Depois das maravilhas que a equipa de escritores (de propaganda por email) de Toby Fallsgraff fez na recolha de fundos para a sua campanha, Obama decerto pensou em colocar essa experiência ao serviço da sua administração.
Qual é o segredo deste marketing político? Tal como a ganância e a gula, as pessoas têm um apetência especial por «entrar na sala do rei». Se lhes derem a entender que têm uma relação especial com o líder, renderão publicidade.
Todos os americanos que partilharam o email no âmbito da sua última campanha, receberam emails de Obama, alguns excessivamente familiares, como «Wow» ou «Janta comigo hoje?»... O que rendeu milhões de dólares em donativos.
A «carta» que Jorge Heitor recebeu é paradigmática. «Tipificado» (vá-se lá saber porquê) como «opinion maker», foi brindado com uma jóia de retórica de proporções épicas (embora «o máximo» não tenha sido o único que recebeu esse texto «personalizado»).
A «ponta do iceberg»? Será um teste piloto para uma campanha de marketing à escala mundial? Porquê esta necessidade de propaganda externa? Será porque o seu «estado de graça» interno acabou? A mensagem (para além da sua intenção) é interessante.
Julgo que a chave reside no anunciado «objectivo» de «to reduce our deficit in a balanced way»... É que até aqui Obama só aumentou o défice. Porquê «balanced»? Porque é preciso usar «luvas» para anunciar o tempo das vacas magras aos americanos.
Obama está com cada vez mais dificuldades em sustentar internamente o seu «bluff» monetário. Para este presidente, é muito fácil «estimular» a economia: basta pura e simplesmente continuar a imprimir «presidentes» e a aumentar a despesa.
Acho que é tarde demais para saltar do comboio, que já ganhou velocidade. Vai inevitavelmente magoar-se. Mas quanto mais cedo o fizer, melhor, porque se o comboio continua a acelerar, um desastre de grandes proporções torna-se inevitável mais à frente.
Isto faz lembrar quando Obama esteve no Congresso a negociar o orçamento à porta fechada. A certa altura terá afirmado «We don't have a spending problem»; o porta-voz do Congresso, John Boehner, irritou-se e repetiu por várias vezes, ao longo dos três dias:
_Mr President, we have a very serious spending problem.
No último dia das negociações, o Presidente irritou-se e estalou o verniz:
_I'm getting tired of hearing you say that.
Precisamente ao contrário do que «Obama» defende perante Jorge Heitor, o pior ainda não passou para a América, está por vir, e se calhar mais cedo do que se pensa. Até aqui, foi o bom Obama, gastar é fácil; já pagar dívidas é decerto menos popular.
Mesmo admitindo que este «digest» de lugares comuns da retórica presidencial não é uma brincadeira, mas fruto de um «escritor» de propaganda do seu gabinete, acaba simplesmente por ser revelador de um certo stress. A verdade pode cansar, mas liberta.
Brevemente cada contribuinte americano deverá 150 000 dólares (ao estrangeiro): mas não o lembrem ao senhor Presidente, porque ele não iria achar piada nenhuma, poderia até zangar-se. O melhor talvez seja pensar duas vezes antes de aceitar dólares.
Obama distribui uns rebuçados, limpa o rabo aos meninos, e ainda espera publicidade gratuita? Se calhar o tiro ainda lhe sai pela culatra... Talvez o melhor seja colocar já a sua esfinge em notas de milhão, para pelo menos se poderem desvalorizar esses novos dólares...
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