas baixas, horrivelmente mutilados. Um dos seus oficiais, que poucos dias antes falara de «um passeio», reclamava, pateticamente, junto dos jornalistas, que a arma empregue era «contra as leis da guerra»... Contou-me algumas histórias do comando exercido por Ansumane Mané, o líder da Junta Militar, de como fazia a logística da Junta Militar no seu helicóptero voando rente à copa das árvores, de como assustara os senegaleses fazendo descolar um MIG (sem nada para o armar) só para os assustar com o barulho, ligando-lhes a post-combustão na vertical (parece que surtiu efeito, eles revelaram alguma desorientação...) Enfim, foi realmente uma tarde magnífica, que terminou com uma volta de helicóptero, sobrevoando Bissau, com partida do porto. Fotografei tudo: podem ver a chegada ao porto, o heli, o Manel aos comandos, no seu cockpit, a sombra do heli, o ilhéu do Rei, o porto de Bissau, o então jovem segurança do Melcíades... Também me podem ver a mim, frente ao famoso poilão (árvore) de Brá e fazendo o V de vitória ao lado de uma das muitas carcassas de carros (postos fora) de combate. Como o tempo passa: isto foi há mais de dez anos. Voltei a ver o Melcíades há um ano e meio, quando fui a Bissau: repetimos o ritual, bebemos uns copos e fumámos charuto, na companhia de outro guerrilheiro da «linha zero» (frente de combate), o Fernando. Pouco depois, o Melcíades foi preso, sob acusações nunca fundamentadas. Estive um ano imensamente preocupado... qual não foi a minha alegria, imagine-se, quando reconheci a voz de Manel Mina, ao telefone! Algumas restrições à sua liberdade foram retiradas, já pode utilizar o telemóvel!

Espero, caro irmão, que se resolva rapidamente a tua situação,

que possas voltar para casa,


dar o teu contributo para uma Guiné renovada

e digna da herança de Amílcar Cabral!


Mantenhas

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Camões

Acabei de ler esta redondilha do Luís de Camões...

O meu pensamento altivo
me tem posto em tal extremo,
que quando esperando vivo,
o bem esperado temo,
muito mais que o mal esquivo.
Que pera crescer meu engano
no gosto da confiança,
ordena o amor tirano
que na mais firme esperança,
se espero, sei que me dano.

Deste novo sentimento,
chega tanto a nova dor,
que se enleia o pensamento;
ver que no mor bem de amor
se descobre o mor tormento.
Folgara de me enganar,
mas não é cousa possível,
pois pera sempre penar,
sei que espero o impossível,
mas não sei desesperar.

...deu-me logo para escrever poemas!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Super nova festa do Xartur

Imperdível!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Mais uma X party


Não sejas = a toda a gente

Difere, ente,
prefere uma noite in,
diferente...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Grassa grave irresponsabilidade em Santarém...

Ontem resolvi passar à acção directa. O que me parece legítimo, em certas circunstâncias, como a de evitar um mal maior... Vejam o filme:

