A CEDEAO, depois de ter tolerado as manobras dilatórias de Compaoré para prolongar ad eternum o seu consulado, de ter tentado mantê-lo no poder em plena crise popular, envia agora uma delegação, que amanhã avança para o terreno, mandatada por um próximo de Compaoré, pertencente a uma dinastia de ex-Primeiros-Ministros burkinabês, os Ouédraogo... Depois do Gérard e do Youssouf, este Kadré é formado pelos Altos Estudos Comerciais (HEC, uma escola francesa de «elite»), eleito em Fevereiro de 2012 para a presidência da Comissão da CEDEAO.
Li no Bambaram di Padida, ver link à direita >
A missão não parece bem vinda. Os burkinabês não perdoam à França a execução que deram à cláusula de «seguro de vida» dos seus fantoches africanos, com a coluna armada organizada pelos seus bons ofícios para evacuar Blaise Compaore para a Costa do Marfim. O exército já demonstrou, ao alinhar unanimemente com Zida, que, à falta de alternativas civis credíveis, não larga o poder, para prevenir eventuais desestabilizações na sua fronteira sudoeste. Recorde-se que muitos costa marfinenses não perdoam a Blaise Compaore a desestabilização do seu país; e que Ouattara, o homólogo francófilo do ex-Presidente burkinabê, terá eleições brevemente...
Ficaria bem aos dirigentes guineenses, num gesto de solidariedade, não apenas dispensarem os serviços da ECOMIB (Guiné-Bissau está em plena normalidade democrática há mais de meio ano), mas inclusive oferecerem-se para retribuir, enviando para Ouagadougou 170 polícias para substituir o efectivo burkinabê. Atendendo a que o exército não aceitará, por boas razões, conceder para já o poder aos civis, justifica-se uma missão em tudo semelhante à da Guiné-Bissau, para garantir que os militares, após um prazo razoável de transição, devolvem o poder a autoridades legitimamente eleitas.
Aliás, a iniciativa de antecipar o fim do mandato desta missão deveria partir da própria CEDEAO, invocando questões de urgência e assumindo que algo tem de mudar na organização... As organizações sub-regionais (como termina um dos artigos do Bambaram), não devem estar ao serviço dos dirigentes dos países membros, mas das respectivas populações!
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