O Decreto 39, datado de 17 de Julho do corrente, nomeava Biague Na Ntan para chefe da Casa Militar da Presidência da República.
Ontem, sensivelmente dois meses depois, o Decreto 40, exonerava o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, António Injai.
[no documento oficial, que vi publicado nos Intelectuais Balantas, há alguns elementos estranhos: o nome de António Injai foi realçado a negrito, destaque que não mereceu o próprio título «Decreto», deixando antever uma possível intenção de estigmatização; para acabar, ao frio «publique-se» da praxe, foi enigmaticamente acrescentado um ponto de exclamação, que pode denotar um certo regozijo, no mesmo sentido - tal como, num jogo de xadrez, se anunciaria «Xeque-Mate!».]
As relações entre estes factos acabam aqui. Biague Na Ntan, mesmo admitindo que dispondo de «cunha» do Presidente, não se adequa ao perfil requerido para CEMFA: não está no activo e não conhece a realidade das casernas. As especulações que tentam promovê-lo são inteiramente desprovidas de fundamento, com base no mais elementar bom senso. O cargo não é de «confiança política».
Resta saber se, de entre os potenciais candidatos que foram falados, algum tem o carisma mínimo necessário (e se pode contar com o reconhecimento e beneplácito dos seus pares), para encarnar uma liderança inequívoca, que substancie as aspirações e represente o sentimento da classe castrense junto da classe política. Caso esse «predestinado» não venha a emergir naturalmente, salvaguardando a unidade e identidade nacional da tropa, a atitude presidencial arrisca-se a transformar-se num autêntico tiro no pé, dando origem a um poderoso foco de instabilidade. Pelos vistos António Injai (que, exonerado, não foi ao Palácio Presidencial, onde estiveram os Chefes de Ramo e o seu Vice) parece que já se manifestou indisponível (e já deve ter começado a rir).
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