O editorial publicado hoje no Jornal de Angola é preocupante. Não apenas pela baixeza do ataque aos explicitamente visados, Nicolau Santos e Pinto Balsemão, mas sobretudo pela ameaça latente sobre os portugueses em geral, que são tratados como «ratos», porque ameaçam abandonar o navio Angola (que se está a afundar) antes do capitão José Eduardo dos Santos (a quem o Nicolau chamou de «Rei-Sol» o que terá motivado a retaliação). O que deixa adivinhar que o regime se prepara para, depois dos taxistas, transformar os portugueses em bodes expiatórios da presente crise, atirando-os à fúria popular para a desviar do seu justo objecto. Enquanto isso, o JA utiliza descaradamente todos os artifícios de propaganda à disposição, na forma de calcular os aumentos de preço. Por exemplo o Gasóleo subiu (é bom lembrar que há um ano custava 40 kwanzas, ou seja mais que triplicou) de 90 para 135 kwanzas e as contas são simples: subiu 45 kwanzas, que é metade do preço original, um aumento de 50%. Assim é publicado em qualquer jornal do mundo; já o JA faz as contas de outra maneira. Subiu 45 kwanzas, mas, comparando isso com o novo preço, o aumento é de apenas 33,3%. Nem a aldrabar são bons! A ideia é «boa», mas tem uma base de matemática que não pode ser usada por imbecis. São três nonos (ou um terço) e não quatro nonos (44,4%), como publicaram! Que bobos! (parece haver instruções para minimizar, «dissimular» por todos os meios o presente descalabro, que está à vista de toda a gente, por exemplo, há grande confusão nas operadoras móveis, todas tentando cumprir as instruções, recorrendo a variada e original hipocrisia, desde aumentar o custo das «unidades» de comunicação a manter o preço do carregamento, para o cliente verificar depois que corresponde a apenas metade do tempo).
Tapar o sol com a peneira, varrer para debaixo do tapete, funcionou enquanto ainda haviam expectativas positivas. Vale a pena ler um artigo de hoje, em co-autoria, sobre a crise chinesa, onde os analistas concluem: «A
maior ameaça para todo e qualquer regime político é a frustração de
expectativas optimistas. Se as massas não anteciparem a desaceleração, o
regime político passará a enfrentar um potencial risco de revolução.» O que se aplica, obviamente, com ainda maior propriedade, à mono-economia angolana. Sobre a situação actual (pós aumentos de 1 de Janeiro) leia-se também este artigo que fala em precipício.
Rafael Marques de Morais alerta, em conferência, que é tempo de começar a pensar num Governo de Transição.
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