http://videos.sapo.pt/W3ozdBkc9cD9b67MVapd


Mas resumindo: depois do desabamento de uma barreira nas traseiras do número 21 da Rua de Santa Margarida e de uma reunião de emergência convocada pela Câmara que reuniu os moradores na Quinta-Feira, já no Domingo rolou uma grande pedra para a estrada N114, conduzindo à sua interrupção (já agora: não é um calhau qualquer, trata-se de um objecto de balística medieval, a pedir para se lembrarem de o levar para o Museu Arqueológico). O facto trouxe as grandes cadeias de televisão a Santarém: a Câmara (para dar a imagem de estar a fazer aquilo que não fez nos últimos anos?) ordenou a demolição tempestiva das ruínas de uma antiga fábrica de malhas, ao fundo da rua, podendo ver-se nas imagens que passaram nos telejornais nacionais, uma retro-escavadora em acção: ora durante a reunião com os residentes, ocorrida três dias antes, nunca tal questão foi abordada! Na Segunda-Feira, um enxame de assistentes sociais tentaram convencer a Dona Branca, proprietária do número 27 da mesma rua, entre o 21 e a dita fábrica, a abandonar a sua casa, havendo versões desencontradas, que sugeriam a demolição de toda a zona, sem no entanto se falar na responsabilização da Câmara por qualquer realojamento, devido, decerto, às «limitações orçamentais» que todos conhecemos. Sem que ninguém se preocupasse com a avaliação milimétrica do terreno, das condições concretas da ocorrência, não bastou todo o alvoroço desnecessário: neste contexto, a ordem para a demolição em causa não passa de um acto irreflectido e mesmo irresponsável. As referidas ruínas não apresentavam qualquer risco de desabamento imediato das barreiras ou das suas paredes, e encontravam-se numa zona morta da rua, sem frequentadores, como se pode ver na imagem que preparei, uma vista de Sul. Sem urgência, como justificar então, face à actual instabilidade do terreno e do tempo, a necessidade e oportunidade do acto? Retro-escavadoras, demolições, vibrações, camiões de 20 toneladas ou mais a passar (que, aliás, estão proíbidos de passar no Centro Histórico) por uma rua apoiada num ponto extremamente fragilizado e exposto? Uma grave irresponsabilidade... que confirmei na Terça de manhã, quando me dirigi para o «Teatro de Operações» para levar a cabo a acção de bloqueio: pouco passava das 9h; no local, apenas o operador da retro-escavadora, a «estudar» por onde começar e o motorista do camião basculante para o transporte do entulho... Eu estava decidido a tentar chamar a atenção para o caso, a não me conformar com uma ordem idiota, dada por alguém irresponsável a coberto de uma secretária. Dirigi-me, de forma o mais tranquila e cordial possível, aos dois operários, explicando-lhes a minha posição e pedindo-lhes que não fizessem mais nada até à chegada de algum responsável: diga-se, em abono da verdade, que se mostraram compreensivos, imobilizando de imediato as máquinas, sem que eu precisasse de sujar o casaco. Dirigi-me entretanto a outro funcionário da Câmara, que acompanhava as obras, dando-lhe parte das minhas intenções de obstrução daqueles trabalhos, pedindo-lhe para dar parte delas aos superiores, na Câmara, o que este fez. Então, durante umas inconcebíveis duas horas e meia, nada se passou, excepto a passagem dos jornalistas do Jornal O Ribatejo. Não apareceu ninguém: parecia que ninguém queria assumir a responsabilidade daquela obra. Pouco antes do meio-dia, chegou o engenheiro Paulo, da Câmara, acompanhado de outros dois engenheiros, a quem perguntei se tinham ordenado aqueles trabalhos, ao que me responderam que não; pelo que logo declarei que se não dessem ordens para que os trabalhos fossem interrompidos de imediato manteria a minha posição, até obter as devidas explicações do responsável «político», de outra forma só abandonaria o local constrangido pelo uso da força. Os operários foram dispensados até às 14h... A essa hora apareceu no local um fiscal da Câmara, a quem me apresentei como munícipe e às minhas reivindicações, pelo que este tentou, pelo telemóvel, sem sucesso, apurar quem ordenara os trabalhos, colocando a descoberto a grave irresponsabilidade que, na minha opinião, rodeou todo o processo. Sem ninguém que desse a cara, ou se dignasse fornecer explicações, o referido fiscal, embora dando sinais de compreender o bem fundado das razões apresentadas, chamou a polícia acusando-me de obstrução à tomada de posse administrativa que estaria em curso, afirmando cumprir «ordens» (nos campos de concentração, também se limitaram a cumprir ordens...). Sozinho, pouco mais poderia fazer. Onde está a Associação de Defesa do Património? Existe realmente? Não deveria estar na linha da frente, chamando a atenção do tanto que há para fazer (na devida altura) aqui e em tantos mais sítios infelizmente...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Novo conceito


Há vida depois da morte! Qual fénix renascida, é o Xantarim com novo formato (à espera que o Artur se volte a estabelecer). Ele era o Xantarim: agora, lá no sítio, só sobram as paredes nuas, umas arcadas frias, sem alma nem gente; não fiquem indiferentes... Apareçam, para a semana, no FRA!


P.S. O 9la fez-me queixa de algumas ausências relevantes em Pernes. Que isso não volte a acontecer.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A última festa


É aproveitar!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Fotos da execução

Foi no Sábado...



























A reportagem fotográfica foi feita pela Eva.






