O novo livro de Abdulai Silá «Dois tiros e uma gargalhada», lançado em Bissau no fim do mês passado, teve direito a destaque na DW.
O autor trabalhou com Paulo Freire, aquando da sua passagem por Bissau para um projecto de alfabetização de adultos. Paulo Freire que defendia, na esteira de Cabral, uma libertação essencialmente mental, na práxis do dia a dia; um dos maiores obstáculos com que se deparou foi precisamente a decisão do Partido e de Mário Cabral, quanto à língua oficial; talvez por isso tenha desafiado os jovens guineenses a escreverem em crioulo, construindo uma literatura e uma identidade nova...
Na entrevista concedida à DW, Abdulai diz que o objectivo (muito actual) deste livro é por as pessoas a pensar nas «formas de acesso ao poder, e no modo como esse poder tem sido usado (...) A Guiné-Bissau tem vivido de transição em transição e acaba sempre por não ser transição nenhuma». Numa outra entrevista, afirma «Aconteceu tanta coisa, tão nociva quanto ininteligível, assistiu-se ao desmoronar de tantos sonhos “legítimos”, assistiu-se a um desfasamento cada dia maior entre o discurso político e a prática diária, o cidadão comum sente grande desilusão e frustração. Para alcançarmos os objectivos colectivos que almejamos como nação, temos que proceder a mudanças, sobretudo a nível cultural, (...) é preciso lembrar, ir buscar na nossa História os ingredientes, os valores morais, a motivação.»
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