A proposta da CPLP de enviar um representante para Bissau não é benvinda. Embora se possa apreciar, a título privado, a figura do brasileiro nomeado para essa função, que desperta alguma simpatia, talvez devesse ter pensado duas vezes antes de aceitar tão pesado fardo. Por mais boa vontade que Carlos Moura se proponha, deveria ter começado por rever o contexto e expectativas inerentes à sua nomeação.
Com que legitimidade a CPLP «nomeia» um representante para um país cujas autoridades não reconhece? É, no mínimo, um abuso de confiança, para não ter de falar em provocação. O senhor Carlos Moura deverá começar o seu trabalho antes da viagem (que será bastante prolongada, agradeça ao MNE português), tendo muito cuidado com a sua acreditação e pedido de visto, à chegada ao aeroporto de Bissau.
É inaceitável que se imponham como convidados, sem que haja uma revisão séria e consentânea, do posicionamento da organização quanto à suspensão da Guiné-Bissau por motivos políticos. Natural que o país esteja não grato a iniciativas feitas nas suas costas, sem o seu envolvimento, em assuntos que lhe dizem directamente respeito. Resolvam isso, antes das eleições, como sugere o anónimo publicado pelo Doka, dando um passo de esperança; se não, mandem os representantes depois e apenas se forem convidados.
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