sábado, 13 de julho de 2013

Des(União Africana)

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana, cuja presidência é actualmente ocupada por Angola, tem vindo a desenvolver uma actuação pouco pragmática: brevemente, serão mais os países suspensos (Mali, Guiné-Bissau, Centro-Africana, Madagáscar, Egipto...) que aqueles em actividade. Por fim, a união africana ficará reduzida ao bom exemplo de Angola, onde os golpes de estado são impossíveis (como toda a gente sabe).

Depois da suspensão do Egipto, numa interpretação demasiado à letra do conceito de «golpe de estado», veio a Liga Árabe fazer a crítica da sua congénere, dizendo que não foi um golpe de estado, mas sim uma «verdadeira revolução» (mesmo considerando o facto de o ex-presidente ter sido democraticamente eleito), simples expressão da vontade da maioria dos egípcios, para quem a deposição de Morsi foi um «feito histórico», evitando «o abismo».

Todas as diplomacias estrangeiras suavizaram ao extremo o tom de crítica, a maior parte nem sequer utilizando o termo «golpe de estado» para descrever a situação. Só os Estados Unidos insistiram em cumprir o «protocolo», retirando o seu pessoal (mas fazendo-o sem grande convicção). Já na União Africana têm critérios muito apertados, inspirados no modelo angolano e na longevidade repressiva do seu regime, que abomina «golpes».

6 comentários:

  1. A Europa e a América não consideraram o acto como um golpe de estado apenas porque quem estava no poder era a Irmandade Muçulmana. Ora como nem a Turquia é aceite na EU por ser de maioria muçulmana, o que era de esperar? Com os muçulmanos a Europa e o mundo ocidental, tem uma relação de fingimento e interesse apenas económicos. E depois vêm-nos falar de tolerância religiosa, diálogos interculturais etc., bullshit.

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  2. Não é apenas por isso. É que os resultados apresentados por essa ermondadi não passam de «cocó»... tantos anos a lutar pelo poder, para depois o desperdiçar em pouco tempo.

    A legitimidade nunca é um dado adquirido, não é um facto imutável. Pode ganhar-se com dificuldade, mas sobretudo perder-se, com facilidade. É esse o «caldo» dos «golpes».

    A Turquia, tal como o Egipto, têm uma forte tradição laica, e de certa forma é isso que faz a sua diferença, a vontade desses povos de se «ocidentalizarem»... de criarem pontes.

    Viva Ataturk! Viva Mehmet Ali! Vivam as legitimidades positivas (e essas decerto que também nunca agradaram aos países ocidentais, porque colocam em causa a sua hegemonia).

    Onde será o próximo «golpe»? Nos Estados Unidos? «Impeachment»?

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  3. Vivam os golpes legítimos!

    Viva a revolução francesa!

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  4. Bom dia..É dificil imaginar onde será o proximo golpe..
    Mas eu espero que seja em Angola.
    porque la tem tudo para ser LEGITMA...

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  5. Meu caro Marcelino Monteiro, eu rogaria que fosse em Portugal, porque lá é que ninguém se entende. É o irrevogável demissionário ministro que ainda é ministro, é o putativo vice-primeiro-ministro que não é, é o governo com data prevista para ser derrubado, é o presidente que não sabe ao certo o que quer, enfim é a crise… como dizia o Guterres, é a vida.
    Em angola ainda se arrota lagostas e champanhe francês.

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