Por falar nesse caso de arresto do arrastão russo, que supostamente pescava ilegalmente na zona económica de exploração comum, seria bom saber em que ponto estão as negociações «informais» com o Senegal, que envolveram uma comissão guineense. Embora nunca mais se tenha falado nisso, por o Governo guineense, à época, ser rotulado de ilegítimo, houve uma clara violação do Direito Marítimo que regula essa Zona comum, pois o Acordo que deu origem à Agência de Cooperação entre os dois países estipula que é o Direito guineense que se aplica às Pescas (ao contrário do petróleo, caso em que se aplica o Direito senegalês). Há esclarecimentos necessários com o Senegal, relativamente ao caso e ao montante da multa aplicada aos russos (e, mesmo admitindo a sua mais que duvidosa legalidade, resta a questão de que o erário público do Senegal não pode ser o único beneficiário de uma multa aplicada na zona comum, onde os proveitos das Pescas devem contratualmente ser repartidos 50% - 50%). Como a história deveria ensinar, não é bom criar precedentes gravosos, em questões de soberania, sobretudo sabendo como a Guiné tem sido prejudicada ao longo do tempo, neste caso.
Mas voltando à fiscalização. Perante a ausência de meios, uma vez mais, poderia o Governo dar provas de criatividade. Estão hoje disponíveis modelos relativamente baratos de drones de vigilância. Com um pequeno investimento, seria possível, pelo menos, saber o que se passa (logo se pensaria numa forma igualmente barata de castigar os prevaricadores). Porque não entregar à Força Aérea esta missão? No âmbito do espírito de reconciliação que o Presidente tem promovido (anote-se que reconheceu o seu erro em relação ao batalhão presidencial), com a proposta não apenas de reintegração nas Forças Armadas, mas de recuperação funcional, permito-me sugerir, para responsável dessa «Força», o ex-Chefe de Estado Maior da Força Aérea, Melcíades Fernandes, que tenho a certeza de que estaria à altura de tal incumbência.
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