A PNN demonstra falta de profissionalismo: não há um editor mais atento para filtrar o lixo que os estagiários produzem?
Na recente notícia consagrada ao orçamento da Guiné-Bissau, com um pouco de boa vontade, ainda se poderia desculpar ao candidato a jornalista a bacorada de tratar o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) por órgão «tripartidário» (em lugar de tripartido). Se não sabe falar, não queira usar palavras de vinte e cinco tostões, pois é um péssimo exemplo para os seus colegas dos outros países que partilham a língua. Mas deixemos as letras e passemos aos números.
Cambiar 50 mil milhões (vá lá, não lhes chamou «biliões») de CFA por 76.224 euros (ao referir-se ao déficit prognosticado para o Orçamento Geral do Estado (OGE), estimado em aproximadamente 76 milhões de euros), já não pode ser considerado gralha; é pura estupidez: o jornalista utilizou a taxa de câmbio acertada, com três casas decimais 1€ = 655,957 FCFA; muito preocupado com a «precisão» de um número com carácter ainda vagamente indicativo, um número redondo de um 5 seguido de 10 zeros... perdeu-se nas contas. Estamos claramente perante um caso em que o jornalista, em vez de acrescentar «valor» à informação, apenas produz poluição notíciosa.
É sabido que a Guiné-Bissau é um país pequeno, mas mesmo assim, é revelar muita falta de sentido das grandezas e de senso comum, conjugando-se para amesquinhar a Guiné-Bissau. Ao jornalista, sugere-se que acrescente não e nada ao nome de família, respectivamente antes e depois. O OGE é cerca de três vezes maior do que aquilo que diz (aproximadamente 160 000 euros, eheheh), e POR DIA, não por ano: pelas contas da PNN, cerca de 440 euros por dia seriam suficientes para pagar a todos os funcionários do Estado (incluindo, claro, militares, e Ministros...).
PS É notável o empenho colocado pelo Ministro Geraldo Martins, no sentido de «legitimar» o seu OGE, fechando as estatísticas das contas públicas para 2011 e 2012 (mesmo se recorrendo ao expediente administrativo, decerto consensualizado, mas expedito, de aplicação de «coeficientes») e cumprindo os passos legalmente previstos. Resta saber se este louvável esforço se traduz também, de forma estrutural, na transparência da governação e na fiabilidade e consistência da informação estatal: se neste OGE lhe é dado o benefício da dúvida, por ter herdado as «baldas» da Transição, o mesmo não acontecerá no futuro. Compreende-se a bondade dos objectivos (aliás «tradição» do país, que se pode gabar de estar no topo, nas últimas quatro décadas, da «ajuda ao desenvolvimento», se justamente medida, em termos per capita), de «cravar» ao exterior o suficiente para tapar o tal «buraco»... Logo saberemos se, uma vez mais, se trata de simples «cosmética» («para inglês ver»), ou se, finalmente, estamos no bom caminho de uma mudança radical na abordagem, credibilizando o governo a longo prazo.
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