Para a história, uma segunda morte do JFK provocada por um cachecol esvoaçante... ^

sábado, 12 de dezembro de 2009

As caras são baratas!

Já estou com saudades do Xantarim. Um final em beleza: concertos, festas... eXpo'antarim de aerografia ao vivo na Travessa da Misericórdia a partir das 20h de hoje! 20 caras do século 20! Óptimo para presente de Natal...

Olha o Che a ganhar forma! O molde do Chu está virgem, apenas tem um fundo preto por trás, como o JFK. Mais à frente, um estudo prévio... o Sidónio em destaque.

Azulejo simples
1 - 2€
3 - 5€
10 -12€
20 -20€

ou Com moldura de madeira
1 - 10€
3 - 25€
10 - 75€
20 - 140€

Como fazer?
Inscrever-se na lista de interessados e decorar o número de inscrição.
Pedir a lista das 20 caras ao Artur.
Assinalar as caras desejadas com o seu número de inscrição.
Sinalizar o interesse com 50% do total a pagar.
Esperar pelo fim da exposição (Dia 23).
Pagar os restantes 50% e levantar as suas caras.

Estrangeiros
01 Emiliano Zapata
02 Corto Maltese
03 Albert Einstein
04 José Estaline
05 Winston Churchill
06 Buenaventura Durruti
07 Erwin Rommel
08 Mahatma Gandhi
09 Che Guevara
10 John F. Kennedy

Portugueses
11 Sidónio Pais
12 Venceslau de Morais
13 Fernando Pessoa
14 Rolão Preto
15 António O. Salazar
16 Teixeira de Pascoaes
17 Aristides S. Mendes
18 Adriano Moreira
19 Agostinho da Silva
20 Salgueiro Maia

11 dias até à destruição dos moldes. Reserva já!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Foi-ce o século XX


A não perder! Exposição no Xantarim!


Spraying on-line. Do not miss!


Face selection by anonimous


20 caras do século 20 em azulejo de 15 por 15; também em t-shirt


Pelo que me foi dado a saber, o primeiro da colecção é Emiliano Zapata, o inventor do homem bomba. Os seus dinamiteros eram a arma que los federales mais temiam.


A revolução mexicana, tal como a república portuguesa, vai fazer 100 anos.






Metade dos ícones são nacionais, os outros dez estrangeiros.


Quase dez anos passados sobre o fim do milénio, uma reflexão em torno de 20 personalidades que marcaram esse século.


Uma homenagem ao Artur, também.


É o fim de um ciclo.


Irei publicando aqui os pormenores!


Os moldes irão virgens para o Xantarim, será feito um vídeo da produção, sendo os moldes destruídos em seguida.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nova festa do Xantarim!



A disputa pelo título mundial

de melhor animador musical!

Cock tail bar man

against

Peter Christ super star

É já dia 19. Human League para a grelha!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Engenharia efémera

Vou estar de férias com o Afonso no Baleal, de 15 de Julho a 15 de Agosto. Como sempre vamos animar a praia com as nossas mega-construções! Fazemos castelos, fortes, palácios, barcos, ilhas com farol... São muitos metros cúbicos de areia deslocados... Aceitamos ajuda no areal do Baleal! Fica um cheirinho do ano passado; logo colocamos as novidades deste ano!



P.S. No dia 24 de Julho concerto dos Stones por lá... imperdível

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pedido de candidato

Diz o Aly Silva, candidato à Presidência da República da Guiné-Bissau, e parece justo: «Já ouvi o vosso spot sobre a emissão da 2a via do cartão de eleitor, mas acho que não foi tudo dito. Agradeço que anunciem, também, que os mortos NÃO podem votar.»

No entanto, que raio de discriminação... os mortos deviam poder votar a dobrar, com a sua experiência; o problema é dos novatos, que se deixam ir em promessas.

O direito de voto aos mortos! Derma tchon!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Mais uma? A melhor de sempre?


Pedra livre... LIVE? Viva!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Lundy on Stamps


Onde ficará este estranho país? Será uma ilha, será uma ilusão?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Festa do Xantarim


Não esquecer a Liga Humana.

Cum catano


Quem pela espada vive, pela espada morre.


Com a devida vénia ao Aly pelo trabalho de jornalista.