Segundo um artigo publicado numa revista profissional de Gás Natural, os juízes portugueses foram expulsos quando um deles se preparava para «dar uma sentença favorável à Conoco» (petrolífera que explora a zona conjunta Timor-Austrália). O artigo é manifestamente tendencioso e pretende fazer acreditar que as petrolíferas estariam obrigadas ao Direito «timorense», servindo para tentar desacreditar o país, diminuindo-o de várias formas, algumas delas claramente repescadas da imprensa portuguesa:
...que deveriam ser obrigados a ter juízes internacionais, que são uma jovem e imatura democracia, que os políticos se sobrepõem ao direito, que foi um sinal negativo, que assim os investidores não podem confiar...
de facto, o que parece estar em causa, desde há dois anos, é um braço de ferro com a máfia australiana do ramo, que pretende explorar uma zona conjunta e extremamente viável de gás e petróleo, mas quer fazê-lo off-shore, para continuar a furtar-se ao controlo do Governo timorense, declarando o que bem lhe apetece.
O presidente da Conoco, numa resposta enviada via email «If the business community and potential investors are confident they will be treated fairly, East Timor’s long-term economic development will benefit», se por um lado parece acusar o Governo de arbitrariedade, por outro demonstra a continuidade de um interesse substancial a longo prazo. A imprevisível «jogada» de Xanana pode ter uma leitura, como alguns já fizeram, de irritação, de frustração, lembrando o episódio de Jesus expulsando os vendilhões do templo, às biqueiradas às bancas... O efeito da chicotada psicológica pode ser benéfico em termos negociais, se for bem gerido por Dili. Há que aprender com os erros e continuar...
Quanto a muitos portugueses, talvez estivesse na altura de deixarem de se comportar como maridos despeitados (para não usar o «cornudos») e agradecerem a Xanana o abre-olhos. Obrigado, senhor Comandante.
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