O Primeiro-Ministro, que, distribuindo poder a outros Partidos e personalidades independentes, esperava contrabalançar o peso do seu próprio Partido, para garantir uma maior margem de liberdade e capacidade de manobra própria, não tem demonstrado, por enquanto, possuir estratégias bem delineadas ou sequer uma visão clara das prioridades, nem o carisma, empenho e liderança necessários, para conseguir uma orgânica mínima no seu Governo, talvez prejudicado pela interminável tentativa de conciliar facções e arbitrar apetites no interior do seu Partido (mas também por dificuldades financeiras e uma agenda «exógena»). Para além de uma ou outra iniciativa mais voluntarista (e relativamente inconsistentes, diga-se, como se viu no caso da recolha do lixo), o Governo tem primado por uma manifesta ausência de eixos estruturantes para a sua actuação.
Num enigmático e equívoco comunicado, o PRS declarou publicamente a sua fusão ad eternum com o PAIGC, correspondendo ao namoro pós-eleitoral movido pelo Primeiro-Ministro. A unanimidade da decisão da Comissão Política mal consegue disfarçar a clara ausência de liderança nesse Partido. A constituição deste «bloco central», dominando a quase totalidade dos lugares da assembleia, não será prenúncio de implosão para o PAIGC, vítima do seu próprio «sucesso» eleitoral e métodos políticos, ao canibalizar o país no «festim» dissolutivo do costume?
Agora que se «assentaram arraiais», e que os «leões» partilharam a carniça, é chegado o tempo, mais moroso e paciente, das hienas e djagudis, os quais, embora excluídos para já, não deixarão de reclamar o seu quinhão.
A história do PAIGC, de vinte em vinte anos:
1954-1974 Amílcar Cabral tomou Partido.
1974-1994 A independência tornou-o único.
1994-2014 A «democracia» devolveu o debate.
2014 - FIM
Paradoxalmente, ao pretender-se totalizante e absorvente da restante massa política, com o objectivo de calar a oposição, a inerente (con)fusão acaba com o Partido.
A máscara caiu: já não é um Partido, é um Todo, um maquiavélico polvo cujos tentáculos sugam toda a vida da nação, diabólica e toda-poderosa associação de maus feitores, sem qualquer correspondência positiva com um verdadeiro e construtivo debate político, numa mentalidade mesquinha de interesses pessoais que parasitam indefinidamente o desenvolvimento do país.
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