A reacção não se fez esperar. Macron chamou o seu homólogo de urgência. Sem qualquer aviso ou notícia, o obediente Déby despachou-se e a esta hora já está em Paris para negociações. Contudo, como ponto prévio, Macron exigiu a cabeça do atrevido Ministro da Defesa. Este acaba de apresentar a demissão, tal como outro colega, hoje na sequência da publicação de vídeos, armadilhados com jovens raparigas, que entretanto os serviços fizeram convenientemente desaparecer. Ou seja, o senhor presidente terá assumido ter-se tratado de um pronunciamento se não mesmo tentativa de golpe e decidiu queimar o alicerce securitário do seu regime. Ao general Daoud Yaya Brahim e futuro presidente do Chade, manifesta-se solidariedade, face a esta insidiosa tentativa de contra-golpe. Estando prevista a estadia em Paris para vários dias, isso dá tempo suficiente para a organização do contra-contra-golpe, a executar à chegada ao aeroporto do avião presidencial.
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
Golpe e contra-golpe
O Ministro da Defesa do Chade, pertencente à Junta Militar que "legitimou" Déby filho, consciente do peso da opinião pública e da pressão para a desfrançafricanização, manifestou-se contra a entrada da coluna francesa que está a caminho, declarando que não tinham sido convidados. Ao mesmo tempo procedia ao lançamento do há muito esperado plano de reconciliação nacional, que visa o retorno ao país dos rebeldes acantonados no estrangeiro, anunciando dispor de cinco milhões de dólares da ONU e precisar de mais 27 milhões para o completar, estimando tratar-se de "processo caro e moroso que o Níger não pode suportar sozinho" (tentativa de extorsão a Macron?). Declarações que constituiriam mais uma terrível humilhação, mas que a máquina do Eliseu, tirando proveito do foco mediático em Gaza, conseguiu incrivelmente abafar, nomeadamente instruindo o Le Monde para dar esta notícia enrolando sem nexo factos antigos com recentes.
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